Fanfic:  Mini Web: Amσr αℓém ∂α νι∂α DyC *Terminada*

 “Ao nos despedirmos
de nosso amigo Christopher Uckermann, lembremo-nos de sua bondade, da
sua generosidade, da sua alegria, de seu espírito. Tudo, tudo o que
estimamos, nossos entes queridos, os amigos, nosso corpo, nossa mente,
nos foram emprestados. Precisamos saber renunciar à tudo isto. Somos
todos viajantes da mesma estrada, com o mesmo fim. Quando nosso amado
vai para a vida eterna, devemos lembrar que o amor também é eterno.
Nosso amor preencherá o vazio e combaterá as trevas...”

Christopher escutava a
voz do padre. Logo que ele terminou de falar, o enterro começou, e ele
viu seu corpo sendo enterrado e coberto naquele lugar. Todos pareciam
muito tristes. Dulce chorava, sentada numa cadeira. Derrick, de pé,
segurava a sua mão.
 Já havia entendido tudo. Sabia que aquele que
via era seu corpo, e ele estava ali, morto. Via e ouvia todos, mas
ninguém podia vê-lo, sentí-lo.
 Se aproximou de Dulce, que
continuava chorando, olhando para a sepultura. Estendeu a mão até seu
rosto, levando-a para bem perto, como se pudesse tocá-la. Ficou assim,
por um tempo, sentindo o seu calor. Ela fechou os olhos, e não se
mexeu. Pensou na possibilidade de Dulce poder ter sentido seu toque.
Mas era impossível. Ele nem podia fazer isto.

 Christopher agora,
sabendo de tudo o que estava acontecendo, apenas seguia Dulce, para ver
o que ela fazia. Sentia-se muito mal, era horrível e indescritível esta
sensação de estar isolado, preso, vendo tudo e não podendo fazer nada.
Às vezes nem acreditava no que estava acontecendo. Fechava os olhos,
tentando abri-los novamente e estar junto com Dulce, saindo daquele
teatro. E nada teria acontecido, seria apenas um sonho. Ele estaria
vivo. Talvez aquela noite no teatro nem houvesse existido. Talvez
aquele dia não houvesse existido. Quam sabe estava apenas dormindo
depois de assistir as notícias da queda do avião na TV?
 Se lembrou do que disse à Dulce dois dias atrás.
 “É incrível. Assim, sem mais nem menos... – estalou os dedos – escuridão.”
 Mal sabia que o mesmo aconteceria com ele... em outra noite.

Dulce estava sentada no
chão da sala, modelando outro vaso de argila. Ele girava. Ela formava
os traços, o molde, quase automaticamente.
 Soltou as mãos sobre o barro molhado, destruindo o trabalho. O peito doía, os olhos ardiam.
 - De novo não...
 Mas
não pôde evitar, as lágrimas quentes correram e ela começou a chorar.
Apoiou as mãos sujas no chão, soluçando, tremendo. A imagem de
Christopher não lhe saía da mente, nem por um minuto... primeiro os
momentos felizes que passaram juntos... e depois, a morte. Era doloroso
demais, sentia vontade de ter morrido com ele, de ter levado um tiro
também, mas não, o infeliz assassino a abandonou ali, viva, para viver
aquela dor... para sempre.
 - Fui... fui pegar suas camisas hoje.
 Christopher levantou o olhar. Estava sentado num canto da sala, a observando, como sempre.
 -
Nem sei porque...e o Sr. Reynolds mandou um alô. – ela respirou fundo –
comecei a chorar... Eu não paro de pensar em você um minuto! – falou e
tornou a se desmanchar em lágrimas. – Parece até... que estou sentindo
você!
 Parou de falar, impedida pelos soluços. Christopher se
levantou e foi até ela. Mesmo sabendo que ela não o veria. Não o
ouviria. Tinha que falar alguma coisa.
  - Eu estou aqui, Dul.
 Na
mesma hora, o gato, sentado num pufe, afiou as garras e soltou um miado
que mais parecia um rosnado. Christopher se virou para ele. Parecia que
o gato tinha percebido. Ficou de frente e olhou bem fundo nos olhos do
animal.
 As pupilas dos olhos do gato se contraíram no mesmo
instante, o gato soltou um miado alto e saiu correndo. Dulce levou um
susto e se levantou.
 - Mas o que foi, gatinho? – ela falou com a voz rouca, mas ele já havia desaparecido. – Gato doido...
 De repente, ela parou de andar. Ficou quieta, mirando o ar. Como se pudesse não ver, mas sentir que havia algo ali.
 - Chris...
 Ela
olhava bem fundo nos olhos dele, sem nem saber. Christopher ficou
surpreso, e se encheu de esperança. Mas ela se foi quando ela balançou
a cabeça, em sinal de negação.
 - Que loucura... – Dulce falou e saiu de lá. No momento que saiu, atravessou Christopher, mas não pode perceber.