Fanfic: Streamer (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Anahi e Dulce
Anahí
Eu corria, corria, corria, todas aquelas imagens eram tão semelhantes, tudo tão colorido, e eu continuava correndo, nada tinha forma, mas eu lembrava de ter passado por ali antes, como se estivesse voltando, fazendo círculos.
Acordei imediatamente ficando sentada na cama, assustada. Estava ofegante e suada. Olhei para o relógio que ficava pendurado na parede, eram 4h17min da manhã, droga, droga, de novo isso. Apertei o botão ao meu lado chamando a enfermeira, e então me deitei novamente a sua espera.
- Algum problema, querida?
Eu via a silhueta da mulher no escuro, a única luz vinha do corredor.
- Estou com dificuldade para dormir. –respondi.
- Deixe-me ver o que o doutor lhe receitou para insônia.
Ela foi até a bancada acendendo a luz sobre ela, pegou a prancheta e ficou em silêncio lendo-a. Após poucos minutos ela respirou fundo.
- Não há nenhum remédio a mais prescrito, querida. Vou lhe trazer um chá, se quiser posso ver um livro... ou deve estar dando algum filme bom na TV. –sugeriu.
- Livro? Qual?
- Espere um instante, vou lá na recepção checar o que temos.
Ela então saiu do quarto, escutei seus passos escoando no corredor enquanto olhava fixamente para a parede. Minha mão tremia levemente, segurei os lençóis da cama com força na tentativa de controlar o tremor, isso me deixava irritada, não ter controle do meu corpo. Os passos da enfermeira voltavam em direção ao meu quarto, fiquei olhando ansiosa em direção à porta esperando que entrasse.
- Tenho este livro aqui... –ela falou se aproximando da minha cama- Uma menina que foi operada de apendicite o esqueceu há alguns meses.
Ela me entregou o livro, tinha a capa cinza e alguns desenhos indefinidos borrados. “Moça, Interrompida” de Susanna Kaysen.
Eu continuei olhando para a capa, a enfermeira colocou a xícara com café na cômoda ao lado da cama e ligou a luminária.
- Obrigada. –disse sem tirar os olhos do livro.
Li a contracapa do livro, era uma autobiografia, ela teve distúrbios mentais e foi internada em um hospital psiquiátrico no fim dos anos 60. Estranho. Mas interessante.
Como uma pessoa pode descrever seus distúrbios mentais? Publicá-los para o mundo inteiro ver?
Abri o livro, a primeira página era um laudo, Susanna não havia sido internada, ela mesma havia se internado. Na verdade um psicólogo recomendou para seus pais que ela fosse para este hospital psiquiátrico, não foi completamente voluntário, o homem havia ficado com ela numa sala pouco menos de 3h e deduziu isto.
“As pessoas perguntam: como você foi parar lá? O que querem saber, na verdade, é se existe alguma possibilidade de também acabarem lá. Não sei responder à verdadeira pergunta. Só posso dizer: É fácil.
E é mesmo fácil escorregar para dentro de um universo paralelo. São tantos... O mundo dos insanos, o dos criminosos, o dos aleijados, o dos moribundos... talvez o dos mortos, também. Mundos que convivem com este mas não lhe pertencem, embora a ele se assemelhem.
...
Outro aspecto curioso do universo paralelo é que, embora ele seja invisível pelo lado de cá, depois que entramos fica fácil enxergar o mundo do qual viemos. Às vezes, o mundo do qual viemos nos parece vasto e ameaçador, trêmulo e instável como uma imensa gelatina; outras vezes, é uma miniatura fascinante, a girar, reluzente, em sua órbita. De uma forma ou de outra, não há como descartá-lo. ”
Olhando daqui. O agora. Lembrar da época em que eu tinha aproximadamente seis anos, quando eu recém havia entrado na escola, quando meus pais ainda pediam comida japonesa e locavam filmes para assistir em frente à lareira, cobertos por um cobertor e abraçados para que todos pudessem se tapar... Este mundo de onde eu vim é uma miniatura fascinante, em uma órbita cujo eixo nunca gostaria que saísse.
Olhando daqui, o agora, mas desta vez de um ponto de vista real, quando acabava o filme e eu ia para o meu quarto, tinha dificuldade para dormir porque as vozes dos meus pais discutindo do outro lado da parede eram cada vez mais altas. A maioria das vezes era por causa de dinheiro, afinal minha mãe era quem sustentava a casa. Este era o mundo da onde eu vinha vasto e ameaçador, trêmulo e instável. Este era o mundo que eu pertencia até Dulce me apresentar o nosso novo mundo.
No dia seguinte acordei cansada, escutei batidas na porta e meu sono leve não resistiu. A enfermeira me acordava 9h trazendo meu café da manhã. Escutei os passos lentos vindos do pequeno corredor da entrada do meu quarto, mas aqueles não pareciam passos vindos dos sapatos das enfermeiras, eram mais silenciosos. Olhei em direção a entrada, Dulce parou em minha frente segurando a bandeja com o meu café sorrindo timidamente.
- Bom dia. –falou sem tirar o sorriso do rosto.
- Bom dia. –respondi com a voz ainda rouca, refletindo seu sorriso.
Ela deu alguns passos em direção à cama e eu subi o encosto, ficando sentada. Dul colocou a bandeja sobre a mesa de rodinhas que eu comia sem precisar me mover da cama, posicionou a mesa que ficou com o apoio no meu colo, enquanto fazia isso eu a observava, todo seu cuidado, seu jeitinho para pegar a mesa e ajeitá-la, quando mordia o lábio inferior concentrada ou tímida. Por que fazia tudo isso? Quero dizer, eu nunca havia sido tão boa para ela quanto ela para mim, eu realmente não a merecia, o que justificaria todo seu carinho por mim?
Ela então sentou nos pés da cama, ficou me olhando e então sorriu sem mostrar seus dentes.
- Obrigada.
Falei olhando-a.
- Você sabe que não precisa agradecer.
Eu sorri como resposta, e então comecei a comer, Dulce se levantou da cama e retirou seu casaco mais grosso, olhei pela janela e pude ver que ainda caia uma fina camada de neve, deveria estar frio na rua. Depois olhei para Dulce ao meu lado, ela tinha o livro que eu comecei a ler de madrugada nas mãos, ela lia a contracapa intrigada. Eu voltei a comer calmamente, então reconheci os sapatos da enfermeira se arrastando pelo pequeno corredor.
- Bom dia, Anahí. –ela sorriu.
Eu engoli o leite que estava em minha boca.
- Bom dia.
- Conseguiu dormir?
- Sim, demorei um pouco, mas consegui.
- Ótimo. E como está se sentindo hoje?
Dulce agora olhava para mim.
- Não estou com tanta dor como ontem, mas minha cabeça ainda fica latejando, meu estômago retorcendo.
A enfermeira se aproximou, ajeitando meus travesseiros.
- Já tomou seus remédios?
Eu peguei o copinho com dois comprimidos e o virei na boca, em seguida tomando mais um gole do leite.
- Agora sim.
- Mais tarde o Dr. Michael virá vê-la.
- Está bem, obrigada.
- Não há de que. –ela saiu da sala.
Dulce voltou a sentar nos pés da cama.
- Você não passou bem esta noite? –sua expressão ficou preocupada.
Eu desviei o olhar, sabia que as insônias voltariam.
- O remédio não é tão forte quanto o que Allison havia receitado.
Dulce colocou sua mão sobre a minha, fazendo carinho nela.
- Vai passar. –eu a olhei nos olhos- Isso tudo vai passar.
Sua voz era tão confortante, seu toque me trazia segurança. Eu respirei fundo novamente olhando para baixo, tentando absorver suas palavras.
- E eu vou estar aqui. –sussurrou, por fim.
Eu a olhei profundamente nos olhos, novamente respirei fundo, mantínhamos nossos olhares presos.
- Eu te amo. –confessei.
- Eu também te amo.
Continuamos olhando-nos nos olhos durante minutos, sem falar nada, apenas lendo nossos olhares, ouvindo nossas respirações, eu me perdi na profundidade dos seus olhos negros.
- Bom dia, meninas. –O Dr. Michael disse já dentro da sala.
- Bom dia. –Dulce respondeu virando-se para ele.
- Bom dia. –respondi num tom baixo, olhei para trás dele, estavam Richard, Hudson e McAdrey.
- Bom dia, Anahí. –Richard disse, provavelmente já tinha visto Dulce.
- Fico feliz em vê-lo. –falei sorrindo.
Ele sorriu como resposta.
- Como se sente hoje? –Michael perguntou.
- Um pouco melhor.
Todos saíram da sala, restando apenas Michael e eu. O médico colocou sua mão em minha testa, concentrado.
- Como foi a consulta com a Dra. Daisy ontem? –perguntou pegando um termômetro e colocando sob meu braço.
Daisy era a psicóloga do hospital, ela veio ao meu quarto ontem fazendo algumas perguntas sobre minha vida.
- Foi... Boa. –respondi pensativa.
Michael me olhou e deixou escapar um leve sorriso pela minha hesitação.
- Não gosto muito de questionários. –justifiquei.
- Entendo. –disse enquanto checava minha pressão- O seu psicólogo também fará uma avaliação, para seu azar.
- Ele não faz questionários.
O médico colocou a mesa para o lado e me ajudou a levantar da cama. Ele posicionou a balança e eu subi nela. Ficou observando enquanto os números ainda não ficavam estáveis.
- 32 gramas. –falou quando o peso ficou estável anotando na prancheta- Você ganhou 32 gramas desde ontem.
- Não me parece muito.
- Não é. –ele me olhou.
- Eu estava engordando mais rápido antes. –falei inconformada.
- Acontece que antes você estava ganhando gordura, o certo é ganhar massa magra, mas para isso seria necessário você fazer exercícios, mas seu pulmão ainda está debilitado, portanto o processo será um pouco mais lento.
Eu respirei fundo sentando-me na cama. Michael retirou o termômetro do meu braço erguendo-o para cima e checando a temperatura.
- 38ºC.
Novamente respirei fundo, sentindo um pouco mais minha dor de cabeça. Coloquei minhas mãos trêmulas sobre minhas pernas, fechei meus olhos sentindo raiva percorrer o meu corpo.
- Quando isso vai parar? –falei num tom mais alto, entre dentes.
Pressionava minhas mandíbulas, ainda de olhos fechados e com a respiração forte. Senti Michael sentando-se ao meu lado na cama, abri os olhos, fitando minhas mãos.
- Anahí, isso é conseqüência da cocaína. Os remédios que está tomando vão lhe ajudar a parar, mas você precisa de paciência.
Eu o olhei.
- Você pode continuar tomando seu café, vou falar para os seus visitantes que lhe dêem um tempo para descansar, depois o seu psicólogo virá aqui.
Michael levantou da minha cama e eu voltei a deitar, ele colocou a mesa sobre mim novamente.
- Dulce não pode ficar aqui comigo?
- Seria melhor não. –respondeu pegando a prancheta.
- Mas ela ficará quietinha, eu sei disso. –insisti.
- Está bem, eu só preciso que descanse.
- Obrigada, eu irei.
O médico saiu da sala e eu voltei a comer.
Após alguns minutos Dulce voltou ao quarto trazendo consigo aquele seu sorriso tímido. Eu me movi para uma das extremidades da cama, Dulce deu alguns passos à frente e sentou na outra extremidade da cama, ficando do meu lado, mas ainda assim ela ocupava o menor espaço, ela se deitou na cama e eu então fiquei de lado, Dul fez o mesmo e então ficamos frente a frente. Coloquei uma das minhas mãos em suas costas a trazendo para mais perto de mim, ela aproximou nossos rostos encostando nossos lábios, então envolvemo-nos em um beijo mais profundo. Como eu senti falta de tê-la assim. Aproximei ainda mais nossos corpos e finalizei o beijo com selinhos.
Autor(a): foxxy96
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 41
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pekenna Postado em 04/08/2015 - 00:14:45
Linda historia!!!pena q acabou.
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flavianaperroni Postado em 02/08/2015 - 02:06:19
Aaaah. não queria que acaba-se :( Mais sua web foi perfeita demais,amei de paixão s2
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foxxy96 Postado em 01/08/2015 - 16:15:33
kkk, sério mesmo, querida. Já tá acabando. Mais tarde posto ;)
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flavianaperroni Postado em 31/07/2015 - 18:57:54
Penúltimo? serio?? :(
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flavianaperroni Postado em 28/06/2015 - 15:40:04
Posta mais....Finalmente elas vão se ver
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flavianaperroni Postado em 26/06/2015 - 17:19:59
caraca que loucura....Ela realmente ama mesmo a Annie,espero que a Dul consigo se estabilizar,sabe sobreviver,porque sair assim de casa não deve ser fácil.........Posta mais
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foxxy96 Postado em 26/06/2015 - 11:34:23
Muito legal isso, essa web é muito boa e tal, se quiser pode me mandar teu email que eu te envio. ;)
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gabs_ Postado em 02/05/2015 - 11:30:18
gente! eu escrevi essa web em 2009, publicava na comunidade ayd meu trauma com o perfil da low! eu não tinha salvo ela no meu computador e procurei no google com a esperança de encontrar, que ótimo que isso aconteceu! obrigada, foxxy96 por ter salvo e estar postando!! tu era leitora na época? valeuuu, e boa leitura, meninxs!!
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flavianaperroni Postado em 30/04/2015 - 01:01:33
nossa me deu uma dor agr ;( sera que a Dul vai mesmo?
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flavianaperroni Postado em 28/04/2015 - 19:24:54
cara que mancada da Anahi