Fanfic: Um plano infalivel...ou quase | Tema: Vondy

Achei que teria dificuldade de dormir, mas sem perceber acabei dormindo enquanto me lembrava da minha história com o Christopher. Acordei, me ajeitando no banco e olhei para o lado a procura dele, que tinha voltado a ler seu livro. Ele logo percebeu que eu tinha acordado e colocou o livro de volta na mochila.

- Caramba, você apagou – me disse.

- Pois é, acho que eu estava com mais sono do que eu imaginava – respondi enquanto bocejava.

- Acho que em umas 3 horas nós chegaremos.

- Ainda?

- Sim, ainda.

Ele estava sério...eu não deveria ter perguntado sobre aquele ano novo.

- Dulce? – ele me chamou.

- Sim?

- O que você planeja falar para o Eduardo? Quer que eu converse com ele antes? – Eu ainda não tinha decidido o que fazer.

- Talvez fosse melhor que só eu fale com ele, se ele souber que vim com você...talvez ele não goste.

Ele bufou impaciente, não tinha gostado do que falei.

- O que foi Chris?

- Esse cara...nada, deixa.

- Fala Christopher! – insisti.

- Eu só...eu só não entendo como você tem paciência com esse cara, ele ta sempre com essas crises de ciúmes chatos. A gente não pode fazer nada juntos que ele já vem com mais um dos showzinhos dele, puta cara insuportável...

- Christopher... – o interrompi – Se coloca no lugar dele. As revistas sempre postam fotos nossas, inventando que estamos namorando, como você se sentiria no lugar dele?

- Vai me dizer que não acha que ele exagera? Daqui a pouco ele vai querer te proibir de me ver.

- Ele nunca faria isso!

- Não? – ele estava nervoso e eu nunca tinha o ouvido falar assim do Eduardo. Ele sempre brincava e fazia piadas o chamando de babaca, mas eu percebi que ele estava colocando para fora um sentimento que ele escondia já fazia um bom tempo.

- O cara te controla como se você fosse um objeto dele Dulce, e você ta entrando no jogo dele, já não é a primeira vez que fala que ele não pode saber que estamos juntos. Se ele te pedir para parar de me ver, eu não sei mais se você se recusaria a fazer isso – meus olhos se encheram de lagrimas. Eu não acreditava que ele pensasse na possibilidade de eu ser capaz disso - Mas qual o problema de sairmos? Somos amigos e amigos saem juntos, porque o cara tem que implicar com uma coisa tão simples? Não é culpa nossa se as revistas escrevem um monte de merda.

- Eu NUNCA te deixaria por causa de namorado nenhum, Christopher! – respondi, e foi a minha vez de ficar nervosa – como você pode duvidar de mim assim?

- Não foi bem isso que eu quis dizer...- ele pareceu arrependido.

- Foi sim, você deixou isso bem claro – comecei a chorar. Eu era péssima em discussões, sempre chorava – Eu amo o Eduardo e vou conversar com ele para tentar resolver toda essa merda. E se fosse para deixar de falar com você por ciúmes dele eu já teria deixado a muito tempo. Mas não faço isso porque te amo também Christopher, somos amigos há tanto tempo...mas parece que você não entende isso.

Eu chorava de nervoso e por me sentir mal por Christopher não entender como eu estava dividida nessa história. Eu amava os dois, e ver como se detestavam me magoava.

- Dulce, calma, por favor, eu falei besteira – ele chegou mais perto de mim, me abraçando e fazendo carinho em meu rosto enquanto limpava minhas lagrimas – eu tava nervoso, falei sem pensar. Você não imagina como fico bravo com tudo isso, fico com medo de te perder e você sabe o quanto é importante pra mim.

Ele me olhava nos olhos e eu senti um frio na barriga, que decidi ignorar.

- Você não vai me perder Christopher, você é meu melhor amigo – ele deu um sorriso, mas não parecia muito feliz...a história do ano novo voltou a passar pela minha cabeça, tentei ignorar isso também – eu só queria que os dois se dessem bem, não precisam ser amigos, mas não dá pra continuar assim.

Ele se afastou de mim e desviou o olhar.

-Isso não é muito fácil para mim, Dulce.

- Porque não? Você só precisa ser um pouquinho mais legal com ele de vez em quando. Por favor, faz isso por mim – segurei  a mão dele e quando ele me olhou pensei ter visto uma pontada de tristeza em seus olhos.

- Prometo que vou tentar ok? – ele deu um pequeno sorriso de lado.

- Obrigada – sorri de volta para ele. Me incomodava o quanto ele parecia chateado.

Ele ficou quieto alguns instantes até voltar a falar.

- Desculpa, Dulce, eu falei aquilo sem pensar, você me entende, certo?

- Entendo sim. Eu só não sabia o quanto essa história do Eduardo te incomodava. Você nunca me disse nada.

- Agora você sabe meu segredo – ele riu – mas vou tentar deixar isso pra lá, já que te incomoda.

- Você as vezes é um bom amigo – provoquei

- As vezes, né? Diga adeus ao meu bolo de chocolate então, você não merece que eu gaste meu tempo com isso – disse sorrindo maldosamente.

- Poxa Chris, então quer dizer que vou ter que parar de levar pizza surpresa na sua casa? – fiz um bico, me fingindo de inocente.

- Você joga baixo Dulce Maria – ele disse com um olhar desafiador mas logo começou a rir, depois me abraçou forte me esmagando.

- Christopher, o objetivo de um abraço não é fazer a outra pessoa parar de respirar – eu tentava me soltar em vão.

- Você é uma pessoa muito esmagável – ele ria.

Então ele me soltou e eu pude massagear minhas costelas que estavam doloridas por causa do seu abraço delicado.

- Faltam apenas 3 horas de viagem Christopher Uckermann, favor tentar ser uma pessoa menos bruta até lá – fiz cara de dor, exagerando.

Ele me agarrou de novo, dessa vez esmagando um pouco menos e meteu um beijo na minha bochecha.

- Só pra não perder o costume – me disse e eu ri.

O resto da viagem foi normal. Christopher e eu tentando irritar um ao outro, como de costume. Ficamos tão entretidos na conversa que quando ouvimos que íamos pousar em São Paulo levamos um susto.

-Já? – olhei pela janela pra confirmar a informação.

- Pois é, quando as pessoas ficam do meu lado o tempo parece passar mais rápido.

- To pra conhecer alguém que consiga se achar mais que você - ri

- Só a verdade Dulcinha – e deu uma piscada.

O avião pousou, pegamos nossas malas e saímos do aeroporto em direção ao hotel.

Chegando lá descobri que Christopher tinha aprontado mais uma das suas.

- Por favor, aguardem apenas 10 minutinhos enquanto terminamos de arrumar o quarto de vocês – nos disse a atendente do hotel.

- Ok – eu disse, até que minha ficha caiu – Pera. Desculpe, mas você disse “O quarto”? É um quarto só?

Sem eu perceber, Christopher já ia saindo de fininho de perto de mim.

- Sim senhora, só há uma reserva, para um quarto de casal – repetiu a mulher que parecia confusa.

- Deve ser um engano, tenho certeza que meu amigo não teria feito isso – olhei para os lados procurando por ele que já se encontrava sentado no sofá do outro lado do salão - com licença, eu já volto – eu disse para ela e me dirigi em direção a Christopher, espumando de raiva.

Ele já fazia sua cara de “juro que não fui eu” quando cheguei lá.

- Christopher? É sério isso? – coloquei as mãos na cintura, estava puta da vida, ele sempre fazia essas merdas.

- Dul, você tem noção do quanto eu...NÓS economizamos fazendo isso? São 300 reais a menos para pegar um quarto de casal do que dois de solteiro!

- Christopher, você tem noção que viemos até aqui para convencer o Eduardo de que NÃO estamos juntos e que você nos colocou pra dormir NA MESMA CAMA? – eu cochichava, mas pelo meu tom de voz parecia que eu estava gritando com ele.

- Ta bom, Dul, respira e não me bate, ta? Eu vou lá e resolvo isso. Não é nada demais

Fomos os dois até o balcão

- Então, será que a senhora poderia nos fazer um favor? Eu cometi um erro na hora de reservar os quartos pelo site de vocês. Me confundi, sabe? Será que vocês poderiam nos trocar de quarto? Nos dar dois quartos de solteiros? – perguntou Christopher

- Lamento senhor, mas os únicos quartos que temos disponíveis também são de casal, estamos quase lotados – a mulher se desculpou.

- Por favor, tenho certeza que tem alguma coisa que possam fazer por nós! – me intrometi.

- Desculpe, não temos outras opções.

- Ok, tudo bem, obrigada. Com licença, só mais um instante – eu disse, puxando Christopher para um canto.

- Eai espertão, o que a gente faz? – perguntei

- Entramos no quarto e dormimos.  Pelo horário daqui já são 10 horas da noite, só sugiro que primeiro a gente fosse comer porque...

- Não, seu idiota – o interrompi e dei um tapa em seu braço. Ele fez cara de dor, mas eu ignorei - eu perguntei em relação aos quartos!

- O que você quer que eu faça? Você ouviu o que ela disse? Não tem quarto de solteiro!

- Se virá! Vamos arranjar outro hotel!

- E eu lá sei onde tem outro hotel? Além disso, e se os outros também estiverem cheios? E ta tarde – Ele estava certo. Droga!

- Ta, beleza...mas você dorme no chão – eu disse irritada.

- Você acha o que? Que o Eduardo vai ficar olhando a gente dormindo pelo buraco da fechadura pra ver se estamos dormindo na mesma cama? – ele riu

- Você. Dorme. No. Chão – respondi entre dentes e ele parou de rir.

- Sim, senhora – ele revirou os olhos e voltou para o balcão para fazer o check in.

Antes de dormir fomos em uma pizzaria que tinha ao lado do hotel mas logo voltamos porque estávamos morrendo de sono.

Chegamos ao quarto e Christopher já pegava o cobertor e o travesseiro para ir se deitar no chão.

- Chris...pera – ele se virou me olhando, sem entender – você pode dormir na cama, porque se dormir no chão vai ficar reclamando de dor nas costas o dia inteiro amanhã e eu não to afim...

- Obrigado Dul – ele me interrompeu se jogando em cima da cama – já tava demorando para pedir.

  - Eu não pedi nada! Deixa de ser folgado, se não te coloco pra dormir no chão de novo!

- Sim, senhora. Agora deixa disso e vem pra cama vem – ele disse piscando e dando tapinhas na cama.

- Deixa de ser besta! – dei risada e joguei uma almofada nele.

Deitei na cama ao lado dele. Ficamos conversando por alguns minutos, até que dormi.

Eu não percebi, mas enquanto eu dormia, Christopher ficou me olhando por um tempo, fez carinho no meu rosto e me deu um beijo na testa. Então se virou e tentou dormir. Mas demorou a conseguir, porque não parava de pensar naquela noite de ano novo, a noite do nosso beijo.