Fanfic: Streamer (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Anahi e Dulce

Acordei num salto, droga! Não poderia ter dormido, quando olhei pela janela pude respirar fundo ao ver que ainda estava bem escuro, ainda teria tempo até amanhecer.

O fogo na lareira estava muito fraco, mas o ambiente ainda estava agradavelmente morno, Any estava dormindo ainda, virada para a lareira enrolada na colcha. Eu precisava acordá-la para que fossemos para o quarto. Cuidadosamente levei minha mão até seu braço, ao tocá-lo pude sentir sua pele incrivelmente gelada, me assustei então encostei minha mão em sua testa, ardendo de quente, também pude sentir seu suor.

- Any, amor, acorda.

Ela abriu os olhos como se levasse um susto, me olhou e então pude ver suas olheiras, merda, esquecemos do remédio.

- Dul, ta muito frio aqui. –disse abatida.

- Calma amor, nós já vamos voltar para o quarto.

Eu levantei e rapidamente vesti minha roupa. Peguei a roupa de Any e a ajudei a vestir, seu corpo estava mole, estava exausta. Ajudei-a a levantar, ainda peguei a colcha do chão e enrolei nela.

- Que dor de cabeça. –falou lentamente.

Coloquei um dos seus braços em volta do meu pescoço, de forma que ela ficasse apoiada em mim para não fazer muito esforço ao caminhar.

- Eu vou chamar Allison assim que chegarmos no quarto.

Ela apenas concordou, acredito que estivesse muito exausta para pronunciar mais do que o necessário. Em passos lentos caminhamos até a porta, a abri sem retirar o peso de Anahí do meu corpo, lentamente saímos da sala, fechei a porta e cautelosamente andamos pelo extenso corredor de pedras até o hall.

Ao chegarmos no hall percebi o quanto era difícil para Anahí se mover, mesmo que eu fizesse a maior parte do trabalho.

- Espera um pouco, -falou ofegante- vamos descansar.

Então fomos até o sofá, ajudei-a a sentar, foi então que a escutei deglutir algo. Olhei para seu rosto que tinha uma expressão horrível, ela abaixou o rosto em direção ao piso e vomitou.

- Any! –Ajoelhei-me na sua frente, impotente.

Ela não levantou a cabeça, então novamente vomitou, apenas peguei seu cabelo e coloquei para trás.

- Espere ai, vou chamar Allison.

Como se ela fosse em algum lugar. Mas não havia tempo de formular frases, coloquei seu cabelo dentro da gola de sua blusa em sua nuca para evitar que o sujasse, um conforto besta, ou um sutil cuidado. Corri até o balcão da recepção que ficava a poucos metros do sofá, peguei a agenda que continha os dígitos de números de cada quarto de lá.

A

Adriane Baughford 1113

Aiden Clearlake 1114

Alfred Kingsdon 1115

Allison Gray 1116

Amanda Stone 1117

...

1116, só pode ser esse.

Tu,... Tu,...

- Sim?-uma voz extremamente rouca atendeu do outro lado da linha.

- Dra. Allison?

- Algum problema? –seu tom agora havia mudado, levantei os olhos para Anahí que continuava com a cabeça baixa no sofá.

- É a Dulce, Anahí está aqui na recepção comigo, está passando muito mal, ela se esqueceu de tomar o remédio e agora está vomitando.

- Já estou indo para aí. –Sua voz foi mais urgente desta vez, então ela desligou o telefone.

Eu voltei para o lado de Anahí, ajoelhei-me novamente segurando seus cabelos. Senti meu peito doendo como meu coração não tivesse espaço o suficiente para bater, ver Anahí sentindo dor e sentir-me impotente quanto a isso era a pior dor que existia para mim.

Eu voltei para o lado de Anahí, ajoelhei-me novamente segurando seus cabelos. Senti meu peito doendo como meu coração não tivesse espaço o suficiente para bater, ver Anahí sentindo dor e sentir-me impotente quanto a isso era a pior dor que existia.

Escutei alguns passos apressados em contato com o chão, olhei para a direção que vinham da Ala A, duas mulheres corriam em nossa direção. Uma estava de avental branco –Allison, e a outra com um uniforme de enfermeira. Deduzi que a segunda estava na enfermaria.

- Desculpe, -olhei para Allison- não sabia que a enfermaria estava aberta, não sabia a quem recorrer.

- Está tudo bem, -Allison agachou-se ao meu lado, de frente para Anahí que já não vomitava mais- Anahí, você consegue andar comigo até a enfermaria?

Anahí apenas balançou a cabeça indicando que sim.

- Rebecca, -Allison chamou a enfermeira- ligue para as faxineiras para que venham limpar isto aqui. –A enfermeira saiu em passos rápidos até o balcão onde pegou o telefone.

‘Dulce. –Allison colocou um dos braços de Anahí em volta de seu pescoço- Me ajude. –falou com dificuldade.

Rapidamente peguei o outro braço de Any e o envolvi em meu pescoço.

- 1, 2, 3. –Allison contou para que levantássemos juntas com Anahí, que mantinha a cabeça baixa.

Nós levantamos, envolvi meu braço na cintura de Anahí fazendo ainda mais força por ela, então Allison e eu pudemos andar mais rapidamente.

Percorremos o extenso corredor da Ala A, dirigindo-nos até a enfermaria, o caminho era longo, mas Allison e eu não paramos de caminhar nenhum segundo, apenas as pontas dos pés de Any encostavam o chão, eu não era tão alta a ponto de conseguir levantá-la completamente.

Chegamos na enfermaria que estava com as luzes todas acesas, dentro da sala de Allison havia uma maca, nós entramos lá e colocamos Any deitada sobre esta, Allison levantou a cabeça de Anahí com travesseiros e pegou uma bacia sob a maca.

- Dulce, segure esta bacia ao lado dela para que vomite.

Apenas assenti, olhei para a face de Anahí, tinha os olhos arroxeados, a pele pálida e úmida.

- Boa noite. –rapidamente olhei para Allison, que falava ao telefone- Uma ambulância para o Colégio Interno Saint Monique, por favor. – Dependente química, apresenta sintomas de abstinência, acho que tomava o remédio incorretamente. Ótimo, obrigada.

Uma ambulância? Olhei novamente para Anahí, agora mais assustada.

- O que está acontecendo? –perguntei- Você substituiu a cocaína dela por algum tipo de droga legal? –senti um pingo de raiva na minha voz.

Anahí se aproximou da bacia e novamente vomitou, eu coloquei seu cabelo para trás de sua orelha e então segurei sua mão para que se apoiasse em mim.

- Ela deve ter reagido mal a alguma substância, eu não sei, no hospital poderão responder. –Allison veio ao meu lado e então segurou a bacia que estava em minhas mãos enquanto eu apenas servia de apoio para Any.

A enfermeira voltou para a sala, escutei seus sapatos no piso, ela tomou bacia das mãos da doutora e a colocou em uma pia que havia na sala ao lado, rapidamente pegou outra e segurou ao lado de Anahí.

- Eu vou lá na frente esperar a ambulância. –Allison saiu correndo da sala.

- Segure aqui. –a enfermeira me entregou a bacia e Anahí passou a escorar-se no meu ombro e continuou a vomitar.

A enfermeira pegou um punhado de gase em sua mão e cuidadosamente passou em torno da boca de Anahí, limpando-a. Any deitou-se novamente sobre os travesseiros, eu coloquei a bacia na mesma pia que vi a enfermeira colocando anteriormente.

Escutei um barulho veloz e constante no corredor, eram rodas seguidas por passos rápidos.

- Por ali. –escutei a voz de Allison no eco das paredes de pedra.

Voltei para a sala onde Anahí estava e então a maca seguida por dois homens vestidos com aventais como o de Allison entraram correndo. Foram mais rápidos do que eu esperava.

- Cuidado com sua cabeça, ela estava vomitando. –Allison disse aos homens que posicionaram a maca ao lado de Anahí.

Eles pegaram o corpo de Any com cuidado e o colocaram na maca que tinha a parte superior elevada para que sua cabeça ficasse ereta. Amarraram seus membros na maca rapidamente e colocaram em volta de seu pescoço aquelas coleiras para que ficasse imóvel. Olhei para os olhos dela que permaneciam fechados, e eu ali, novamente impotente, sem poder fazer nada para ajudá-la em seu momento de maior fragilidade. Merda, droga, eu não conseguiria fazer aquilo, não era para mim, não importa o que acontecesse, onde estivesse, nunca seria capaz de ajudar Anahí completamente.

- O que está havendo aqui? –a vice-diretora entrou na sala.

Os homens com a maca direcionaram-se à porta e voltaram a correr, eu não soube que atitude tomar além de pegar rapidamente a mão de Anahí e correr ao seu lado. Ao tocar em seus dedos ela abriu os olhos. Estava tão frágil. Foi então que senti uma lágrima escorrer em meu rosto enquanto eu permanecia olhando com ternura em seus olhos. Seus lábios formaram uma linha como se forçasse um sutil sorriso, o que fez com que eu tentasse sorrir também.

Escutei a voz de Allison falando com a vice-diretora logo atrás da gente, elas seguiam a maca. Passamos pelo hall onde uma faxineira rapidamente abriu caminho para que passássemos, ao sairmos na rua o frio percorreu o corpo, ao respirar o ar quente saindo do meu corpo em contato com o ar frio formava uma fumaça, retirei o casaco que vestia e o coloquei sobre Any. A noite era muito escura, e a única luz que se via era a vermelha que girava no teto da ambulância. Os homens pegaram a maca um em cada lado e desceram a longa escada, foi o momento que tive de soltar a mão de Anahí, porém continuei ao seu lado, eles a colocaram frente à porta da ambulância, abriram esta e eu permaneci ali, Allison e a vice-diretora também estavam ao meu lado.

- Quem vai acompanhá-la? –um dos homens olhou para a vice-diretora e Allison.

- Eu irei. –disse rapidamente dando um passo a frente.

- Precisamos de pelo menos um responsável. –falou o homem impaciente.

- Eu a acompanho. –Allison falou.

- Espere, eu vou junto. –insisti.

- Não querida, você fica. –a vice-diretora se aproximou de mim.

Allison entrou na ambulância, e foi o rápido momento que tive para me despedir de Any, ou apenas olhá-la, ali, imóvel. Os homens pegaram a maca e a ergueram colocando Anahí dentro da ambulância.

Um dos homens entrou depois da maca de Any e então fechou as portas, eu dei mais um passo a frente, o outro homem entrou na cabine da ambulância e então deu partida, a sirene voltou a tocar, ecoando o som pelo prédio. O homem acelerou o carro e eu continuei dando passos à frente, olhando preocupadamente para a ambulância que se distanciava lentamente, parei então de andar, e continuei apenas olhando até o veículo desaparecer de vista. Foi então que percebi o quanto estava com frio.

- Vamos entrar. –a vice-diretora gritou de longe, olhei em sua direção e então pude perceber o quanto havia me distanciado do colégio.

Apenas virei meu corpo, minhas mãos abraçando meus braços numa tentativa vã de me aquecer e em passos rápidos voltei para o interior do colégio.

Seria uma longa noite sem Anahí comigo.