Fanfics Brasil - Capitulo 13 Finale (Adaptada)

Fanfic: Finale (Adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 13

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Na noite seguinte, às sete, o estacionamento do Bordeline estava apinhado. Após aproximadamente uma hora implorando, Ane e eu havíamos convencido seus pais que precisávamos celebrar sua primeira noite fora do hospital com chiles rellenos e virgin strawberry daiquiris. Afinal, era isso o que estávamos planejando. Mas também tínhamos um outro motivo por trás.


Guiei o Neon até uma vaga estreita no estacionamento e desliguei o motor.


— Ew, — disse Ane quando eu a devolvi as chaves e toquei em sua mão. — Acha que poderia suar mais?


— Estou nervosa.


— Uh, eu não tenho dúvidas.


Olhei descuidadamente para a porta.


— Eu sei o que você está pensando, — Ane disse, pressionando seus lábios. — E a resposta é não. Não, ou seja, sem chance.


— Você não sabe o que eu estou pensando, — eu disse.


Ane lançou um olhar incrédulo para o meu braço.


— A merda que eu não sei.


— Eu não ia fugir, — eu disse. — Eu, não.


— Mentirosa.


Terça-feira era a noite de folga de Ucker, e Ane havia enfiado na minha cabeça que aquela era a oportunidade perfeita para interrogar seus colegas de trabalho. Eu me imaginei desfilando até o bar, dando ao barman o sorriso exótico de Marcie Millar, e então seguindo para o tópico Ucker. Eu precisava do endereço dele. Precisava de qualquer informação sobre antecedentes criminais. Precisava saber se ele tinha alguma conexão com o cara na máscara de esqui, não importa o quanto fosse. E eu precisava descobrir por que o cara na máscara de esqui e a garota misteriosa estavam na minha vida.


Vasculhei minha bolsa, checando novamente se a lista de interrogação que eu havia preparado ainda estava comigo. Uma parte da lista era preenchida com questões sobre a vida particular do Ucker. O outro lado da folha continha alguns truques de flerte. Só no caso de precisar.


— Whoa, whoa, whoa, — Ane disse. — O que é isso?


— Nada, — eu disse, escondendo a lista.


Ane tentou pegar a lista, mas fui mais rápida e já a tinha no fundo da minha bolsa antes que Ane pudesse alcançá-la.


— Regra número um, — Ane disse. — Não existe essa história de truques de flerte.


— Toda regra tem sua exceção.


— E você não é uma! — Ela puxou dois sacos plásticos da lanchonete 7-Eleven do banco de trás e saiu do carro. Assim que eu saí também, ela utilizou seu braço bom para lançar os dois sacos sobre o teto do Neon, na minha direção.


— O que é isso? — perguntei, pegando os sacos. Eles estavam atados e eu não podia ver o que tinha dentro, mas o contorno inconfundível de um salto stiletto ameaçou aparecer através do plástico.


— Tamanho 36, — Ane disse. — Pele de tubarão. É mais fácil interpretar um personagem quando se está usando as roupas certas.


— Eu não consigo andar em saltos altos.


— Ainda bem que não são altos, então.


— Parecem altos, — eu disse, examinando o salto do sapato.


— Quase cinco polegadas. Só começa a ser alto a partir das cinco polegadas completas.


Perfeito. Se eu não quebrasse o pescoço, só teria que me humilhar tentando seduzir garçons em troca dos segredos do Ucker.


— Olha aqui, — disse Ane quando paramos na calçada em frente às portas de entrada. — Eu meio que convidei algumas pessoas. Quanto mais, melhor, certo?


— Quem? — perguntei, sentindo o terrível pressentimento de algo ruim a caminho na boca do estômago.


— Jules e Elliot.


Antes de eu ter tido tempo de dizer a Ane o quão ruim eu achava aquela ideia, ela disse:


— Momento da verdade: eu meio que andei encontrando o Jules. Escondido.


— O quê?


— Você tinha que ver a casa dele. Bruce Wayne não pode competir. Os pais dele ou são traficantes na América do Sul ou são da máfia. Já que eu ainda não os conheci, não posso dizer qual das opções.


Eu não conseguia encontrar palavras. Minha boca abria e fechava, mas nada saía.


— Quando aconteceu? — finalmente consegui perguntar.


— Um pouco depois daquela agradável manhã no Enzo’s.


— Agradável? Vee, você não tem ideia...


— Espero que eles tenham chegado antes e reservado uma mesa, — Ane disse, esticando o pescoço enquanto olhava a multidão acumulada ao redor das portas. — Eu não quero esperar. Estou seriamente a dois curtos minutos de morrer de fome.


Eu segurei Ane por seu cotovelo bom, puxando-a para o lado.


— Há algo que eu preciso lhe contar...


— Eu sei, eu sei, — ela disse. — Você acha que há uma pequena chance de Elliot ter me atacado domingo à noite. Bom, acho que você confundiu o Elliot com o Ucker. E depois que você fizer a sua parte hoje à noite, vai ver como estou certa. Acredite, eu quero saber quem me atacou tanto quanto você. Provavelmente até mais. É pessoal agora. E enquanto estamos nessa troca de conselhos, aqui vai o meu: Fique longe do Ucker. Só para se manter viva.


— Fico feliz que esteja tentando me manter viva, — eu disse sobriamente, — mas olha só. Eu achei um artigo...


As portas do Borderline se abriram. Uma brisa refrescante e quente, carregando o cheiro de limão e cilantro, veio até nós, ainda com o som de uma banda mexicana tocando através dos auto-falantes.


— Bem vindas ao Borderline, — a hostess nos recebeu. — Mesa para duas esta noite?


Elliot estava de pé atrás dela, dentro do hall esmaecido. Nós nos vimos ao mesmo tempo. Sua boca sorriu, mas seus olhos não.


— Ladies, — ele disse, juntando as mãos enquanto se aproximava. — Maravilhosas, como sempre.


Minha pele se arrepiou.


— Onde está seu parceiro de crime? — Ane perguntou, entrando no hall. Lanternas de papel pendiam do teto, e um mural de uma cidade mexicana ocupava o espaço de duas paredes. Os bancos de espera estavam lotados. Não havia sinal de Jules.


— Más notícias, — disse Elliot. — O homem está doente. Vocês terão que se contentar apenas comigo.


— Doente? — Ane demandou. — Como assim, ‘doente’? Que tipo de desculpa é doente?


— O tipo em que a comida sai pelos dois lados.


Ane torceu o nariz.


— Informação demais.


Eu ainda estava tendo dificuldade tentando digerir a ideia de haver algo acontecendo entre Ane e Jules. Jules pareceu mal humorado, carrancudo, e completamente desinteressado quanto estar à companhia de Ane ou de qualquer outra pessoa. Nenhuma parte de mim se sentia confortável com a ideia de Ane estar passando tempo com Jules. Não necessariamente por causa do quão desagradável ele era ou o quão pouco eu sabia sobre ele, mas por causa da única coisa que eu tinha certeza: ele era um amigo muito próximo de Elliot.


A hostess tirou três menus do alto de um cubículo encaixado à parede e nos guiou a uma mesa tão próxima à cozinha que eu podia sentir o calor dos fornos através das paredes. À nossa esquerda estava o bar de salsa. À nossa direita portas de vidro úmidas com água condensada mostravam um pátio externo. Minha blusa social já estava grudando nas minhas costas com o suor. Meu suor deve ter aumentado mais provavelmente por causa da notícia da aproximação exagerada de Vee e Jules do que com o aumento de calor, no entanto.


— Está boa? — a hostess perguntou, indicando a mesa.


— Ótima, — Elliot disse, tirando a jaqueta. — Adoro este lugar. Se a sala não manter você aquecido, a comida certamente irá.


O sorriso da hostess aumentou.


— Você já esteve aqui antes. Podemos começar com batatas e a nossa mais nova salsa de jalapeño? É a mais apimentada.


— Eu gosto das coisas apimentadas, — disse Elliot.


Eu tinha completa certeza de que ele estava insinuando algo mais. Eu tinha sido muito generosa em pensar que ele não era tão humilde quanto Marcie. Tinha sido muito generosa quanto ao seu caráter, ponto. Especialmente agora que eu sabia que ele tinha toda uma investigação policial sendo escondida com sei lá quantos outros esqueletos em seu armário.


A hostess fez uma avaliação de olhar rápida sobre ele.


— Volto logo com as batatas e a salsa. A sua garçonete estará aqui para anotar os pedidos.


Ane sentou-se à mesa primeiro. Deslizei ao seu lado, e Elliot pegou o assento em minha frente. Nossos olhos se conectaram, e houve um flash de algo sombrio nos dele. Algo mais ou menos como ressentimento. Talvez até hostilidade. Eu me perguntei se ele sabia que eu tinha visto o artigo.


— Roxo é a sua cor, Dulce, — ele disse, assentindo para o cachecol enquanto eu o desenrolava do meu pescoço e o amarrava na alça da minha bolsa. — Destaca os seus olhos.


Ane chutou os meus pés. Ela realmente pensava que aquilo vindo dele era um elogio.


— Então, — eu disse a Elliot com um sorriso falso, — por que você nos conta mais sobre Kinghorn Prep?


— É, — Ane entrou na conversa. — Há alguma sociedade secreta lá? Como nos filmes?


— O que há para contar? — Elliot disse. — Grande escola. Fim da história. — Ele pegou seu menu e o analisou. — Alguém interessado em um aperitivo? Eu estou.


— Se é uma escola tão boa, por que você se transferiu? — Encontrei seus olhos e os segurei. Fracamente, eu arqueei as sobrancelhas, desafiando-o.


Um músculo na mandíbula de Elliot saltou um pouco antes de ele abrir um sorriso.


— As garotas. Ouvi dizer que elas eram muito desinteressantes nessas partes. O rumor era verdadeiro. — Ele piscou para mim, e um sentimento frio como gelo desceu da minha cabeça para os meus pés.


— Por que Jules não se transferiu também? — perguntou Ane. — Poderíamos ter sido o quarteto fabuloso, só que um pouco melhor. O quarteto fenomenal.


— Os pais de Jules são obcecados pela sua educação. Intensidade nem sequer cobre parte disso. Juro pela minha vida, ele está indo direto para o topo. O cara não pode ser parado. Quer dizer, eu confesso, sou bom na escola. Melhor que a maioria. Mas ninguém ultrapassa Jules. Ele é um deus acadêmico.


O olhar sonhador retornou aos olhos de Ane.


— Nunca conheci os pais dele, — ela disse. — Nas vezes em que fui lá, eles estavam sempre fora da cidade ou trabalhando.


— Eles trabalham muito, — Elliot concordou, voltando seus olhos para o menu, dificultando para mim ler qualquer coisa neles.


— Onde eles trabalham? — Perguntei.


Elliot tomou um longo gole da sua água. Pareceu-me que ele estava apenas ganhando tempo enquanto pensava numa resposta.


— Diamantes. Eles passam muito tempo na África e na Austrália.


— Eu não sabia que a Austrália era grande no comércio de diamantes, — eu disse.


— É, nem eu, — disse Ane.


Na verdade, eu tinha muita certeza de que a Austrália não tinha nenhum diamante. Ponto.


— Por que eles estão morando no Maine? — perguntei. — Por que não na África?


Elliot estudou seu menu com mais intensidade.


— O que vocês vão pedir? Acho que a steak fajita parece boa.


— Se os pais de Jules estão no negócio de diamantes, aposto que eles sabem muito sobre escolher o anel de noivado perfeito, — Ane disse. — Eu sempre quis uma esmeralda com corte solitaire.


Chutei Ane sob a mesa. Ela me espetou com o seu garfo.


— Oww! — eu disse.


Nossa garçonete parou ao lado da mesa em tempo suficiente para perguntar:


— Algo para beber?


Elliot olhou sobre o topo do seu menu, primeiro para mim, depois para Vee.


— Diet Coke, — Ane disse.


— Água com pedaços de limão, por favor, — eu disse.


A garçonete retornou rapidamente com nossas bebidas. Seu retorno foi a minha chance para sair da mesa e iniciar o primeiro passo do plano, e Vee me lembrou com uma segunda espetada de sob-a-mesa.


— Ane, — eu disse entre dentes. — Você gostaria de me acompanhar até o banheiro feminino? — Eu de repente não quis mais continuar com o plano. Eu não queria deixar Ane sozinha com Elliot. O que eu realmente queria era tirá-la dali, contar a ela sobre a investigação de assassinato, e então achar algum jeito de fazer Elliot e Jules desapareceram das nossas vidas.


— Por que você não vai sozinha? — disse Ane. — Acho que seria um plano melhor. — Ela balançou a cabeça na direção do bar e murmurou ‘Vai!’ em linguagem labial, enquanto balançava os pés sob a mesa.


— Eu estava planejando ir sozinha, mas eu realmente gostaria que você se juntasse a mim.


— O que há com as garotas? — Elliot disse, sorrindo. — Eu juro, nunca vou conhecer uma só garota que vá sozinha ao banheiro. — Ele balançou a cabeça e sorriu conspiratoriamente. — Contem-me o segredo. Sério. Pago cinco dólares para cada uma. — Ele levou sua mão até o bolso traseiro. — Dez, se eu for junto para ver qual o grande lance lá dentro.


Ane sorriu.


— Pervertido. Não esqueça isso, — ela me disse, entregando-me os sacos da 7-Eleven.


As sobrancelhas de Elliot se arquearam.


— Lixo, — Ane explicou a ele. — A lixeira do lado da minha casa estava cheia. Minha mãe perguntou se eu podia jogar fora quando saísse.


Elliot não parecia ter acreditado nela, e Ane não parecia se importar. Eu me levantei, meus braços suando loucamente, e engoli minha frustração.


Andando entre as mesas, entrei no hall e fui em direção aos banheiros. O hall era decorado no estilo “terra-cotta”, com maracas, sombreiros e bonecos de madeira. Estava mais quente aqui, e eu limpei a testa com as costas da mão. O plano agora era ir embora o mais rápido possível. Assim que eu estivesse de volta à mesa, eu formularia uma desculpa sobre ter que ir embora, e arrastaria Vee comigo. Com ou sem o consentimento dela.


Depois de espreitar abaixo das três cabines do banheiro feminino e confirmar que eu estava sozinha, tranquei a porta do banheiro e despejei todo o conteúdo dos sacos 7-Eleven sobre a pia. Uma peruca dourada plantinum, um sutiã roxo, um top tubinho preto, uma minissaia com lantejoulas, uma meia-calça arrastão rosa, e um par de saltos stiletto de pele de tubarão tamanho 36.


Enfiei o sutiã, o top tubinho e as meia-calças dentro dos sacos. Depois de tirar meu jeans, vesti a minissaia. Escondi meu cabelo sob a peruca dourada e apliquei o batom. Finalizei tudo com um generoso aplique do gloss labial de alto brilho.


— Você consegue, — eu disse ao meu reflexo, tampando o brilho labial e esfregando os lábios um no outro. — Você consegue dar uma de Marcie Millar. Seduzir homens em troca de segredos. Quão difícil isso pode ser?


Chutei os meus sapatos para longe, enfiando-os dentro de um saco junto com o jeans, então escondi os sacos sob a pia.


— Além disso, — continuei, — não há nada de errado em sacrificar um pouco de orgulho pela inteligência. E se você quiser olhar isso por um lado mais mórbido, pode até dizer que se você não conseguir respostas, você pode acabar morta. Porque goste ou não, alguém lá fora quer você morta.


Localizei os saltos de pele de tubarão dentro da minha visão periférica. Eles não eram as coisas mais feias que eu já havia visto, poderiam até ser considerados sensuais. Enfiei o pé dentro deles e comecei a treinar, desfilando pelo banheiro várias vezes.


Dois minutos depois me sentei em um banco em frente ao bar.


O barman me olhou.


— Dezesseis? — ele chutou. — Dezessete?


Ele parecia ser uns dez anos mais velho do que eu e tinha um cabelo castanho escuro raspado. Uma argola de prata pendia de sua orelha direita. Camiseta branca e calças Levi’s. Nada mal... mas não muito bom, também.


— Eu não sou uma bebedeira menor idade, — eu disse alto o bastante para ele me ouvir sobre a música. — Estou esperando por um amigo. Tenho uma boa visão das portas de entrada daqui. — Eu retirei a lista de perguntas da minha bolsa e disfarçadamente posicionei a folha de papel sob um saleiro de vidro.


— O que é isso? — o barman perguntou, enxugando suas mãos em uma toalha e apontando com a cabeça para a lista.


Eu empurrei a lista mais para baixo do saleiro.


— Nada, — eu disse, toda inocente.


Ele arqueou uma sobrancelha.


Decidi falhar com a verdade.


— É uma... lista de compras. Tenho que comprar algumas coisas para a minha mãe quando for para casa. — O que aconteceu com o flerte? Eu perguntei a mim mesma. O que aconteceu com Marcie Millar?


Ele me mandou um olhar de avaliação que decidi que não era completamente negativo.


— Depois de trabalhar neste negócio por cinco anos, me tornei muito boa em localizar mentirosos.


— Eu não sou uma mentirosa, — eu disse. — Talvez eu estivesse mentindo um segundo atrás, mas foi apenas uma mentira. Uma mentirinha boba não faz de alguém um mentiroso.


— Você parece uma repórter, — ele disse.


— Trabalho para o eZine da minha escola. — Eu queria me chutar. Repórteres não inspiravam confiança nas pessoas. As pessoas normalmente suspeitavam de repórteres. — Mas não estou trabalhando hoje à noite, — Eu emendei rapidamente. — Estritamente diversão esta noite. Sem trabalho. Sem anotações. Sem nada demais.


Depois de um momento de silêncio decidi que o melhor movimento agora era ir em frente. Eu pigarreei e disse:


— O Borderline é um lugar popopular para empregar estudantes do colegial?


— Nós temos muitos estudantes trabalhando em meio período, é. Hostesses e entregadores e tal.


— Sério? — Eu disse, fingindo surpresa. — Talvez eu conheça alguns deles. Cite alguns.


O barman virou os olhos para o teto e coçou a barba por fazer em seu queixo. O seu olhar vazio não estava inspiravam confiança em mim. Sem mencionar que eu não tinha muito tempo. Elliot podia estar colocando algum tipo de drogas letais na bebida da Vee.


— E que tal Ucker Cipriano? — Perguntei. — Ele trabalha aqui?


— Ucker? Yeah. Ele trabalha aqui. Em algumas noites, e nos fins de semanas.


— Ele estava trabalhando no domingo? — Tentei não soar muito curiosa. Mas eu precisava saber se era possível Ucker ter estado no píer. Ele disse que havia uma festa na costa, mas talvez seus planos haviam mudado. Se alguém verificasse que ele estava trabalhando no domingo à noite, eu poderia descartar seu envolvimento no ataque de Vee.


— Domingo? — Mais coça, coça. — As noites se misturam. Tente alguma hostess. Qualquer uma irá lembrar. Todas elas dão risadinhas e ficam um pouco esquisitas quando ele está por perto. — Ele sorriu como se eu de alguma forma simpatizasse com elas.


Eu disse:


— Você não poderia acessar algum histórico de trabalho dele? — Com o seu endereço escrito.


— Isso seria um não.


— Só por curiosidade, — eu disse, — você sabe se é possível ser empregado aqui se tiver um assassinato na ficha?


— Um assassinato? — Ele fez um barulho que parecia uma risada. — Você está me zoando?


— Ok, talvez não um assassinato, mas que tal um pequeno delito?


Ele pousou suas mãos no balcão e se inclinou para mais perto.


— Não.


Seu tom havia mudado de humorado para insultado.


— Bom. É muito bom saber. — Eu me reposicionei no banco de bar, e senti a pele das minhas coxas escorregarem pelo banco. Eu estava suando. Se a regra número um do flerte era ‘sem listas sobre flerte’, eu tinha completa certeza que a número dois era ‘não sue’.


Consultei minha lista.


— Você sabe se o Ucker já teve alguma injunção? Ele tem um histórico criminal? — Eu suspeitava que o barman estava sentindo uma vibração ruim por minha parte, e decidi fazer todas as minhas perguntas rapidamente antes que ele me expulsasse do bar, ou pior, me despejasse do restaurante por assédio a informações restritas e comportamento suspeito. — Ele tem uma namorada? — Soltei.


— Vá perguntar a ele, — ele disse.


Pisquei.


— Ele não está trabalhando esta noite.


Ao sorriso do barman, meu estômago pareceu se revirar.


— Ele não está trabalhando hoje... está? — Perguntei, minha voz pulando uma oitava. — Ele deveria estar de folga nas terças!


— Normalmente, sim. Mas ele está cobrindo por Benji. Benji está no hospital. Ruptura no apêndice.


— Você quer dizer que o Ucker está aqui? Agora? — Lancei um olhar por sobre meu ombro, passando a mão pela peruca para cobrir meu perfil enquanto escaneava a área de jantar atrás dele.


— Ele foi para a cozinha há alguns minutos.


Eu já estava me atirando do banco do bar.


— Acho que deixei o carro ligado. Mas foi bom falar com você! — Corri o mais rápido que pude até os banheiros.


Dentro do banheiro feminino fechei a porta atrás de mim, respirei profundamente algumas vezes com as minhas costas pressionadas na porta, e então andei até a pia e joguei água gelada no meu rosto. Ucker descobriria que eu o havia espionado. Minha performance memorável garantia isso. Por um lado, isso era uma coisa ruim porque, bem, era humilhante. Mas quando eu pensava nisso, tinha que admitir o fato de que Ucker era bem misterioso. Pessoas misteriosas não gostavam que sua vida pessoal fosse espionada e descoberta. Como ele reagiria quando descobrisse que eu estava o analisando com uma lupa de laboratório?


E agora eu me perguntava por que eu tinha vindo até aqui, afinal, já que bem no fundo eu não acreditava que Ucker era o cara com a máscara de esqui. Talvez ele guardasse segredos sombrios e perturbadores, mas correr por aí com uma máscara de esqui não era um deles.


Fechei a torneira, e quando olhei para cima, o rosto de Ucker estava refletido no espelho. Eu gritei e me virei.


Ele não estava sorrindo, e não parecia particularmente divertido.


— O que você está fazendo aqui? — arfei.


— Eu trabalho aqui.


— Eu quero dizer aqui. Não sabe ler? A placa na porta diz...


— Estou começando a pensar que você está me seguindo. Toda vez que eu me viro, aí está você.


— Eu queria levar a Ane para jantar, — expliquei. — Ela estava no hospital. — Eu soava na defensiva. Eu tinha certeza que aquilo apenas me fazia parecer mais culpada. — Nunca sonhei que iria acabar me esbarrando em você. Hoje tinha que ser a sua noite de folga. E do que você está falando? Toda vez que eu me viro, aí está você.


Os olhos de Ucker eram afiados, intimidadores, extraidores. Eles calculavam cada palavra minha, cada movimento meu.


— Quer explicar o cabelo horrível? — ele disse.


Arranquei a peruca da minha cabeça e a coloquei sobre a pia.


— Quer explicar onde você estava? Faltou os últimos dois dias de aula.


Eu tinha quase certeza de que Ucker não iria revelar por onde ele tinha andado, mas ele disse:


— Jogando paintball. O que você estava fazendo no bar?


— Conversando com o barman. Isso é um crime? — Apoiando uma mão contra o balcão, levantei um pé para desafivelar os saltos altos. Me inclinei para o lado, e a lista de interrogação flutuou para fora do meu decote e pousou no chão.


Me joguei sobre os joelhos para pegá-la, mas Patch foi mais rápido. Ele segurou a lista acima da cabeça enquanto eu pulava para alcançá-la.


— Devolva-me isso! — eu disse.


— Ucker tem alguma ordem de restrição contra ele? — ele leu. — Ucker é um assassino?


— Me... devolva... isso! — Assobiei furiosamente.


Ucker soltou uma risada suave, e eu soube que ele havia passado para a próxima pergunta.


— Ucker tem uma namorada?


Ele enfiou a lista em seu bolso traseiro. Eu estava seriamente tentada a pegá-la, ignorando sua localização.


Ele se inclinou sobre o balcão, nivelando nossos olhos.


— Se pretende sair por aí perguntando coisas sobre mim, eu preferiria que você me perguntasse.


— Essas perguntas... — apontei com a cabeça para onde ele havia escondido a lista —... eram uma brincadeira. Ane as escreveu, — eu adicionei em um flash de inspiração. — É tudo culpa dela.


— Conheço a sua caligrafia, Dulce.


— Bem, ok, ótimo, — comecei, procurando alguma resposta inteligente, mas demorei muito e perdi minha chance.


— Sem injunções, — ele disse. — Sem assassinatos.


Eu levantei meu queixo.


— Namorada?


Eu disse a mim mesma que eu não me importava com aquela resposta. Qualquer coisa estava ótimo para mim.


— Não é da sua conta.


— Você tentou me beijar, — eu o lembrei. — Isso é da minha conta agora.


A sombra de um pirata sorrindo surgiu em sua boca. Tive a impressão que ele estava repassando todo o pequeno detalhe daquele quase-beijo, incluindo meu suspiro-gemido-suspiro.


— Ex-namorada, — ele disse após um momento.


Meu estômago deu um salto quando de repente um pensamento surgiu em minha mente. E se a garota de Delphic e Victoria’s Secret fosse a ex de Ucker? E se ela me viu falando com ele na arcada e – enganadamente – achou que havia muito mais coisa no nosso relacionamento? Se ela ainda fosse apaixonada por ele, fazia sentido que ficasse com ciúme suficiente para começar a me seguir. Algumas peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar...


E então Ucker disse:


— Mas ela não está mais por perto.


— O que você quer dizer com isso?


— Ela se foi. E não vai mais voltar.


— Você quer dizer... que ela está morta? — Perguntei.


Ucker não negou.


Meu estômago de repente ficou pesado e nauseado. Eu não esperava por isso. Ucker teve uma namorada, e agora ela estava morta.


Alguém forçou a porta do banheiro, querendo abri-la. Eu tinha me esquecido que eu tinha trancado. O que me fez me perguntar como Ucker conseguiu entrar ali. Ou ele tinha uma chave, ou havia outra explicação. Uma explicação na qual eu provavelmente não iria querer pensar, como passando sob a porta como ar. Como fumaça.


— Preciso voltar ao trabalho, — Ucker disse. Ele me lançou um olhar de cima a baixo, demorando-se um pouco no meu quadril. — Saia de matar. Pernas perfeitas.


Antes que eu pudesse formular qualquer pensamento coerente, ele estava passando pela porta.


A mulher esperando para entrar no banheiro me olhou, então olhou para Ucker por sobre seus ombros, que estava desaparecendo pelo hall.


— Querida, — ela me disse, — ele parece escorregadio como sabão.


— Boa descrição, — murmurei.


Ela passou a mão por seu cabelo prateado curto.


— Uma garota poderia escorregar em um sabão daqueles.


Depois de recolocar as minhas próprias roupas, voltei à mesa e escorreguei no banco ao lado de Vee. Elliot checou o seu relógio e arqueou as sobrancelhas para mim.


— Desculpe ter demorado tanto, — eu disse. — Perdi alguma coisa?


— Nada, — disse Ane. — Sempre a mesma coisa, sempre a mesma coisa. — Ela chutou o meu joelho, e a pergunta estava implícita. E então?


Antes que eu pudesse retornar o chute, Elliot disse:


— Você perdeu a garçonete. Pedi burritos para você. — Um sorriso assustador surgiu nos cantos da sua boca.


Eu vi minha chance.


— Na verdade, eu não tenho certeza se estou a fim de comer. — Fiz uma expressão nauseada que não era completamente forçada. — Acho que peguei o que Jules tem.


— Oh, cara, — Ane disse. — Você está bem?


Eu balancei a cabeça.


— Vou procurar a nossa garçonete e pedir para embalar para a viagem, — Ane sugeriu, caçando as chaves do carro na bolsa.


— E quanto a mim? — disse Elliot, parecendo apenas um pouco brincalhão. — Fica pra próxima?


Bingo, pensei.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 75



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  • Vanuza Ribeiro Postado em 17/07/2015 - 02:09:05

    fooooooooooi estremamente linda a fanfic adorei *-----* parabéns.

  • Vanuza Ribeiro Postado em 14/07/2015 - 00:50:36

    estou lendo a fanfic ja a algum tempo e estou a m a n d o --- preciso de um anjo desses na minha vida, que dlc kkkkkkkkkk- vo começar a ler finale.

  • juhcunha Postado em 05/04/2015 - 23:35:45

    ai meu deus chorando litros morrendo quero mais nao acredito que terminou nisso queo mais muito mias a serie divergente e muito foda mais muito triste no final

  • juhcunha Postado em 05/04/2015 - 22:06:38

    posta mais

  • juhcunha Postado em 01/04/2015 - 22:11:51

    como e a Anie e um dele caranba quantas supresas e que essa cara ta fazendo na casa do ucker!

  • juhcunha Postado em 30/03/2015 - 20:56:59

    dante filho da puta traidor nao imaginava ele caranba !

  • juhcunha Postado em 29/03/2015 - 02:25:13

    Dabria vaca que beijo o homem dos outro puta se fudeeu dulce arazando

  • juhcunha Postado em 26/03/2015 - 01:34:59

    A porra fico seria agora!

  • juhcunha Postado em 23/03/2015 - 23:13:32

    marcie vaca robou o scott da ane puta e scott deveria te dado um fora nela ! O QUE O Que tinha naquele punhau era veneno caranba puta que paria

  • juhcunha Postado em 23/03/2015 - 01:16:44

    eu to descofiada que esse detetive basso e um arcanjo porque ele ta sempre vigiando sempre nos lugares errados


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