Me desculpem meninas... eu sumi por um tempão, estava sem um pingo de inspiração... ainda tem alguém lendo ai??? Leitores novos? se manifestem :)
Dou voltas na cama toda a noite. A cama parece um matagal de travesseiros e mantas empapadas em suor; o corpo e a mente estão exaustos pelos sonhos. Acordei, ofegando por ar, só para ser absorvida novamente, retornando ao mesmo lugar de que lutei por escapar. E a única razão pela que quero que se detenha é porque Maite está ali, rindo alegremente enquanto me agarra pela mão e me leva de tour por uma terra muito estranha; mas ainda quando saltito junto a ela pretendendo desfrutar também da viagem, nesse momento, volta-me de costas e engatinho até a superfície ansiosa por sair desta cena, porque a verdade é, que não é realmente Maite.
Maite se foi. Cruzou a ponte por minha insistência, avançando até um lugar desconhecido. E embora ela siga insistindo, gritando para que eu lhe preste atenção, para que só confie nela e deixe de correr… me nego a obedecer. Segura que é alguma espécie de castigo por machucar Christopher, mandar Drina a Shadowland, e pôr em risco tudo o que me importa, permitindo a meu subconsciente produzir estas imagens de culpa-induzida tão recobertas de felicidade que não há maneira de que sejam reais.
Mas desta vez, justo quando estou a ponto de pôr-me a correr, Maite aparece justo diante de mim, bloqueando minha saída, e gritando para que eu ficasse quieta. De pé, diante de um grande cenário, pouco a pouco se vão abrindo as cortinas, deixando ver uma peça de forma retangular, alta e estreita como uma prisão de cristal, retendo um desesperado Christopher lutando em seu interior. Corro para ajudar enquanto Maite simplesmente olha, lhe rogando que resista enquanto o ajudo a sair. Mas nem sequer pode me ouvir. Só continua lutando até que é superado pelo esgotamento, pela inutilidade absoluta, fecha seus olhos e se desvanece diretamente no abismo. Em Shadowland. O lar das almas perdidas.
Saltei de minha cama, com o corpo tremendo, pasmada, empapada em suor e fiquei de pé no centro do meu quarto com um travesseiro apertado contra o peito. Superada não só pela sensação de derrota total, mas também pela horrível mensagem enviada por minha irmã imaginada, me dizendo que não importava quanto me esforçasse porque não poderia salvar meu companheiro de alma de mim.
Rapidamente, procurei em meu armário um pouco de roupa para me trocar e um par de tênis antes de me dirigir à garagem. Sei que é muito cedo para ir ao colégio, muito cedo para ir a qualquer parte, mas me nego a me dar por vencida. Nego-me a acreditar em pesadelos. Tinha que começar por algum lado. Devia usar o que tinha. Mas justo quando estava para subir ao carro, pensei melhor. Dava-me conta que ao abrir a porta da garagem e ao acender o carro poria em risco o despertar de Sabine. E apesar de poder sair e manifestar outro carro, bicicleta, moto, ou qualquer outra coisa, começo a correr.
Nunca fui uma boa corredora. Estava mais acostumada a arrastar os pés em Educação Física com cada volta forçada, que me esforçar por fazer qualquer classe de marca pessoal. Mas isso foi antes de me converter em imortal, antes de estar dotada com uma velocidade incrível. Uma velocidade da qual nem sequer comecei a provar os limites, já que a última vez que corri foi a primeira vez que me dava conta de que inclusive tinha esse potencial. Mas agora tinha a oportunidade perfeita para comprovar que tão longe e com que rapidez poderia chegar antes de me deter, me cansar ou cair ao chão com cãibras. Não posso esperar para prová-lo.
Deslizo-me pela porta lateral e me dirijo à rua. Pensando que primeiro deveria começar a esquentar, começar com um trote lento antes de golpear o asfalto a toda velocidade. Mas ainda não tinha começado, quando um importante aumento de adrenalina me golpeia, percorrendo meu corpo como o mais alto nível de combustível de foguetes. E o próximo que sei, é que balanço a toda velocidade. Correndo tão rápido que as casas de meus vizinhos ficam reduzidas a uma visão imprecisa de gesso e pedras. Saltando latas de lixo e esquivando-me dos carros mal estacionados, enquanto chego à rua com a graça e a agilidade de um gato selvagem. Sem ter consciência virtual de minhas pernas ou pés, só confiando em que não me falharão e que me levarão a meu destino em um tempo milagroso. E não passaram mais que uns segundos quando estou de pé frente a ele, o único lugar ao que jurei que nunca retornaria, preparada para fazer a única coisa que prometi ao Christopher que não faria, me aproximar da porta do Poncho, com a esperança de negociar algum tipo de acordo. Mas inclusive antes de poder levantar minha mão para chamar, Alfonso estava ali. Vestido com uma bata púrpura sobre um pijama de seda azul, com umas sapatilhas bordadas de veludo com raposas douradas fazendo jogo, aparecendo pela prega.
Seu olhar dissimulado, estreita, me vendo sem rastro de surpresa.
— Dulce — inclina a cabeça a um lado, permitindo uma vista sem obstruções de sua intermitente tatuagem Ouroboros. — O que te traz pela vizinhança?
Meus dedos jogavam com o amuleto debaixo de minha camisa, com o coração acelerando-se debaixo, esperando que Christopher esteja correto e que proporcione o amparo necessário chegado o caso.
— Precisamos falar — tentando não me encolher quando seus olhos navegaram por mim, desfrutando de um agradável, comprido e depravado cruzeiro.
Olhou de esguelha a noite e logo voltou para mim.
— Precisamos? — Levanta uma sobrancelha. — Não tinha nem ideia.
Começo a revirar os meus olhos, mas recordo o propósito que me trouxe até aqui e não digo nada.
— Reconhece a porta? — Tamborilou duramente os nódulos contra a madeira, provocando um bonito golpe sólido, enquanto me perguntava que poderia estar tramando. — É obvio que não o faz — disse, com um tic aos lados de seus lábios. — Isso é porque é nova. — Vi-me obrigado a substituir a anterior depois de sua última visita. Lembra? Quando a quebrou ao entrar para atirar meu fornecimento de elixir pelo ralo? — Ri e sacode a cabeça. — Muito mal feito por sua parte, Dulce. Um desastre devo dizer. Espero que hoje consiga se comportar melhor. — Apoiou-se contra o marco da porta e me fez gestos para que entrasse, me olhando de uma maneira tão profunda, tão intimidadora, que não podia me fazer retroceder.
Dirigia-me pelo corredor para dentro da guarida, notando como a porta não era quão único tinha trocado desde minha última vez. Já não estavam as pinturas emolduradas do Boticelli e não preponderavam os estampados floreados, tudo foi substituído por mármore e pedra, tecidos escuros, ásperas paredes de gesso e objetos de ferro negro com forma de espiral.
— Toscana? — Dou-me a volta e me surpreendo ao encontrá-lo parado tão perto de mim, até podia lhe ver suas particulares bolinhas escuras cor púrpura em seus olhos.
Esparrama os ombros, recusando-se a retroceder e me dar espaço.
— Às vezes desejo um pouco o velho país. — Sorri, ampliando lentamente suas bochechas, me mostrando uns dentes brancos brilhantes. — Como bem sabe, Dulce, não há lugar como o lar.
Engoli em seco, estudando a saída mais rápida, já que não podia me dar o luxo de cometer o mais mínimo engano.
— Assim me diga, a que devo esta magnífica surpresa? — Olhou por acima de seu ombro enquanto se dirigia ao bar. Escolheu uma garrafa de elixir da geladeira de vinhos, serviu-o-o em uma taça de cristal e me ofereceu. Neguei com a cabeça e com um gesto com a mão, olhando enquanto ele dirigiu-se ao sofá onde se deixou cair, com as pernas amplamente estendidas, apoiando a taça sobre seu joelho. — Assumo que não veio de visita em plena noite para admirar meu mais recente desenho de decoração. Então me diga, o que me propõe?
Encoragei-me e decidi lhe olhar aos olhos sem me sobressaltar, sem vacilar, me inquietar ou exibir qualquer outro sinal de debilidade. Consciente de que toda esta situação pudesse mudar em um instante e que facilmente podia passar de leve curiosidade à presa irresistível.
— Estou aqui para negociar uma trégua — pondo-me alerta ante qualquer tipo de reação, mas obtendo somente seu penetrante olhar. — Já sabe, um cessar fogo, uma proclamação de paz, um…
— Por favor. — Agita a mão. — Economize a definição, querida. Posso-o dizer em vinte línguas e quarenta dialetos. Você?
Encolhi-me de ombros, sabendo que tinha sorte de havê-lo dito em uma.
Olhei como formava redemoinhos em seu gole, o líquido vermelho brilhava quando subia pelos flancos e salpicava fazia abaixo.
— E que tipo de trégua está procurando? Você entre todas as pessoas deveria saber como funciona. Não tenho a intenção de te dar nada, a menos, que esteja disposta a entregar algo seu. — Apontou o estreito espaço a seu lado sorrindo, como se eu tivesse considerado me unir a ele ali.
— Por que faz isto? — Perguntei, incapaz de conter minha frustração. — Quero dizer, é mais ou menos de aparência agradável, é imortal, tem todos os dons que isso suporta, pode ter quase qualquer coisa que queira, então, por que insiste em me incomodar?
Alfonso jogou a cabeça para trás e riu, com um grande bramido que encheu a sala. Finalmente se acalmou o suficiente para nivelar seu olhar, observou-me fixamente me perguntando:
— Mais ou menos de aparência agradável? — Sacudiu a cabeça e riu de novo, colocando seu copo sobre a mesa e recuperando um cortador de unhas com incrustações de jóias douradas na cobertura — Mais ou menos de aparência agradável — sussurra, sacudindo a cabeça, tomando um momento para revisar suas unhas, antes de dirigir-se outra vez para mim. — Vê, querida, é disso que se trata. Posso ter tudo que quero, algo ou alguém. Tudo vem a mim fácil. Muito fácil. — Suspirou, trabalhando em suas unhas, tão concentrado, que me perguntava se ia seguir, quando diz — Tudo se torna um pouco aborrecido depois dos – OH - centenas de anos. De momento, é muito jovem para entender tudo isto, algum dia se dará conta de quão grande é o favor que te tenho feito.
Entrecerro os olhos, sem ter ideia do que ele queria me dar a entender. Um favor?
Falava a sério?
— Está certa de que não quer sentar-se? — Sacudiu o cortador de unhas em direção a poltrona que estava a minha direita, insistindo para sentar-me. — Está-me fazendo sentir um mau anfitrião, insistindo em ficar de pé dessa maneira, além disso, não tem ideia de quão atraente está? Um pouco… como se estivesse prostrada em uma cama, mas claro, em uma forma mais desejável. — Estreitou seus olhos até que ficaram tão lisos e brilhantes como os de um gato, seus lábios estavam separados o suficiente para deixar sair sua língua. Mas eu fiquei quieta e pretendi não notá-lo. Tudo com Poncho é um jogo e sentar-me seria admitir a derrota. Embora permanecer assim, olhando como umedecia os lábios com sua língua enquanto seu olhar se detinha em lugares equivocados, não se sentia como parte de uma vitória.
— Está delirando mais do que pensava se acredita que me tem feito um favor — com a voz rouca e áspera, longe de ser forte. — Está louco! — acrescentei, lamentando as palavras no instante em que saíram.
Mas Alfonso só encolhe os ombros, inalterado por meu desdobramento emocional enquanto volta a enfocar-se em suas unhas.
— Confie em mim, é algo mais que um favor, querida. Dei-te um propósito. Como muitos chamam-no, uma razão de ser. — Olhou-me com a frente levantada. — Me diga, Dulce. Não está completamente obcecada por encontrar uma maneira para consumar algo com o Christopher? Não está se desesperando por uma solução, tanto é assim, que você se convenceu de que era uma boa ideia vir aqui?
Dificilmente pude engolir e o olhei fixamente. Devia saber, devia ter seguido a recomendação de Christopher.
— É muito impaciente. — Assentiu com a cabeça e suavizou as bordas de suas unhas recém cortadas. — Por que tem pressa se tiver toda a eternidade? Pense nisso, Dulce, exatamente…
Como passaria a eternidade se não fosse por mim? Aninhariam-se um ao outro em ramalhetes de tulipas vermelhas? Passar tanto tempo juntos? Não crê que poderia chegar a um ponto em que se aborreceria?
— Isto é ridículo. — Olhei-o brava. — E também é ridículo o fato de que veja isto como se tivesse feito um ato de cavalheirismo. — Sacudi minha cabeça, sabendo que não tinha a necessidade de continuar. Estava delirando, louco vendo as coisas do seu típico ponto de vista egoísta.
— Por seiscentos anos a desejei — disse — deixando seu cortador de unhas de lado, seu olhar não deixou o meu. — E me pergunta por quê? Por que me incomodo com a mesma mulher, quando posso ter a quem quiser? — Olhava-me como se esperasse minha resposta, mas nós dois sabíamos que não tinha intenção de responder. — Não foi só sua beleza como você pensa – embora admito, que isso no princípio impulsiona as coisas. — Sorriu com seus olhos cheios de lembranças. — Não, era o simples fato de que não podia tê-la. Não importava quão duro o tentasse, não importava quanto a desejasse, nunca me permitiu. — Me olhava fixamente, seu olhar era duro e intenso. — O compreenderá.
Entrecerrei meus olhos. O fato de que tivesse passado séculos desejando a esse monstro não era de meu interesse, mas ele simplesmente continuou, ignorando minha expressão de desgosto quando disse:
— Não cometa um engano Dulce. Estou a ponto de compartilhar algo muito importante, algo que em realidade deveria ter em mente. — Inclinou-se para frente, pôs seus braços sobre seus joelhos, sua voz foi firme e baixa, cheia de uma nova preocupação. — Nós sempre queremos o que não podemos ter. — Inclinou-se para trás, assentindo como se acabasse de compartilhar a chave para a iluminação espiritual. — Essa é a natureza humana. É a maneira que somos criados. E por muito que escolha não acreditá-lo, essa é a única razão pela que Christopher passou os últimos quatrocentos anos te desejando.
Olhei-o fixamente, sua cara estava pálida, seu corpo imóvel, consciente de que estava tratando de me machucar, como sempre o fazia, sabendo que este tinha sido um de meus temores do momento em que me inteirei de nossa história.
— Aceite, Dulce. A incrível beleza de Drina não foi suficiente para manter o interesse de Christopher. Estou ciente de que está consciente de quão rápido ele se cansou dela.
Engoli em seco, meu estômago estava tão duro como uma pedra de mármore.
Desde quando duzentos anos são considerados rápidos? Mas suponho que quando se trata da eternidade todo é relativo.
— Não é um concurso de beleza — eu disse, me encolhendo ao escutar minhas palavras pronunciar-se em voz alta. Ou seja, seriamente, é isso o melhor que pode responder?
— Claro que não o é, querida. — Alfonso sacudiu sua cabeça, com lástima refletida em seu olhar. — Se o fosse isso, Drina ganharia - recostou-se, com os braços estendidos ao longo das almofadas, o copo descansava na parte superior, me desafiando a responder.
— Me deixe adivinhar: se convenceu que isto se trata de duas almas fundindo-se em uma sozinha, destinados um ao outro e todo esse conto de amor infantil? — riu, assentindo quando acrescenta — Isso é o que está pensando, verdade?
— Não queira saber o que estou pensando. — Estreitei meu olhar, determinada a chegar ao ponto aonde minha paciência desaparecia. — Não vim aqui para me aborrecer com seus letanías filosóficas, vim porque…
— Porque quer algo de mim. — Assentiu, deixando sua bebida no chão, o copo deu um golpe sobre a madeira sólida. — De qualquer maneira, estou no comando, o que significa que não está em posição para determinar as regras.
— Por que faz isto? — Sacudi minha cabeça, já cansada deste jogo. — Por que se incomoda quando sabe que não estou interessada? Certamente se dá conta de que não importa o que faça ao Christopher ou a mim, isso nunca trará Drina de volta, o que está feito, feito está. Não pode ser mudado. Ao final, todo este jogo, toda esta estupidez em que está empenhado, realmente te impede de viver sua vida e seguir adiante. — Segui olhando-o com uma firmeza contundente. Projetando uma imagem dele me compartilhando o antídoto e cooperando comigo. — Peço-lhe isso da maneira mais sensata e lógica que posso. Por favor, me ajude a desfazer o que fiz ao Christopher, assim todos poderemos conviver.
Alfonso sacudiu a cabeça, entrecerrando seu olhar e apertando os olhos.
— Sinto muito, querida, o preço está estabelecido. Agora a questão é se está disposta a pagá-lo.
Apoiei-me na parede, cansada, derrotada, mas não o deixei ver meus sentimentos. Sabendo que a única coisa que ele queria era a única que eu nunca lhe daria. Este era o mesmo velho jogo do qual Christopher me tinha advertido.
— Nunca me terá, Alfonso. Nunca, jamais, enquanto eu…
Nem sequer cheguei à parte mais desagradável e insultante, quando de repente ele se levantou do sofá, movendo-se muito rápido, de repente seu fôlego golpeou em minha bochecha muito antes de que pudesse piscar.
— Relaxe — sussurrou-me, sua cara estava tão perto que podia ver cada perfeito poro de sua pele. — Poderia chegar a ser divertido, seria divertido, pelo menos, mas isso não é tudo. Vou atrás de algo muito mais esotérico do que me deitar com uma virgem. Embora, se quer fazê-lo, sem ter apegos emocionais, asseguro-te querida, que sempre estou disposto para essa tarefa. — Sorriu-me, seus olhos profundos se cravavam diretamente nos meus, projetando o filme que estava em sua cabeça, do qual os protagonistas eram ele, eu e sua grande cama.
Desviei meu olhar, meu fôlego começava a ficar cada vez mais rápido, esforçando-me para não lhe golpear a virilha fortemente com meu joelho, quando seu nariz passou por minha orelha, bochecha e pescoço, inalando meu aroma.
— Sei pelo que está passando, Dulce — disse entre dentes, enquanto seus lábios passeavam pela ponta de minha orelha. — Desejando algo tão verdadeiramente próximo, e entretanto sem poder poder prová-lo. Esse é o tipo de dor que a maioria das pessoas nunca experimentará. Mas nós o experimentamos, não é verdade? Você e eu estamos relacionados dessa maneira.
Relaxei meus punhos e lutei para me estabilizar. Sabendo que não podia me arriscar fazendo um algo apressado. Não podia me permitir reagir impulsivamente.
— Não se preocupe. — Sorriu, afastando-se de mim. — É uma garota inteligente. Estou certo que tudo se resolverá — Encolheu-se de ombros. — Bom, nada mudará, não é verdade? Tudo permanecerá exatamente igual. Ficaremos você e eu com nossos destinos entrelaçados para toda a eternidade.
Passa pelo corredor, movendo-se tão rápido que demorei um momento para poder ver sua forma. Inclinando sua cabeça e me acompanhando até a porta, virtualmente me empurrando, quando me diz:
— Lamento encerrar nossa conversa tão apressadamente. Embora o faça para guardar sua reputação. Se Christopher souber que esteve aqui… bom isso poderia ser bastante trágico para você, não é verdade?
Riu, com seus dentes brancos e reluzentes, seu cabelo loiro, pele bronzeada e olhos azuis , definitivamente, igual a um menino de anúncio da Califórnia.
― Venha e desfrute da boa vida em Laguna Beach.
E de repente me enfureço comigo mesma, enfureço-me de ser tão estúpida, por não escutar Christopher, por nos pôr de novo em perigo e por dar a Alfonso uma coisa a mais para ter o domínio sobre mim.
— Sinto que não tenha conseguido o que veio buscar, querida — disse em um ronrono, sua atenção se dirigida a um Jaguar Vintage de cor negra que se aproximava rapidamente da entrada que dava a casa. Em seu interior um formoso casal de cabelo escuro que se dirigiam para dentro.
Fechando a porta atrás dele, acrescentou:
— Faça o que faça, nunca se aproxime nem toque o carro de Marco enquanto sai, enlouqueceria se o fizesse e deixasse uma mancha nele.