Fanfic: Aos Contrários | Tema: Original ainda
Fevereiro chegou mas nenhuma mudança significativa aconteceu na minha vida escolar, digo, ir para o 2º ano não é exatamente diferente de ir ao primeiro e futuramente não vai ser diferente de ir ao terceiro e me formar.
Continuo com os mesmos colegas e os mesmos professores, continuo bom em certas matérias e ruins em outras. A escola não é a melhor hora do meu dia como é para a maioria dos estudantes, onde eles encontram seus melhores amigos e suas paixões para deixar àquele lugar mais suportável. Por falar nisso, amigos e paixões, nunca tive muito dos dois, tenho certo circulo do qual considero colegas próximos, mas não chamo qualquer um de amigo, não sei exatamente o que eu considero ser um amigo por isso não tenho nenhum, só pessoas que saem comigo de vez em em quando, me contam segredos e vão à minha casa quando eu não arranjo nenhuma desculpa boa ara eles não irem. Sim, isso pode ser considerado amizade para certas pessoas mas não pra mim. É um pouco triste pois eles me consideram muito, foi o que um deles disse quando eu o estava confortando sobre a fuga de seu animal de estimação, eu não fiz muito, só sentei e o escutei.
Quanto à paixões considero menos ainda. Já aconteceu de uma ou duas garotas, que eu mal conhecia, diga-se de passagem, confessarem seu amor por mim, mas eu obviamente rejeite. Um dos meus "amigos" disse que ter deixado a menina ir foi um ``desperdício de juventude escolar`` e que ele mataria para ter uma namorada, mesmo que , palavras dele, fosse "feia". Penso que ele estava muito solitário ou só desesperado para espalhar para todo mundo que não é mais virgem, isso parece um ticket de passagem aos ``caras legais``. Vamos ter a vida toda para isso, por que a pressa? É o que eu acho, aconteceu d`eu falar isso pra uma pessoa uma vez, mas a mesma falou um discurso inteiro sobre como não se deve desperdiçar um dia sequer sem as coisas boas da vida,que espirituoso, com quem você está namorando mesmo Sr.Confiança?
Eu estava saindo da escola com meus quatro colegas-próximos, eu estava meio distante na conversa como sempre. Me chamavam de passarinho porque diziam que eu voava pra longe, eu não achava ruim já que meu animal favorito era um pássaro, mas especificamente um Rouxinol-Japonês.
Eu estava apreciando meu suco de caixinha quando uma mão de tapa de leve em meu ombro.
-Ei passarinho, você me ouviu? - disse uma voz feminina
- Desculpe, o que?
-Nossa, você é muito desligado! Eu perguntei se você quer ir!
Era Jessie, ela era bem legal. Era uma menina loira de cabelos lisos, usava lentes de contato azul e eu a considerava baixinha, ela ficava no meu ombro em comparação à mim, sendo que eu tenho 1,75. Estudamos juntos desde o ano passado e ela vivia tentando puxar conversa comigo quase sempre, ela me queria por perto no mundo, me cérebro aprendeu a responder sua voz automaticamente, como se eu tivesse me adaptado a ter a atenção retomada quando ela fala. É meio engraçado, quando eu estou voando na sala de aula e ela abre a boca, mesmo ela não estiver dirigindo a palavra à mim minha cabeça vira em direção à ela. Às vezes eu rio sobre isso e de vez em quando eu a pego me encarando na sala e sorrindo, os caras dizem que ela tem algo por mim, eu não nego, mas finjo que não sei do que eles estão falando. Eu não quero nada disso, como eu já falei mais cedo.
-Você sabe que vai ter que repetir o que disse, não sabe? - eu falei, voltando ao mundo real.
-Se você prestasse atenção ao que eu digo provavelmente eu não precisaria repetir! Mas enfim, eu e o pessoal vamos ao Karaokê neste final de semana, você topa?
-Desculpe, meu agente não permite shows gratuitos.
-Há, há. Muito engraçado. Vamos, vai ser divertido!
-Sim, com certeza vai.
-Então você vai?
-Não. Minha religião não permite
-Ah, qual é! Suas desculpas estão piorando cada vez que eu te chamo pra sair, eu nem sei porque eu me incomodo em te chamar!
-Também me pergunto iss.. ei, cadê todo mundo?
-Já foram, claro, já passamos pelo ponto de ônibus à um tempo e eu fiquei para trás pra te chamar, parece que foi uma perda de tempo!
Nossa, dessa vez eu viajei muito. Nem percebi que 3 pessoas ao meu redor sumiram. Eu vou pra casa à pé, são 1km até em casa e eu ando com o pessoal até a parada de ônibus mais próxima à escola e de lá sigo meu caminho. A escola termina 17:00, estudo no horário integral. O sol estava se pondo. Eu joguei meu suco numa lixeira perto. Eu dei meia volta em direção ao ponto de ônibus, que já estava à uma boa distância de mim.
-Ei, pra onde está indo? - disse Jessie, me seguindo.
-Para o ponto de ônibus, aonde mais? -eu disse, com meu ar vago.
-Fazer o que?
-Te deixar lá, óbvio.
-V-você não precisa fazer isso! E não terminamos nossa conversa! - ouvi a voz dela tremer um pouco, mas isso acontece de vez em quando eu faço algo legal à ela. O que ha de errado nisso? Estava ficando escuro e, como já dava pra ver a parada, havia exatamente zero pessoas lá. O que eu deveria fazer?
Ela continuou andando atrás de mim, como sempre, por que isso? Ela sempre andava à minha frente ou atrás de mim. Eu a peguei pela mão e a pus do meu lado. Soltei logo em seguida.
-Você tem que aprender a andar ao lado das pessoas, já te conheço à um ano e você sempre anda atrás de mim. Como posso conversar com você assim?
-E- e você nunca olha pras pessoas quando fala. - ela falou isso, era até verdade, mas agora ela estava de cabeça baixa. Eu pude ver de relance que a cara dela estava vermelha, estava com febre ou algo assim?
Chegamos à parada e o silêncio reinou entre nós dois. Não é exatamente ruim. Eu não estava me sentindo estranho nem nada. Não ha nada de errado no silêncio. Eu não sentia o clima pesado.
-Olha, você realmente devia sair mais com a gente. - ela disse, com a voz mais baixa que o normal, olhando para o chão e brincando com as mãos. Ela estava nervosa?
-Hum... quem sabe um dia. Eu não tenho interesse em Karaokê nem nada, sabe.
-Ah, po..podemos ir para outro lugar então.
-Hum...
Os minutos passaram e o tempo voava. Estava agora difícil começar uma conversa e eu comecei a sentir o peso do clima tenso. Isso estava acontecendo muito ultimamente, desde do final do ano passado ela estava ficando mais evasiva nas conversas, principalmente quando ficamos sozinhos, como agora.
O ônibus estava chegando e era a ora de nos despedir.
-Até mais Jessie, o ônibus está chegando. Até amanhã de manhã. - eu comecei a dar meia volta e segui meu caminho. Pensei ter ouvindo alguma coisa e me virei.
-Você disse alguma coisa? - eu disse. Ela estava subindo no ônibus, mas gritou.
-Cuidado no caminho, passarinho! Alguém pode te por numa gaiola.
Eu estava na escada da varanda de casa quando o som de música, Jazz, vindo de dentro, me chamou a atenção. A quanto tempo não tocava música naquela casa? As únicas músicas que se escutavam eram em fones de ouvido, ao menos para mim, eu nuca mais ouvi ou vi meu pai ouvindo música, tinha uma vitrola em seu escritório mas eu nunca a vi tocar nada à anos. Um dia, aos 12 anos, eu o propus a por música para animar a casa, mas ele disse para não tocar na vitrola e que as músicas que ele gosta sempre o lembrava muito da minha mãe, eu nunca o convenci a ouvir. Talvez àquela maluca da assistente tenha o convencido? Estou impressionado, como ela consegue?
Ao entrar em casa e o que eu vi me deixou mais chocado do que achei que ficaria. A assistente e meu pai estavam dançando juntos, um passo animado de jazz, meu pai todo desengonçado e a assistente abobalhada, mas elegante ao mesmo tempo. Isso era IM-POS-SÍ-VEL. Eu nuca fiz meu pai ouvir música em casa desde o divórcio, agora ele estava dançando a música que ele mais sofria ao ouvir e, o mais impressionante, ele estava aproveitando cada segundo com uma gargalhada que eu não lembrava que ele poderia fazer. Eu mentiria se não dissesse que me emocionei um pouco, mas foi só um nó na gargante, nada de choro.
-Ah! Olha ele aí! - a assistente correu ao meu encontro
-Não fique parado aí com cara de joelho, vem dançar com a gente! -ela gritava, ao contrário eu não poderia ouvir, a música estava muito ALTA.
-Não, eu prefiro ficar aqui com a minha cara de joelho. Ei! - ela me pegou pelas duas mãos e começou a girar, eu não pude evitar e comecei a girar também, eu gritava vários argumentos e tentava explicar que eu estava cansado e queria ir dormir
-Você pode descansar depois que estiver morto! - ela nos fez mudar o passo de dança e fizemos uma valsa acelerada e boba. Toda errada. Eu a deixei ela se divertir comigo por 10 segundos depois a fiz me soltar dizendo que eu tinha dever de casa e que deviam baixar o volume ou os vizinhos iriam reclamar.
O volume abaixou de repente e vi que meu pai tirou o CD da vitrola, ele estava vermelho de tanto rir.
-Bem, meu filho tem razão, já festejamos bastante.
-Awn, vamos esperar a polícia acabar a festa! - ela disse, de onde ela tirava essa energia?
-Que é isso minha filha, não tenho idade pra isso, hahahaha. De todo jeito, é hora de você ir pra casa. Vamos lá, pode dirigir dessa vez.
-Ah, não precisa. Na verdade, meu pai está aqui perto e ele disse que poderia me dar uma carona. - ela falou enquanto ia na outra sala pegar suas coisas: uma bolsa e um notebook e um amontoado de papel, acho que era o manuscrito que ela estava revisando.
-Bem, cuidado na volta. Até amanhã! - meu pai disse enquanto abria a porta para ela sair. - tem uma coisa na sua bochecha - ela falou baixo mas consegui ouvir. Quando a mão dele estava se aproximando do rosto dela ela rapidamente desviou virando o rosto, mas recuperou o clima alegre.
-Até mais tarde, Ian! Até mais. Até cara cara de joelho!
Eu dei um pequeno aceno com a cabeça, sentado no sofá, e em seguida ela foi embora. Meu pai fechou a porta suspirou. Eu o encarei sem desviar o olhar, mas em seguida peguei uma revista que estava do meu lado no sofá.
- O que? - ele disse
-Ora, nada. - eu dei um sorrisinho e desviei minha atenção para a revista.
-Ela é incrível, não é? -meu pai disse, num tom encantado
-É, tão encantadora quando uma craca. - folheei a revista mais uma vez.
-haha, uma craca...
-Então, qual é a ocasião dessa festa?
-Nenhuma. - ele começou a andar em direção ao sofá e sentou do meu lado - Ela só fez uma pergunta sobre a minha velha vitrola e se eu tinha algum CD, no caso LP, para colocar, eu disse que não escutava mais àquelas músicas e que era melhor deixar quieto - meu pai sorriu com a lembrança recente - bem, ela é insistente, parece até que ela sabia que àquela vitrola e àquelas músicas, que eu tanto gostava, me traziam tristeza. Ela insistiu e disse que era melhor eu colocar fones de ouvido ou estourar os tímpanos porque ia por pra tocar de todo jeito. Claro, ela não sabia como ligar então eu cedi e liguei. Foi doloroso no começo, mas ela me puxou e começamos a dançar como idiotas. Hahaha, onde ela estava quando eu tinha 23 anos também?
-Provavelmente no saco do pai dela. - eu disse folheando a revista, mas sem prestar atenção nela. Agora entendi. Parecia algo que ela faria, eu tinha que agradece-la depois. Quanta felicidade ela touce ao meu pai nesses últimos meses, parece até que eu voltei à minha infância quando ele era feliz com a minha mãe.
-Você não tinha que fazer o dever de casa, rapaz?
-Não, era mentira, não tenho nada hoje.
-Ah, entendo. Vai jogar basquete hoje na praça ? Cuidado, parece que vai chover.- ele se levantou e foi ao escritório.
Ele me deixou sozinho na sala, mas, assim que ele saiu, por coincidência, começou a chover. Depois de alguns instantes alguma coisa começou a me incomodar. Eu olhei para janela e era uma chuva pesada.
-Hum...
-Hum...
Autor(a): Papaangu
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Me diverti muito hoje, como quase todo dia. Me sinto bem naquela casa. No trabalho em si eu não faço nada além de revisões do livro, pesquisar, análises e essas coisas. Só tenho que agradecer minha fata de atenção por ter me levado ao parque naquele dia onde meu emprego, não planejado, estava lá, num banco ...
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