Fanfic: Dangerous
Na minha infância eu nunca tive luxo. Agora tenho mais do que preciso. Um apartamento grande em uma ótima avenida de Nova York. Televisão de plasma, sofá preto de couro. Mesa de vidro e várias estantes brancas. O mais moderno possível.
Em cada estante uma recordação de um golpe. Carteiras, bolas de golfe, diamantes e até algumas espadas. Samurais são bem atrevidos em Nova York, e sempre sou eu que tenho que dar um jeito neles.
Assim como eu, você deve estar se perguntando porque trabalho com isso. O porque dou golpes em homens indefesos. Na verdade, nenhum deles é indefeso e nem eu sei o que realmente estou fazendo. Talvez protegendo mulheres que nunca tiveram esperança, traídas, e sem vontade de viver. Atoladas em salões de cabeleleiros e lojas como Dolce e Gabanna. Na realidade essas mulheres se sentem mal amadas. Mal cuidadas.
Quando eu tinha meus 15 anos meu pai fez uma coisa que eu jamais esquecerei. Ele olhou para minha mãe na cozinha e em seguida veio falar comigo. Sua expressão era diferente, hoje sei que ele me olhava com prazer. ‘Venha comigo até o quarto Margareth.’ Ele disse abrindo um belo sorriso. Inocente, subi. Ao chegar no quarto, meu pai estava deitado na cama. Olhou para mim e piscou. ‘Deite com o papai minha filha, aqui!’ Ele batia a mão na cama. Senti-me estranha naquele momento, mas deitei ao lado dele. ‘Papai, não estou com sono. Podemos dormir mais tarde, hoje é sábado!’ Exclamei. ‘Confie em mim Maggie, eu farei você feliz’.
Eu confiei. Juro que confiei e me sinto mal por lembrar-me disso. Meu pai colocou a mão em meu peito me acariciando. Descia a mão cada vez mais e me olhava maliciosamente. Eu engoli a seco e parei de respirar. O que ele estaria fazendo? Eu tinha apenas 15 anos. Ele tocou onde não devia. Eu sabia que ele queria abusar de mim. Gritei o mais alto que pude. Chamei minha mãe e meus irmãos. Meu pai raivoso prendeu minhas duas mãos segurando-as com força. Olhou para mim e disse ‘Eu te amo! Não farei mal a você Maggie!’
A raiva falou mais alto do que eu e consegui me soltar. Peguei a primeira coisa que vi pela frente. Um canivete. Enfiei aquilo em meu pai com tanta força que me lembro que a cada ‘facada’ eu me lembrava da minha mãe gritando de dor, sofrendo, de meus irmãos querendo fugir de casa, dele me batendo e principalmente dele tocando em mim.
Minha mãe e meus irmãos chegaram no quarto tarde demais. Tentaram me conter, mas não conseguiram. Meu irmão mais velho me agradeceu pelo que eu havia feito, mas minha mãe não. Ela gritava como se eu tivesse feito algo de errado. Como se eu não estivesse a defendendo. Hoje entendo que minha mãe amava meu pai e que gostava de apanhar, assim como muitas mulheres gostam hoje.
Não fui presa porque fugi, mas tenho certeza que se eu continuasse em casa, minha mãe me denunciaria e seria meu fim. Entrei num mundo que eu nunca queria ter entrado. Comi restos de comida. Alimentei paixões doentias de homens mal amados, e me tornei uma golpista. Diria talvez a mais procurada de Nova York, mas nunca deixo que me peguem. Porque? Porque Não deixo provas. Não faço isso porque estou me divertindo e sim porque de algum modo quero alimentar o meu sentimento mais louco. A vingança.
Alguns me chamariam de louca, outros de psicopata e alguns até de assassina. Mas porque? Se as pessoas que me procuram são suas próprias mulheres? Elas procuram vingança, e eu, fabrico.
Gosto do que faço. Não recomendo a vingança para ninguém. Só quem entende mesmo desse sentimento sabe como lidar com ele. Eu como uma ótima golpista – modéstia parte – sei com o que estou lidando, e acredite, lidar com isso pode ter muitas consequências ruins.
Às vezes me pego chorando. Talvez porque não tenho ninguém do meu lado, mas sei que há muitas coisas materiais que podem me preencher. Compras por exemplo. Porém, queria ser ‘normal’ às vezes. Queria ter minha mãe comigo, meus irmãos, queria que meu pai nunca tivesse me tocado. Queria que homens fossem honestos para que eu pudesse ter meu marido. Meus filhos.
Meu telefone toca. Pego-o rapidamente e atendo. Era mais uma cliente. Desta vez se chamava Sarah e queria que eu desse um susto em seu marido. Um susto diferente dos outros. A pedido dela, eu teria que entrar em sua casa como ladra e sair como vítima. Um dos meus casos mais difíceis. Teria que fazer dela minha refém e segundo a mesma, eu poderia machucá-la. De forma que seu marido percebesse o quanto ela era importante para ele, o quanto ele precisava dela.
Era final de tarde de quarta-feira. Peguei um táxi e fui até o local do trabalho. Um hotel, na grande avenida da cidade. Entrei no mesmo e passei-me por uma hóspede. Lilá Clinton. Sem maiores dificuldades, fui até o balcão, peguei a chave e fui subir para o meu quarto. Seis e meia em ponto. Identifiquei a vítima. Joshua (o marido de Sarah) estava prestes a subir no elevador.
Entrei no mesmo instante que ele. Levantei minha saia até um ponto em que ele pudesse ver que eu queria muito mais do que um simples ‘Olá’ no elevador. Joshua me perguntou se eu estava hospedada no hotel. Respondi que sim e perguntei se ele era casado. Ele afirmou e eu pude entrar em ação.
É claro que ele não resistiu ao meu charme. Levou-me até seu quarto. Ele me passou a chave do quarto e eu mesma abri. Entrei primeiro e larguei minha bolsa na poltrona. Fui para suíte e deitei sobre a cama. Abri minhas pernas e esperei que ele se surpreendesse.
Ao ver minha calcinha, Joshua entrou em delírio. Claro. Então eu o parei por um instante.
- Espere querido! – tentei deixar um gostinho de quero mais.
- Não quero esperar... Nenhum segundo!
- Leve-me para outro lugar! Sua casa, o que acha?
- Nunca! Minha mulher está lá!
- Medo de desafios Joshua? – passei as unhas sobre minha coxa – Essa hora ela deve estar em um spa, ou até mesmo fazendo compras em Paris. Você não é rico? Ela não está perdendo tempo em casa querido! Eu não perderia. – eu mordi meus lábios.
- Tudo bem! – ele pareceu engolir a seco – Vamos! – ele pegou na minha mão.
Mais fácil do que eu imaginava. Pensei que ele fosse acabar com a minha graça quando sugeri que fossemos para sua casa. Mas não, homem infiel aceita qualquer coisa.
Ele me levou na sua BMW conversível. Eu o convencia cada vez mais de que estava louca para me entregar a ele naquela noite. Passava a mão sobre o corpo dele todinho enquanto ele dirigia. Sorte dele que não bateu o carro, porque vi em seus olhos que estava ficando louco de prazeres por mim.
Chegamos na sua casa. Sai do carro antes que ele e lhe fiz uma proposta irrecusável.
- Josh! – eu sorri.
- Sim?
- Posso entrar antes e te fazer uma surpresa? – mordi meus lábios.
- Mas eu nem sei seu nome!
- Scarlet.
- Nos conhecemos hoje Scarlet! Não posso confiar!
- Como não Josh? Olha, te dou minha bolsa exclusiva da Dolce e Gabanna, meu relógio Rolex edição limitada, meus sapatos...
- Tudo bem, chega! – ele acreditou na tolinha – Pode entrar! – ele me entregou as chaves!
Mais fácil do que eu imaginava mais uma vez. Imitar a tolinha sempre dá certo. Fiquei olhando para ele com cara de quem estava interessada, subi as escadas e abri a porta de sua casa. ‘Quando estiver pronto eu te chamo Joshzinho.’ Gritei.
Entrei devagar e vi Sarah a esposa de Josh sentada na sala. Ela me olhou com uma cara de dor, de tristeza, que eu nunca tinha visto antes.
- Consegui Sarah! – exclamei.
- Obrigada! O que fazemos agora?
- Terei que te prender nesta cadeira e amarrá-la. Depois, chamarei Joshua e direi o quanto eu quero de dinheiro. No nosso caso, o pagamento. Farei um corte com pouca dor no seu pulso que irá sangrar muito e depois disso fugirei. Mas saiba que depois que eu fugir Joshua não pode vir atrás de mim e você terá que fazer sua parte.
- E o que devo fazer? – Sarah perguntou.
- Gritar por ajuda! Chamar Joshua. Dizer que não quer morrer. Pedir para que ele fique contigo. Assim, ele sentirá o quando você precisa dele e o quanto ele precisa de você!
- Certo!
Sarah levantou-se do sofá e pegou uma cadeira. Amarrei-a e peguei uma faca bem afiada. Em seguida gritei o nome de Josh da forma mais sensual possível. Ele parecia ter vindo correndo e quando entrou em casa simplesmente parou como uma estátua.
‘O que está fazendo?’ Ele gritava. Eu dava gargalhadas e Sarah chorava desesperada. Com um marido desses, chorar não seria difícil. Joshua tentou se aproximar e eu disse para ele não fazer aquilo. Um passo e Sarah ficaria sem cabeça.
- Deixe-a em paz! – Josh gritava desesperado – Me pegue! Prenda-me! Mate-me!
- Não! – Sarah gritou.
- Cale a sua boca! – eu dei um tapa em Sarah (doeu em mim) – Joshua... Joshua... Tão tolo!
- Droga! – ele colocava as mãos na cabeça.
- Não adianta lamentar-se agora querido!
- Largue-a! Diga-me o que eu tenho que fazer para que você a solte.
- O que você tem que fazer? – pensei – Bom... Dinheiro não é problema. Quero quinze mil dólares agora!
- Quinze mil dólares? – Joshua gritou – Você está ficando louca! Não sou uma mina de dinheiro!
- Pague Josh! Pague! – Sarah gritava.
- Quer pagar mais caro? – perguntei – Posso arrancar a cabeça dela. Ou melhor, posso começar pela orelha e depois pelo nariz...
- Pare! – ele gritou – Certo! Quinze mil dólares!
Ele pegou seu laptop e entrou no site de seu banco. Fez o depósito rapidamente em minha conta. Josh me olhava assustado sem entender o que havia acontecido.
- Pronto! Seu dinheiro já está onde devia! Agora a solte!
- É claro! Cumpro meus tratos! – eu olhei para Josh com um olhar intenso, e sorri, passei a faca sobre o pulso de Sarah.
- Não! – ele gritou e pulou em cima de mim.
Maldição! Estava muito fácil. Ele me deu um murro no rosto, mas, nada que um bom chute no saco não pudesse resolver. Levantei-me rapidamente e saí correndo pela porta. Entrei no BMW e o último som que escutei foi Sarah pedindo ajuda a Joshua.
Corri o mais rápido que pude pela cidade. Já eram onze da noite e parecia que tudo havia acontecido em pequenos segundos. Parei em um caixa eletrônico de grandes retiradas e peguei uma sacola. Tirei os quinze mil reais da conta que eu havia criado a menos de 24 horas. Saí de lá com a sacola cheia. Abri o capô da BMW, taquei fogo no tanque de gasolina e saí andando pela calçada. Trinta segundos depois sinto um calor e uma explosão. Era o fim de mais um caso. Mais um homem aprendendo a sua lição, mais uma fabricação de vingança.
Autor(a): priscilaneri
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Acordei cansada. Fisicamente e psicologicamente. Não é todos os dias que corto pessoas inocentes ou dou um tapa em minhas clientes. Levantei-me e fui para a cozinha. Liguei a máquina de café e liguei a televisão. Good Morning América. Meu programa favorito estava passando. Catherine sempre dá as noticias com uma &oa ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2
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dheelhauptmann Postado em 14/02/2011 - 20:43:22
UAU!!! Muito legal.., diferente ela, ameei! Posta mais porfavoor ?
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ametrine Postado em 12/10/2009 - 06:49:02
eu gostei do seu estilo de contar as historias,parece ue a gente ta dentro dela,muito legal mesmo.
continua postando!