Fanfics Brasil - Capitulo 2 Finale (Adaptada)

Fanfic: Finale (Adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 2

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Meia hora depois, estacionei na minha garagem. Moro com minha mãe em uma genuína casa de fazenda no Maine, com pintura branca, persianas azuis, e coberta por um nevoeiro constante. Nesta época do ano, as árvores brilham em tons ardentes de vermelho e dourado, e o ar contém os cheiros nítidos de seiva de pinheiro, lenha queimando e folhas úmidas. Corri até os degraus da varanda, onde cinco abóboras corpulentas me observavam como sentinelas, e entrei.


— Cheguei! — chamei minha mãe, a luz na sala de estar entregando sua localização. Coloquei as chaves em cima do aparador e voltei para achá-la.


Ela marcou a orelha da página em que parou, levantou-se do sofá, e me apertou em um abraço.


— Como foi a sua noite?


— Fui oficialmente drenada de cada última gota de energia. — Eu apontei escada acima. — Se eu chegar até a cama, vai ser por puro poder mental.


— Enquanto estava fora, um homem apareceu, te procurando.


Franzi a testa. Que homem?


— Ele não deixou o nome, e não me disse como te conhecia — continuou minha mãe. — Devo ficar preocupada?


— Como ele era?


— Rosto redondo, tez avermelhada, cabelos loiros.


Então era ele. O homem que tinha uma rixa com Ucker. Eu fabriquei um sorriso.


— Ah, certo. Era um vendedor. Ficou tentando me convencer a tirar as fotos de formatura no estúdio dele. Aí quando for ver, ele vai querer me vender os convites também.


Seria completamente nojento se eu não lavasse o meu rosto hoje à noite? Ficar acordada por mais dois minutos já era forçar a este ponto.


Minha mãe beijou a minha testa.


— Bons sonhos.


Subi até meu quarto, fechei a porta, e me deixei cair de braços abertos na cama. A música do Devil’s Handbag ainda pulsava na parte de trás da minha cabeça, mas eu estava cansada demais para me importar com isso. Meus olhos já estavam parcialmente fechados quando me lembrei da janela. Com um resmungo, cambaleei e retirei a tranca. Ucker podia entrar, mas eu lhe desejei sorte se tentasse me manter acordada tempo o bastante para extrair uma resposta.


Puxei minhas cobertas até o queixo, senti o puxão suave e feliz de um sonho me chamando mais para perto, e deixei ele me arrastar...


E então o colchão se afundou com o peso de outro corpo.


— Não sei por que está tão apaixonada por esta cama — disse Ucker. — Tem trinta centímetros a menos de altura, um metro e vinte a menos de largura, e os lençóis roxos não funcionam comigo. A minha cama, por outro lado...


Abri um olho e o encontrei esticado ao meu lado, suas mãos apertadas frouxamente em sua nuca. Seus olhos escuros observavam os meus, e ele tinha um cheiro de limpo e sexy. Mais que tudo, ele estava quente, pressionado contra mim. Apesar das minhas boas intenções, esta proximidade tornava cada vez mais difícil me concentrar em dormir.


— Ha — disse. — Eu sei que não liga se a minha cama é confortável ou não. Você não veria problemas em um catre de tijolos. — Uma das desvantagens de Ucker ser um anjo caído era que ele não podia sentir sensações físicas. Sem dor, mas tampouco sem prazer. Eu tinha que me contentar que, quando eu o beijava, ele sentia meu beijo apenas emocionalmente. Tentei fingir que não ligava para isso, mas queria que ele se sentisse eletrizado com o meu toque.


Ele me beijou de leve na boca.


— Sobre o que você queria falar?


Não conseguia me lembrar. Algo sobre Dante. O que quer que fosse, parecia não ter importância. Falar, no geral, parecia não ter importância. Eu me aninhei mais para perto, e Ucker roçou sua mão pelo meu braço nu, fazendo uma sensação quente e formigante atirar-se até os meus dedos dos pés.


— Quando é que eu vou te ver dançando? — perguntou. — Nunca dançamos juntos no Devil`s Handbag.


— Não está perdendo muita coisa. Me disseram hoje à noite que sou definitivamente um peixe fora d`água na pista de dança.


— Ane precisa ser mais boazinha com você — ele murmurou, pressionando um beijo no meu ouvido.


— Ane não foi a autora dessa frase. O crédito é de Dante Matterazzi — confessei distraída, os beijos de Ucker me embalando em um lugar feliz que não precisava de muito raciocínio ou premeditação.


— Dante? — repetiu Ucker, algo desagradável rastejando sobre seu tom.


Porcaria.


— Esqueci de mencionar que Dante estava lá? — perguntei.


Ucker também tinha conhecido Dante nesta manhã e, na maior parte do encontro tenso, eu temi que um fosse arrastar o outro para uma briga. Não é preciso dizer que não foi amor à primeira vista. Ucker não gostou de Dante agindo como se fosse meu assessor político e me pressionando para entrar em guerra com os anjos caídos, e Dante... bem, Dante odiava anjos caídos por princípio.


Os olhos de Ucker gelaram.


— O que ele queria?


— Ah, agora me lembro sobre o que eu queria falar com você. — Estalei minhas articulações dos dedos das mãos. — Dante está tentando me promover para a raça Nephilim. Sou a líder deles agora. O problema é que eles não confiam em mim. Não me conhecem. E Dante tem como missão mudar isso.


— Conte uma novidade.


— Dante acha que pode ser uma boa ideia que eu, hm, namore ele. Não se preocupe! — me apressei em dizer. — É tudo de faz de conta. Tenho que fazer os Nephilim pensarem que a líder deles está investida nisso. Vamos esmagar os boatos de que estou namorando um anjo caído. Nada é mais solidário do que pegar um da sua própria espécie, sabe? Gera boa publicidade. Podem até mesmo nos chamar de Norante. Ou Danta. Acha que soa bem? — perguntei, tentando manter o bom humor.


A boca de Ucker adotou uma posição carrancuda.


— Na verdade, não acho que soa nada bem.


— Se serve de consolo, não suporto o Dante. Não se preocupe.


— Minha namorada quer namorar outro cara, é, não vou me preocupar.


— É só para aparecer. Olhe pelo lado positivo...


Ucker riu, mas não havia humor nisso.


— Tem um lado positivo?


— É só no Cheshvan. Hank deixou os Nephilim todos afoitos com este momento. Ele prometeu a eles a salvação, e eles ainda acham que vão consegui-la. Quando o Cheshvan chegar, e acabar sendo como qualquer outro Cheshvan registrado, vão perceber que era um negócio arriscado e, pouco a pouco, as coisas vão voltar ao normal. No meio tempo, enquanto estão de temperamento quente e as esperanças e sonhos dos Nephilim se apoiam na falsa crença de que posso libertá-los dos anjos caídos, temos que deixá-los felizes.


— Já te ocorreu que os Nephilim podem te culpar quando a salvação deles não acontecer? Hank fez um monte de promessas, e quando elas não forem cumpridas, ninguém vai responsabilizá-lo. Agora você é a líder. Você é o rosto desta campanha, Anjo — disse ele, solene.


Encarei o teto. Sim, tinha pensado nisso. Mais vezes hoje do que eu queria contemplar e continuar com a minha sanidade.


Há o que parecia uma eternidade, os arcanjos me fizeram o acordo dos meus sonhos. Prometeram me dar o poder de matar Hank... se eu esmagasse a rebelião dos Nephilim. No começo, não pensei em aceitar o negócio, mas Hank me forçou. Ele tentou queimar a pena do Ucker e mandá-lo para o inferno. Então atirei nele.


Hank estava morto, e os arcanjos esperavam que eu impedisse os Nephilim de entrar em guerra.


Aqui que as coisas ficavam complicadas. Apenas horas antes de eu atirar em Hank, eu tinha prestado um juramento a ele, jurando liderar seu exército Nephilim. Se eu falhasse em cumpri minha missão, isso resultaria na minha morte, e na da minha mãe.


Como cumprir minha promessa aos arcanjos e meu juramento a Hank? Eu via apenas uma opção. Iria liderar o exército de Hank. E lhes trazer paz. Provavelmente não era isso que ele tinha em mente quando me forçou a fazer o juramento, mas ele não estava mais por perto para discutir os detalhes. Não me tinha passado despercebido, contudo, que, ao virar as costas para a rebelião, eu também estava permitindo que os Nephilim continuassem presos aos anjos caídos. Não parecia certo, mas a vida era pavimentada por decisões difíceis. Como eu estava aprendendo bem demais. Agora, eu estava mais preocupada em manter os arcanjos felizes do que os Nephilim.


— O que sabemos sobre o meu juramento? — perguntei a Ucker. — Dante disse que entrou em vigor quando Hank morreu, mas quem determina se eu o obedeço ou não? Quem determina o que posso ou não posso fazer, em relação a cumprir meu juramento? Você, por exemplo. Estou me confidenciando com você, um anjo caído e inimigo jurado dos Nephilim. O juramento não vai me matar por traição?


— O juramento que você fez era o mais vago possível. Felizmente — disse Ucker com um alívio óbvio.


Ah, tinha sido bastante vago. E no ponto. Se você morrer, Hank, vou liderar o seu exército. Nem uma palavra a mais.


— Enquanto permanecer no poder e liderar os Nephilim, acho que você está dentro dos termos do juramento — disse ucker. — Você nunca prometeu a Hank que guerrearia.


— Em outras palavras, o plano é ficar de fora da guerra e manter os arcanjos felizes.


Ucker suspirou, quase para si mesmo.


— Algumas coisas não mudam nunca.


— Depois do Cheshvan, depois dos Nephilim desistirem da liberdade, e depois de colocarmos um sorriso grande e gordo de contentamento nos rostos dos arcanjos, podemos deixar tudo isso para trás. — Eu o beijei. — Seremos só você e eu.


Ucker resmungou.


— Essa parte não chega nunca.


— Ei, escuta — eu disse a ele, ansiosa para mudar para qualquer tópico que não fosse guerra. — Fui abordada por um homem hoje à noite. Um homem que quer ter uma palavrinha com você.


Ucker assentiu.


— Pepper Friberg.


— Pepper tem um rosto redondo como uma bola de basquete?


Ele assentiu de novo.


— Ele está me seguindo porque acha que voltei atrás num acordo que fizemos. Ele não quer ter uma palavrinha comigo. Quer me acorrentar no inferno e se ver livre de mim.


— Só eu que acho, ou isso soa meio sério?


— Pepper Friberg é um arcanjo, mas ele está metido em mais de uma coisa só. Está levando uma vida dupla, passando metade do seu tempo como arcanjo, e a outra metade se fazendo passar por humano. Até agora, ele está tirando proveito do melhor dos dois mundos. Tem o poder de um arcanjo, o que ele nem sempre utiliza para o bem, enquanto cede aos vícios dos humanos.


Então Pepper era um arcanjo. Não era de se admirar que eu não tivesse sido capaz de identificá-lo. Eu não tinha tido muita experiência com arcanjos.  Ucker continuou:


— Alguém descobriu sua desonestidade, e há rumores de que o estão chantageando. Se Pepper não pagar logo, suas férias na Terra vão se tornar muito mais permanentes. Os arcanjos irão tirar seu poder e arrancar suas asas se descobrirem o que ele anda aprontando. Ele vai ficar preso aqui de vez.


As peças se encaixaram.


— Ele acha que você está chantageando ele.


— Há algum tempo eu descobri o que ele estava aprontando. Concordei em manter o segredo dele, e, em troca, ele concordou em me ajudar a colocar as mãos em uma cópia do Livro de Enoque. Ele ainda não cumpriu sua parte, e parece lógico achar que eu estou me sentindo deixado de lado. Mas acho que ele deve ter sido descuidado e tem outro anjo caído por aí procurando se beneficiar de seus delitos.


— Disse isso a Pepper?


Ucker sorriu.


— Estou tentando. Ele não está se sentindo muito falante.


— Ele disse que vai queimar toda a Delphic se isso for preciso para te sufocar. — Eu sabia que arcanjos não ousavam colocar os pés dentro do Parque de Diversões Delphic, temendo por sua segurança em um lugar construído e altamente povoado por anjos caídos, então a ameaça fazia sentido.


— Ele está com o dele na reta e está ficando desesperado. Posso ter que me esconder.


— Se esconder?


— Ficar fora de vista. De cabeça baixa.


Eu me apoiei em um cotovelo e encarei Ucker.


— Como me encaixo neste plano?


— Ele acha que você é a passagem de ida até mim. Vai ficar grudado em você como esparadrapo. O carro dele está estacionado na rua debaixo agora mesmo, de olhos atentos à procura do meu carro. — Ucker alisou minha bochecha com seu polegar. — Ele é bom, mas não bom o bastante para me impedir de passar um tempo com a minha garota.


— Prometa que sempre vai estar dois passos a frente dele. — Pensar em Pepper capturando Ucker e o colocando na estrada livre até o inferno não me dava, precisamente, uma sensação calorosa e aconchegante.


Ucker enganchou um dedo no decote da minha roupa e me puxou para um beijo.


— Não se preocupe, Anjo. Tenho sido sorrateiro há mais tempo.


***


Quando acordei, o outro lado da cama estava frio. Sorri para a lembrança de dormir enrolada nos braços do Ucker, me concentrado nisso e não na probabilidade de que Pepper Friberg, conhecido também como Sr. Arcanjo com um Segredo Sujo, tivesse sentado do lado de fora da minha casa a noite toda, brincando de espião.


Pensei em um ano atrás, no outono do meu segundo ano. Naquela época, eu não tinha nem mesmo beijado um cara. Eu nunca poderia ter imaginado o que me aguardava. Ucker significava mais para mim do que eu seria capaz de dizer. Seu amor e fé em mim tiravam a dor das decisões difíceis que eu tinha sido forçada a tomar recentemente. Sempre que dúvida e arrependimento rastejavam para a minha consciência, tudo o que eu precisava fazer era pensar no Patch. Eu não tinha certeza se fazia a escolha certa toda vez, mas tinha uma certeza. Eu tinha feito a escolha certa com Ucker. Eu não podia desistir dele. Nunca.


Ao meio-dia, Ane ligou.


— Que tal eu e você irmos correr? — disse ela. — Acabei de comprar um par novo de tênis, e preciso lacear essas belezinhas.


— Ane, estou com bolhas por dançar a noite passada. E, espera um minuto. Desde quando você gosta de correr?


— Não é segredo que estou com alguns quilos a mais — disse ela. — Tenho ossos grandes, mas isso não é desculpa para deixar um pouquinho de flacidez me segurar. Tem um cara aí chamado Scott Parnell, e se me livrar de peso extra é o que for preciso para que eu tenha coragem de ir atrás dele, então é isso que vou fazer. Quero que Scott me olhe do jeito que Ucker olha para você. Eu não falava a sério sobre esse negócio de fazer dieta e exercício antes, mas estou virando uma nova página. Começando hoje, eu amo exercícios. É o meu novo melhor amigo.


— Ah é? E eu?


— Assim que eu perder esse peso, você vai voltar a ser a minha garota preferida. Passo para te buscar em 20 minutos. Não esqueça a faixa de cabelo. Seu cabelo faz coisas assustadoras quando fica úmido.


Eu desliguei, passei uma regata por sobre a cabeça, depois um moletom, e finalizei com o tênis.


Bem na hora, Ane apareceu para me buscar. E, imediatamente, ficou claro que não estávamos indo para a pista de corrida do colégio. Ela conduziu seu Neon roxo pela cidade, na direção oposta a da escola, cantarolando para si mesma.


Eu disse:


— Para onde estamos indo?


— Estava pensando em correr nas colinas. Colinas são boas para os glúteos. — Ela virou o Neon na estrada Deacon, e uma luz se acendeu na minha cabeça.


— Espera aí. Scott mora na estrada Deacon.


— Agora que pensei nisso, ele mora mesmo.


— Vamos correr ao lado da casa do Scott? Isso não é meio que... sei lá... coisa de perseguidor?


— É um jeito bem pessimista de encarar as coisas, Nora. Por que não ver isso como motivação? Olho no prêmio.


— E se ele nos ver?


— Você é amiga do Scott. Se ele nos ver, provavelmente vai sair e conversar com a gente. E seria rude não parar e lhe dar alguns minutos do nosso tempo.


— Em outras palavras, não vamos correr. É uma emboscada.


Ane fez um meneio com a cabeça.


— Você não é nem um pouco divertida.


Ela dirigiu vagarosamente pela Deacon, um trecho sinuoso de uma estrada pitoresca, com sempre-vivas densas beirando ambos os lados. Dentro de duas semanas, elas estariam cobertas de neve.


Scott morava com sua mãe, Lynn Parnell, em um conjunto de apartamentos que entrou no nosso campo de visão na curva seguinte. Durante o verão, Scott tinha se mudado e se escondido. Ele havia desertado o exército Nephilim de Hank Millar, e Hank havia procurado incansavelmente por ele, esperando torná-lo um exemplo. Depois que matei Hank, Scott tinha ficado livre para voltar para casa.


Uma cerca de cimento protegia a propriedade, e embora eu tivesse certeza de que a intenção tinha sido a de ter privacidade, isso dava ao local uma sensação de prisão. Ane entrou pelo portão e eu tive um flashback da vez em que ela me ajudou a bisbilhotar o quarto do Scott. Na época que eu achava que ele era um babaca que iria aprontar alguma. Nossa, como as coisas tinham mudado. Ane estacionou perto das quadras de tênis. As redes já tinham sumido há muito tempo, e alguém havia decorado o turfe com pichação.


Saímos e nos alongamos por alguns minutos.


Ane disse:


— Não me sinto segura deixando o Neon abandonado por muito tempo nesse bairro. Talvez devêssemos dar voltas ao redor do conjunto. Dessa forma posso ficar de olho no meu bebê.


— Aham. Também dá ao Scott mais chance de ver a gente.


Ane usava uma calça de moletom rosa-shocking com DIVA estampado na bunda em glitter dourado, e uma jaqueta rosa-shocking de lã. Ela também estava maquiada completamente, com brincos de diamantes em suas orelhas, um maxi anel de rubi, e cheirava a Pure Poison, da Dior. Simplesmente um dia normal de corrida.


Aceleramos o passo e começamos a correr lentamente pela trilha de terra que circulava o conjunto. O sol tinha aparecido e, após três voltas, retirei meu moletom, amarrando-o em volta da minha cintura. Ane foi, em linha reta, até um banco desgastado do parque e se arrastou, sugando ar.


— Acho que já foram oito quilômetros — disse ela.


Eu inspecionei a trilha. Claro... se subtraísse, mais ou menos, seis quilômetros.


— Talvez devêssemos espiar a janela do Scott — sugeriu Ane — É domingo. Ele pode estar dormindo além da conta e precisando de um despertador amigável.


— Scott mora no terceiro andar. A não ser que você tenha uma escada de doze metros escondida no porta-malas do Neon, espiar pela janela está fora de questão.


— Podemos tentar algo mais direto. Tipo bater na porta dele.


Bem então um Plymouth Barracuda laranja, aproximadamente dos anos 1970, chegou no estacionamento com um vrum. Parou debaixo da garagem, e Scott saiu de dentro. Como a maioria dos homens Nephilim, Scott tinha o corpo de alguém aparentemente bastante familiar com uma sala de musculação. Ele também é extraordinariamente alto, chegando quase a dois metros. Deixava seu cabelo cortado tão curto quanto um presidiário, e era bonitão, de um jeito durão e fortificado. Hoje ele vestia um short de basquete combinando com uma camiseta com as mangas rasgadas.


Ane se abanou.


— Uepa!


Levantei a mão no ar, com a intenção de chamar Scott e conseguir sua atenção, quando a porta do passageiro do Barracuda se abriu e Dante emergiu.


— Dá uma olhada só — disse Ane. — É o Dante. Faça as contas. Eles são dois, e nós somos duas. Sabia que eu gostava de correr.


— Estou sentindo uma compulsão súbita de continuar correndo — murmurei. E de não parar até colocar uma grande distância entre eu e Dante.


Não estava com vontade de prosseguir a conversa de ontem à noite. Do mesmo jeito, não estava com vontade que Ane bancasse cupido. Ela era irritantemente boa nisso.


— Tarde demais. Fomos avistadas. — Ane balançou o braço em cima da sua cabeça como uma hélice de helicóptero.


Como dito, Scott e Dante recuaram contra o Barracuda, balançando as cabeças e sorrindo para nós.


— Está me perseguindo, Grey? — gritou Scott.


— Ele é todo seu — eu disse a Ane. — Vou terminar de correr.


— E o Dante? Ele vai ficar de vela — disse ela.


— Vai ser bom para ele, confie em mim.


— Onde é o incêndio, Grey? — Scott chamou, e, para minha consternação, ele e Dante começaram a correr.


— Estou treinando — atirei de volta. — Estou pensando em... tentar entrar na equipe de corrida.


— As corridas não começam até a primavera — lembrou-me Ane.


Tentei de tudo.


— Oh-ou, a frequência cardíaca está caindo — gritei para Scott. E, com isso, saí correndo em disparada na direção oposta.


Ouvi Scott na trilha atrás de mim. Um minuto depois, ele agarrou a alça da minha regata, puxando-a de brincadeira.


— Quer me dizer o que está acontecendo?


Eu me virei para encará-lo.


— O que parece?


— Parece que você e a Ane vieram até aqui para me ver, sob o pretexto de correrem.


Dei um tapinha de parabéns no ombro dele.


— Bom trabalho, campeão.


— Então por que está fugindo? E por que Ane está cheirando a uma fábrica de perfume?


Eu permaneci em silêncio, deixando que ele descobrisse.


— Ah — disse ele por fim.


Eu abri as mãos.


— Meu trabalho aqui está terminado.


— Não me entenda mal, mas não sei se estou pronto para sair com a Ane o dia todo. Ela é bastante... intensa.


Antes que eu pudesse dar o sábio conselho “Finja até estar pronto”, Dante apareceu do meu lado.


— Posso ter uma palavra com você? — perguntou.


— Eita — eu disse baixinho.


— Essa é a minha deixa — disse Scott, e, para meu desânimo, ele correu para longe, me deixando a sós com Dante.


— Consegue correr e conversar ao mesmo tempo? — perguntei a Dante, pensando que preferia não ter que olhar nos olhos dele enquanto ele reprocessava suas opiniões sobre nossa relação provisória. Além do mais, isso dizia muito sobre o quanto eu estava a fim de ter esta conversa.


Como resposta, Dante acelerou o passo, correndo ao meu lado.


— Que bom vê-la correndo — disse ele.


— É? Por quê? — ofeguei, empurrando alguns fios de cabelos soltos para longe do meu rosto encharcado de suor. — Fica animado ao me ver completamente bagunçada?


— Isso, e é um bom treinamento para o que tenho reservado para você.


— Tem algo reservado para mim? Por que tenho a sensação de que não quero ouvir mais?


— Você pode ser uma Nephilim agora, Dulce, mas está em desvantagem. Ao contrário de Nephilim concebidos naturalmente, você não tem a vantagem de uma altura elevada, e não é tão poderosa fisicamente.


— Sou muito mais forte do que você pensa — eu reclamei.


— Mais forte do que você era. Mas não tão forte quanto uma Nephilim do sexo feminino. Você tem o mesmo corpo de quando era humana, e, embora fosse adequado para seu propósito, não é o  bastante para competir agora. Sua estrutura é muito magra. Comparada a mim, você é abismalmente baixa. E seu tônus muscular é patético.


— Nossa, quanta bajulação.


— Eu poderia te dizer o que acho que você quer escutar, ao invés do que precisa ouvir, mas eu seria mesmo seu amigo se fizesse isso?


— Por que acha que precisa me dizer isso?


— Não está preparada para lutar. Você não tem a mínima chance contra um anjo caído. É simples assim.


— Estou confusa. Por que preciso lutar? Achei que deixei repetidamente claro ontem que não vai haver guerra. Vou liderar os Nephilim e lhes trazer paz.


E manter os arcanjos longe de mim. Ucker e eu tínhamos decidido, sem erro, que Nephilim enfurecidos eram um inimigo melhor do que os arcanjos todo poderosos. Estava evidente que Dante queria batalhar, mas nós discordávamos. E, como líder do exército Nephilim, a decisão final era minha. Senti que Dante estava me questionando, e não gostei nem um pouquinho disso.


Ele parou, me pegando pelo pulso para que pudesse olhar direto para mim.


— Você não pode controlar tudo que acontece daqui em diante — disse ele bem baixo, e um arrepio de mau presságio deslizou por mim como se eu tivesse engolido um cubo de gelo.


— Eu sei que pensa que estou pegando no seu pé, mas prometi a Hank que cuidaria de você. Te digo uma coisa. Se a guerra estourar, ou mesmo se houver uma baderna, você não vai sobreviver. Não no seu estado atual. Se algo acontecer e você for incapaz de liderar o exército, você vai ter quebrado o seu juramento, e sabe o que isso significa.


Ah, eu sabia o que significava, muito bem. Cavar a minha própria cova. E arrastar a minha mãe junto.


— Eu quero lhe ensinar habilidades o bastante para você se virar, como precaução — disse Dante. — Isso é tudo que estou sugerindo


Engoli em seco.


— Você acha que se eu treinar com você, vou chegar ao ponto de estar forte o bastante para conseguir lidar com as coisas sozinha — Contra anjos caídos eu conseguiria. Mas e quanto aos arcanjos? Prometi impedir a rebelião. Treinar para batalha não combinava com esse objetivo.


— Acho que vale a pena.


A ideia de uma guerra transformava meu estômago em um maço de nós, mas não queria demonstrar medo na frente de Dante. Ele já pensava que eu não sabia me cuidar.


— Então, qual dos dois? Você é meu pseudo-namorado ou meu personal trainer?


A boca dele se contorceu.


— Ambos.


 


 


Juhcunha: Eu nao vou falar nada porque se nao voce vai me bate u.u



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Quando Ane me deixou após a corrida, haviam duas chamadas não atendidas no meu celular. A primeira era de Marcie Millar, minha às vezes arqui-inimiga e, como o destino sempre prega peças, minha meia-irmã de sangue, mas não por amor. Passei os últimos 17 anos sem ter nenhum conhecimento de que a menina que roubou meu leite acho ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 75



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  • Vanuza Ribeiro Postado em 17/07/2015 - 02:09:05

    fooooooooooi estremamente linda a fanfic adorei *-----* parabéns.

  • Vanuza Ribeiro Postado em 14/07/2015 - 00:50:36

    estou lendo a fanfic ja a algum tempo e estou a m a n d o --- preciso de um anjo desses na minha vida, que dlc kkkkkkkkkk- vo começar a ler finale.

  • juhcunha Postado em 05/04/2015 - 23:35:45

    ai meu deus chorando litros morrendo quero mais nao acredito que terminou nisso queo mais muito mias a serie divergente e muito foda mais muito triste no final

  • juhcunha Postado em 05/04/2015 - 22:06:38

    posta mais

  • juhcunha Postado em 01/04/2015 - 22:11:51

    como e a Anie e um dele caranba quantas supresas e que essa cara ta fazendo na casa do ucker!

  • juhcunha Postado em 30/03/2015 - 20:56:59

    dante filho da puta traidor nao imaginava ele caranba !

  • juhcunha Postado em 29/03/2015 - 02:25:13

    Dabria vaca que beijo o homem dos outro puta se fudeeu dulce arazando

  • juhcunha Postado em 26/03/2015 - 01:34:59

    A porra fico seria agora!

  • juhcunha Postado em 23/03/2015 - 23:13:32

    marcie vaca robou o scott da ane puta e scott deveria te dado um fora nela ! O QUE O Que tinha naquele punhau era veneno caranba puta que paria

  • juhcunha Postado em 23/03/2015 - 01:16:44

    eu to descofiada que esse detetive basso e um arcanjo porque ele ta sempre vigiando sempre nos lugares errados


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