Fanfics Brasil - Capítulo 53 (Último) Streamer (AyD)

Fanfic: Streamer (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Anahi e Dulce


Capítulo: Capítulo 53 (Último)

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Anahí


 


Em alguns dias o tio de Dulce chegou em Nova York, eles escolheram um simples e aconchegante apartamento para morarem, Dulce voltou a estudar, mas ainda assim todos os dias vinha me ver quando acabava a aula. Em menos de um mês eu recebi alta, Dulce foi a primeira a me abraçar e dizer o quanto estava feliz por mim. Foi um alívio sair daquele hospital, como se estivesse começando uma nova vida.


Eu fui para a casa da minha tia, que me recebeu calorosamente, perguntando se eu guardava algum rancor por ela ter indicado a minha internação. Mas não, não havia espaço para isso. Meu pai não sorriu, não falou nada, mas eu pude ver seus olhos úmidos enquanto me olhava com certa culpa.


Com o passar do tempo e as consultas com Paul, passei a entender melhor o meu pai, isso não significava que eu o perdoava ou que ele se tornava menos culpado, apenas tentei ver o lado de ser abandonado pela pessoa que um dia ele imaginou ser o amor de sua vida, deixando-o sozinho com uma filha. Isso não o tornava nenhum herói, tampouco mudava toda a dor que senti. Mas algo mudava, e eu não sei explicar bem o que era.


Eu fui matriculada na mesma escola em que Dulce estava, nós voltamos a ser colegas, já era o fim do ano letivo, eu estava indo muito mal nas notas, eu ia todas as tardes no apartamento de Dulce para estudar, nem sempre estudávamos. Contudo, ambas passamos, sem nenhum mérito, quase todas as notas exatamente na média.


 


Após alguns meses, Dulce recebeu uma visita inesperada: seus pais, pedindo-lhe perdão. Ela os aceitou, tendo o coração bom demais para negar, porém me disse que não os ama como uma filha deve amar os pais, apenas não os odeia. Admiro-a por isso, pois eu não consegui não odiar os meus.


Três anos depois, quando recebeu a notícia da morte do seu pai num ataque cardíaco, nós fomos juntas para Detroit, onde o corpo seria enterrado. Dulce chorou feito uma criança em meus braços, e eu desejei que toda sua dor fosse passada para mim. Como sua mãe não quis assumir a empresa, nem mesmo Dulce tinha planos para isso, elas acabaram vendendo, conseguiram uma grande quantia que foi dividida entre as duas.


Eu cursava psicologia em uma das melhores universidades do país, enquanto Dul fazia música, sonhava em abrir uma escola para crianças especiais, foi o que me disse. Com o dinheiro que havia recebido da empresa, comprou seu próprio apartamento, luxuoso e bem localizado, logo depois me chamou para morar com ela.


 


No dia em que eu arrumava minhas malas para me mudar, escutei a porta rangendo e meu pai entrou com passos arrastados no quarto. Eu o olhei e então continuei a colocar as roupas dentro da mala. Ele respirou fundo, com certa dificuldade sentando-se na minha cama.


- Então você vai mesmo. –ele disse com a voz rouca.


Eu o olhei, parando o que estava fazendo, seus olhos estavam úmidos.


- Vou. –respondi olhando nos seus olhos com certa pena, o que nunca aconteceria se fosse há alguns anos.


Novamente sua respiração foi profunda, ele olhou para a janela, eu voltei-me para o armário, pegando a última camiseta e a colocando na mala, fechei o zíper com certa dificuldade.


- Anahí.


Olhei para o meu pai, que tinha uma lágrima escorrida no rosto. Ele me olhou e levantou.


- Você acha que um dia... –sua voz falhou, trêmula. Você acha que um dia poderá me perdoar?


Ele continuou me olhando com os olhos cansados, senti os meus ficando úmidos. Por tanto tempo desejei este momento, por tanto tempo quis que ele sentisse tanta culpa que não pudesse suportar. Mas eu não sabia o que dizer, não havia ódio, não havia amor, mas certamente eu não era indiferente.


Eu fechei os olhos e respirei fundo, a primeira imagem que vi foi ele com seu cinto batendo em mim. Franzi o cenho e o olhei.


- Eu prometo tentar. –sussurrei.


A verdade é que eu ainda não podia perdoá-lo, não conseguia. Mas ainda assim, ele é o meu pai. Eu aproximei um passo e o abracei, ele demorou alguns segundos para responder ao abraço, e então chorou sua culpa no meu ombro, ficamos por alguns segundos na posição, então me desvencilhei, peguei minha mala e fui para a sala, onde minha tia me esperava para se despedir.


- O táxi está ali fora. –ela disse um sorriso gentil nos lábios.


- Obrigada tia.


Larguei a mala e a abracei.


- Você é incrível. –falei no seu ouvido.


- Não seja boba, você é. –ela respondeu.


Eu a olhei e sorri, ela segurou meu rosto e beijou minha testa.


- Agora vá. –falou.


Eu peguei minha mala e abri a porta.


- Eu volto alguma tarde dessas para tomarmos um café, está bem? –falei sorrindo.


- Sempre que quiser, querida, sempre que quiser.


Eu assenti, fechei a porta, coloquei a mala no táxi e entrei.


 


Ao chegar ao apartamento de Dulce, ela me esperava com uma janta preparada por ela mesma. Levei minha mala ao seu quarto, onde havia uma grande cama de casal, ao lado uma porta de vidro imensa que dava acesso à sacada. Eu me aproximei da janela e fiquei olhando para a escuridão do lado de fora, respirei fundo sentindo toda a paz que aquele ambiente me trazia, um leve sorriso brotou em meus lábios. Escutei os passos calmos de Dulce se aproximando de mim, ela me abraçou por trás e senti o calor do seu corpo no meu, encostou seu queixo no meu ombro, seu coração batia com força, vir-me-ei ficando de frente para Dul, ainda com nossos corpos colados. Ela tinha o rosto levemente iluminado pela luz que entrava do lado de fora, seus olhos profundos olhavam direto nos meus, e não importa quanto tempo passasse, isso sempre me provocava uma sensação diferente. Foi assim desde a primeira vez que a vi.


Ela sorriu e eu acariciei seu rosto.


- Finalmente. –ela disse ainda com um sorriso no rosto.


Eu sorri, entendendo que sua frase não precisava de um complemento.


Finalmente estávamos completamente sós, e não havia nada no nosso caminho.


 


Quase três anos se passaram. Minha relação com Dulce estava mais madura, já havíamos passado por altos e baixos, nossas brigas nunca duravam muito tempo e muitas vezes se tornavam pretextos para voltarmos com mais força.


Eu havia me formado fazia alguns meses, após algumas semanas de procura e um currículo com dois estágios em hospitais diferentes e ótimas indicações, consegui um emprego em uma clínica conceituada. Ainda não era o que eu queria, desde que decidi cursar psicologia meu objetivo maior era trabalhar com dependentes químicos, já que eu fui uma. Mas meu currículo ainda não proporcionava isso.


Dulce começou dando aulas de piano particulares quando não estava na faculdade, quando se formou e sua agenda foi ficando mais cheia, alugou uma sala comercial e então começou a dar aulas lá, chamou um professor de violão, alguns meses depois um de violino, crescendo nos seus negócios e começando a escola que queria, recentemente dedicou um tempo da sua agenda para aprender libras, a linguagem dos surdos e mudos, já que gostaria de trabalhar com eles.


 


Acordei aquela manhã de sexta sentindo o vazio da cama, passei a mão no lugar de Dulce, procurando-a, mas não estava mais ali. Abri os olhos com certa dificuldade pela claridade que entrava no quarto. Eu sentei na cama, ainda estava completamente nua, espreguicei-me com um sorriso nos lábios lembrando a noite que passei com Dulce. A porta do banheiro foi aberta e ela saiu dali com uma toalha enrolada no corpo e os cabelos molhados.


- Bom dia amor. –falei com a voz rouca.


- Bom dia. –ela respondeu com um tom de preocupação. Amor. –ela se aproximou de mim, olhando nos meus olhos.


- Que foi bebe? –acariciei seu rosto.


- Eu to nervosa por hoje. –ela disse com uma expressão de medo.


Hoje a noite ela faria uma apresentação com sua escola de música em um teatro, onde Dul e seus alunos tocariam para alguns convidados, em sua maioria, parentes dos alunos. Ela havia ensaiado bastante, estava muito ansiosa.


- Calma amor, tenho certeza que vai dar tudo certo. –continuei acariciando seu rosto e ela ainda me olhava com uma expressão insegura.


- Mas Any, eu nunca fiz isso, e acho que não preparei meus alunos para tocarem em frente a muitas pessoas, e se eles travarem, esquecerem?


- Isso não vai acontecer amor, não conheço nenhuma professora de música melhor que você. –respondi sorrindo, tentando transmitir-lhe segurança.


- Você não conhece mais nenhum outro professor de música. –respondeu de expressão fechada.


Eu ri, ela cedeu, abrindo um sorriso também.


- Você tem razão. Mas Dul, procure ficar segura e então você vai transmitir isso para os seus alunos, você ensaiou tanto com eles, não vai dar errado. –sorri e ela concordou.


- Brigada amor. –disse em um tom baixo.


- Quer ir pro banho comigo?


- Mas eu acabei de sair, amor. –falou o óbvio.


- Não importa, vêm. –eu levantei e comecei a desenrolar a toalha do corpo de Dulce, ela não agiu, apenas riu enquanto eu a puxava de volta para o banheiro.


 


Logo depois do seu segundo banho, Dulce foi para a escola, hoje seria um dia longo para ela.


Antes de ir atender meu primeiro paciente do dia na clínica às 10h30min, passei em um hospital psiquiátrico deixando meu currículo esperando que talvez um dia me ligassem para marcar uma entrevista de emprego.


Cheguei 10h12min na clínica, o paciente ainda não havia chego. Fui para a sala onde o atenderia, enquanto isso, fiquei organizando algumas fichas de pacientes.


Após atender o último paciente do dia, saí da clínica às 17h passando em uma clínica de dependentes químicos, não quanto conceituada quanto outras duas que eu já havia tentado, e deixei meu currículo também.


Entrei no carro e cheguei em casa eram quase 18h por causa do tráfego, comi um sanduíche rapidamente e fui para o banho, depois sequei o cabelo e comecei a me maquiar ainda com a toalha enrolada no corpo.


Nos olhos coloquei sombras de cores leves, deixei o meu cabelo com um pouco de volume, coloquei um vestido azul-petróleo não muito formal e que terminava um pouco antes dos meus joelhos. Eram 19h40min quando terminei de me vestir, antes de sair de casa coloquei mais um pouco de perfume, peguei minha bolsa e meu casaco sobretudo preto pois a noite era levemente fria.


As apresentações começariam 20h30min, eu havia chego dez minutos antes, não pretendia chegar tão em cima da hora, mas o trânsito em Nova York estava cada vez mais caótico. Em frente ao teatro já tinham muitos carros estacionados, procurei uma vaga e só a encontrei três quadras depois entrando em uma ruazinha. Desci do carro rapidamente o trancando, em passos rápidos me dirigi ao teatro, dei meu ticket ao homem que cobrava na entrada. O teatro não era muito grande, mas estava lotado, achei uma cadeira vaga numa das últimas fileiras, sentei entre uma senhora e um homem e aguardei que começasse.


Depois de cerca de dez minutos todos começaram a fazer silêncio, prendi meus olhos no palco e Dulce subiu neste, todos começaram a aplaudi-la, então ela sorriu em agradecimento. Eu não pude evitar sorrir, aquele momento era tão esperado por ela. Estava linda, com um vestido cor champanhe que deixava suas pernas à mostra e valorizava seu bronzeado, seus cabelos metade presos e uma maquiagem leve nos olhos. Ela parou atrás do microfone e esperou silêncio.


- Boa noite. –falou com a voz calma no microfone. Em nome de todos os componentes da Escola de Música Espinoza Saviñon, quero agradecer a presença de todos vocês nesta noite tão especial.


‘Gostaria de chamar ao palco o professor de violão Santiago Nuñez, juntamente com dois dos seus alunos, Caroline Shuster e Bernard Johnson. – os três subiram no palco e foram aplaudidos, enquanto Dulce saiu desse.


Eles sentaram em bancos, cada um com o seu violão apoiado no colo, o professor fez a contagem e eles começaram a tocar All My Loving, dos Beatles. Logo depois subiram no palco outros dois alunos de violão, três de violino, juntamente com o professor, uma aluna de piano junto com Dulce, elas tocaram juntas, claro que soou muito melhor do que eu tocando com Dulce, estava lindo.


Mais algumas apresentações aconteceram, estava muito bom, agradável, e nada poderia explicar o quanto eu estava feliz por Dulce naquele momento. Dois meninos haviam terminado sua música e então deixaram o palco. Uma menina de cabelos longos entrou carregando seu violão, ao lado dela entrou Dulce e um menino e se sentaram em frente ao piano. Dulce tocou o primeiro acorde, o menino começou a tocar e a menina do violão os acompanhou com dedilhado começando a cantar. Era Love me Tender, do Elvis.


Meu corpo inteiro ficou arrepiado, eu permaneci sorrindo feito uma boba e de repente senti uma sensação de melancolia daqueles anos que estudávamos juntas, mas a sensação foi substituída por uma imensa alegria, nós continuávamos as mesmas. Não importava o lugar, o tempo que passasse, nós estaríamos juntas. Eles finalizaram a música e todos aplaudiram, eu estava eufórica, senti meus olhos marejados e ainda não havia parado de sorrir. Cretina, ela não me falou que tocaria essa música! Eu estava visivelmente emocionada. Elas agradeceram e continuaram parados, outros alunos e os professores subiram no palco com violinos e violões e começaram a tocar em sintonia perfeita uma linda melodia. Ao terminar eles levantaram e agradeceram juntamente com outros que já haviam se apresentado, todos aplaudiram o espetáculo de pé. Eu não tirava os olhos de Dulce, ela estava muito feliz.


Todos deixaram o palco e pouco a pouco o teatro ia esvaziando, eu esperei que a maioria das pessoas saísse para ir em direção à saída. Ao chegar no hall percebi que Dulce ainda não estava lá, fui em direção ao camarim, eu estava ansiosa para parabenizá-la. Entrei e a vi de longe no palco ajudando a retirar os amplificadores junto com outros professores, ela olhou diretamente para mim.


- Any! –disse sorrindo.


Fui rapidamente a sua direção e a abracei.


- Parabéns meu amor! –falei no seu ouvido. Estava maravilhoso.


Olhei-a ainda sorrindo.


- E você é uma boba! –falei brincando.


- Por quê? –ela riu.


- Porque quase me fez chorar quando tocou Love me Tender.


- Era uma surpresa. –ela disse com um sorriso lindo. Você gostou?


Permaneci olhando em seus olhos.


- Muito. Obrigada. –encostei meus lábios nos seus brevemente e ela olhou para os lados para ver se alguém nos observava.


- Louca. –falou assustada e logo riu me dando um tapinha no braço.


Um dos professores que carregava alguns cabos se aproximou.


- Dulce, já vou indo. Agora só restou o piano.


- Está bem, obrigada Santiago.


- Por nada, boa noite.


- Boa noite. –respondemos juntas e ele foi.


- Como você fará com o piano? –perguntei.


- Vai ficar no teatro esta noite, amanhã de manhã um caminhão virá pegá-lo e eu tenho que estar aqui.


Fiz uma expressão triste, como uma criança.


- De manhã que horas?


- As dez, amor. –ela riu.


- Ah bom, não é tão cedo. Vai dar para comemorar esta noite.


- Como se acordar cedo fosse algum empecilho para você. –ela debochou e eu ri.


- Então vamos porque já estamos perdendo tempo. –encostei minha cintura na sua e insinuei beijá-la, então me afastei e andei em direção a saída.


- Anahí! –ela veio correndo atrás de mim, senti suas mãos na minha cintura.


Nós caminhamos juntas em direção à saída, quando lembrei que havia deixado meu carro um pouco distante pedi que Dulce esperasse na porta do teatro, ao lado do segurança, enquanto eu buscaria o carro. Obviamente ela não aceitou e quis me acompanhar.


Descemos as escadas do teatro, Dulce colocou sua mão em volta da minha cintura, por baixo do casaco que eu usava, ainda que estivesse usando seu casaco ela sentia frio, coloquei minha mão no seu ombro, envolvendo-a para esquentá-la.


 


Caminhamos apressadas pela rua quieta e escura, vi um homem sentado na calçada mais à frente, Dulce me segurou com mais força e eu apressei o passo. Ele virou para a gente, senti certo medo, mas passamos pelo homem sem que ele se movesse ou nos provocasse. Dobramos na esquina da rua onde finalmente deixei meu carro, olhei para frente e enxerguei pelo menos três vultos um pouco a frente do meu carro. Eram mulheres, uma estava fumando alguma coisa, encostada na parede, outra que parecia mais alta estava mais próxima da rua e outra muito magra estava entra elas. À medida que eu e Dulce nos aproximávamos a mais magra também se aproximava de nós, não tínhamos por onde ir, olhei para trás tentando encontrar uma saída.


- Calma. –a magra falou com a voz rouca.


Pude ver melhor seus traços, parecia ter uns 40 anos, pelas roupas que vestia pude ver que era prostituta.


- Eu só quero um trocado, nada vai acontecer com vocês. –ela continuou.


Eu coloquei a mão no bolso, deveria ter algum dinheiro ali, peguei qualquer nota e estendi para a mulher, ela se aproximou e pegou a nota.


- Anahí? –a mulher magra perguntou, eu a olhei tentando encontrar algo familiar em seus traços.


Ela se aproximou, Dulce apertou mais seu braço na minha cintura, como se pedisse para irmos embora.


- Você não me reconhece, não é? –a mulher perguntou com um ar triste.


- Desculpe... –respondi.


- Sou eu, Lisa. –ela falou.


Lisa. Permaneci estática.


- Lisa? Meu Deus, Lisa. –eu ainda estava paralisada.


Olhei para Lisa, não. Não era essa a lembrança que eu tinha dela, essa não era Lisa.


- Não é que você deu certo? –ela continuava com o mesmo ar triste, como se estivesse comparando nossas vidas. Esta é Dulce? –perguntou. Não acredito.


Dulce sorriu de leve, visivelmente desconfortável com a situação. Nisto, um carro parou ao nosso lado, Lisa foi correndo falar com o motorista.


- Vamos, Any. –Dulce sussurrou.


- Vamos, só quero falar uma coisa para Lisa.


- Alice, seu cliente! –Lisa gritou e a alta entrou no carro que acelerou rapidamente.


- Lisa. –chamei-a.


Ela pegou o que a outra mulher fumava e então se aproximou de mim, pude ver que era um cachimbo, provavelmente com crack dentro.


- Escute... Se algum dia... Você quiser alguma ajuda me procure. –retirei um cartão do lugar onde trabalhava de dentro da minha bolsa e estendi minha mão para ela.


Ela pegou o cartão e o analisou.


- Psicóloga? –ela voltou a me olhar, agora com certa compaixão.


- Eu posso lhe ajudar, não cobro nada, pelos velhos tempos. –tentei ser simpática.


Ela novamente olhou para mim e Dulce, seu olhar ficou enfurecido, ela rasgou o cartão.


- Eu não preciso da sua pena! Não preciso da sua ajuda! Sua filha da puta desgraçada, saí do meu ponto!


Eu e Dulce fomos em direção ao carro, rapidamente o abri enquanto Lisa continuava me xingando. Nós entramos e eu acelerei rapidamente saindo dali. Eu estava envergonhada, arrependida, angustiada. Dulce ofegava, ainda nervosa e com medo. Ao parar em um semáforo na avenida, levei as mãos ao rosto, inconformada. Merda, eu havia estragado a noite mais importante da vida de Dulce. Idiota, idiota.


- Desculpe, eu não queria que isso tivesse acontecido. –falei ainda sem olhá-la.


O sinal abriu, eu acelerei.


- Não é sua culpa, Any, não fique assim. –respondeu, então senti sua mão sobre a minha que estava pousada no câmbio de marchas. Ela a pegou e encostou seus lábios levemente nessa.


- Não queria estragar sua noite. –olhei-a com ternura.


- Você não estragou, amor.


Aproximamo-nos e encostamos os lábios, lentamente beijamo-nos, interrompemos o beijo somente ao escutar algumas buzinas atrás. Rimos e eu acelerei.


Após algum tempo chegamos ao apartamento, estávamos com fome então pedimos uma pizza.


Dulce sentou no sofá da sala, a luz estava fraca, ela tirou o salto e relaxou. Fui até a cozinha, abri um armário onde estava um vinho suave que eu havia comprado, servi dois cálices e fui até a sala. Entreguei uma das taças para Dulce.


- Você leu meus pensamentos. –ela disse com um sorriso e eu lhe dei um selinho.


Sentei ao seu lado e ela colocou as pernas sobre as minhas, ficamos nos olhando profundamente, ela se desencostou do sofá e aproximou seu corpo do meu.


- Eu fiquei com tanto medo, Any. –sussurrou, ainda podia ver o medo nos seus olhos.


- Eu sei. –respondi no mesmo tom de voz. Desculpa.


- Não precisa se desculpar, amor. Eu só não sei o que faria se... –ela franziu o cenho e então levou as mãos ao rosto.


- Amor... –acariciei-a. Olhe para mim.


Ela retirou as mãos do rosto e me olhou ainda com angústia.


- Quando eu vi Lisa, não sei explicar, aquele medo voltou, aquela insegurança, como se ela ainda pudesse te tirar de mim. –seus olhos encheram de lágrimas.


Eu segurei suas mãos fazendo com que prestasse atenção em mim.


- Isso nunca mais vai acontecer, amor. Já passou.


- Eu sei, eu sei. Confio em você. Mas aquela sensação... Não sei explicar.


Ficamos em silêncio, beijei suas mãos e aproximei meu corpo do seu.


- Se não fosse por você, provavelmente eu estaria com Lisa agora. Mas eu fiz minha escolha, e não me arrependo. Eu te amo muito, e não me imagino longe de você. – Você é meu farol, esqueceu?


Olhei-a com ternura, uma lágrima percorreu seu rosto.


- Não, não esqueci. –sussurrou com um breve sorriso nos lábios.


Aproximei-me do seu rosto e encostei meus lábios nos seus e envolvemo-nos em um profundo beijo. Senti uma lágrima escorrer no meu rosto.


Dulce nunca desistiu de mim, nosso amor enraizou-se, e, ainda que não fosse perfeito, fez-nos crescer, tornou-nos melhores. Ela me devolveu a capacidade de sonhar, salvou-me e fez com que acreditasse que existe amor, e é por isso que ela foi, é e sempre será o meu farol.


 


 


 


Tá aí gente, último capítulo, apesar dessa demora toda, finalmente acabou, espero que tenham gostado da história. Talvez eu poste outra depois, ainda vou procurar uma bem legal. Só tenho a agradecer pela atenção de vocês, bjos, até mais. ;*


 



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Autor(a): foxxy96

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 41



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  • pekenna Postado em 04/08/2015 - 00:14:45

    Linda historia!!!pena q acabou.

  • flavianaperroni Postado em 02/08/2015 - 02:06:19

    Aaaah. não queria que acaba-se :( Mais sua web foi perfeita demais,amei de paixão s2

  • foxxy96 Postado em 01/08/2015 - 16:15:33

    kkk, sério mesmo, querida. Já tá acabando. Mais tarde posto ;)

  • flavianaperroni Postado em 31/07/2015 - 18:57:54

    Penúltimo? serio?? :(

  • flavianaperroni Postado em 28/06/2015 - 15:40:04

    Posta mais....Finalmente elas vão se ver

  • flavianaperroni Postado em 26/06/2015 - 17:19:59

    caraca que loucura....Ela realmente ama mesmo a Annie,espero que a Dul consigo se estabilizar,sabe sobreviver,porque sair assim de casa não deve ser fácil.........Posta mais

  • foxxy96 Postado em 26/06/2015 - 11:34:23

    Muito legal isso, essa web é muito boa e tal, se quiser pode me mandar teu email que eu te envio. ;)

  • gabs_ Postado em 02/05/2015 - 11:30:18

    gente! eu escrevi essa web em 2009, publicava na comunidade ayd meu trauma com o perfil da low! eu não tinha salvo ela no meu computador e procurei no google com a esperança de encontrar, que ótimo que isso aconteceu! obrigada, foxxy96 por ter salvo e estar postando!! tu era leitora na época? valeuuu, e boa leitura, meninxs!!

  • flavianaperroni Postado em 30/04/2015 - 01:01:33

    nossa me deu uma dor agr ;( sera que a Dul vai mesmo?

  • flavianaperroni Postado em 28/04/2015 - 19:24:54

    cara que mancada da Anahi


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