tatyellevondy: Kkkkk, calma gatinha tudo vai ficar bem - mais ou menos - e não a Drina é o cão chupando manga.
emily14: Podi cre, Não sei ao certo mas n vai demorar muito - ou vai? -
Meninas desculpem não ter postado antes, é que a escola ta foda. To atolada de tarefas até o ultimo fio de cabelo - o que na minha opnião não é nada pouco - mas ok volteiii
Na manhã de 21 de dezembro desço as escadas até o primeiro piso e embora esteja tonta, meus olhos sonolentos e tenho uma ressaca horrível, me arrumo para dar uma boa impressão preparando o café da manhã para que Sabine vá para o trabalho convencida de que tudo está bem e assim eu possa voltar ao meu quarto e me afundar em meu líquido do esquecimento.
No segundo que eu escuto seu carro se afastar pela rua, ponho o Cereal na pia e subo as escadas rumo a meu quarto, tiro uma garrafa debaixo da cama e a destampo antecipando o rápido fluxo desse líquido quente e doce que acalmará meu interior, apagará toda a dor e afastará meus medos e ansiedades até não restar nada.
Mas por alguma razão não consegui deixar de olhar o calendário que fica sobre minha mesa, a data saltando na minha frente, gritando, fazendo-me sinais e golpeando como cotoveladas em minhas costelas. Então eu me levanto e caminho até ele, olhando fixamente para o quadrado vazio, em branco sem nenhuma citação, nenhum lembrete de aniversário, somente as palavras Solstício de Inverno em pequenas letras pretas, uma data que o fabricante considerou importante, mesmo que para mim não signifique nada.
Jogo-me na cama outra vez e encosto na cabeça algumas almofadas enquanto tomo outro grande gole da garrafa. Fechando meus olhos enquanto esse maravilhoso calor entra em meu corpo e corre por minhas veias, aliviando minha mente como Christopher podia fazer com apenas um olhar.
Tomo outro gole e depois outro. Muito rápido, muito imprudente. Nada parecido com o que eu havia praticado. Mas agora que eu tinha ressuscitado sua memória, a única coisa que quero é apagar. Então eu continuo bebendo, sorvendo e embriagando-me até que finalmente posso descansar, agora que finalmente ele tinha sumido.
Quando acordo, estou cheia de um sentimento mais quente e pacífico, de um amor completamente consumado. Com se estivesse amarrada a um raio de sol, tão a salvo, tão feliz, tão segura, que quero ficar nesse lugar e viver ali pra sempre. Fecho meus olhos com força, agarrando-me ao momento, determinada a ficar, até que uma cócega em meu nariz, uma vibração quase imperceptível faz com que eu abra meus olhos outra vez e salte da cama.
Coloco a mão no peito, meu coração está batendo tão forte que posso senti-lo, enquanto observo uma pena negra que foi deixada em minha almofada.
A mesma pena negra que eu usava na noite em que me vesti de Maria Antonieta.
A mesma pena negra que Christopher levou como recordação.
E eu sei que ele esteve aqui.
Olho para o relógio perguntando-me como foi possível que eu tenha dormido por tanto tempo e quando olho através do quarto, vejo que a pintura que eu havia deixado na mala do meu quarto agora está apoiada contra a parede mais afastada, deixada ali para que eu veja. Mas no lugar da versão de Christopher da Mulher com Cabelo Amarelo que eu esperava, vejo diante de mim uma imagem de uma garota Ruiva e pálida correndo através de um desfiladeiro escuro e cheio de neblina.
Um desfiladeiro igual ao do meu sonho.
E sem saber por que, agarro meu casaco, coloco alguma sandália e corro para o quarto de Sabine, recuperando as chaves do meu carro que ela escondeu em sua gaveta, antes de correr pelas escadas e chegar à garagem sem ter a menor idéia de para onde estou indo e por quê. Só sei que tenho que chegar lá e saberei quando eu o ver.
Conduzo para o norte em PCH, passando direto pelo centro de Laguna. Abrindo caminho através do habitual congestionamento na Praia Principal, antes de virar na Broadway e evitar os pedestres. No momento de me livrar de todas essas ruas congestionadas, eu aperto o acelerador e conduzo por instinto, enterrando algumas milhas entre o centro e eu, antes de cortar a frente de outro carro que vinha, frear em um estacionamento do parque natural, guardar no meu bolso minhas chaves e meu celular e correr pela trilha.
A neblina estava avançando, dificultando a visão e embora exista uma parte de mim que me diz para voltar, voltar pra casa, que estar aqui na escuridão, e sozinha, é uma loucura, mesmo assim não posso parar. Me sinto obrigada a continuar, como se meus pés tivessem vontade própria e a única coisa que posso fazer é segui-los.
Escondo minhas mãos no bolso, tremendo de frio enquanto tropeço em todas as partes, sem ter a menor idéia de para onde estou indo, sem nenhum destino em mente. Da mesma maneira como cheguei aqui: vou saber quando o ver.
Quando bato com dedo do pé uma rocha, caio no chão urrando de dor, mas logo eu reduzo para um leve gemido quando meu celular toca.
— Sim? — Eu digo, tentando ficar de pé enquanto minha respiração torna-se rápida e superficial.
— É assim que você responde seu telefone agora? Porque não está funcionando pra mim.
— O que aconteceu, Christian? — Limpo minha roupa e continuo pela trilha, desta vez com um pouco mais de cuidado.
— Só queria que soubesse que está perdendo uma festa bem selvagem e como sabemos que ultimamente você tem gostado muito de festas, pensei que devia te convidar. Embora, para ser honesto, não deveria exagerar tanto porque é mais engraçado do que divertimento. Quer dizer, você devia ver, existem centenas de góticos lotando o desfiladeiro, parece uma convenção do Drácula ou algo assim.
— Anahi está aí? — Lhe pergunto enquanto meu estômago se contrai involuntariamente ao dizer seu nome.
— Sim, ela está procurando por Drina. Se lembra daquele evento supersecreto? Bem, pois é este. Essa garota não consegue guardar um segredo, mesmo sendo dela mesma.
— Eu pensei que ela não gostava mais de gótico.
— O mesmo pensava Anahi, e acredite, está bastante zangada por não estar vestida adequadamente.
Acabo de chegar em cima de uma colina quando vejo o vale inundado de luzes.
— Você disse que estava em um desfiladeiro?
— Sim.
— Eu também. Na verdade falta pouco para chegar aí — lhe digo, começando a descer pelo outro lado da colina.
— Espera, você está aqui?
— Sim, estou vendo a luz enquanto falamos.
— Você passou por um túnel primeiro? Há-há, entendeu? — E como não respondi, ele disse, — Como sabia onde era?
Bem, acordei em um estupor de bêbada, com uma pena preta fazendo-me cócegas no nariz e uma inquietante e profética pintura acomodada em minha parede, então fiz o que qualquer pessoa ruim da cabeça faria: peguei meu casaco, coloquei umas sandálias e corri pra fora de casa de camisola.
Mas como sei que não posso dizer nada disso, não lhe digo nada. O que só serve para ele ter mais suspeitas.
— Anahi te disse? — Ele pergunta com uma voz aguda. — Porque ela jurou que só contou pra mim. Quer dizer, não querendo ofender nem nada, mas ainda assim...
— Não, Christian, te juro que ela não me disse. Eu só suspeitei. De qualquer jeito, estou quase chegando, então eu te verei em um minuto, se eu não me perder na neblina...
— Neblina? Não tem nenhuma nebli...
E antes que ele pudesse terminar, o telefone foi arrancado da minha mão, enquanto Drina sorri e diz:
— Oi, Dulce. Te disse que voltaríamos a nos ver.