Fanfic: Merdaa...O astronauta vermelho desceu!*Versão Barken*

Era um dia especial, era o dia em que eu descobriria, ou pelo menos tentaria saber se era minha filha ou meu filho. Nervos a flor da pele, unhas já não havia mais, muito menos as cutículas. Eu estava no auge da ansiedade. Tanto é que na noite que se antecedeu a consulta, eu mal pude dormir, só de imaginar, ou tentar adivinhar se era ele ou ela. À noite e o restante do dia da consulta demorou de passar, é bem verdade, principalmente pela minha ansiedade, mas quando chegou eu mal sabia se ria chorava, gritava, batia, ou o que fazer. Havia chegado o momento, era naquele instante que eu descobriria.
—E então, doutor? - Perguntei olhando para a tela, tentando achar qualquer indicio de quem se tratava.
—É ela, ou ele? - O Christopher estava tão ansioso quanto eu. Não parava de andar pela sala de um lado pro outro, passando as mãos pelos cabelos, tenso.
—Humm. - Murmurou o infeliz do médico que parecia ter prazer em nos ver angustiados. - Só mais um instante, pra ter certeza. - Ele continuava mexendo aquele negocio na minha barriga como se o gel não fosse nem um pouco gelado, e estar deitada ali nem um pouco desconfortável. - É...
—Vai demorar muito, doutor?
Parabéns, ele conseguiu me estressar mais do que eu já estava. E eu achando que era impossível.
—Um garotão! - Ele exclamou sorrindo. - Agora, sim, posso garantir que é um menino. Um saudável, forte...
E eu já não ouvi mais nada. Tudo a minha volta desapareceu, como se nada fosse mais importante do que eu e meu filho.
—Filho! - Exclamei boba, sentindo uma felicidade que eu nem fazia idéia que fosse capaz de sentir. Só sei que naquele momento, mesmo com a barriga cheia daquele gel nojento e pastoso, eu passei a mão sobre ela, pouco me lixando se estava sujando minha mão. Eu iria ter um filho! Um menino!
Quando me lembrei que o Christopher existia, e que, por sua vez, ele estava na sala, olhei para o lado e o vi olhando fixamente para minha barriga, com os olhos cheios de lágrimas e um sorriso retardado no rosto. Só de olhá-lo eu percebi que ele sentia o mesmo que eu.
Estávamos nos sentindo mais pais. Em pensar que ainda faltavam cinco meses...
*\O/*
Mas quem disse que cinco meses não passam rápidos?
Por mais que quando naquela época eu olhava para o calendário e via que ainda havia mais da metade da gestação à frente... Parecia que nunca ia chegar, mas não é que chegou quando eu menos esperava?
De lá pra cá, em vista dos primeiros acontecimentos, as coisas “andaram” mais tranqüilas. Eu disse mais tranqüilas, mas não sem brigas, problemas, confusões e todo o “etc” que existe na minha vida.
Eu... Não sei como falar. Não sei como dizer, ou explicar como a cada dia que passava eu tinha a impressão de ter ganhado mais um metro de cintura, sem falar nas gorduras que começaram a surgir em todo meu corpo.
No sexto mês eu já parecia um botijão de gás de tão gorda e redonda, embora todos, exceto aquela médica retardada sem medo de morrer que me chamou de gorda, me garantirem que eu estava em forma para uma grávida. Já alguns tipo o Christopher, dizia que eu estava mais linda do que nunca.
—Você está com um brilho especial. - Ele dizia me fazendo ruborizar.
Enquanto a vovó, achando que estava me fazendo o maior dos elogios, se gabava em dizer:
—Você está é gorda! - Ela sorria encantada. - Mulher bonita é assim: gorda, viçosa, cheia de carnes.
Tudo bem. Vamos dar um desconto, afinal na época dela esse era o padrão de beleza. Mas, verdade seja dita, seus comentários só me deixavam mais deprimidas e me davam mais motivos para ir assistir Bob Esponja.
E no sétimo? Bem, no sétimo eu já havia evoluído para uma baleia azul... Já no nono mês, acho que não existe nada tão gordo para que eu possa comparar a mim.
E foi em uma quinta-feira, que algo escorreu por entre as minhas pernas.
—Olha, mãe! - Gritou um moleque no meio do shopping, que estava sentado ao meu lado, em um dos diversos bancos espalhados pelas ruas do shopping. - A moça fez xixi nas calças!
Eu já estava pronta para mandar o moleque ir catar coquinho, quando olhei para baixo e vi, toda aquela água.
—A bolsa estourou! - Gritei assustada para a mulher ao meu lado, que arregalou os olhos e saiu correndo atrás de alguém para ajudar.
Algumas horas depois de horas de contrações, meus gritos histéricos e mais dores horríveis, meu filho nasceu. Ouvi um chorinho. Ele havia chegado!