Fanfic: Merdaa...O astronauta vermelho desceu!*Versão Barken*

Capítulo dedicado as leitoras luiiseloiirinha22 e carolsinhabelga!

Fiquei com a cabeça entre as mãos tentando pensar em como enfrentaria a assembléia, até que ouvi a voz da May do outro lado da sala e me dei conta de sua presença.
—Não entendo o drama de vocês duas. - May dizia balançando a cabeça para os lados, enquanto andava de um lado para o outro. - O que é isso que vocês tanto temem?
—Maite, assembléia é uma reunião que todos os membros da igreja vão para tomar as decisões da igreja.
—E? - Ela perguntou olhando-me.
—E eu e o Christopher somos membros. - Respondi na esperança de que ela entendesse.
—E? 
—E para ser membros da igreja tem que levar a vida conforme a crença, quando isso não acontece você é convocado e na próxima reunião toda a igreja, ou seja, mais de quatrocentas pessoas irão saber que você andou aprontando.
—E?
Se a Maite falasse mais um “E” ela ia levar na cara, aviso desde já.
—E eu estou grávida fora do casamento! - Exclamei irritada. - E agora meu nome vai parar na assembléia, e minha mãe se sentirá envergonhada, e a família do Ucker também, e ambas as famílias irão querer me matar! - Ela arregalou os olhos me olhando. - Respondi agora todos os seus “E”?
—Eu preciso de uma água com açúcar. —Dull se levantou do sofá. - Ainda estou em estado de choque: o pastor ligou na minha casa e nem foi por que eu estou doente. Isso nunca aconteceu antes! Eu nem sabia que ele tinha meu número.
Preferi ignorar a Dulce. 
Enquanto eu estava com um dos maiores problemas da minha vida, a outra estava nervosa pelo telefonema do pastor.
Eu não mereço a Dulce. De verdade, eu não mereço.
—Mas, Any, isso não deve ser tão ruim como vocês fazem parecer. - Maite disse, achando que conseguiria me consolar.
—May, se tem algo que eu ouço meus pais falarem desde criança é como uma família se sente envergonhada quando o nome do filho vai para assembléia. - Suspirei melancólica. -Para eles é como se tudo que me ensinaram não tivesse servido para nada. É como se eu tivesse dito “não” a todos os princípios da minha família, entende?
—Any - Vi Dulce voltando da cozinha, falando. - Eu estava pensando... Você tem que olhar pelo lado positivo.
Arqueei minha sobrancelha desconfiada.
—Que lado positivo? - Perguntei. 
—Se você estivesse na época de Moises, seria pior. - Ela sorriu triunfante como se tivesse encontrado a cura para AIDS. - Você seria apedrejada.
—Dulce, cala a boca! - Gritei ao mesmo tempo em que Maite.
*\o/*
Depois de alguns minutos de conversa, o foco Eu & Assembléia, Assembléia & Eu foram esquecidos. 
Estávamos comendo pizza, sentadas no sofá, enquanto assistíamos filmes com os nossos atores prediletos. Tudo para levantar meu ânimo.
No final das contas eram pra lá da meia-noite e eu nem me lembrava que daqui a algumas semanas enfrentaria a tão temível assembléia. O plano de levantar meu astral havia funcionado.
—Eu já estou indo. - May se levantou, limpando a boca com o guardanapo. - Daqui a menos de sete horas estarei me levantando para ir trabalhar. - Ela suspirou cansada. - Beijos pra quem fica.
Dull a seguiu até a porta. Voltou alguns minutos depois.
—Também estou indo dormir, Any. Boa noite. - Falou estendendo o controle remoto da televisão para que eu pegasse.
—Boa noite. - Respondi, pegando-o de sua mão.
Fiquei em meio a todo aquele silêncio sem nada para fazer. Eu estava entediada.
Passaram dez, quinze, vinte, trinta minutos, e eu ainda sentia o mesmo tédio de antes. Não havia nenhum programa legal passando na tevê e nada a fazer. 
—Saco. - Resmunguei, ao perceber que eu teria de ficar mais uma vez mudando de canal, um a um, até encontrar algo descente.
Quando eu já estava desistindo de assistir tevê, me deparei com a cena de uma criança comendo churros. Seus olhos brilhavam, seu sorriso era imenso, e, acima de tudo, o churros em sua mão parecia estar delicioso. Minha boca se encheu de saliva, meus olhos brilhavam de vontade, e um desejo incontrolável de comer churros se apoderou de mim. 
Naquele momento eu entendi o que era desejo de grávida.
Arrastei-me para a cozinha e comecei a abrir todos os armários em busca de algo que saciasse, ou pelo menos diminuísse, a minha vontade. Abri tudo, até mesmo a geladeira e não havia nada naquela cozinha que fosse capaz de diminuir minha vontade.
Eu estava agoniada. Era angustiante sentir um desejo tão forte e não ter nada ao meu alcance. Eu precisava comer churros o mais rápido possível. Já. Agora. Ou eu morreria de vontade.
As horas foram passando e a vontade cada vez mais intensa. Eu já tinha comido tudo de doce que havia naquela cozinha e nada ajudou a diminuir a vontade.
—Anny, será que você pode parar de fazer barulhos com esse armário? - Ouvi a voz, sonolenta, de Dulce vir em minha direção. - Meu Deus! - Ela murmurou ao ver tudo que eu tinha aberto, na tentativa de me saciar. - Passou um furacão por aqui?
—Dull, - Falei sem dar importância ao seu comentário. - Acho que estou com desejo de grávida.
Ela arregalou os olhos.
—Sério?
—Sério. - Eu respondi esperançosa. Ela poderia me arranjar um churros, não poderia?
—E desejo de comer o quê?
—Churros, com muito doce de leite e ketchup. - O Ketchup foi uma idéia que eu tive no memento, ao olhar para a geladeira. 
—Você quer churros, às duas e meia da madrugada? - Ela me olhou como se eu fosse uma louca. Talvez ela tenha razão. Devo ter endoidado.
—É. - Respondi me encolhendo, como uma criança com medo de levar uma bronca.
—E ainda por cima, com ketchup?
Balancei a cabeça acenando que sim.
—Você andou cheirando o quê, Anny?
—Eu estou grávida, Dull. Isso é coisa de grávida. - Menti. Isso não era coisa de grávida, ou era?
—Ah, Anny. Sinto muito, mas você vai ter que esperar até amanhã. Nem se eu quisesse acharia a essa hora algum lugar vendendo churros.
—Mas... 
—Mas nada. Agora vai dormir que amanhã eu juro que te arrumo churros.
Decepcionada fui para a cama, mas quem disse que eu consegui dormir? Virava para um lado, virava para o outro a e a única coisa que eu conseguia pensar era em um delicioso churros. Eu tinha que comer. Eu precisava urgentemente.

CONTINUA...