Fanfic: Paixão sem Compromisso (Adaptada) Vondy | Tema: Vondy

Depois de mais algumas perguntas, ela descobriu que os pais de Christopher não eram casados, e seu pai, depois da fuga da companheira, dera preferência a ter relacionamentos sem compromisso.

— Vai me dar um tiro agora? — ele quis saber.

— Talvez mais tarde... — Ela sorriu, grata a ele por de­sanuviar a tristeza que os abateu.

— Meus avós paternos foram a minha família — ele con­fessou espontaneamente. — Por causa deles, na juventude fui uma pessoa melhor do que sou agora.

— Se estão vivos, o que dirão das suas fotos no jornal?

— Eles ainda não sabem.

—  Como assim?

— Não devem ter lido o jornal. Vivem viajando pelo país num trailer bem equipado. — E com um sorriso nos lábios completou: — Nunca vi tanta energia e disposição como as daqueles dois.

—  Que vida gostosa. Por isso, continuo afirmando que você tem sorte — declarou Dulce. — Honestamente, acho que as pessoas deveriam gostar de você pelo que realmente é, não pela conta bancária.

Dentro do silêncio subsequente, Christopher pensou nas palavras de Dulce.

— Foi a coisa mais bonita que uma mulher já me disse — afirmou.

— Duvido.

Dulce sabia que a conversa sobre temas pessoais, até pe­nosos, conferia a ambos uma relação perigosa. A partir dali estariam separados por uma linha muito tênue entre o pro­fissional e o pessoal. Por outro lado, não tinha por que igno­rar aqueles momentos de sincera aproximação.

—  Ainda não decidimos o que diremos quando alguém perguntar como nos conhecemos — ela recordou, desvencilhando-se da mão dele. Christopher ergueu o olhar, percebendo o distanciamento.

— Você resolve — ele disse.

— Bem, não precisa ser nada muito elaborado, serve qual­quer lugar — Dul resolveu.

 — Qual lugar você costuma ir com frequência?

— Costumo passar pela mercearia do bairro quase todos os dias, para abastecer a casa — contou Christopher. — Ao lado, existe uma grande loja de materiais de construção, que tam­bém visito para me atualizar com os preços.

Dul continuou de cenho franzido.

— Você me havia dito que conhecia mulheres apenas em eventos sociais ou profissionais. Agora percebo que não há distinções, certo?

— Mais ou menos. Nessas lojas, nunca vi alguém como você, por exemplo.

Ela sorriu tímida com o elogio. Ouviu Christopher relatar, nos minutos seguintes, os pontos que frequentava, nenhum deles fazia parte do seu itinerário normal.

— Não jogo golfe, não sou sócia de clubes fechados nem ando de iate e tampouco visito as mesmas lojas que você — ela argumentou.

— Não pode se acostumar?

—  Tirando os lugares comuns, como lojas e shoppings, acho que não sirvo para uma vida de princesa.

O momento não era oportuno para discutir aquele tema delicado, quando uma poderosa combinação de ternura e excitação pairava sobre ambos.

Dulce não fazia idéia de como poderia evitar uma intimi­dade maior entre eles. Por certo, esgotava-se o tempo para a troca de sorrisos, de toques na mão ou no rosto, de olhares...

— Podemos dizer que nos conhecemos na escola de tiro ou num curso de dança — ele apressou o fim da discussão.

— Ah, gostei dessa última idéia. Dançamos um tango e nos apaixonamos. Como realmente tive aulas, não chega a ser uma grande mentira. — Aquele ritmo era tão sensual quanto o clima prevalecente à beira da piscina.

— Então estamos combinado. Ainda está com fome?

Dulce estava, sim, mas não era uma fome normal e sim de desejo e tinha certeza de que Christopher estava tão faminto quanto ela.

— Acho que ainda vou comer um pouco mais de salada. A temperatura havia caído bastante e ventava muito.

Christopher então, levantou-se, seguindo na direção da cozinha, le­vando a travessa de salada e dois espetos de carne.

—  Enquanto comemos, vamos falar sobre a agenda de amanhã.