Fanfic: Streamer (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Anahi e Dulce

Dulce

Sentei-me na cama do quarto esperando por Anahí sair do banho, escutei meu estômago fazendo barulhos estranhos indicando a minha fome, mas definitivamente não era isso que estava em minha cabeça.

Quando Anahí saiu do banho, enrolada em uma toalha, desviei imediatamente o olhar, não queria ficar novamente desconfortável em uma situação com ela.

Ela se vestiu, já estava de pijama, sentou-se em sua cama, enquanto secava o cabelo. Percebendo o esforço que fazia para manter o braço machucado erguido, levantei-me de minha cama, sentando-me atrás dela, tomando o secador cuidadosamente de sua mão, e passei a secar seu cabelo. O cheiro que sua pele exalava era muito bom, movimentava seu cabelo cautelosamente e ia secando, por um momento pude ver sua pele arrepiada.

Assim que seu cabelo estava completamente seco, desliguei o secador e fui ao banheiro guardá-lo.

- Anahí... –falei insegura e voltei ao quarto, ela me olhava- Lisa esteve aqui mais cedo.

Sua expressão logo mudou, me olhou atentamente, e pude ver a vontade que tinha de encontrá-la.

- Ela disse que estaria no quarto da Jennifer. – E disse para você... ir lá mais tarde. –eu apenas disse. Senti um nó na garganta, tive medo da resposta que receberia.

- Por que você está me dizendo isso? –ela passou a mão na testa, olhando para o lado, pensativa.

- Porque não sou eu quem deve escolher. –disse parada em sua frente, ela me olhou, levantando-se em minha frente. Logo olhou para minha boca.

- Ela que fique me esperando, não vou voltar para lá.

Não pude evitar sorrir, assim como ela.

- Está com fome? –perguntou.

- Muita!

- Vamos ao refeitório?

- Mas está fechado.

Ela riu.

- Ser filha do meu pai às vezes tem suas vantagens. –ela pegou um molho de chaves que estava debaixo de seu colchão.

Eu sorri.

- Mas você não acha que vai caminhando até lá né?

- Você tem idéia melhor?

- Eu vou sozinha. –sorri arrancando-lhe o molho de chaves das mãos- me diz o que você quer para comer que eu lhe trago.

- Bem capaz. Vamos, a gente vai juntas, eu posso caminhar. –disse dando alguns passos pelo quarto.

- Está bem, mas se você se sentir mal voltamos imediatamente.

- Sim senhora.

Saímos do quarto em passos silenciosos e vagarosos, o piso estava gelado e eu estava descalça, Anahí foi a minha frente, segurando minha mão certificando-se de que não havia ninguém no corredor. As luzes estavam apagadas e a única iluminação era das grandes janelas que ficavam ao final dos corredores. Quando um supervisor chegava perto se podia ver a luz de sua lanterna iluminando canto a canto.

Chegamos à cozinha, Anahí destrancou a porta com cuidado, entramos na cozinha e acendemos a luz. Fechei a porta. Sobre a mesa estavam alguns pães que sobraram da janta, e dentro da geladeira havia frios, colocamo-los sobre uma mesa que havia no canto, pegamos copos e suco.

Sentamo-nos na mesa e começamos a comer em silêncio, com uma das mãos, Anahí segurava seu sanduíche, com a outra batia os dedos contra a mesa fazendo um barulho irritante, eu olhava para sua expressão, estava triste, ansiosa, preferi ficar quieta.

Demorou muito até sentir-me satisfeita, estava com muita fome, quanto a Anahí, apenas um sanduíche sanou sua fome. Ela não disse uma palavra, guardamos o que sobrou e lavamos o que sujamos, como se ninguém tivesse passado por ali. Saímos, trancando a porta e em passos lentos nos direcionamos à nossa ala. Anahí novamente estava na frente certificando-se de que ninguém nos veria. Quando passávamos pela ala C, Anahí parou. Olhei-a preocupada.

- Está se sentindo bem? –disse colocando minha mão em suas costas.

- Estou. –respondeu.

Ela olhou à porta que estava em sua direita, o que me fez olhar também, quarto 182. Foi então que ouvimos uma risada. Lisa. Olhei para Anahí, tentando ler sua expressão. Ela não me olhava nos olhos, queria entrar lá, eu estava quase certa disso.

Senti a decepção e a raiva percorrerem meu corpo, transparecer no meu olhar, balancei minha cabeça negativamente, virei meu corpo e sozinha voltei a caminhar em direção ao quarto. Senti meus olhos marejados, era a raiva. Minhas mãos estavam fechadas, não me preocupava em andar silenciosamente mais, queria voltar imediatamente pro quarto. Como eu estava sendo idiota!

- Dulce! –ela disse em tom alto, olhei-a, estava bem distante de mim- Eu vou com você.

Eu não disse nada, apenas fiquei esperando que viesse em passos lentos até mim, estava muito brava, e me senti culpada por não ajudá-la.

Chegamos ao quarto, eu sabia que não era certo eu ficar brava com ela. Após escovamos os dentes, deitamo-nos em nossas camas, Anahí antes de mim. Fiquei olhando-a sua face era levemente iluminada pela luz que vinha de fora da janela, estava com os olhos fechados, mas sabia que ainda não havia dormido.

- Me desculpe. –eu disse.

Ela abriu os olhos, me olhando.

- Eu não deveria ter agido daquela forma. Deve ser difícil para você. –continuei.

- Acho que se você não tivesse agido daquela forma, eu entraria no quarto. –ela disse triste.

-

- Você não deveria fazer sua escolha para não me magoar, sim por o que é melhor para você.

Ficamos em silêncio.

- Mas eu fiz, não queria te magoar, mas eu... -ela disse em tom mais baixo- não entrei também porque me sinto melhor ao seu lado do que usando a droga. –ela permaneceu me olhando com seus grandes olhos azuis.

Senti meu coração acelerar neste momento, fiquei olhando-a.

- Boa noite. –ela disse após um momento de silêncio, fechando seus olhos, porém permaneci com os meus abertos, e o sono custou muito a vir.