Fanfic: Merdaa...O astronauta vermelho desceu!*Versão Barken*

—E aí, como vocês estão? - Perguntei para Fernanda na tentativa, frustrada, de puxar assunto, pois estávamos há quase uma hora a sós, no mais absoluto silêncio sem conversarmos quase nada.
—Bem. Depois que tudo foi esclarecido voltamos as “boas novas”. - Ela sorriu para mim e logo depois voltou a ficar calada.
Silêncio, silêncio, silêncio. Eu já não agüentava mais essa droga de silêncio!
—Vocês estavam juntos quando... Eu e ele... Você sabe o que? - Perguntei para matar uma antiga curiosidade.
—Ah, não. Tínhamos dado um “tempo”, mas que quando eu soube da sua gravidez fiquei tão brava que nem fui capaz de lembrar esse período. - Ela sorriu para mim.
O silêncio invadiu a sala novamente.
—O Christopher não está demorando muito para chegar? - Fernanda falou ansiosa, se levantando do sofá, andando de um lado para o outro. - Já faz mais de uma hora que ele saiu para comprar seu churros e ainda não chegou.
—Calma. Eram antes das cinco quando ele saiu, suponho que não deve ser fácil achar churros em uma hora dessas. - Murmurei esperançosa. Pois eu precisava sair dessa casa já. Eu precisava do meu churros para relaxar.
Ouvimos o barulho de a maçaneta ser virada, virei-me feliz, ao comtemplá-lo com um amplo sorriso.
—Trouxe seus churros. Aproveite me custaram cem reais. - Ele disse entregando-o em minha mão.
—Tem ketchup? - Perguntei comum sorriso de orelha a orelha.
—Cem reais? - Fernanda perguntou perplexa.
—O que custou cem reais? - Perguntei distraída de tão contente por estar sentindo o cheiro do churros.
—Esses três churros que você está segurando. Lembrei que uma amiga tinha um tio que vendia e liguei para ela. Resultado: ele me cobrou cem reais por três churros, pois disse que não se levantaria da cama por menos de cem reais.
—Que roubo! - Fernanda exclamou brava.
—Mas e aí, cadê o ketchup? - Perguntei novamente, pouco me importando se custaram cem reais ou mais.
—Na geladeira. - Ele apontou para o corredor acrescentando: - Segunda porta a direita.
Sem esperar mais nada, saí em disparada pegando o ketchup e colocando no churros. 
Meu Deus! Nunca, em toda minha vida, um churros foi tão gostoso. Nunca me senti tão saciada ao saborear uma comida, como naquela manhã ao comer os churros, sentada no sofá da sala com os dois me olhando enojados, pela meleca de ketchup e doce de leite que eu estava fazendo. Mas quer saber de uma coisa? Eu estava pouco me importando se era nojento ou não. A única coisa que eu queria saber era de matar minha vontade.
—Christopher, o pastor ligou para você? - Perguntei, limpando a minha boca com o guardanapo.
—Ligou. E pra você? - Ele rebateu a pergunta.
—Também, mas quem atendeu foi a Dull e eu não tive coragem de retornar a ligação.
—Ele disse que domingo de manhã, após o culto irá conversar conosco em seu gabinete. - Ele acrescentou em tom despreocupado.
—E você fala com toda essa calma, Christopher?
Fiquei revoltada. O apocalipse estava preste a acontecer e ele agia com toda essa naturalidade? O que ele está pensando? Será que se esqueceu o que acontece com quem faz filho fora do casamento?
—Sim, Any. Eu já esperava. Não foi surpresa pra mim, embora eu tenha certeza de que teremos uma batalha a enfrentar. 

—Nossas famílias irão nos matar. - Murmurei deprimida.
—Eu sei, mas não se preocupe. Daremos um jeito nisso. - Ele piscou para mim e sorriu. - Espero que consigamos.
Bocejei de sono, sem perceber.
—Vai dormir na cama, Any. - Christopher disse. - Pode ir.
—Não estou com sono. - Menti, pois eu não iria nem ferrando dormir na mesma cama que ele e minha prima compartilhavam. 
—Eu sei que está Any. E não faz bem pra você nem pro bebê passar uma noite inteira em claro. - Christopher me repreendeu. - Vai dormir Any. - Ele usou seu tom de voz mais autoritário.
—Christopher, eu não vou dormir na sua casa e ponto final. - Murmurei brava.
—Se não quer por você, faça pelo nosso filho. - Ele olhou para mim esperando uma resposta. Balancei minha cabeça negando. Eu não faria isso, e meu filho entenderia. - Any, se não for por suas próprias pernas, eu a levarei a força.
Meu rosto ficou vermelho de raiva. Como ele ousava falar comigo dessa maneira na frente da Fernanda?
—Christopher, não insista se não quiser brigar.
—Não quero brigar, Any. Só quero o seu bem. E o melhor para você no momento é dormir.

Mesmo com todos os meus protestos, chutes, tapas, e gritos ele me pegou em seu colo e me levou para sua cama. 
—Pára, Any! - Ele exclamou bravo, ao me deitar em sua cama. - A Fernanda já se deu ao trabalho de trocar os lençóis e arrumar a cama pra você, agora dorme.
Mesmo com toda a minha resistência, eu peguei no sono minutos depois. 

—Irmãos, iremos agora a lista de irmãos que serão retirados do hall de membros por indisciplina.
Como em um passe de mágica eu estava sentada em um dos bancos da igreja, com a mesma lotada até não poder mais. Mais de quatrocentas pessoas sentadas, todas pareciam me olhar, esperando que meu nome fosse proferido.
—Irmã Anahí Giovanna Puente Portilla, por favor, mantenha-se de pé. - O pastor continuou o seu discurso habitual.
Ouvi soluços da vovó, papai me beliscou e deprimido disse “Uma filha fornicadora? Oh, Deus, o que eu fiz de errado?!”, mamãe estava com o rosto escondido entre as mãos devido à vergonha.
Levantei-me e senti que todos me encaravam.
—Quem propõe a retirada da irmã, Anahí Giovanna?
Meus olhos se esbugalharam e eu pedi aos céus para que ninguém fosse a favor.


CONTINUA...