Fanfic: Paixão sem Compromisso (Adaptada) Vondy | Tema: Vondy

Ao virar-se, Christopher quase colidiu com a mulher da cozinha, que o seguira a fim de ver para quem gesticulava. Bem que Alan o havia prevenido contra abordagens femininas, dentro e fora da firma, e falara da possibilidade de Christopher sofrer um processo por assédio se fosse visto com uma garota em po­sição comprometedora.

— Obrigado pela visita. Creio que já...

—  Não sairei daqui antes que me escute — emendou a jovem, com um sorriso pretensamente sensual. —Posso ficar até depois do expediente.

Demonstrar o envolvimento romântico com Dulce se tor­nava crucial e inadiável.

— Agradeço, mas não comigo.

Ao entrar, Dulce cruzou com a funcionária que saía da sala privativa de Christopher e olhou-a com desconfiança. Podia tratar-se de uma pessoa perigosa. Por que ele a recebera?

— Você está querendo anular o contrato? — ela desafiou.

— Ora, claro que não!

— Foi o que pensei.

— Ouça, essa funcionária veio aqui me assediar, e quase precisei expulsá-la. Não importa o que aconteça antes das onze, quero você dentro do escritório, não fora. — O tom de Christopher suavizou-se quando completou: — Espere até ficarmos sozinhos.

Solidária, Dulce sentiu pena de Christopher. Nada vinha aconte­cendo como ele gostaria. Mesmo agora, em vez de oferecer-lhe companhia, precisava voltar à marina para descobrir o paparazzi que costumava espioná-lo dali. Talvez o fotografo tivesse obtido uma credencial para a entrevista à imprensa que ocorreria em pouco tempo.

— Estarei por perto — ela assegurou, sem revelar seus planos. — E às onze, mais perto ainda.

Às dez para as onze, Dulce subiu e, na sala de reuniões, deparou com um grande grupo de jornalistas, ao lado de pessoas que haviam ajudado na formulação do novo em­preendimento imobiliário de Christopher Uckermann.

Prestativa, Peg havia providenciado um kit de imprensa, com informações e fotos da maquete, bem como garrafas de champanhe espalhadas pela mesa.

Christopher discursou e recebeu aplausos. Uma boa quantidade de garotas bonitas se fizera presente, sequiosas por conhecer pessoalmente o empresário que havia sido fotografado nu.

Christopher fitou todas, a fim de não ser acusado de arrogância. Finalmente, o olhar recaiu sobre Dulce e ela o sentiu como uma carícia; seu coração flutuou de tão leve transportando-a por alguns instantes para longe dali. Christopher vincou a testa, satisfeito por vê-la tão suscetível a um simples olhar.

Dulce fez com o polegar um sinal de positivo. Preferiu não se aproximar de Christopher enquanto ele atendia diversos convidados. Mas ouviu, como todos os outros, um repórter perguntar:

—O senhor julga que as fotos publicadas no Keys Confidential podem afetar sua credibilidade junto aos bancos e investidores?

Uma outra jornalista aproveitou a chance:

— O senhor pode provar que não posou deliberadamente para o tablóide?

Claro, na sala existiam abutres dispostos a acabar com Christopher. Sem esperar que ele tentasse responder, Dulce avançou e disse ao microfone:

— A reunião está terminada. Posso repetir isso em espa­nhol se facilitar o entendimento.

O silêncio subsequente, antes de uma onda de resmungos, garantiu-lhe que ela tomara a iniciativa certa. Nenhum jor­nalista insistiu. Christopher acercou-se, sentindo gratidão, e colheu a mão de Dulce diante da platéia.

— Uma última questão. Vocês dois são namorados? — quis saber uma repórter, enquanto novos flashes espocavam.

— Estamos saindo juntos faz algum tempo — respondeu Dulce.

— Onde se conheceram? — perguntou outro. Christopher soprou no ouvido de Dulce se a entrevista havia se encerrado ou não.

— Num curso de dança de salão. Aprendendo tango.

Em demonstração, ela deu um longo beijo em Christopher. Mur­múrios de malícia percorreram a sala. Satisfeita por ter con­vencido os abutres da imprensa, Dulce imaginou o que o pai diria ao ver os jornais na manhã seguinte.

Quanto a ela, por mais que desfrutasse a presença de Christopher na reunião, sabia que aquilo não podia durar para sempre. Era seu trabalho, e ainda que ele mantivesse o respeito aci­ma do desejo, não significava que a amava.

—  Sem mais perguntas — Dulce fechou questão. — Esse relacionamento é exclusivo entre mim e Christopher Uckermann.

Logo que Dulce terminou de falar, Christopher soube que ela co­metera um erro grave. Não por ter revelado ao mundo a pseudo ou real aproximação entre eles, mas porque atrairia o pessoal dos jornais e da televisão, que não se contentaria com tão pouco. Seria perseguida até que eles soubessem sua idade, formação, atividade profissional e assim por diante. Como prêmio a tal insistência, se divertiriam com Dulce ao conhecer seu passado de ex-policial.

Peg verificou, junto à porta, se todos portavam os folhetos distribuídos, e assim apressou a saída dos convidados. Christopher viu Hank e Sammie olhando para Dulce e ajudando no con­trole da pequena multidão. Com a sala quase vazia, Sammie empunhou seu celular e transmitiu uma espécie de relatório sobre o evento. Sem dúvida, reportava as novidades a Franklin.

Como se não bastasse, no final da tarde foi Hank, e não Dulce, quem se apresentou para dirigir o carro de Christopher até a mansão. Medida de segurança, o homem alegou. Christopher pon­derou se ela havia ouvido um sermão do pai ou se mantinha em segredo a pretensa relação de intimidade com ele.

Vira Dulce conversando com Peg, dizendo que nunca per­deria a calma no que se referisse à proteção de Christopher. Ele teve vontade de abrir seus braços para ela e pedir perdão pela confusão que havia armado.