Fanfic: Heranças do Destino | Tema: Rebelde

Chegando à mansão a menina olha espantada o tamanho da casa. Apesar de ainda não entender muito bem o que estava acontecendo, sentia em seu coração o medo de não ser bem vinda. Emilio fala com os empregados para guardarem o segredo, e fala com Naia empregada que já está com ele a muito tempo, antes do seu casamento com Adelaide, com quem foi obrigado a se casar, Naia é instruída a dizer que Dulce é sua sobrinha de consideração, filha de uma “amiga irmã” que morreu e não tinha ninguém para deixar a menina. Naia leva a menina aos seus aposentos.

Naia: Você deve estar assustada não é menina?

Naia faz carinho na cabeça de Dulce.

Dulce: Sim muito, nunca vi uma casa grande assim, estou com medo!

Naia: É sim, é muito grande. A vista da sua janela é maravilhosa, olha o mar! Dulce quero que me chame de Tia Naia, e tudo que precisar é só me falar, mais você deve saber que o segredo que guardamos deve ser respeitado, e nunca comentaremos sobre esse assunto perto de Dona Adelaide tudo bem?

Dulce: Sim, papai me... Quer dizer, seu Emílio já me falou sobre tudo isso na vinda!

Naia: Vem vou apresentar você para Adelaide e Anny a filhinha deles. Dona Adelaide vai te adorar tenho certeza.

Dulce é apresentada para Adelaide e Anny, apenas um ano mais nova que Dulce.

Adelaide: Veja filhinha, essa aqui é a Dulce ela vai morar aqui em nossa casa!

Anny: Oi Dulce!

Dulce: Oi Anny!

Emilio Cordeiro: Elas serão grandes amigas, tenho certeza!

O tempo foi passando agora com 11 anos Dulce ainda tinha que esconder o segredo sobre seu pai, mas já não lembrava muito da sua vida no terreiro, lembrava muito pouco das pessoas e do som dos tambores de Candomblé! Adelaide gostava muito da menina e Emilio aprendeu a amar Dulce.

Anny: Mainha porque o papai ás vezes trata a Dulce melhor que eu?

Dulce entra no quarto de Adelaide que está com Anny, para dar o recado de Naia.

Dulce: Dona Adelaide a tia Naia mandou avisar que o jantar está servido.

Adelaide: Obrigada Dulce! Então vamos descendo. Dulce quero você na mesa hoje conosco, vou lá chamar Emílio.

Adelaide sai e deixa as meninas sozinhas.

Anny: Você viu a nova boneca que ganhei Dulce?

Dulce: Ainda não Anny!

Anny: Olha aqui. Ela é loirinha como eu, linda, de olhos azuis, como eu! O papai me dá muitas bonecas, ele já te deu alguma esse ano?

Dulce: Porque daria? Ainda nem é meu aniversário, e que eu saiba o natal está longe, oxente!

Anny: Quando ele te der alguma boneca, quero que que você me de, ou eu destruirei todas!

Dulce: Claro que não, se ele vai dar pra mim por que daria pra você? E porque você destruiria minhas bonecas?

Anny: Só porque estou mandando, uma negrinha que nem você, não pode ter uma boneca loira que nem eu!

Dulce: Sou morena, não sou negra e se fosse seria muito feliz, a professora disse que isso é preconceito!

Anny rindo: Se não fizer isso, digo ao meu pai e minha mãe que você me bate e que quer roubar minhas bonecas, e digo que você faz um monte de coisas erradas. Eu peço pra eles mandarem você embora dessa casa pra sempre, eu não gosto de você Dulce, e nem do jeito que meus pais te tratam.

Dulce: Anny, quando ele me der pode ficar tranquila que eu lhe dou, pois já sou muito grandinha pra brincar de bonecas.

Anny: Ótimo! E será assim com qualquer coisa que ganhar dele ou da mamãe!

Dulce: Porque você finge gostar de mim na frente deles?

Anny: Mais eu gosto de você sua boba! Só que cada coisa no seu lugar, e o seu lugar é longe de mim e dos meus pais, e dos presentes e tudo que é meu nessa casa!

Dulce sai e vai para seu quartinho perto do quarto de hospedes na parte debaixo da casa.

Dulce chorando baixinho: Por que ela faz isso comigo? Se ela soubesse que somos irmãs.

Um vento abre a janela e a menina se assusta, o vento sopra forte.

Dulce: Oxente o que é isso?

Voz de mulher: Dulce!

Dulce: O que é isso? Quem ta chamando?

Voz de mulher: Dulce!

Dulce: Oxente quem tá ai?

Naia entra.

Naia: Dulce?

Dulce grita assustada.

Dulce: Ai que susto!

Naia: Vixi menina! Ta branca, o que foi?

Dulce: Escutei alguém me chamando, que estranho!

Naia: Era eu querida!

Naia estava mentindo, ela não havia chamado Dulce nenhuma vez, Naia sabia que Dulce era guiada pelas forças dos Orixás.

Dulce: Naia, ás vezes queria falar toda a verdade pra elas, sou bem tratada por Adelaide, mais Anny é má!

Naia: Não Dulce! Não podemos! Um dia seu pai terá que falar a verdade, mas ele ainda diz não ser a hora.

Dulce: E quando será?

No terreiro, mãe Babá joga os seus Búzios. Ela manuseia as conchinhas nas mãos e joga no tabuleiro.

Mãe Babá: Ifá Ifá! Olorimim, Osúm Osúm! Ájasé, muito estranho, minha menina a filha de Oxum está sendo visitada, o destino vai começar a se fazer presente, e começará a cobrar a missão, Ogum proteja Dulce, abre os caminhos da menina com sua poderosa espada!

Mãe Babá coloca as mãos sobre o coração e deixa as lagrimas correrem pelo seu rosto. Enquanto isso Dulce olha para a janela e chora também com a mão no coração sem saber o porquê. Ela olha para o mar de sua janela e vê o reflexo da Lua sobre as águas. 10 anos se passam e Dulce se torna uma linda mulher preservando seu olhar doce, na frente da mesma janela olha para Lua sobre o Mar e tenta lembrar-se de seu passado e se pergunta como chegou até ali, quem era sua mãe, e o porquê ainda não pode chamar Emílio Cordeiro de “PAI”.

CONTINUA...