Fanfic: Streamer (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Anahi e Dulce

Dulce

Cheguei em Nova York devia ser quase meia-noite. Peguei o primeiro táxi que passou na rua.

- Boa noite. –ele me cumprimentou.

- Boa noite.

O motorista pegou minha mala e colocou no bagageiro, eu sentei no banco do passageiro e ele entrou no carro.

- Para onde?

- Não sei. O senhor tem alguma indicação de algum lugar onde eu possa dormir? –perguntei cansada.

- Quanto você quer pagar?

- Não muito caro.

- Tem um albergue a umas vinte quadras daqui, deve ser uns quinze dólares a noite.

- Me parece ótimo.

O homem acelerou o táxi conduzindo-me até o tal albergue.

Eu olhava para todas aquelas luzes, então eu estava em Nova York. Era poluída de prédios, todos eles com outdoors gigantes e luminosos.

- O Hospital Saint Marys fica longe daqui? –perguntei na metade do caminho.

- Acho que umas cinco quadras à direita.

- O senhor pode ir para lá? Há algo que preciso fazer.

- Claro.

Ele virou à direita rapidamente e se dirigiu ao Hospital. Meu corpo foi ficando mais quente, senti meu coração bater com a simples idéia de tentar ver Anahí o quanto antes.

Eu precisava.

Eu precisava para poder me recompor, para poder olhar em seus olhos e ver que tudo isso não é em vão.

Começou a chover intensamente.

Eu peguei meu celular na minha bolsa, olhei no visor, nove chamadas perdidas.

Oito eram de Charlie, a última era da minha casa. Eu retornei a Charlie.

- Dulce? –ele atendeu rapidamente. Onde você está?

- Oi Charlie.

- O que aconteceu com você?

- Desculpe não ter avisado. Eu fui expulsa de casa. –minha voz ficou embargada na última frase e eu não consegui falar mais.

- Como? Eu liguei para sua casa, ninguém atendeu! Onde você está?

- Em Nova York, acabei de chegar. Eu contei aos meus pais a verdade.

- Meu Deus... É muito perigoso Dulce, eu vou aí, me espere!

- Não Charlie. Eu já arrumei muito problema para você. Sério, está tudo bem. Eu sei me virar.

Ele respirou fundo.

- Qualquer coisa que você precisar...

- Eu te chamo.

- Ok... E como você está?

Foi minha vez de respirar fundo, senti meus olhos umedecendo, eu não queria pensar em como estava, aliás, era uma coisa que eu estava tentando esquecer. Eu estava perdida em uma imensidão infinita, estava devastada.

- Dul...?

- Estou bem, Charlie. –minha voz saiu embargada de novo.

O táxi parou em frente ao Hospital.

- Preciso desligar agora. –falei apressadamente. Obrigada por tudo Charlie, volto a ligar. Não diga nada aos meus pais, por favor.

- Está bem, tchau Dul. Tome cuidado.

Eu desliguei o celular, desci do táxi sentindo os pingos da chuva na minha pele.

- O senhor pode me esperar por um tempo, por favor? –falei na janela.

Ele hesitou, só então eu me dei conta, retirei uma nota qualquer do bolso e o entreguei.

- Quanto tempo isso dá?

- Dez minutos.

- Me espere, por favor.

- Claro.

Eu me afastei e ele estacionou o táxi, eu sabia do risco que estava correndo, mas não podia mais esperar.

Entrei no hospital em passos rápidos, a enfermeira atrás do balcão me olhou assustada.

- Posso lhe ajudar? –ela me olhou com os olhos arregalados, eu tentei me acalmar.

- Talvez, eu espero que sim.

Ela não disse nada, apenas continuou prestando atenção.

- Olhe, eu acabei de chegar de Indianápolis só para estar aqui, nesse hospital. Eu sei que o horário de visitas terminou, mas eu preciso muito ver Anahí McAdrey. E sei que ela também precisa, por favor, a senhora não pode me ajudar?

- Desculpe querida, eu não tenho como fazer isso. –ela falou com pesar.

- Por favor. –supliquei.

Ela respirou fundo.

- Eu sei quem você é, eu sei que Anahí precisa muito lhe ver também.

- Sabe? –perguntei sem entender.

- Você só pode ser Dulce. Anahí mal fala, mas quando abre a boca só sai o seu nome.

Franzi o cenho e senti minha garganta doer.

- Eu preciso vê-la, por favor.

A enfermeira respirou fundo, ela desviou o olhar pensativa.

- Gina? Está tudo bem? –outra enfermeira surgiu de uma sala atrás do balcão.

Droga.

- Sim.

A segunda enfermeira ficou por ali mexendo em alguns papéis e Gina me olhou com pena, ela balançou a cabeça negativamente.

- Obrigada. –minha voz saiu falhada.

Eu me distanciei do balcão e sai do hospital rapidamente. Eu estava tão perto dela, tão perto. Senti uma lágrima escorrer pela minha face misturando-se com as gotas da chuva, olhei para cima procurando as janelas do prédio, ela estava em algum lugar ali. Será que me escutaria?

- ANY! –gritei com força. ANY!

Eu continuei olhando para as janelas, todas com as luzes apagadas.

- ANAHÍ?!

O desespero tomou conta da minha voz. Continuei olhando para cima esperando.

- Any! –falei sem muita força e as lágrimas escorriam indolentes.

Uma enfermeira que eu não tinha visto antes saiu do hospital com um guarda-chuva e apressadamente veio até mim.

- Você não pode fazer isso!

- Eu preciso vê-la!

Nossas vozes eram altas porque a chuva atrapalhava.

- Querida, volte amanhã e você poderá vê-la, mas não complique as coisas para você mesma.

Eu olhei para cima mais uma última vez, as luzes continuavam apagadas. Eu assenti para a enfermeira tentando me conformar, voltei para o táxi que continuava estacionado ali como o combinado, eu sentei e o motorista rapidamente me entregou uma toalha.

- Tente não molhar o banco, você está encharcada.

- Desculpe.

Eu peguei a toalha que fedia a mofo e sentei sobre ela.

- Ao albergue? –ele perguntou.

- Sim.

Foi tudo o que disse. Não demorou muito até chegar ao albergue, paguei o táxi e entrei no prédio de dois andares. A mulher que me atendeu era a dona do lugar, foi muito atenciosa e hospedou-me em um quarto onde já dormiam duas mulheres. Eu peguei minha mala e fui ao banheiro para tomar banho. Ao sair dali tranquei minhas coisas em um armário que ficava na recepção e fui para o quarto levando comigo somente uma muda de roupas para trocar no dia seguinte.

Entrei no quarto e percebi que era estreito, tinham três beliches, as mulheres pelo que pude ver dormiam cada uma em uma, eu fui para a que estava desocupada tentando não fazer barulho, deitei-me e cobri com os cobertores que cheiravam a sabão.

Fechei meus olhos e fiquei olhando nos de Any em meus pensamentos, por algum momento a lembrança me trouxe alívio, mas não conseguia parar de pensar que era apenas uma lembrança.

Que logo se tornaria o presente.

E, apesar de tudo o que se passou no dia de hoje, é muito mais confortável estar mais perto dela, posso sentir meu coração bater de novo.

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Abri os olhos lentamente, com certa dificuldade pela claridade que entrava no quarto. Olhei para as outras camas, eu estava sozinha no quarto. Peguei meu celular, eram 10h04min, levantei da cama e vesti a muda de roupas, fui ao banheiro e depois peguei minha bolsa com meu notebook, como eu deixaria minha mala no albergue eu não paguei a diária ainda.

Caminhei pela rua até chegar à avenida, não demorou muito até eu encontrar um café para poder comer alguma coisa. O trânsito era caótico, a avenida estava cheia de pessoas se esbarrando apressadas. Eu não tava acostumada com aquilo, fiquei um pouco assustada.