tatyellevondy: Kkkk, ok vou responder, sim a Ava é do bem, kkkk ti entendo.
No dia seguinte, quando entro no estacionamento, Christopher não estáva lá, e enquanto saio do meu carro, coloco minha mochila no ombro e me dirijo para a aula, digo a mim mesma, palavras de encorajamento e me preparo para o pior.
Mas quando chego à sala de aula, fico completamente imóvel olhando estupidamente a porta pintada de verde e incapaz de abri-la. Como minhas habilidades psíquicas se evaporam em todos os assuntos relacionados à Christopher, a única coisa que posso ver realmente é o pesadelo que eu criei na minha mente. Esse onde Christopher está empoleirado na borda da mesa de Stacia, rindo e flertando, tirando rosas por todas as partes, enquanto eu entro e caminho para a minha mesa, a cintilação doce e quente de seu olhar para mim por alguns segundos e, em seguida, dar-me as costas e concentra-se novamente em Stacia.
E eu simplesmente não posso entrar e presenciar isso. Eu realmente não posso suportar isso, porque embora Stacia seja cruel, grosseira, horrível e sádica, ela é assim de uma forma direta, sem segredos, sem mistérios. Sua crueldade está ali, claramente exposta.
Enquanto eu sou totalmente o oposto: paranóica, cheia de segredos, escondendo-me atrás de óculos escuros e capuz e guardando uma carga tão pesada, que não há nada simples sobre mim.
Alcanço a maçaneta novamente, recriminando-me: "isto é ridículo. O que você vai fazer, sair da escola? Você tem que lidar com isso durante um ano e meio. Então se acostume e entre logo de uma vez!"
Mas minha mão começa a tremer, recusando-se a obedecer, e quando estou prestes a correr, um garoto vem por trás, limpa sua garganta e diz:
— Ei, você vai abrir isso? — Completando a pergunta em sua cabeça com um não dito sua "maldita anormal!"
Assim eu respiro profundamente, abro a porta, e me esquivo para dentro. Sentindo-me pior do que havia imaginado quando vejo que Christopher não está ali.
No segundo que entro na área do almoço, faço uma varredura nas mesas buscando Christopher, mas quando não o vejo, dirijo-me ao meu lugar habitual, chegando ao mesmo tempo em que Anahi.
— Dia seis e nenhuma notícia sobre Evangeline — ela disse deixando cair sua caixa de cupcakes em cima da mesa antes de se sentar em frente a mim.
— Você perguntou no grupo dos anônimos? — Christian senta-se ao meu lado e tira a tampa de sua vitamina.
Anahi revira os olhos.
— Eles são anônimos, Christian.
Christian revisa os olhos.
— Me refiro ao seu mentor.
— Eles se chamam patrocinadores e sim, eu já perguntei e não foi de muita ajuda, não ouviu nada. Embora Drina pense que estou exagerando, disse que estou fazendo muito alvoroço por nada.
— Ela ainda está aqui? — Christian a encara fixamente.
Meus olhos vagam entre eles, alertada pela alteração em sua voz e esperando por mais. Como quase tudo que tem haver com Christopher e Drina está fisicamente fora dos limites, estou igualmente curiosa para escutar a resposta.
— É sim Christian, ela agora vive aqui. Por quê? Isso é um problema? — Ela estreita seus olhos.
Christian dá de ombros e toma de sua bebida.
— Nenhum problema. — Embora seus pensamentos digam o contrário e sua aura amarela torna-se escura e opaca enquanto se esforça em decidir o que dizer ou não dizer nada. — É só... — ele começa.
— É só o quê? — Ela o olha com os olhos semicerrados e lábios tensos.
— Bem...
Eu o olho pensando: "Faça isso, Christian, diga a ela. Drina é arrogante, horrível, uma má influência, puro problema. Você não é o único que vê isso, eu também vejo, então vá em frente e diga, ela é a pior."
Ele vacila, as palavras formando-se em sua língua, enquanto eu seguro a respiração, antecipando sua saída. Ele inspira alto, balança a cabeça e diz:
— Não, esqueça.
Eu olho para Anahi, observando seu rosto enfurecido, sua aura alargando-se, as bordas faiscando e inflamando, prevendo uma grande explosão em três-dois-um.
— Me desculpe Christian, mas eu não acredito nisso. Se tem algo a dizer então que o diga — ela lança um olhar fulminante pra ele, seu cupcake completamente esquecido enquanto bate seus dedos de encontro à mesa, e como ele não responde, ela continua. — Como quiser Christian. Você também Dulce. Só porque não disse nada, não te torna menos cúmplice.
Christian me olha cuidadosamente com seus olhos enormes e sobrancelhas arqueadas, e eu sei que deveria dizer algo, fazer alguma coisa, fingir e perguntar de quê exatamente sou culpada.
Mas a verdade é que eu já sei. Sou culpada porque não gosto da Drina. Porque não confio nela.
Sou culpada porque sinto algo suspeito, até mesmo sinistro, e não faço o bastante para esconder essas suspeitas.
Ela balança a cabeça negativamente, revira seus olhos e está tão zangada que praticamente cospe suas palavras:
— Vocês nem sequer a conhecem e não tem direito de julgá-la! Para a sua informação, eu gosto de Drina e no curto período de tempo que a conheço, ela tem sido melhor amiga do que qualquer um de vocês dois!
— Isso não é verdade! — Grita Christian com os olhos em chamas. — Isso é uma grande besteira!
— Desculpa Christian, mas é verdade. Vocês me toleram, andam comigo, mas vocês não me entendem como ela me entende. Drina e eu gostamos das mesmas coisas, compartilhamos os mesmos interesses. Ela não quer secretamente que eu mude como vocês querem. Ela me aceita como eu sou.
— Ah, então foi por isso que mudou sua aparência? Porque ela te aceita como você é?
Eu observo como Anahi fecha os olhos, respira lentamente e depois olha para Christian enquanto se levanta da cadeira, recolhe suas coisas e diz:
— Tanto faz Christian. Não me importa o que pensa nenhum de vocês.
— E agora, Senhoras e Senhores, preparem-se para a grande saída dramática! — Christian franze as sobrancelhas — O quê? Você está brincando? Tudo o que fiz foi perguntar se ela ainda estava aqui! Isso foi tudo e você transformou tudo nesse calvário! Deus! Senta, pensa em algo feliz e relaxa, certo?
Ela diz que não com a cabeça e se apóia na mesa e eu posso ver a pequena e elaborada tatuagem em seu pulso já terminada, mais ainda vermelha e inflamada.
— O que significa isso? — Lhe pergunto, vendo a tinta representar uma cobra comendo sua própria cauda, sabendo que existe um nome para isso, que é um tipo de cultura mística, mas não lembro qual é.
— Ouroboros — e quando ela fricciona com seu dedo, juro que vi a língua da serpente se mover.
— O que significa?
— É um antigo símbolo alquimista para a vida eterna, criação pela destruição, vida pela morte, imortalidade, algo assim — disse Christian.
Anahi e eu o encaramos, mas ele simplesmente dá de ombros.
— O quê? Eu leio.
Então eu olho para Anahi e digo:
— Parece infeccionado. Talvez devesse dar uma olhada nisso.
Mas assim que eu digo, eu sei que foi a coisa errada a dizer, e vejo como ela ajeita a manga da blusa e sua aura acendendo e inflamando.
— Minha tatuagem está bem. Eu estou bem. E me desculpe por dizer, mas não posso evitar de notar como nenhum de vocês estão preocupados com Christopher, que, aliás, não vem para a escola. Quero dizer, o que está acontecendo?
Christian olha o seu celular e eu só dou de ombros. Não posso dizer que ela está errada e vemos como ela balança a cabeça, pega sua caixa de cupcakes e sai.
— Pode me dizer o que acabou de acontecer aqui? — Christian diz, observando com ela ziguezagueia entre o labirinto de mesas, com grande pressa de ir para algum lugar.
Mas eu só dou de ombros, incapaz de esquecer a imagem da serpente em seu pulso e como virou sua cabeça, fixando seus olhos diretamente em mim.
No momento em que entro em minha rua, vejo Christopher encostado em seu carro sorrindo.
— Como foi à escola? — Ele pergunta, circulando o carro e abrindo a minha porta.
Eu dou de ombros e pego meus livros.
— Vejo que continua irritada — ele disse, seguindo-me até a porta da minha casa e, mesmo que não esteja me tocando, posso sentir o calor que emana do seu corpo.
— Não estou irritada — digo entre dentes, abrindo a porta e deixando cair minha mochila no chão.
— Bem, isso é um alívio porque eu fiz reservas para dois, e se você não está irritada, então eu suponho que você virá comigo.
Eu o encaro, meus olhos viajando por seus jeans escuros, botas e suéter negro claro que só pode ser caxemira, tentando adivinhar o que ele estaria inventando agora.
Ele remove meus óculos escuros e meus fones de ouvidos e os coloca sobre a mesinha da entrada.
— Confie em mim, você realmente não precisa de todas essas defesas — ele disse, baixando meu capuz, mantendo seu braço ao redor do meu e me levando para fora de casa, até seu carro.
— Aonde vamos? — Lhe pergunto, acomodando-me complacentemente no assento do passageiro, sempre tão disposta a seguir qualquer que seja seu plano. — Quero dizer, e quanto ao meu dever de casa? Eu tenho uma tonelada de tarefas para pôr em dia.
Mas ele só balança a cabeça e se senta ao meu lado.
— Relaxe, você pode fazer mais tarde, eu prometo.
— Quanto mais tarde? — Eu o olho atentamente, me perguntando se alguma vez poderei me acostumar com a sua incrível e obscura beleza, o calor do seu olhar e a sua capacidade de me convencer de qualquer coisa.
Ele sorri, ligando o carro sem nem sequer girar a chave.
— Antes da meia-noite, eu prometo. Agora coloque o cinto, daremos um passeio.
Christopher conduz rápido. Muito rápido. Assim, quando ele entra no estacionamento e deixa seu carro com o manobrista, parece que só se passaram alguns minutos.
— Onde estamos? — Lhe pergunto, olhando os edifícios verdes e o letreiro que diz Entrada Leste. — Entrada Leste pra onde?
— Bem, isso deve explicar — ele ri, puxando-me para ele quando quatro brilhantes e suados cavalos puro sangue passam por nós. Seguidos por um cavaleiro com uma jaqueta verde e rosa, a calça branca e apertada e um par de botas pretas sujas de lama.
— Um Hipódromo? — Digo boquiaberta. Assim com foi na Disneylândia, isto era completamente inesperado.
— Não é qualquer hipódromo, é o Santa Anita — ele afirma. — Um dos melhores. Agora vem, temos uma reserva para as três e quinze no Favorito.— Quem? — eu digo, engolindo em seco.
— Relaxe, é só um restaurante — ele ri. — Agora, vamos, não quero perder as apostas.
— Isso não é ilegal? — Digo sabendo que pareço mais uma santa-do-pau-oco, mais ainda, ele é tão desenfreado, tão imprudente, tão aleatório.
— Comer é ilegal? — Ele sorri, mas posso ver que sua paciência está chegando ao limite.
Eu digo que não com a cabeça.
— É apostar, jogar, ou o que seja. Você sabe.
Mas ele apenas sorri e diz que não com a cabeça.
— É uma corrida de cavalos, Dulce, não uma briga de galos. Agora vamos — ele aperta a minha mão e se dirige ao elevador.
— Mas você não tem que ter vinte e um anos para poder entrar em lugares como este?
— Dezoito — ele diz entre os dentes, entrando no elevador e pressionando o número cinco.
— Exato. E tenho dezesseis e meio.
Ele balança a cabeça e se inclina para beijar-me.
— As regras devem sempre ser dobradas, ou então quebradas. É a única forma de ter algum divertimento. Agora venha — ele disse, encaminhando-me por um corredor e, em seguida, em um grande salão decorado com várias tonalidades de verde, parando em frente ao pódio frontal e cumprimentando o maitre como se fossem amigos há muito tempo.
— Ah! Sr. Uckermann, que maravilhoso vê-lo! Sua mesa está pronta, siga-me.
Christopher confirma com a cabeça e pega minha mão, guiando-me por uma sala cheia de jovens, aposentados, solteiros, um pai e seu filho... não havia nenhum lugar vazio na casa.
Eventualmente paramos em uma mesa no final com uma bela vista para a pista de corrida e para as colinas verdes mais no alto.
— Tony virá em seguida para pegar seus pedidos. Devo lhe trazer o champanhe?
Christopher me olha e logo move a cabeça. Seu rosto levemente corado quando diz:
— Hoje não.
— Muito bem então, só faltam cinco minutos para começar as apostas.
— Champanhe? — Eu sussurro levantando minhas sobrancelhas, mas ele só dá de ombros e abre seu itinerário de corridas.
— O que você acha do Spanish Fly? — Ele me olha sorrindo quando diz, — O cavalo, não o afrodisíaco.
Mas estou muito ocupada para responder, enquanto observo ao meu redor, tentando captar tudo. Este lugar não só é enorme, como está completamente cheio – no meio da semana – e no meio do dia. Toda essa gente deixando suas responsabilidades e apostando. É como um mundo completamente novo, e o qual eu não sabia que existia e não posso evitar me perguntar se é aqui que Christopher passa todo seu tempo livre.
— E o que me diz? Quer apostar? — Ele me olha brevemente antes de fazer uma série de notas com a sua caneta.
Eu digo que não com a cabeça.
— Nem sequer sei por onde começar.
— Bem, eu poderia te dar uma lista completa de probabilidades, porcentagens, de quem procriou quem. Mas estamos com pouco tempo, por que você apenas não olha isto e me diz o que você sente, qual nome atrai sua atenção. Isso sempre funciona comigo — ele sorri.
Ele me passa a lista de corridas e eu dou uma olhada, surpreendida de encontrar três nomes distintos que me chamaram atenção em uma ordem de um a três.
— Que tal Spanish Fly em primeiro, Acapulco Lucy em segundo e Sono Buddha em terceiro?
— Lhe digo, sem ter idéia de como cheguei a essa conclusão, mas sentindo-me muito segura com as escolhas que fiz.
— Lucy é constante, Buddha é um espetáculo... — ele fala enquanto rabisca. — E quanto quer apostar por isso? A aposta mínima é de dois, mas pode apostar mais se quiser.
— Dois está bem — lhe digo, perdendo subitamente a confiança e sem querer esvaziar minha carteira por um capricho.
— Tem certeza? — Ele pergunta, olhando-me desapontado.
Eu digo que sim com a cabeça.
— Bem, eu acho que você escolheu cavalos muito bons, assim vou apostar cinco. Não, melhor que sejam dez.
— Não aposte dez — lhe digo, pressionando meus lábios. — Eu só escolhi e nem sei por quê.
— Parece que saberemos em breve — ele disse, levantando-se de sua cadeira enquanto eu pego minha carteira, mas ele a rejeita com a mão. — Poderá me reembolsar quando ganhar. Vou apostar, se o garçom vier, peça o que quiser.
— O que peço pra você? — Lhe pergunto, mas ele se move tão rápido que nem sequer me escutou.
Quando volta, e todos os cavalos estão em suas posições e soa o disparo, saem todos os cavalos. A princípio parecem como manchas escuras, quando chegam a curva e começam a reta final, eu me levanto de minha cadeira olhando os meus três favoritos e logo começando a pular e a gritar com alegria, ao ver que todos eles chegaram ao final ao mesmo tempo e na mesma ordem que eu havia apostado.
— Oh meu Deus, ganhamos! Ganhamos! — Digo sorrindo, enquanto Christopher se inclina para beijar-me. — É sempre assim tão excitante? — Olho para pista e observo como Spanish Fly trota no círculo do vencedor, é coberto com flores e preparado para tirar fotos.
— Sim — Christopher confirma com a cabeça. — Mas não há nada como a primeira vez que se ganha uma grande aposta com muito dinheiro, essa é sempre a melhor.
—Bem, não sei o quão grande é essa aposta — lhe digo, desejando ter tido mais fé em minhas habilidades, ao menos o suficiente para ter ampliado a aposta.
Christopher franze o cenho.
— Bom, como só apostou dois, você ganhou mais ou menos oito.
— Oito dólares? — Entrecerro os olhos, bastante decepcionada.
— Oitocentos dólares — ele ri. — Uns oitocentos e oitenta dólares e sessenta centavos, para ser exato. Ganhou uma trifeta, o que significa que você acertou os três na ordem exata.
— E tudo isso com apenas dois dólares? — Digo, subitamente sabendo por que ele tem uma mesa elegante.
Ele confirma com a cabeça.
— E você? Quanto ganhou? — Lhe pergunto. — Apostou o mesmo que eu?
Ele sorri.
— Na verdade eu perdi e bem feio. Fui um pouco ganancioso e apostei uma quadrifeta, o que significa que acrescentei um cavalo e ele não conseguiu. Mas não se preocupe, planejo corrigir isso na próxima corrida.
E sei que o fez porque fomos para a janela, depois da oitava e última corrida, eu já havia ganhado um total de mil e seiscentos e cinqüenta e cinco dólares e oitenta centavos, enquanto que Christopher encheu o bolso muito mais porque ganhou o Super High Five, o que significa que acertou cinco cavalos na ordem exata em que terminaram, e como ele foi o único a fazer isso – em vários dias acumulados – ganhou quinhentos e trinta e seis mil dólares e quarenta e um centavos, todo em uma aposta de dez dólares.
— E o que você acha das corridas? — Ele perguntou, seu braço ao redor de mim, enquanto me levava para fora.
— Bom, agora sei por que não está interessado na escola. Suponho que não pode competir com isso, pode? — Eu rio, ainda sentindo-me excitada com o meu lucro, pensando que encontrei finalmente uma vantagem rentável para o meu dom psíquico.
— Vamos, quero te comprar algo para comemorar minha grande vitória — ele disse, levando-me para a loja de presentes.
— Não, você não tem q... — eu começo.
Mas ele aperta minha mão, coloca seus lábios em minha orelha e diz:
— Eu insisto. Além do mais, acho que posso pagar. Mas tem uma condição.
Eu o encaro.
— Absolutamente nada de casaco ou capuz — ele ri. — Mas qualquer outra coisa, é só dizer.
Depois de fazer gozação e insistindo em um capacete de hóquei, uma estátua de cavalo e uma enorme ferradura de bronze para pendurar na parede do meu quarto, nós decidimos por uma pulseira de prata com cristaizinhos. Mas somente depois de me certificar que a parte é de cristal, e não de diamante, porque isso seria demais, não importa a quantidade de dinheiro que ele ganhou.
— Desse jeito, não importa o que aconteça, você nunca esquecerá este dia — ele disse, colocando a pulseira e fechando em meu pulso enquanto nós esperávamos o manobrista trazer o carro.
— Como poderia esquecer? — Lhe pergunto, olhando minha pulseira e depois a ele. Mas ele só dá de ombros enquanto se senta ao meu lado no carro e em seus olhos há algo tão triste, tão particular, que espero que isso sim eu esqueça.
Infelizmente, a volta para casa parecer ser ainda mais rápido do que quando fomos para o hipódromo e quando ele entra na minha rua, relutantemente me dou conta que o dia terminou.
— Veja — ele disse, apontando o relógio do carro. — Bem antes da meia-noite, como havia prometido — e quando ele se inclina para me beijar, eu o beijo com tanto entusiasmo, que praticamente o puxo para o meu assento.
— Posso entrar? — Ele sussurra, tentando-me com seus lábios enquanto percorre a minha orelha, meu pescoço e minha clavícula.
Mas surpreendendo a mim mesma eu o afasto e digo não com a cabeça. Não só porque Sabine está lá dentro e tenho trabalho pra fazer, mas porque eu preciso manter minha coluna reta e não cederei tão facilmente aos seus encantos.
— Te vejo na escola — lhe digo, descendo de seu carro antes de que ele me faça mudar de idéia. — Você recorda, Bay View? A escola que freqüentamos?
Ele afasta o olhar e suspira.
— Não me diga que você ai faltar outra vez?
— A escola é tão terrivelmente chata. Não sei como você faz isso.
— Você não sabe como eu faço? — Eu balanço minha cabeça, olho de relance para a casa, vendo Sabine se espreitar através das cortinas e afastando-se então olho novamente para Christopher e digo, — Bem, digamos que eu faça o mesmo que você deve fazer. Você sabe, acordar, se vestir e apenas sair, e às vezes, prestar atenção, aprender uma ou duas coisas enquanto estiver lá.
E no momento que digo isso, sei que é mentira porque a verdade é que não aprendi droga nenhuma o ano todo. Quero dizer, é realmente difícil aprender alguma coisa quando, por sorte, você já sabe de tudo. Embora eu não possa compartilhar isso com ele.
— Deve haver uma maneira melhor — ele geme, seus olhos enormes e suplicantes encontrando os meus.
— Bem, apenas para registro, matar aulas não é uma boa idéia. Não se quiser ir para a Universidade e fazer algo de sua vida — Mais mentiras, com mais dias assim como o que tivemos no hipódromo, poderia se viver bem. Melhor que bem.
Mas ele apenas sorri.
— Tudo bem, faremos do seu jeito. Por agora. Te vejo amanhã, Dulce.