Fanfic: Merdaa...O astronauta vermelho desceu!*Versão Barken*

Não me pergunte como, quando, ou que diabo me deu na cabeça para cair na laia da Dulce. Só sei que cometi a loucura de aceitar sua proposta.

Estou a caminho da capital com mala e cunha. Eu devo ter pirado de vez, cheirado algum esmalte sem me dar conta, ou qualquer coisa parecida.

—Nem acredito que você está aqui, Anny! - Exclamou Dulce, feliz da vida.

—Nem eu. - Murmurei desanimada, pois agora sim eu consegui ferrar de vez minha vida. Parabéns para mim. Devo ser a mais idi*ota que o planeta terra já viu.

—Graças a sua avó! - Mai falou alegre, com um sorriso de ponta a ponta.

Graças a uma armação que foi capaz de envolver uma senhora de oitenta anos. - Pensei, amargurada. - Eles deveriam se envergonhar disso, ao invés de comemorar.

—Marichello, nós queremos que sua filha volte a morar na capital conosco. Ela está estragando anos que poderiam ser preciosos de sua juventude nesse buraco de cidade. -Lembro-me bem de cada palavra proferida por vovó, horas antes.

—Não, ela não está. Any está aqui para receber carinho e amor dos pais dela. Não vejo em que sua vida está estragando. - Mamãe respondeu séria. Não estava gostando dessa história de mudança.

—Não, Dona Marichello. A senhora não entendeu o que vovó quer dizer. - Dulce, a cabeça de todo esse plano maligno, disse. - Nós, como cristãos, servos de Deus, não admitimos essa situação em nossa família.

—Que exemplos de evangélicos seriam vocês se permitissem que uma criança fosse recebida no seio da família em pecado? Ou quase isso, afinal Anny e Christopher não são mais casados. - Chris se empolgou entrando na onda.

—Mas você é católico, do que sabe sobre ser evangélico? - Perguntei brava. - E, como dizem por aí, Deus deu uma vida para cada um cuidar da sua. Eu sei muito bem cuidar da minha, e ficaria felicíssima se vocês parassem de se meter nela. - Meu rosto já estava da cor do cabelo da Dull, quer dizer, das pontas do cabelo dela, pois a raiz já estava quase totalmente preta.

—Anny, isso é jeito de falar com seu amigo? - Repreendeu-me vovó.

Abaixei minha cabeça envergonhada. Sempre odiei ser repreendida.

—Marichello, nós não podemos deixar a situação como está. - Continuou seu discurso a bisavó do meu filho. - Uma criança ser recebida fora do casamento é um absurdo. Não admito isso na minha família, e creio que você também não.

Mamãe confirmou com um pequeno movimento da cabeça.

—E se quisermos mudar essa situação, precisamos que esses dois desmiolados fiquem juntos. E que maneira melhor do que ela ir morar conosco? - Vovó estava caducando. Só podia estar.

Mamãe ia resistir, mas foi só Dulce dizer que Deus se envergonharia deles, por deixarem que nós dois continuássemos separados, que seu rosto mudou, um olhar doce e envergonhado se apoderou dela.

—Pois o que Deus uniu, não separe homem algum. - Citou Dull, com um sorriso radiante, um versículo bíblico.

Dulce era uma vaca de marca maior, me dei conta naquele instante. Como ela podia apelar para o lado religioso? Todos sabem que meus pais e a família do Christopher levam ao pé da letra quase tudo que é bíblico.

—Ah, Jesus! Vejo que vocês têm razão. Essa situação não está conforme a vontade de Deus. Que espécie de mãe sou eu? – Mamãe estava aflita pensando em como Deus deveria estar decepcionado com ela.

—Hei! Eu não volto com o Christopher nem em um milhão de anos. Não volto em circunstância nenhuma! - Exclamei desesperada, pois todos estavam tomando decisões sobre minha vida sem se importar com o que eu pensava.

—Você volta sim, mocinha. - Papai, com sua voz grave, afirmou. - Se for preciso levá-la pelos cabelos, eu a levarei - Seu tom de voz era ameaçador. Minha coragem recuou, e estive pronta a dizer “Sim, senhor pai. Como você quiser”, mas me calei antes que eu fizesse tal besteira. - Mas como eu sei que tenho uma filha inteligente, não irei precisar falar mais de uma vez com ela, ou precisarei?

—Pare com isso! - Interrompeu-o, mamãe. - Você nunca aprendeu a pedir coisas para as crianças. - Recriminou-o. - Querida, - Ela me olhou de forma doce nos olhos. - Você precisa voltar a sua vida de antes, arrumar um bom emprego, sair pra se divertir com seus amigos, e tudo que você fazia antigamente. E aqui nada disso será possível. Todos nós sabemos. Você não aceitaria morar com Dulce? Nem que seja só por enquanto. Vai ser o melhor para você, e, principalmente, para o bebê.

Ela foi falando, falando, despertando em mim um lado sensível que eu nem sabia que existia.

—Ok. Eu aceito, mãe. - Murmurei, como um zumbi, em efeito a tudo que ela dizia.

Mas agora, nem eu acredito que concordei com aquilo. Eu enlouqueci, não há outra explicação.

CONTINUA...