Fanfic: Finale (Adaptada) | Tema: Vondy
Cinco minutos vieram e passaram. Dez minutos se transformaram em vinte.
Lutei para ignorar o sentimento de arrepiar de que estava sob vigilância. Olhei para as sombras que circundavam da escola.
Por que o Ucker estava demorando tanto? Misturei algumas teorias, sentindo mais desconfortável nesse momento.
E se o Ucker não conseguisse encontrar a Ane? O que aconteceria quando o Ucker encontrasse o Elliot? Eu não acho que o Elliot é mais poderoso que o Ucker, mas há sempre uma chance – se ele tivesse o elemento surpresa.
O telefone no meu bolso tocou e eu pulei de susto.
— Eu vejo você, — Elliot disse quando atendi. — Sentada aí no carro.
— Onde você está?
— Observando da janela do segundo andar. Estamos jogando aqui dentro.
— Eu não quero jogar.
Ele finalizou a chamada. Com meu coração na garganta, saí do carro. Olhei para as janelas escuras da escola.
Não achava que o Elliot soubesse que o Ucker estava lá dentro. Sua voz estava impaciente, não raivosa ou irritada. Minha única esperança era que o Ucker tivesse um plano e tivesse certeza que nada aconteceria comigo ou com a Ane.
A Lua estava mais nublada e com uma sombra de medo andei em direção à porta leste. Dei um passo dentro da semiescuridão. Meus olhos demoraram alguns segundos para fazer alguma coisa com a iluminação do poste que passava pela janela e terminava na metade de cima da porta. As tiras do assoalho refletiam um brilho seroso.
Armários estavam alinhados dos dois lados do corredor, parecendo soldados robôs dormindo. No lugar de um sentimento de paz e quietude, as salas radiavam uma ameaça escondida. As luzes de fora iluminavam os primeiros passos no corredor, mas depois disso, eu não conseguia ver mais nada. Do lado de dentro da porta havia um painel de interruptores de luz, eu os liguei. Nada aconteceu.
Já que a energia estava funcionando lá fora, eu sabia que a eletricidade tinha sido cortada por uma mão. Me perguntei se isso era parte do plano do Elliot. Eu não conseguia vê-lo e nem a Ane. Também não vi o Ucker. Eu teria que fazer meu caminho através de cada sala na escola, fazendo um jogo de eliminação até que eu o encontrasse.
Juntos poderíamos achar a Ane. Usando as paredes como guia, eu rastejei para frente. Em qualquer dia da semana, eu passava nesse trecho de corredor várias vezes, mas na escuridão de repente pareceu estranho. E mais comprido. Muito comprido. Na primeira interseção eu avaliei mentalmente meu ambiente.
Virar a esquerda me levaria aos escritórios administrativos, bem como para a escada dupla. Continuei em frente, me aprofundando na escola, em direção as salas de aulas. Meu pé ficou preso em alguma coisa e antes que eu pudesse reagir, me alastrei no chão.
A luz cinza nebulosa filtrada por uma claraboia diretamente acima enquanto a Lua saia por entre as nuvens, iluminou as características do corpo que tropecei.
Jules estava de costas, sua expressão fixa em um olhar perdido. Seu cabelo longo e loiro estava emaranhado em seu rosto, suas mãos caídas ao seu lado. Fiquei de joelhos e cobri minha boca, ofegante. Minhas pernas tremiam com a adrenalina. Muito devagar, coloquei a palma da minha mão no peito do Jules. Ele não estava respirando. Ele estava morto.
Fiquei em pé e engasguei com um grito. Eu queria chamar o Patch em voz alta, mas isso daria minha localização para o Elliot – isso se ele ainda não sabia.
Percebi que ele poderia estar metros daqui, me observando enquanto seu jogo perverso se desdobrava.
A iluminação que vinha de cima enfraqueceu e eu fiz uma pesquisa frenética no corredor. Mais corredor sem fim se estendia a minha frente. A biblioteca era em cima, um pequeno lance de escadas a minha esquerda. As salas de aula começavam a direita. Num momento de decisão dividida, eu escolhi a biblioteca, tateando pelos corredores enegrecidos para me afastar do corpo do Jules.
Meu nariz escorreu e eu percebi que estava chorando silenciosamente. Por que Jules está morto? Quem o matou? Se Jules está morto, a Vee também está?
As portas da biblioteca estavam destrancadas e eu entrei. Passando pelas prateleiras de livros, no final da biblioteca, havia três pequenas salas de estudo. Eles eram a prova de som; se o Elliot quisesse isolar a Vee, as salas eram o lugar ideal para colocá-la. Eu estava começando a ir em direção às salas quando um gemido masculino ecoou pela biblioteca. Cheguei a um impasse.
As luzes do corredor se acenderam, iluminando a escuridão da biblioteca. O corpo do Elliot estava caído alguns metros a frente, sua boca estava repartida, sua pele estava cinzenta. Seus olhos rolaram em minha direção e ele ergueu um braço para mim. Um grito estridente escapou de mim.
Girando, corri para as portas da biblioteca, jogando e chutando as cadeiras que estavam no caminho.
Corra!
Ordenei a mim mesma.
Vá para a saída!
Eu cambaleei para fora das portas, foi quando as luzes do corredor se apagaram, mergulhando tudo novamente na escuridão.
— Ucker! — tentei gritar.
Mas minha voz chamou e eu fiquei engasgada no seu nome. Jules estava morto. Elliot estava quase morto. Quem os tinha matado? Quem tinha sobrado? Tentei dar algum sentido ao que estava acontecendo, mas toda razão havia me escapado.
Um empurrão nas minhas costas me tirou o equilibro. Outro empurrão me fez voar para o lado. Minha cabeça bateu em um armário, me assombrando. Um feixe de luz cruzou minha visão e um par de olhos negros atrás de uma máscara de esqui entrou em foco.
A luz vinha de uma lanterna de mina presa acima da máscara. Empurrei para cima e tentei correr. Um dos seus braços disparou, barrando minha escapada. Ele ergueu seu outro braço, me prendendo contra o armário.
— Você achou que eu estava morto?
Eu podia ouvir o sorriso triunfante e gelado em sua voz.
— Eu não podia perder a última oportunidade de brincar com você. Diverte-me. Quem você achou que fosse o cara mau? Elliot? Ou passou pela sua mente que sua melhor amiga poderia ter feito isso? Estou ficando quente, não? Isso é o que acontece com o medo. Trás o que há de pior em nós.
— É você.
Minha voz crepitou. Jules arrancou a lanterna e a máscara de esqui.
— Em carne e osso.
— Como você fez isso? — perguntei com a voz ainda tremendo. — Eu vi você. Você não estava respirando. Você estava morto.
— Você está me dando muito crédito. Foi tudo você Dulce. Se sua mente não fosse tão fraca, eu não conseguiria ter feito nada. Estou fazendo você se sentir mal? É desanimador saber que de todas as mentes que eu invadi, a sua está no topo da lista das mais fáceis? E mais divertida?
Eu lambi os lábios. Minha boca tinha um gosto estranho, uma combinação de seca e pegajosa. Eu podia sentir o cheiro de medo na minha respiração.
— Onde está a Ane?
Ele bateu no meu rosto.
— Não mude de assunto. Você deveria realmente aprender a controlar seu medo. Medo mina a lógica e abre várias oportunidades para pessoas como eu.
Este era um lado do Jules que eu nunca tinha visto. Ele foi sempre tão quieto, tão taciturno, radiando uma completa falta de interesse em qualquer um a sua volta. Ele ficava ao fundo, demandando pouca atenção, pouca suspeita.
Muito inteligente da parte dele, pensei.
Ele agarrou meu braço e empurrou-me atrás dele. Eu o agarrei e torci o corpo e ele levou seu punho no meu estômago. Tropecei para trás, procurando por um ar que não vinha. Meu ombro arrastou para baixo um armário até que eu sentei e dobrei no chão. Uma faixa de ar desceu na minha garganta e eu engasguei com ele. Jules tocou os arranhões que minhas unhas tinham deixado em seu antebraço.
— Isso vai custar caro para você.
— Por que você me trouxe aqui? O que você quer?
Eu não conseguia evitar a histeria na minha voz. Ele me levantou pelo braço e me arrastou mais fundo no corredor. Chutando uma porta para abrir, ele me empurrou para dentro e eu caí, as palmas das minhas mãos colidiram contra o chão duro.
A porta bateu atrás de mim. A única luz vinha da lanterna que o Jules segurava. O ar tinha os odores familiares de produtos químicos e pó de giz. Pôsteres de corpo humano e seções transversais de células humanas decoravam a parede. Um grande balcão de granito com uma pia ficava a frente do cômodo. Estava de frente para várias mesas de granito parecidas. Nós estávamos dentro da ala de biologia do Treinador McConaughy.
Um lampejo de metal passou pelos meus olhos. Um bisturi estava no chão, enfiado na lixeira. Deve ter sido negligenciado pelo Treinador e pelo zelador. Enfiei-o na cintura da minha calça enquanto o Jules me colocava em pé.
— Eu tive que cortar a eletricidade, — ele disse, colocando a lanterna na mesa mais próxima. — Você não pode brincar de esconde-esconde na claridade.
Raspando duas cadeiras pelo chão, ele as posicionou uma de frente para outra.
— Sente-se. — Não parecia um convite.
Meus olhos dispararam para o painel de janelas que abrangia a parede mais distante. Me perguntei se eu conseguiria abrir uma e escapar antes do Jules me pegar. Entre mil outros pensamentos de autopreservação, eu disse a mim mesma para não parecer assustada. Em algum lugar no fundo da minha mente me lembrei dos conselhos das aulas de autodefesa que fiz junto com a mamãe depois que meu pai morreu. Fazer contato visual... Parecer confiante... Usar o senso comum... Tudo mais fácil falar do que fazer.
Jules me empurrou pelo ombro, forçando-me a sentar na cadeira. O metal frio escoou pelo meu jeans.
— Dê-me seu celular, — ele ordenou, ergueu a mão para esperar por isso.
— Eu deixei no carro.
Ele sorriu.
— Você quer realmente fazer joguinho comigo? Tenho sua melhor amiga trancada em algum lugar no prédio. Se você fizer joguinhos comigo, ela vai se sentir excluída. Terei que pensar em um jogo extra especial para fazer com ela.
Tirei meu telefone e passei para ele. Com uma força sobre humana ele o partiu ao meio.
— Agora somos apenas nós dois.
Ele deixou-se cair na cadeira que estava na minha frente e esticou suas pernas luxuosamente. Um dos braços pendia no encosto da cadeira.
— Vamos conversar Dulce.
Eu pulei da cadeira. Jules me enganchou pela cintura antes que eu pudesse dar quatro passos e me jogou de volta na cadeira.
— Eu costumava ter cavalos, — ele disse. — Há muito tempo atrás na França, eu tinha um estábulo com lindos cavalos. Os cavalos espanhóis eram meus favoritos. Eles eram capturados ainda selvagens e trazidos direto para mim. Em semanas eu os domava. Mas sempre havia um cavalo raro que se recusava a ser domado. Você sabe o que eu fazia com o cavalo que se recusava a ser domado? — Eu estremeci em resposta. — Coopere e você não terá nada a temer, — ele disse.
Em nenhum momento acreditei nele. O brilho em seus olhos não era de sinceridade.
— Eu vi o Elliot na biblioteca. — Eu estava surpresa pela hesitação na minha voz. Eu não gostava ou confiava no Elliot, mas ele não merecia morrer vagarosamente e com dor. — Você o machucou?
Ele chegou mais perto, como se fosse dividir um segredo.
— Se você for cometer um crime, nunca deixe evidência. Elliot tem sido uma parte integral de tudo. Ele sabia muito.
— É por isso que estou aqui? Por causa da reportagem que achei sobre a Kjirsten Halverson?
Jules sorriu.
— Elliot deixou de mencionar que você sabe sobre a Kjirsten.
— O Elliot a matou... ou foi você?
Perguntei com uma onda fria de inspiração.
— Eu tinha que testar a lealdade do Elliot. Tirei o que era mais importante. Elliot estava na Kinghorn com bolsa e ninguém o deixava esquecer sobre isso. Até que eu cheguei. Fui seu benfeitor. No fim, ele tinha que escolher entre eu e a Kjirsten. Mais sucintamente, escolher entre dinheiro e amor. Aparentemente não há prazer em ser pobre entre os príncipes. Eu o comprei e foi quando eu soube que eu poderia contar com ele quando fosse hora de lidar com você.
— Por que eu?
— Você ainda não percebeu?
A luz destacava a crueldade em seu rosto, criando a ilusão de que seus olhos tinham mudado para a cor de prata derretida.
— Tenho brincado com você. Fazendo de você uma marionete. Usando você como representante, porque a pessoa que quero realmente ferir não pode ser ferida. Você sabe quem é essa pessoa?
Todos os nós do meu corpo pareciam desfeitos. Meus olhos perderam o foco. O rosto do Jules parecia uma pintura impressionista – borrada nos cantos, sem detalhes. O sangue foi drenado da minha cabeça e senti que eu começava a escorregar da cadeira. Eu já tinha me sentido assim vezes suficientes para saber do que eu precisava: ferro. E rápido. Ele deu um tapa no meu rosto novamente.
— Foco. De quem estou falando?
— Eu não sei.
Eu não conseguia que minha voz fosse mais que um sussurro.
— Você sabe por que ele não pode ser ferido? Porque ele não tem um corpo humano. Seu corpo carece de sensação física. Se eu o trancasse e o torturasse, não valeria a pena. Ele não pode sentir. Nem um pouquinho de dor. Com certeza você tem um palpite agora? Você tem passado muito tempo com essa pessoa. Por que está tão silenciosa Nora? Você não consegue descobrir? — Uma gota de suor desceu nas minhas costas. — Todo ano no começo do mês Hebreu do Cheshvan, ele toma o controle do meu corpo. Duas semanas inteiras. Isso é quanto tempo eu perco o controle. Sem liberdade, sem escolha. Não posso ter o luxo de escapar durante essas duas semanas, emprestando meu corpo e voltar quando tiver tudo acabado. Então eu seria capaz de me convencer que aquilo não estava acontecendo realmente. Não. Ainda estou aqui, um prisioneiro dentro do meu próprio corpo, vivendo cada momento disso, — ele disse num tom monótono. — Você sabe como é sentir-se assim? Você sabe? — ele gritou.
Eu mantive minha boca fechada, sabendo que falar poderia ser perigoso. Jules riu, uma rajada de ar entre seus dentes. Soou mais sinistro do que qualquer coisa que eu já tinha ouvido. Ele disse:
— Fiz um juramento permitindo ele tomar posse do meu corpo durante o Cheshvan. Eu tinha dezesseis anos de idade. — Ele encolheu os ombros, mas foi um movimento rígido. — Ele enganou-me para jurar me torturando. Depois, me disse que eu não era humano. Você acredita? Não humano. Ele me disse que minha mãe, uma humana, dormiu com um anjo caído. — Ele sorriu odiosamente, suor salpicava sua testa. — Eu mencionei que herdei algumas características do meu pai? Assim como ele, eu sou um enganador. Faço você ver mentiras. Faço você escutar vozes.
Assim. Você pode me ouvir Nora? Você ainda está amedrontada?
Ele deu um tapinha na minha testa.
— O que está acontecendo aí Dulce? Terrivelmente quieto.
Jules era Chauncey. Ele era Nephilim. Lembrei-me da minha marca de nascimento e o que a Dabria tinha me contado. Jules e eu dividimos o mesmo sangue. Nas minhas veias tinha o sangue de um monstro. Eu fechei meus olhos e uma lágrima escapou.
— Lembra-se da primeira noite que nos conhecemos? Pulei na frente do carro que você estava dirigindo. Estava escuro e tinha neblina. Você já estava no limite, o que ficou muito mais fácil para enganá-la. Gostei de te assustar. Foi a primeira noite que tive gosto para isso.
— Eu deveria ter percebido que era você, — sussurrei. — Não existem tantas pessoas tão altas quanto você.
— Você não está escutando. Posso fazer você ver qualquer coisa que eu queira. Você realmente acha que eu esqueceria um detalhe que me condenava como minha altura? Você viu o que eu quis que você visse. Viu um homem indescritível em uma máscara de esqui preta.
Fiquei sentada lá, sentindo uma pequena rachadura no meu terror. Eu não estava louca. Jules estava por trás de tudo isso. Ele pode criar jogos mentais porque seu pai era um anjo caído e ele herdou o poder.
— Você não revistou meu quarto de verdade, — eu disse. — Você apenas fez com que eu pensasse que você o fez. É por isso que ele ainda estava em ordem quando a polícia chegou.
Ele aplaudiu devagar e deliberadamente.
— Você quer saber qual foi a melhor parte? Você poderia ter me bloqueado. Eu não poderia ter tocado sua mente sem sua permissão. Fui chegando e você nunca resistiu. Você foi fraca. Você foi fácil.
Tudo isso fazia sentido e no lugar de sentir um breve momento de alívio, percebi o quão susceptível eu era. Eu fui despida. Não havia nada que impedisse Jules de me arrastar para seus jogos mentais, a menos que eu aprendesse a bloqueá-lo.
— Imagine-se em meu lugar, — Jules disse. — Seu corpo sendo violado ano após ano. Imagine um ódio muito forte que nada além de vingança pode curá-lo. Imagine despender grandes somas de energia e recursos para ficar de olho no seu objeto de vingança, esperando pacientemente pelo momento quando o destino lhe apresentou não apenas uma oportunidade, mas uma em que a balança está ao seu favor. — Seus olhos se prenderam aos meus. — Você é essa oportunidade. Se eu a ferir vou ferir o Ucker.
— Você está superestimando meu valor com o Ucker, — eu disse, com o suor frio descendo pela linha do meu cabelo.
— Estou de olho no Ucker há séculos. No último verão ele fez sua primeira viagem para sua casa, porém, acho que você não percebeu. Ele a seguiu quando foi fazer compras algumas vezes. De vez em quando ele fez uma viagem especial, saindo do seu caminho habitual, para te encontrar. Então ele se matriculou na sua escola. Não pude evitar a não ser me perguntar: o que você tem de tão especial? Fiz um esforço para descobrir. Tenho te observado há algum tempo já.
Nenhum temor se apoderou de mim. Nesse momento eu soube que nunca foi a presença do meu pai que eu sentia, seguindo-me como um guardião fantasma. Era o Jules. Eu sentia a mesma presença sobrenatural gelada agora, só que amplificada umas cem vezes.
— Eu não queria despertar suspeitas no Ucker para ele recuar, — ele continuou. — Foi quando o Elliot deu um passo a frente e não demorou muito para que ele me dissesse o que eu já tinha adivinhado. Ucker está apaixonado por você.
Tudo se encaixou.
Jules não estava doente na noite que ele desapareceu no banheiro masculino no Delphic. E ele não ficou doente na noite que fomos ao Borderline. Tudo isso pelo simples fato de que ele precisava se manter invisível para o Ucker. No momento que o Ucker o visse, tudo estaria acabado. Ucker saberia que Jules – Chauncey – estava tramando alguma coisa. Elliot era os olhos e ouvidos do Jules, levando as informações para ele.
— O plano é te matar na viagem para o acampamento, mas Elliot falhou ao te convencer a ir, — Jules disse. — Hoje mais cedo, te segui depois que você saiu do Blind Joe’s e atirei em você. Imagine minha surpresa quando descobri que matei uma mendiga vestida com seu casaco. Mas deu tudo certo. — Seu tom era relaxado. — Aqui estamos.
Eu me mexi no assento e o bisturi escorregou mais para dentro do meu jeans. Se eu não fosse cuidadosa, ele escaparia do meu alcance. Se Jules me forçasse a ficar em pé, talvez ele deslizasse pelas minhas pernas. E aí seria o fim.
— Deixe-me adivinhar o que você está pensando, — Jules disse, ficando em pé e começou a passear na frente da sala. — Você está começando a desejar que nunca tivesse conhecido o Ucker. Você deseja que ele nunca tivesse se apaixonado por você. Vá em frente. Ria da posição em que ele te colocou. Ria da sua própria escolha ruim.
Ouvir o Jules falar sobre o amor de Ucker me encheu de esperança irracional. Eu tirei o bisturi da calça e pulei da cadeira.
— Não chegue perto de mim! Eu vou te esfaquear. Eu juro que vou!
Jules fez um som gutural e arremessou seu braço para o balcão na frente da sala. Provetas de vidro se quebraram batendo contra o quadro negro, papéis caíam. Ele caminhou em minha direção.
Em pânico, ergui o bisturi o mais forte que pude. O bisturi encontrou a palma de sua mão, cortando sua pele. Jules sibilou e recuou. Sem esperar, eu mergulhei o bisturi em sua coxa. Jules ficou pasmo com o metal que saía de sua perna. Ele arrancou-o usando as duas mãos, seu rosto se contorcia de dor. Ele abriu suas mãos e o bisturi caiu e fez barulho. Ele deu um passo hesitante em minha direção. Eu gritei e me esquivei fugindo, mas meu quadril bateu na quina da mesa; perdi o equilíbrio e tombei.
O bisturi estava a alguns metros de distância. Jules me virou de barriga para baixo e montou nas minhas costas. Ele pressionou meu rosto no chão, batendo meu nariz e abafando meus gritos.
— Boa tentativa, — ele grunhiu. — Mas isso não vai me matar. Eu sou um Nephilim. Eu sou imortal.
Tentei agarrar o bisturi, cavando meus dedos no chão para me esticar naqueles últimos centímetros vitais. Meus dedos se atrapalharam. Eu estava tão perto e então o Jules me puxou de volta.
Ergui meu calcanhar com muita força entre suas pernas; ele urrou e caiu de lado. Fiquei em pé meio cambaleando, mas Jules tinha rolado para a porta ficando ajoelhado entre mim e ela. Seu cabelo caía em seus olhos. Gotas de suor escorriam em seu rosto. Sua boca estava torta, um lado curvado para cima pela dor. Cada músculo do meu corpo estava pronto para entrar em ação.
— Boa sorte ao tentar escapar, — ele disse com um sorriso cínico que pareceu necessitar de muito esforço. — Você vai ver o que eu quiser. — Então ele caiu no chão.
Prévia do próximo capítulo
Eu não fazia ideia de onde a Ane estava. O pensamento óbvio de pensar como Jules veio a mim: onde eu deixaria Ane presa se fosse ele? Ele quer fazer com que seja difícil de escapar e difícil de ser achado, considerei. Eu convocara uma planta mental do prédio, espreitando minha atenção para os níveis superiores. A prob ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 75
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Vanuza Ribeiro Postado em 17/07/2015 - 02:09:05
fooooooooooi estremamente linda a fanfic adorei *-----* parabéns.
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Vanuza Ribeiro Postado em 14/07/2015 - 00:50:36
estou lendo a fanfic ja a algum tempo e estou a m a n d o --- preciso de um anjo desses na minha vida, que dlc kkkkkkkkkk- vo começar a ler finale.
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juhcunha Postado em 05/04/2015 - 23:35:45
ai meu deus chorando litros morrendo quero mais nao acredito que terminou nisso queo mais muito mias a serie divergente e muito foda mais muito triste no final
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juhcunha Postado em 05/04/2015 - 22:06:38
posta mais
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juhcunha Postado em 01/04/2015 - 22:11:51
como e a Anie e um dele caranba quantas supresas e que essa cara ta fazendo na casa do ucker!
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juhcunha Postado em 30/03/2015 - 20:56:59
dante filho da puta traidor nao imaginava ele caranba !
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juhcunha Postado em 29/03/2015 - 02:25:13
Dabria vaca que beijo o homem dos outro puta se fudeeu dulce arazando
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juhcunha Postado em 26/03/2015 - 01:34:59
A porra fico seria agora!
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juhcunha Postado em 23/03/2015 - 23:13:32
marcie vaca robou o scott da ane puta e scott deveria te dado um fora nela ! O QUE O Que tinha naquele punhau era veneno caranba puta que paria
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juhcunha Postado em 23/03/2015 - 01:16:44
eu to descofiada que esse detetive basso e um arcanjo porque ele ta sempre vigiando sempre nos lugares errados