Fanfic: Um plano infalivel...ou quase | Tema: Vondy

Eram 7 e meia da manhã e já estávamos a caminho do aeroporto. Naquela manhã eu tinha acordada esperançosa, eu realmente acreditava que conseguiria convencer o Eduardo, eu tinha que conseguir.

Logo chegamos ao aeroporto e fomos o mais depressa possível para o avião, por sorte não vimos nenhum fotografo. Entramos, sentamos em nossos lugares e esperamos até a hora de decolarmos. 20 minutos depois, já estávamos a caminho de São Paulo.

- Várias horas trancada com você nesse avião, não vai ser fácil – eu disse, provocando Christopher.

- Disse a senhora “ai o que eu faria sem você?” – disse ele em uma imitação péssima minha.

- Eu estava apenas sendo educada.

- Sei! – ele riu – Você me ama desde o dia que nos conhecemos.

Ri ironicamente.

- Você bem que queria que eu amasse mesmo, ficou hipnotizado com a minha beleza – falei de brincadeira, dando risada.

- Fiquei mesmo, você sempre foi muito linda – disse sério. Ele sempre fazia esses tipos de comentários que me deixavam sem graças. Por alguns segundos parei de rir, mas logo me recuperei e dei risada para fingir que tinha levado na brincadeira, e tentei mudar de assunto para ele não perceber o quanto eu tinha ficado envergonhada.

- Pretende encontrar com a Luiza lá em São Paulo?- ele riu, percebendo que eu tentava fugir do assunto.

– Acho que sim, ainda tenho o telefone que ela me deu na última vez que a vi.

- Legal... – eu era péssima em mudar de assunto.

- Eu gosto de te fazer ficar sem graça, é muito engraçado – ele ria da minha cara.

- Eu sabia que era só uma piada besta pra me deixar sem graça – eu ri

- Não era só uma piada, eu tava falando sério, você é realmente muito linda, mas eu gosto de te elogiar porque você fica assim, toda vermelha e sem reação – ele sorriu e apertou minha bochecha.

Ignorei a parte que ele me elogiava de novo e disse:

- É por isso que Eduardo vivia enciumado, você fica com essas besteiras.

- Eu não ia parar de brincar com você só por causa de um namorado seu – ele disse sério.

- Eu sei, mas podia maneirar só na frente dele, pelo menos.

- Eu posso tentar...

- Obrigada – eu sorri. Mas senti que o clima tinha ficado pesado.

Ele pegou um livro na sua mochila e começou a ler. Tentei ficar quieta, mas não resisti...

- Christopher?

- Diga...- ele marcou a página que tinha parado de ler e me olhou sério, e então perdi a coragem.

- Nada, esquece, pode voltar a ler – abaixei a cabeça, envergonhada.

- Fala Dul, o que foi? – disse curioso.

Voltei a olhar para ele e a curiosidade foi maior do que a vergonha. Abaixei a voz e comecei a fazer a pergunta que queria há tanto tempo:

- Queria te perguntar sobre aquele dia da festa de ano novo da casa da Maite, alguns anos atrás...

- Dulce! – e então ele abaixou a voz também - Nós tínhamos combinado em deixar isso pra lá.

- Eu sei, eu sei, mas...eu queria saber se você ainda...

- Não vamos falar sobre isso ok? Já passou, esquece – ele disse nervoso e eu decidi não insistir.

- Ok, me desculpe... – abaixei a cabeça.

- Tudo bem, eu vou dormir, não dormi bem essa noite – senti que ele tinha se arrependido de ter ficado tão nervoso.

- Ok.

Ele inclinou a cadeira do avião, se ajeitou e fechou os olhos.

Eu decidi tentar dormir também, porém o nervoso de chegar logo em São Paulo e a recente quase discussão com Christopher não deixaram. Tentei ler um livro, mas não conseguia me concentrar...fazia muito tempo que eu não pensava nisso, mas a história do ano novo na casa de Maite, 4 anos atrás, não saia da minha cabeça.

Flashback on

Aquele ano eu e Christopher decidimos que iríamos passar o ano novo com a Maite,fazia tempo que não nos víamos, então assim que ela nos mandou os convites aceitamos na hora.

Chegamos perto das 9 horas da noite e a festa já estava lotada, não conhecíamos a maior parte das pessoas, apenas alguns familiares da Maite. Chegamos e cumprimentamos a dona da festa que ficou muito feliz em nos ver.

- Mai! Meu Deus, que saudade! – nós nos abraçamos muito forte por alguns segundos.

- Não acredito que faz tanto tempo que não nos víamos, a gente precisa marcar de sair mais vezes!

- Com certeza – concordei.

Então ela se virou para Christopher.

- Chris!!! – ela correu para abraçá-lo, e pela cara dele ela estava quase o esmagando – Você não me liga há meses!

- Que? Te liguei semana passada, sua maluca! – ele riu

- Verdade! Eu tinha esquecido – ela riu de volta – enfim, preciso ir, acho que não cumprimentei nem metade das pessoas que chegaram ainda. Daqui a pouco eu falo com vocês.

- Ok Mai – eu e Christopher falamos juntos.

- Eai? O que vamos fazer? – olhei em volta perdida. Porque tínhamos ido numa festa onde não conhecíamos ninguém mesmo? – Christopher, me promete que não vai sair caçando mulheres por ai e me deixar sozinha.

- Pode deixar Dul, mas elas que vem atrás de mim e não o contrario – ele disse dando uma piscada - Eu tenho uma ideia!

- Qual?

- Álcool! Vai nos deixar bem animados – rimos e partimos em direção ao bar.

Nem imaginávamos que aquela seria mais uma das más ideias de Christopher.

Bebemos duas doses de tequila e partimos para a pista de dança. Dançávamos e riamos muito, e assim que o efeito da tequila parecia estar indo embora voltávamos para o bar para pegar mais. Nunca tinha rido tanto em uma festa, Christopher caia e falava muita besteira. Até que chegou a um ponto da festa que decidi parar de beber, mas Christopher não fez o mesmo. Ele bebia uma dose atrás da outra, e pedia outros drinks também, então eu tive que impedir para que não acabasse dando merda. Eu mesma ainda estava bem tonta.

- Chega Chris, vamos subir para comer alguma coisa, você esta muito mal – ele estava tão bêbado que apenas me seguiu.

O levei até o andar de cima onde não tinha ninguém. Fomos até a cozinha, onde o deixei sentado em uma cadeira enquanto procurava alguma coisa que ele pudesse comer. Peguei um pão, coloquei um queijo dentro e entreguei para ele que devorou o sanduiche como se estivesse morrendo de fome. Depois lhe dei um copo de água. Eu comeria depois, me sentia meio mal também.

- Então? Se sente melhor? – sentei em frente a ele e analisei se estava em condições de voltar para a festa.

- Sim, vamos voltar para a festa!! – ele disse animado demais, tentando se levantar, mas o segurei, pois percebi que ele precisava esperar mais um pouco, ainda estava mal.

- Acho melhor esperarmos mais um pouco, Chris.

- Porque? A festa ta boa demais! – ele falava meio enrolado.

- A gente vai voltar, só espera um pouquinho, vamos comer mais um pouco e depois a gente desse, pode ser?

- Você sempre tão controladora – ignorei, tentando lembrar que brigar com um cara bêbado não valeria a pena.

- Vou fazer mais um sanduiche para você – me levantei, meio tonta, e fui até a geladeira.

Voltei para a mesa e entreguei o lanche para ele que mais uma vez o devorou. Eu só esperava que no final da noite ele não vomitasse esses lanches.

- Você ficou brava, não foi? – Christopher me disse de repente.

- Com o que?

- Com o que falei sobre você ser controladora

- Você ta bêbado, não teve importância.

- Teve sim – ele me olhava nos olhos, sério. Parecia tão arrependido, achei fofo ele se preocupar com algo tão sem importância. Mas com certeza isso era culpa do álcool.

- Deixa pra lá, de verdade – sorri tentando demonstrar que não tinha me importado.

- Eu tenho que parar com isso Dul – ele colocou a mão no meu rosto, fazendo carinho na minha bochecha.

- Com o que? – perguntei.

- De te magoar – ele estava tão sério, algo raro de se ver. Eu decididamente não poderia o deixar beber tanto assim de novo.

- Já falei Chris, não me magoei!

- Agora talvez não, mas te magoei muitas vezes antes, eu sempre falo merda.

- Para, você ta bêbado, ta falando besteira – dei risada

- Você também não parece tá muito bem – ele riu.

Ficamos um tempo conversando na cozinha, rindo sem parar por causa do álcool.

- Você acha que conseguimos voltar para a festa agora? – perguntei ainda secando as lagrimas por causa da última besteira que ele tinha falado que me fez rir demais.

- Ou podíamos ir para a sua casa e comemorar por lá comendo a pizza que eu guardei na geladeira

- Ótima ideia! –sorrimos triunfantes.

Chamamos um taxi, porque nenhum de nós estava em condições de dirigir, e fomos para casa.

Comemos a pizza e sentamos no sofá. Abrimos uma garrafa de champagne, porque naquele ponto eu já tinha esquecido que não deveria o deixar beber de novo.

- Um brinde a nós! – ele disse enrolado e brindamos. Nós nem sabíamos que horas eram, nem se já tinha passado da meia noite.

Sentamos no sofá enquanto bebíamos.

-Sabe Dul...- ele colocou o copo em cima da mesinha do lado - você ta muito linda hoje

- Para com isso Christopher. Você sempre com essas brincadeiras.

- É sério – ele chegou mais perto de mim, colocou a mão em meu rosto como de costume e fez carinho no meu rosto. Ele olhava em meus olhos - você é muito bonita, mas hoje é diferente, assim que te vi com esse seu vestido, não sei nem explicar, nunca vi ninguém tão linda.

- Obrigada – sorri envergonhada, mas dessa vez não consegui abaixar a cabeça como costumava fazer quando ele me deixava sem graça, ele me olhava de um jeito que me deixou hipnotizada.

- Sabe...- ele pegou minha mão e parecia muito nervoso  – naquele dia, que nos conhecemos eu não conseguia tirar os olhos de você e depois, quando viramos amigos, e te conheci melhor, eu só me apaixonei mais ainda -  Naquele ponto eu já tinha perdido o ar. Meu Deus, meu coração estava muito acelerado.

- Chris...- eu disse ofegante, mas ele chegou mais perto. Aquele perfume...eu não conseguia raciocinar direito.

- Dulce, eu juro que tentei deixei pra lá, porque eu sabia que não corresponderia...mas desde aquela época o que eu sinto por você só aumentou .

Eu não sabia o que responder, mas nem precisei. Ele foi aproximando o rosto do meu, e eu podia ver que, assim como eu, ele também estava ofegante. Quando sua boca encostou na minha senti um arrepio que eu nunca tinha sentido antes, coloquei minhas mãos no seu pescoço e o puxei pra mim. Nos beijávamos com tanta vontade, era algo difícil de controlar, era como se eu esperasse por aquilo a muito tempo. Sentei em seu colo de frente pra ele que passava as mãos por minhas pernas. Mordi e puxei seu lábio inferior enquanto ele levantava lentamente a saia do meu vestido.

Até que meu telefone tocou...

Paramos e nos olhamos por um tempo, ambos ainda ofegantes. O telefone continuava tocando.

- É melhor você atender – ele me disse e então me levantei de seu colo e corri para atendê-lo.

Era minha mãe me desejando feliz ano novo. Ela ficou falando por um tempo, enquanto eu tentava responder apenas o necessário, porque eu queria desligar o mais rápido possível.

Quando finalmente desliguei o telefone, voltei para a sala e encontrei Christopher colocando o casaco.

- Christopher?

Ele me olhou sem jeito, mas logo abaixou a cabeça e voltou sua atenção aos botões do casaco.

- É melhor eu ir – então voltou a me olhar, envergonhado – me desculpa.

- Te desculpar por quê?

- Por te bebido... e ter feito e falado tanta besteira – Ele se referia a o que disse sobre o que sentia sobre mim?

- Chris... – comecei, mas ele me interrompeu.

- Vamos esquecer isso, ok? Vamos deixar pra lá o que aconteceu hoje. Eu bebi demais e falei um monte de bobagem, foi só o álcool falando por mim.

Então era mentira? Ele não sentia nada do que tinha falado? Ou será que era só uma desculpa? Eu não sabia o que pensar.

- Por favor, Dulce, você pode fazer isso por mim?

O olhei por alguns instantes, mas logo abaixei a cabeça.

- Claro.

Ele deu um pequeno sorriso meio sem graça, se virou e saiu pela porta.

Flashback off

E foi o que fizemos nos 4 anos seguintes, nunca mais falamos sobre o que aconteceu aquela noite.