Fanfic: Dangerous
Meu coração doía enquanto eu me agarrava em meu travesseiro e chorava desesperadamente. Senti-me perdida em um mundo desconhecido, com medo, frio, saudade. Eu queria que Gabriel estivesse ali, me confortando. Mal ele sabia que quanto mais ele sentisse raiva de mim seria quando mais iria precisar dele.
Meu peito parecia exposto. Algo como se eu tivesse um buraco ali e todos pudessem ver o estrago em que meu coração havia ficado. Eu paguei na mesma moeda. Depois de destruir tantas vidas de homens que eu mal conhecia e julgava por boatos, agora eu havia destruído a minha. Na verdade, nunca construí uma vida. Eu sempre quis, mas nunca consegui.
Cada família que eu destruí, parte de mim foi junto. Querendo ou não, os homens que eu matei tinham filhos... Filhos que não tinham culpa e que de certo modo precisavam de um pai, assim como eu precisei. E indiretamente eu transformava a vida dessas crianças na mesma que eu tive.
Depois de horas refletindo deitada na cama, chorando e agarrando meu travesseiro pensei que talvez eu pudesse consertar algo. Talvez se eu me declarasse para Gabriel e tentasse me explicar... O problema é que ele não iria me ouvir. Eu matei o irmão dele. Foi o que ele disse.
Eu sou uma assassina. Matei o irmão de Gabriel e também o sentimento que eu havia despertado no peito dele... Ele me amava.
Louis não me viu chegar e então, não preparou o café. Desci as escadas e o vi sentado olhando para a televisão. Com meus olhos inchados, olhei para ele pedindo ajuda. Louis se espantou com meu estado e veio em minha direção.
- O que aconteceu Sr. Maggie? O que ele fez? ele perguntava espantado.
Demorei algum tempo para perceber que ele havia me perguntado algo. Louis segurou meus braços e perguntou novamente.
- O que aconteceu Sr. Maggie? O que ele fez? Diga-me!
- O que eu fiz você quer dizer não é Louis?
- Como assim Sr. Maggie? Ele descobriu?
- Eu contei para ele! Contei tudo Louis! As lágrimas escorriam pelo meu rosto.
- Não! Você não devia ter contado! Louis gritava.
- Eu não podia mentir para ele Louis... Gabriel não merecia isso!
- É por isso que digo que amor é um veneno Sr. Maggie! Um ótimo veneno para acabar com qualquer noção mental...
- Não Louis!
- Sim! Você estava apaixonada por ele...
- Estou interrompi.
- Está. Viu? Apaixonada por ele, besta, chorando! Sr. Maggie, temos que continuar vivendo, seus golpes são os melhores que eu já ouvi falar.
- Chega Louis! Eu desisti!
- Desistiu? Você está louca?
- Completamente louca por ele. Eu destruí tantas famílias com meus golpes. Matei tantos homens. Cuidei de problemas que não eram meus...
- Cale a boca! Ele me interrompeu Este é o seu trabalho Sr. Maggie! Eles lhe pagam para isto.
- Esta carreira não existe Louis! retruquei gritando Eu criei isso, nós criamos... Clarice criou... Chega disso! Chega! Eu já consegui o que eu queria...
- Como Sr. Maggie? Conseguiu o que?
- Consegui amar! Eu nunca amei, nunca senti saudade, nem falta.
- Mas esse nunca foi o seu objetivo. Foi?
- Não, mas agora é. Não conseguirei mais trabalhar sentindo essas coisas. Cada homem que eu for dar um golpe vou lembrar de Gabriel, como ele me olhava nos olhos e como ele teve ódio de mim depois.
- Sr. Maggie! Pense duas vezes... Para onde irei?
- Louis vá viver sua vida! Aproveite-a!
- Não acredito que fará isso comigo...
- E eu não acredito que você não me mandou parar quando viu que a coisa estava ficando feia...
- Eu mandei você parar Sr. Maggie, mas você não me ouviu!
- Desculpe-me Louis! Não posso continuar com você... Quero que você seja muito feliz e eu tentarei ser também...
- Esta é sua ultima palavra Sr. Maggie?
- Sim Louis! lágrimas escorriam por meu rosto e eu não conseguia mais falar nada para Louis.
Louis me olhava com espanto.
Com eu queria ler seus pensamentos. Saber o que se passa na sua mente fria. O porque dos seus olhos negros mudarem de cor ao me olhar.
Com ele deitado na cama, vi seu corpo coberto com o lençol, seu rosto leve e doce me passava alívio. Passei minha mão por sua nuca tentando satisfazer o meu desejo de toca-lo. Sem sucesso, continuei com a mão deslizando pelo seu corpo, agora pelas suas costas. Minhas unhas o arranhavam com delicadeza.
Ele não acordava. Deve ter se divertido bastante noite passada. Abri um sorriso e coloquei meus lábios em sua têmpora. Bom dia anjo! Sussurrei levemente. Falei sozinha. Ele não me respondeu. Estaria ele realmente cansado?
Puxei-o de modo que eu pudesse ver seu rosto. Seus olhos ensangüentados me fizeram gritar.
- Gabriel!
Acordei.
Um sonho. Um pesadelo. Já era a quinta noite consecutiva que eu sonhava com ele. Lágrimas corriam pelo meu rosto e o desespero gritava em meu peito.
Olhei pela janela. Não consegui encontrar o sol. O prédio da frente tampava minha visão e por um instante me perguntei como eu conseguia dormir com todo aquele barulho.
Remédios pensei.
Depois que discuti com Louis a uma semana atrás eu não soube mais notícias dele. Minha mansão em Ibiza continuava lá, mas, querendo esquecer o que fiz durante os últimos quinze anos de minha vida, resolvi voltar a New York e recomeçar na periferia da cidade.
Não sentia mais prazer em ter dinheiro, mas sentia falta de me vingar. Vingança era a única coisa depois dos elogios de Gabriel que me alimentava interiormente e agora era a única coisa que poderia manter minha vontade de continuar viva.
Depois daquele terrível pesadelo, nada conseguiria me manter dormindo, nem remédios. Levantei-me a procura de algo para comer. Fui até a pequena e suja cozinha. Abri o armário e encontrei um saco de pão-de-forma. Ai que saudade do café da manhã de Louis.
Saudade. Mais um sentimento tosco que eu havia desenvolvido.
Tentei ficar mais animada esperando encontrar algo na geladeira. Abri com um sorriso e fechei a porta com raiva. Eu iria comer pão puro naquela madrugada. Mastiguei o pão com muita má vontade, mas meu estomago pedia algo para satisfaze-lo.
Roupas. Acho que isso era a única coisa que eu ainda havia guardado. Coloquei uma blusa de frio e um sobre-tudo vermelho. Eu não havia escolhido a melhor época para ir a New York. O frio estava tenebroso.
Caminhei pelas ruas da cidade tentando encontrar algo que ocupasse meu tempo. Um emprego talvez. Olhei para alguns bordéis e pensei que eles poderiam trazer o que eu tanto queria. Mas vingança não iria ser possível fabricar em lugares tão públicos e tão freqüentados como esses bordéis.
Duas horas na rua e eu não havia encontrado nada, porém, finalmente as lojas já estavam abertas. Entrei no primeiro Starbucks que vi pela frente. Café. Pensei entusiasmada.
Depois de pegar meu café, sentei-me em uma mesa. Isolada de tudo e de todos que tomavam café como eu, peguei uma revista e comecei a ler. Dicas de maquiagem, como emagrecer e todas aquelas dicas fúteis que eu nunca consegui seguir e sempre fui capaz de seguir as minhas. Aquela revista não iria me distrair o bastante.
Comecei a olhar as pessoas entre a revista, disfarçando, ou pelo menos tentando. Mulheres cheias de rugas, algumas velhas, outras novas demais, mas sem dinheiro nenhum para se cuidar. Alguns homens barrigudos e nojentos. Isso me lembrava meu pai.
Um homem me chamou atenção. Cabelo escuro, de olhos castanhos claros, quase um mel eu diria. Pele bem branca. Corpo forte e com aparência bem quente. Apenas o olhei mostrando interesse. Eu não queria que ele me visse.
Ele me olhou. Droga! Torci para que ele não tivesse percebido o meu tal falso interesse. Funcionou. Ele seguiu para a fila e foi pedir seu café. Respirei aliviada por uns dois minutos.
Agora ele vinha em minha direção. Sente-se na primeira mesa que ver cara pensei. Ele continuou vindo em minha direção. Sentou-se ao meu lado e com um sorriso de canto falou:
- Permita-me?
Você já sentou não foi? Pensei.
- Claro. Fique á vontade ou vá embora logo maldito, pensei.
Ele ficou me encarando por alguns instantes. Continuei fingindo que estava lendo aquela revista horrível. Seja tolerante, pensei.
- O que há trás aqui tão cedo? perguntou-me ele.
- Falta de sono! respondi tentando ser gentil.
Por mais um tempo ele ficou sem falar nada. Pareceu continuar me observando mas eu não trocava olhares com ele.
- Não estou te incomodando estou? ele sorriu.
- Não! Fique á vontade! repeti.
- Meu nome é Scott! ele estendeu a mão.
- Muito prazer Scott! Sou Margareth, mas pode me chamar de Maggie! apertei a mão dele.
Senti um calafrio instantâneo. Aquela mão era extremamente gelada, parecia uma pedra. Olhei nos olhos dele espantada. Eu jurava que há um minuto atrás os olhos dele eram castanho claro quase cor de mel e agora... Estavam totalmente negros.
- Eu jurava que seus olhos eram castanhos! falei observando-o.
- Ah! Todos dizem isso! ele sorriu para mim No claro principalmente. Eles parecem castanhos de longe, mas na verdade são pretos.
- Interessante...
Eu não parava de olha-lo e em uma fração de segundo percebi e dirigi meus olhos para o meu café, agora, quase frio.
- Droga! resmunguei pegando meu café.
- Algum problema? ele olhou para meu copo de café Creio que já esta frio.
- Sim! respondi.
- Vou pegar mais um para você.
- Não! falei eufórica e puxei seu braço frio Deixe para lá!
- Imagine Maggie! Pegarei mais um para você.
- Já que insiste...
Resolvi deixa-lo ir para que eu pudesse pensar naquela pele fria com aparência quente. Era realmente estranho entender aquele homem tão belo. Indiretamente ele me despertou interesse... Mas eu ainda amava Gabriel.
Fiquei observando Scott enquanto ele pegava outro café para mim. Suas expressões eram estranhas. Ele parecia fungar o nariz toda hora e observava cada um de um modo diferente. Ás vezes olhava para mim e dava um sorriso.
Tempo depois ele voltou:
- Aqui está! ele me entregou o café.
- Obrigada! Fico te devendo essa! agradeci.
- Me devendo? ele pensou alguns instantes Na verdade, poderia me pagar de uma forma muito simples...
- De uma forma muito simples? repeti.
- Sim! Adoraria que você saísse comigo Maggie! ele pegou em minha mão.
Seus dedos eram frios e pesavam como pedra. Mais uma vez senti o mesmo calafrio que na primeira vez. Os olhos de Scott me fitavam com desejo. Será que eu poderia realmente lidar com ele? Dinheiro não parecia problema. Ele tinha boa aparência, usava roupas de marca. O que me fazia desconfiar de Scott era seu olhar diferente.
Parte dele me dava medo, outra parte o desejava em meus braços. Eu tentaria dar um golpe nele. Desta vez, não por dinheiro, mas sim por vingança. Precisava me alimentar disso.
- Sair com você? fingi-me de ingênua O que leva um homem tão bonito chamar uma mulher tão fosca perto dele?
- Pare com isso Maggie! Você é deslumbrante! ele apertou meus dedos com delicadeza Sai comigo, por favor!
- Certo! Você sabe me convencer... eu abri um sorriso.
- Irei te convencer sobre muito mais coisas Maggie!
Scott abriu um sorriso e olhou-me nos olhos. Agora aquele olhar me demonstrava perigo. Seus olhos não eram mais castanhos nem pretos, desta vez, era de um puro vermelho sangue.
Autor(a): priscilaneri
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2
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dheelhauptmann Postado em 14/02/2011 - 20:43:22
UAU!!! Muito legal.., diferente ela, ameei! Posta mais porfavoor ?
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ametrine Postado em 12/10/2009 - 06:49:02
eu gostei do seu estilo de contar as historias,parece ue a gente ta dentro dela,muito legal mesmo.
continua postando!