Fanfic:  Mini Web: Amσr αℓém ∂α νι∂α DyC *Terminada*

Ficou ao lado dele. O
mirava, o homem que destruiu sua vida. Literalmente. Estava esperando
chegarem onde desceria para saber onde morava, quando um homem mal
vestido, todo de preto, com cabelos desgrenhados e aparência de bêbado
se aproximou, o mirando. Christopher ignorou, era outro que não o
veria. Mas percebeu que a situação era diferente, quando o homem
atravessou duas ou três pessoas e saltou sobre ele, agarrando seu
pescoço.
 Tentou se defender, mas o homem tentou jogá-lo para fora. Conseguiu escapar, mas logo estava sendo agarrado novamente.
 - Gosta de trens? – ele gritou, e atirou Christopher para fora. Ele atravessou a porta e acabou parado entre dois vagões.
 - Vá embora! Este é meu! – o estranho gritou, deu um soco na janela estilhaçando o vidro e desapareceu.
 Christopher
ficou surpreso, como alguém morto poderia ter estilhaçado aquele vidro,
se ele nunca conseguia tocar em nada? Mas não tinha tempo para pensar
naquilo. O trem estava parando, o bandido desceu e precisava seguí-lo.
Saltou para fora e continuou atrás dele, como se fosse sua sombra.
Passaram por debaixo de uma ponte e depois por um bairro muito feio,
deprimente. O bandido já não corria mais, estava num passo tranquilo,
provavelmente aquela era a sua casa. Entrou numa pensão, e pegou a sua
chave: Willy Lopez, 4D. Então esse era seu nome, Willy Lopez.
Christopher memorizou o nome e o número. Subiram algumas escadas e
entraram no quarto. Lopez ficou de frente para o espelho.
 - Droga! – resmungou, ao ver os arranhões no rosto. Depois, sentou-se na cama e discou um numero no telefone.
 -
Sou eu. – falou logo ao ser atendido – Willy. Não consegui pegar. Ela
chegou em casa... Han? Isso vai levar alguns dias, cara. Eu volto.
Calma, deixa que eu pego! – ele deligou. Christopher o olhou, irritado
e ao mesmo tempo preocupado. Quer dizer que ele ia voltar.
 - Pegar o que? – Christopher perguntou, frustrado – o que você quer da gente?
 Lopez pegou a carteira e a abriu. Sorriu ao ver a foto de Dulce, enquanto tomava uma garrafa de bebida.
 - Não. Fique longe dela. Está ouvindo? Não chega perto dela!
 Viu
que não tinha mais o que fazer ali. Lopez agora só estaria bebendo e
olhando para a foto de Dulce – o que ele não podia evitar. Saiu do
apartamento e resolveu voltar para casa.
 No caminho, um lugar lhe
chamou a atenção. Um salão pequeno, não tinha aparência muito boa, mas
o anúncio que interessava. “Conselheira Espiritual – Fale com os
mortos”. Nunca acreditou nisto. Mas também nunca acreditou que morreria
e sua alma ficaria vagando pela terra. Não custaria tentar, se
realmente funcionasse, a tal conselheira espiritual saberia que estava
ali.
 Entrou, curioso. Uma música leve tocava, bem sem graça para
ele, enquanto as várias mulheres esperavam sentadas do lado de fora
para serem atendidas. Christopher nem estranhou nada, já estava
acostumado ao fato de ninguém notá-lo quando entrava, simplesmente por
ser invisível. Logo a porta foi aberta e uma mulher negra muito bonita
apareceu.
 - Rose Santiago?
 Uma senhora de idade se levantou. Foi encaminhada pela mulher.
 - Por favor, sente-se.
 Christopher
foi junto, para ver como era. A sala era como esperava, igual a dos
filmes, escura iluminada por luzes coloridas, com papel de parede bege
e verde com figuras de rosas. A mesa tinha uma toalha grande e
comprida, provavelmente para fazer algum truque. Sobre ela, uma garrafa
com um líquido que não sabia o que era. Christopher achava que o
correto era ser uma bola de cristal.
 Duas mulheres, a que havia
chamado Rose e outra mais gordinha, que parecia sua irmã, se
posicionaram em frente à uma outra porta, cada uma de um lado. A
primeira a abriu, era um armário com alguns cabides. Mostrou que não
havia nada, e fechou.
 - A nossa irmã logo estará conosco. – ela disse. Christopher ficou intrigado. A senhora que ia ser atendida também.
 - Irmã Oda Mae, conceda-nos a graça de sua presença.
 - Apareça diante de nós agora – a outra continuou
 A
porta do armário se abriu lentamente e uma outra mulher, também negra e
um pouco gorda mas não tão bonita quanto suas irmãs, apareceu. Vestia
uma roupa laranja muito chamativa.
 - Sra Santiago...
 - Buenos dias – respondeu a senhora, com sotaque argentino.
 -
Sou Oda Mae Brown. – falou a “Conselheira Espiritual” – soube que
deseja fazer contato com o seu marido. Acho que hoje ele estará conosco
– falou com a voz serena
 - Ah, obrigada, obrigada! – respondeu a mulher, já entusiasmada.
 Christopher
não podia negar, também estava entusiasmado com a possibilidade de tudo
aquilo ser verdade, de poder fazer contato com alguém.
 - Mas sabe
sra Santiago... – continuou enquanto a irmã pegava o dinheiro da mão da
mulher – nada se sabe sobre o outro mundo. Por isso, a senhora precisa
ter muita fé. A sra acredita, sra. Santiago?
 - Sim, sim! Eu acredito, eu acredito!
 - Então vamos começar.
 A mulher fechou os olhos e começou a gemer, fazendo movimentos bruscos na cadeira. Fazia caretas. Christopher riu.
 -
Oh, não posso – falou, fazendo-se de cansada – é muito difícil. Parece
que não vou conseguir fazer contato, eu não sinto a... Espere! – falou
ao ver a irmã devolvendo o dinheiro – Eu estou sentindo alguma coisa...
ele conhece uma... Ana?
 - Não...
 - Consuelo?
 - Não...
 - Lucita?
 - Não.
 - Josephina? Linda? Maria?
 A senhora deu um salto.
 - Sim, sim! Maria! É a mãe dele!
 - É! Graças à Deus! Sabia que ele estava com a mãe...
 - Meu Deus... – falou Christopher, incrédulo.