Fanfic: αpenαs você e eu;

[xxx]: Sinto muito!
Pela enésima vez naquele dia, ouvia-se aquelas duas palavras. Algumas sinceras, outras nem tanto. O corpo já estava soterrado junto com todas as esperanças de uma vida inteira. Chegou perto do ouvido da mãe, falando-lhe algumas palavras.
[Christopher]: Vou subir, não agüento mais!
Alexandra apertou, carinhosamente, a mão de Christopher tornando-se agora, junto com os pais da ex-nora, as anfitrãs da recepção. Era um clima tenso, em que alguns bebiam, outros comiam, outros ficavam emocionados e outros nem reação tinham.
Christopher subiu direto para seu quarto de casal; abrir aquela porta, sentir aquele cheiro empregnado ali, o fazia de, certa forma, bem.
Sentou-se do lado direito da cama, lado pertencente a mulher e pegou uma foto. A melhor das fotos, como ela costumava dizer. Apertava firmemente a moldura, tentando fugir das lembranças que vinham a sua cabeça.
'Toc, toc'
Duas batidas foram o suficiente, virou-se e uma bela jovem, de corpo esbelto, roupas escuras como todos os outros e um sorriso triste nos lábios, estava parada à porta. Sorriu o mesmo sorriso triste de volta.
[xxx]: Desculpa se interrompo.
[Christopher]: Não se preocupe.
[xxx]: Nem sei se lembra mais de mim.
[Christopher]: Como esquecer a madrinha do meu casamento. Ela nunca deixou de falar em você, fora as inúmeras fotos de vocês duas na agenda dela, Dulce.
[Dulce]: Pensei que agenda de mulher fosse intocável - se aproximando.
[Christopher]: Eu e a Mai nunca escondemos nada um do outro.
[Dulce]: Ela sempre falou muito bem de você! Como você tinha caído do céu - sorriu.
[Christopher]: Ela que caiu do céu - olhou a foto - e também sempre falou muito de você. Chegava a ter ciúmes às vezes.
Dulce era a melhor amiga de Maite, se conheceram com 12 anos, no colégio e a amizade só fez crescer. Com 18 anos, Dulce se mudou para os Estados Unidos, para estudar e a relação das duas se resumiu a e-mails, telefonemas e algumas visitais anuais.

Só foi conhecer Christopher no casamento deles há 3 anos atrás, e depois nem tiveram maiores oportunidades de iniciar qualquer amizade.
[Dulce]: Perdão por não ter chegado mais cedo, queria ter estado do lado dela.
[Christopher]: Não se preocupe - ainda olhando a foto - ela sabe que você, de certa forma, tava presente.
[Dulce]: Eu...
[Christopher]: Sente muito? - interrompendo-a - é, todo mundo sente.
[Dulce]: Desculpa, não queria te aborrecer!
[Christopher]: E não aborrece, é que já ouvi muito dessa frase hoje.
[Dulce]: Entendo... bonita foto - indicando o porta-retrato que ele segurava.
{Foto: http://img59.imageshack.us/img59/4190/myc3gm9.jpg}
[Christopher]: Ela sempre gostou dessas coisas!
[Dulce]: Onde tiraram?
[Christopher]: Sabe que nem lembro? - Dulce sorriu - Só pensava em como ela estava linda.
[Dulce] Imagino.
[Christopher]: Em pensar que vou ter que descer e ficar olhando pra cara daquelas pessoas, metade nem a conhecia direito - abaixou a cabeça.
[Dulce]: Quer sair daqui? - ele a olhou - Só uma idéia.
[Christopher]: Aceito!
Qualquer coisa para fugir dos olhares de pena. Deixou o porta-retrato no lugar e levantou-se caminhando lado a lado com Dulce. Saíram da casa sem nem informar onde iam.

Foram caminhando pelas ruas da cidade, onde Christopher tinha moradia. Era uma cidade litorânea, mas com tudo que uma capital também possuía. Ficaram em silêncio até chegar a uma das praias próximas; tiraram os calçados ficando com os pés livres para tocarem a areia fofa e macia. Por estar em dias frios, a praia estava completamente vazia.
O silêncio era predominante, não que não tivessem assunto, mas nada parecia certo a se falar no momento. De repente, Dulce se prontificou.
[Dulce]: Posso te contar uma história? - ficando na frente dele e andando de costas, ele assentiu - quando eu e a Mai tinhamos uns 16 anos, fizemos um trato: se encontrássemos o amor verdadeiro... ligaríamos imediatamnete para a outra, não importando onde estivéssemos - Chris ouvia atento - só ela que ligou.
Ela sorriu ternamente, o olhando nos olhos, e logo voltou a andar normalmente.
[Christopher]: Obrigado - sorriu, olhando-a rapidamente.
[Dulce]: De nada! Mas isso não significa que eu não vou achar meu amor também.
[Christopher]: Não duvido! E... se quiser me ligar, não me incomodo.
[Dulce]: Olha que ligo, hein?
[Christopher]: A vontade!
Continuaram caminhando lado a lado; Christopher apontou com a cabeça a água e eles se aproximaram sentando-se na areia e observando as águas claras formando ondas que 'quebravam' rente a seus pés.
[Christopher]: Ela tava grávida.
[Dulce]: Eu sabia.
[Christopher]: É tão pequenininha! O médico disse que ela parece ser forte, mas nem sei.
[Dulce]: Você tem que ser forte, pra passar essa força pra ela.
[Christopher]: Vou vê-la amanhã, acho que vou poder chegar mais perto da incubadora.
[Dulce]: Já pensou em um nome?
[Christopher] Eu ia por Maite, mas seria muita na família: filha, mãe, avó! - Dulce sorriu - A Mai sempre gostou de Giulia - Dulce assentiu, lembrando do dia que elas ficaram escolhendo os nomes dos futuros filhos.
[Dulce]: Ela adorava essa mistura: francês do nome dela, sueco do seu e tinha que por um italiano porque além de romântico é latino.

Os dois sorriram, lembrar de Maite nem passava perto de doloroso, na verdade, movimentava estímulos à felicidade do corpo deles.
[Christopher]: Ela queria que você fosse a madrinha.
[Dulce]: Eu? Mas eu já sou do casamento.
[Christopher] Ela dizia que você era especial demais e tinha que ser madrinha duas vezes - riram.
[Dulce]: Obrigada!
[Christopher]: Por nada.
[Dulce]: E aqueles seus amigos?
[Christopher]: Bom, lembra do Poncho e da Anahí? - Dulce assentiu - Estão casados agora. Depois dela tanto reclamar, conseguiu. Ela ta grávida, acho que de 4 meses. Vivia dizendo que era praga da Mai... tudo que acontecia com ela, acontecia do a Anny depois de um tempo. - Dulce riu - O Christian ta namorando a Zoraida, não sei se chegou a conhecer.
[Dulce]: Acho que sim, eles meio que andavam juntos naquele época, né?
[Christopher] Sim, e agora não se descolam. Só de pensar que tudo vai ser diferente agora. Sem a Mai vai tudo desandar. Ficava a Anny reclamando da chapinha ou da unha quebrada, o Christian fazendo piada de tudo, o Poncho culpando a pedra no meio do caminho pela destruição da camada de ozônio, eu pedindo carinho e a Mai... sempre atendendo a todos. Ria das piadas do Christie, ajudava a Anny a se arrumar, prestava atenção nas paranóias do Poncho e tava sempre ali pra me dar carinho.
Dulce via no olhar dele total devoção por Maite. Era incrível o tamanho do amor que ele nutria... e que ao parecer, não acabaria tão cedo, se é que acabaria. Percebeu que ele começava a chorar.
[Christopher]: Eu quero ela de volta! - escondendo o rosto nas mãos.
[Dulce]: Chris...
[Christopher]: Não fala que é impossível, por favor!

[Dulce]: Perdão, mas você mesmo sabe que isso é impossível.
[Christopher]: Nos meus sonhos não serão.
[Dulce]: Tenho certeza disso.
O silêncio que havia sumido, voltara com força total. Christopher chorava baixinho, a 'ficha' destravava devagar. Dulce não sabia o que falar. Contar outra das histórias dela e de Maite? Não sabia se era certo.
Christopher levantou pegando o sapato que estava ao seu lado e foi andando a caminho de sua casa. Dulce levantou rapidamente e correu até ele andando ao seu lado.
[Dulce]: Porque eles não estavam na hora que eu cheguei?
[Christopher]: A Anny tava mal, e pelo bebê o Poncho resolveu levar ela pra casa. E o Christian ta viajando, não consegui avisá-lo.
[Dulce]: Ah ta!
Nem ousou perguntar mais qualquer coisa. Caminhando, logo chegaram a casa de Christopher, entraram em silêncio e Maite {mãe de Maite} e Alexandra os esperavam apreensivas.
[Maite]: Onde estavam?
[Alexandra]: Ficamos preocupadas!
[Christopher]: Eu precisava de ar... ainda tem alguém ai?
[Maite]: Não, já foram, só tava te esperando pra ir também. Ai meu filho - abraçando-o - ela te amava muito.
[Christopher]: Eu sei, obrigado.
[Maite]: Dulce, vem comigo?
[Dulce]: Vou sim, obrigada. Chris - ele a olhou - vai ficar tudo bem.
[Christopher]: Obrigado.
Maite e Dulce logo saíram, deixando mãe e filho à sós.
[Alexandra]: Você vai ficar bem?
[Christopher]: Vou sim, e o papai?
[Alexandra]: Disse que chega amanhã! Conseguiu um vôo!
[Christopher]: Okay.
[Alexandra]: Quer que eu fique? Eu fico, sem problemas.
[Christopher]: Pode ir mãe, sem problemas.
Alexandra benzeu o filho e o encheu de beijos antes de pegar a bolsa e sair. Por fim, Christopher estava sozinho. Sem pessoas o incomodando... mas o essencial... sem a mulher da sua vida.

Subiu as escadas pensativo, entrou no quarto e toda aquela atmosfera de amor e felicidade ainda estava presente; fotos espalhadas por todos os lados. Era um quarto amplo e claro, em tons brancos e bege, algo bem simples. Um quadro enorme estava pregado sobre a cama; uma foto do dia do casamento dos dois. Maite o olhava sorrindo e ele a mirava apaixonado, enquanto dançavam uma música qualquer.
Passou o olhar por todo o quarto, cada mílimo centímetro era uma lembrança que ficaria marcada para o resto da vida.
Foi até o closet e separou uma roupa para após o banho. Entrou no banheiro, ligando logo o chuveiro, despiu-se e entrou debaixo da ducha, deixando que a água morna caísse sobre o corpo nu. Terminou seu banho em pouco mais de quize minutos. Voltou para o quarto com a roupa interior posta, e uma bermuda de moleton por cima; como o quarto tinha aquecedor, não importava o tempo frio lá fora. Sentou na cama, naquele mesmo lado direito que a ela pertencia. Deixou-se deitar, lentamente, sentindo cada parte, o cheiro ainda era possível ser sentido e se fechasse os olhos poderia imaginá-la ali... poderia.

-

Sentiu uma mão tocar-lhe o peito, o abraçando por trás, e uma voz doce em seu ouvido.
[Maite]: Esse lado é meu! - sorrindo.
[Christopher]: Pois é muito confortante.
[Maite]: Mas é meu! Trate de sair daí!
[Christopher]: E se eu não quiser! - desafiando-a.
[Maite]: Eu vou te expulsar mesmo assim. - deitando-se sobre as costas dele, Christopher riu - Saiiii!
[Christopher]: Nããããão! Eu gostei daqui! - virou-se e ela 'caiu' deitada sobre seu peito, ele a abraçou pela cintura.
[Maite]: Mas vai sair, se esqueceu? Eu mando aqui!
[Christopher]: Você? Manda? Onde? - rindo.
[Maite]: Nessa casa, nessa cama... e no meu lado! Saiii!
[Christopher]: E seu eu fizer uma proposta: - subindo as mãos pelas costas dela - e se ficarmos nós dois desse lado.

[Maite]: Dois corpos não ocupam o mesmo espaço, Chris - sorrindo.
[Christopher]: Podemos fazer algo inédito, viu? - beijando o pescoço dela - E bom, toda ação tem uma reação!
Começou a subir mais as mãos pelas costas dela, trazendo a blusa que ela vestia. Maite sentiu um arrepio a percorrer e desceu o rosto para mais perto do dele, roçando os lábios.
[Maite]: Você é muito 'conchino'!
[Christopher]: Eu? - virou-se, ficando sobre ela - Imagina!
Aproximou os rostos lentamente, e um beijo foi se formando. Maite enlaçou seus braços pelo pescoço dele e logo apartou os lábios para se beijarem mais intensamente.
[Maite]: Te amo! - falando docemente.