Quando paramos do nos atacar, estávamos ambos péssimos. Eu sentia meu lábio cortado e podia ver o supercílio dele na mesma situação. Também ouvia um zumbido estranho no meu ouvido e sentia um lado do rosto um pouco inchado. Ele também não parecia estar muito melhor do que eu. Nos sentamos no chão da calçada sem dizer nada. Anahí não estava lá. Eu tinha sim me descontrolado, mas tinha sido muito mais forte do que eu.
Estávamos lá, sentados um ao lado do outro sem dizer nada, cansados, quando Anahí apareceu. Eu não sei quanto a ele, mas eu via em seus olhos o quanto irritada ela estava:
- Acabaram com o showzinho de vocês? - Ela perguntou. Ambos olhamos para ela sem conseguir dizer nada - Ótimo! Você... - Ela apontou para ele - Pode ir para a sua casa, por favor. E você... - Ela apontou para mim - Vem comigo! - O tom de autoridade que ela usou me disse que eu estava encrencado.
Nos levantamos e eu ainda tive tempo de ver aquele cara indo embora. Por mais encrencado que eu estivesse, vê-lo ir enquanto eu estaria lá com ela era uma sensação muito boa, então logo abri um largo sorriso amarelo.
...
Chegamos ao apartamento dela. Ela jogou a bolsa no sofá visivelmente irritada. Depois tirou os sapatos de salto, e só ai eu percebi que ela não estava mais usando o "novo visual" que ela disse que adotaria por ser muito mais confortável. Estava linda e sexy como sempre.
Eu estava parado perto do corredor da porta de entrada. Ela estava parada na frente do sofá, me encarando furiosa. A briga do lado de fora tinha sido das boas, mas a que estava por acontecer ali dentro seria ainda maior:
- Por quê você fez aquilo? - Ela esbravejou.
- Fiz o quê? - Ela riu ironicamente.
- Você socou o cara! - Ela gritou dando enfase a palavra "socou". Mas a questão a ser resolvida ali não era essa.
- E por quê você estava com ele? - Agora eu estava gritando. Eramos dois descontrolados.
- Eu precisei da ajuda dele no trabalho hoje! - O tom de voz dela ficou ainda maior. Eu tive que rir daquela desculpa barata.
- Claro que sim... Até imagino que tipo de trabalho vocês fizeram! - Acusei. Vi os olhos dela ferverem de raiva.
- O quê você está insinuando?
- Que tipo de trabalho é esse em que vocês dois precisaram fazer até a essa hora?
- Eu não te devo explicações!
- Talvez você não tenha uma! - Ela levou as mãos a cabeça e depois soltou o ar ferozmente.
- Eu precisei da boate na qual ele é o dono emprestada por algumas horas. - Ela disse um pouco mais calma. - E você não tinha que socar o cara! - Ela voltou a gritar.
- E por que você procurou logo por ele? Existem mil boates nessa cidade! - A minha voz saia alta, grave e como já dito antes, descontrolada.
- Por quê era uma emergência! Eu não tinha tempo para arrumar outro lugar. E você socou o cara!
- Me diz então, que trabalho tão urgente foi esse que te fez ficar até tarde com esse babaca?
- Eu precisei fazer uma seção de fotos de ultima hora, e só pra você saber, foi esse babaca que me ajudou!
- Eu poderia ter te ajudado se fosse preciso, mas é claro, você nunca pensa em mim pra nada! - Ela estreitou os olhos, me encarando. A raiva ainda era nítida em nós dois.
- E o que você faria? Me conseguiria uma quadra de basquete? Um campo de futebol?
- Vai se ferrar, Anahí! - Gritei novamente.
- Você ama desdenhar meu trabalho, mas não gosta quando desdenham o seu... - Ela abriu um sorriso amarelo que eu resolvi ignorar, assim como seu comentário.
- E o que vocês dois estavam fazendo até agora? Não me diga que eram as fotos porque nisso eu não vou acreditar.
- Ele me convidou para jantar e eu aceitei! - Ela disse com uma facilidade que doeu demais em mim.
- Eu te fiz o mesmo convite hoje cedo e você recusou. - Ela me olhou, parecendo pensar no que eu tinha acabado de dizer. Ficou longos minutos pensando. Levou as mãos a cintura e suspirou.
- Eu nem me lembrei - Ela suspirou novamente - O que a gente tá fazendo? - Ela perguntou, aparentemente mais calma. - Senta ai! - Ela ordenou, e assim eu fiz.
Me sentei em seu sofá e vi quando ela tomou o caminho do quarto. Tive medo de que ela voltasse tão louca da vida que fosse me matar. Aquela mulher não tinha ficado brava, não... Ela tinha virado um bicho.
Anahí voltou pouco tempo depois, vestida com um short e uma regata, com uma necessaire em suas mãos e os cabelos presos em um coque um pouco desgrenhado:
- Eu não me lembrei da sua ligação. - Ela se sentou ao meu lado. Parecia sim muito mais calma. - Depois que eu voltei para a revista hoje de tarde, eu nem me lembrei que o José poderia voltar de noite. - Ela abriu a necessaire. - Só fui me lembrar na hora de ir embora e dei de cara com ele bem na frente do prédio. - Ela tirou da necessaire algodão e um vidrinho de antisséptico. Ela virou meu rosto com cuidado para encara-la e passou a limpar ferimento a ferimento delicadamente. - Quando eu estou no meu trabalho, eu não lembro mais de nada. Eu não quero e não gosto de ser incomodada, e você sabe disso. Quando você me ligou eu estava no meio de uma seção de fotos que a minha chefe solicitou de ultima hora. Tivemos que arrumar não só o lugar, mas o fotografo, as modelos, e deixar tudo pronto para essa noite, pois a revista precisa ficar pronta amanhã.
- Achei que você não me devesse explicações...
- E não devo, mas eu quero que você entenda... Quando José apareceu e me convidou para jantar, já estava tudo feito e eu estava faminta, então aceitei. Ele insistiu para me trazer em casa e eu não tive como recusar, ainda mais depois de ele ter me ajudado tanto. Eu não gosto muito que alguns homens saibam aonde eu moro, você sabe, e foi por isso que eu pedi pra ele parar um pouco afastado. Eu nem vi que você estava me esperando ai na frente. Você sabe que não deve aparecer sem avisar e muito menos me procurar no horário de trabalho. Isso ficou bem claro entre nós...
- Eu quis te ver...
- Esse é o problema. Você quer falar comigo quando eu estou no meio de algo muito importante. Você quer me ver quando eu só preciso voltar pra casa e me preparar pro dia seguinte... É claro que a culpa não é sua, como é que você ia saber? Mas por outro lado, a gente não precisa disso. Eu não preciso de dois caras se atracando na minha frente e você precisa bem menos de uma pessoa que não está tão disponível pra você quanto você gostaria. Você consegue muito melhor do que isso, Poncho. Você não consegue enxergar, mas você não precisa de mim.
- Mas é você que eu quero...
***
A Anahí nem é tãaaao má, vai gente...
E agora em Ponchão?????? O que fazer?????
Não se esqueçam de comentar :*
#NãoSejaUmaLeitoraFantasma #ComenteVocêTambém #NãoSeAcanhe