emily14: Kkk então vc me intende.
tatyellevondy: Não sumir as vezes abandonar JAMAIS! Te falei né? Bem vamos continuar...
— Então, o que aconteceu? Nós procuramos por todas as partes e não encontramos você. Pensei que estivesse a caminho.
Viro, dando as costas para a janela e repreendendo-me por não ter pensado em uma boa desculpa antecipadamente, colocando-me em uma posição incômoda ao ter que inventar uma nesse momento.
— Sim, mais depois... bem, me deu cólicas e...
— Para bem aí — disse Christian. — Realmente não diga mais nada.
— Eu perdi alguma coisa? — Pergunto, fechando os olhos diante dos pensamentos que aparecem em minha cabeça, as palavras aparecendo diante de mim como notícias da CNN: Ew! Nojento! Por que eles insistem em falar sobre essas coisas?
— Com exceção do fato de que Drina nunca apareceu? Não, nada. Eu gastei a primeira parte da noite ajudando Anahi a procurá-la, e a segunda, tentando convencê-la de que está melhor sem ela. Te juro, você pensaria que elas estavam namorando. A amizade mais puxa-saco de sempre. É verdade Dulce — Ele ama tirar sarro do meu nome.
Eu rastejo para fora da cama, dando-me conta de que é a primeira manhã durante a semana que me levanto sem ressaca. E embora saiba que isso significa algo muito bom, isso não muda o fato de que me sinto muito pior.
— Então pra onde estamos indo? Importa-se de sairmos para uma pequena compra fashion de natal?
— Não posso. Estou de castigo — digo, procurando em uma pilha de camisas e parando na que Christopher me comprou em nossa visita a Disneylândia, antes que tudo mudasse, antes que minha vida mudasse de estranha para extraordinariamente estranha.
— Por mais quanto tempo?
— Não sei — eu deixo o telefone em minha cômoda e ponho um capuz verde-lima na minha cabeça, sabendo que não importa quanto tempo Sabine vai me deixar de castigo, se eu quero sair, vou sair, apenas tenho que me assegurar de voltar antes que ela chegue em casa. Quer dizer, é difícil manter uma psíquica presa. Embora eu tenha a desculpa perfeita para permanecer em casa, evitar todas as energias, que é a única razão por eu continuar trancada.
Eu pego o telefone justo a tempo de ouvir Christian dizer:
— Ok, bem me ligue quando te liberarem.
Eu piso em alguns jeans, então me sento na escrivaninha. E embora minha cabeça esteja doendo, meus olhos queimam e minhas mãos tremem, estou determinada a passar o dia sem ajuda do álcool, Christopher, ou viagens ilícitas a planos astrais. Desejando ter sido mais insistente... exigido que Christopher me mostrasse como me defender sozinha. Quer dizer, por que a solução sempre parece fluir de volta a Ava?
Sabine bate ligeiramente a porta e me viro quando ela entra no quarto. Seu rosto pálido e preocupado, seus olhos rodeados de vermelho, e sua aura está manchada e cinzenta. E me encolho quando me dou conta de que se trata de Jeff, e que ela finalmente descobriu todas as suas mentiras. Mentiras que eu poderia ter revelado desde o começo, poupando-a de toda essa mágoa, se eu apenas não tivesse colocado minhas necessidades antes das dela.
— Dulce — disse, fazendo uma pausa ao lado da minha cama. — Estive pensando. Já que não estou muito confortável com todo esse negócio de castigo, e já que você é quase uma adulta, acho que já deveria te tratar como tal, então...
Então que não estou mais de castigo, penso, finalizando a frase em minha cabeça. Mas quando me dou conta que ela continua acreditando que meus problemas se devem a meu sofrimento, meu rosto fica vermelho de vergonha.
— ...você não está mais de castigo — ela sorri, um gesto de paz que eu não mereço. — Mas me pergunto se você mudou de opinião sobre falar com alguém, porque conheço esse terapeuta que...
Balanço a cabeça antes que ela termine de falar, sabendo que suas intenções são boas, embora recusando algumas partes. E quando ela se vira para ir, surpreendo-a dizendo:
— Hey, você quer sair pra jantar hoje à noite?
Ela hesita na entrada, claramente surpreendida pela oferta.
— Eu pago — sorrio dando-lhe coragem, sem ter idéia de como vou fazer para passar a noite em um restaurante cheio de gente, mas pensando que posso usar algum dinheiro que ganhei nas corridas para pagar a conta.
— Isto seria ótimo — ela disse, tocando a parede com os dedos antes de ir para o hall.
— Estarei em casa lá pelas sete.
No segundo que escuto a porta da frente fechar e ser trancada, Maite toca meu ombro e grita:
— Dulce! Dulce! Você pode me ver?
E eu quase salto para fora da minha pele.
— Deus, Maite, Você me assustou pra caramba! E por que você está gritando? — Digo, perguntando-me por que fico agindo de forma tão chata quando na verdade eu estou mais do que feliz em vê-la de novo.
Ela balança a cabeça e se joga na cama.
— Pra sua informação, eu tenho tentado conectá-la a dias. Pensei que você tivesse perdido a habilidade de me ver e estava começando a me assustar!
— Perdi a habilidade. Mas só porque comecei a beber muito. E então eu fui mandada embora da escola — balanço a cabeça. — Foi uma confusão.
— Eu sei — ela confirma, suas sobrancelhas juntas mostrando preocupação. — Estava vendo todo tempo, pulando na sua frente, gritando e batendo palmas, tudo pra tentar chamar sua atenção, mas estava muito bêbada para me ver. Se lembra da vez que a garrafa voou da sua mão? — Ela sorri e fica de frente pra mim. — Fui eu. E você teve sorte que eu não desse com ela preferivelmente na sua cabeça. Então, o que diabos aconteceu?
Me encolho e olho para o chão, sabendo que lhe devo uma resposta para tranquilizar sua preocupação, mas sem ter certeza de por onde começar.
— Bem, é como, toda essa energia se tornou tão forte, eu não podia suportar. E quando percebi que o álcool podia me proteger, acho que só queria continuar me sentindo bem, não queria voltar ao que era.
— E agora?
— E agora... — eu hesito, olhando-a. — E agora estou exatamente onde comecei. Sóbria e miserável — eu rio.
— Dulce... — ela fez uma pausa, evitando o olhar antes de me encarar novamente. — Por favor, não fique louca, mas acho que você deveria ir ver a Ava — e quando começo a detê-la, ela levanta uma mão e diz, — Apenas escute, ok? Realmente acho que ela pode te ajudar. Pra dizer a verdade sei que ela pode ajudá-la. Ela vem tentado te ajudar mas você não deixa. Mas agora, bem, está claro que você está ficando sem opção. Quer dizer, você pode começar a beber de novo, ou ficar trancada neste quarto pelo resto da vida, ou vai ver a Ava. Não é muito complicado, você não acha?
Eu balanço a cabeça apesar da dor, então a olho e digo:
— Escute, sei que você está encantada por ela, e bem, tanto faz, a escolha é sua. Mas ela não tem nada pra mim, então por favor... me dê um descanso, tudo bem?
Maite balança a cabeça.
— Você está errada. Ava pode te ajudar. Além do mais, fazer uma ligação machuca?
Me sento ali, chutando o pé da minha cama e olhando fixo para o chão, pensando que a única coisa que Ava fez por mim foi fazer a minha vida mais difícil do que era. E quando finalmente olho para Maite mais uma vez, percebo como ela deixou de lado as fantasias de Halloween por jeans, camisetas e sandálias que as garotas de 12 anos normalmente usam, mas ela também tornou-se translúcida e praticamente transparente.
— O que aconteceu com Chrstopher? Aquele dia você foi à casa dele? Ainda estão juntos? — ela pergunta.
Mas não quero falar de Christopher, nem sequer saberia por onde começar. Além do mais, sei que ela só está tentando desviar a atenção dela mesma e sua aparência.
— O que está acontecendo? - Pergunto, minha voz elevando-se, frenética. — Por que você está desaparecendo desse jeito?
Mas ela só me olha e balança a cabeça.
— Não tenho muito tempo.
— O que quer dizer... Com você não tem muito tempo? Você vai voltar, certo? — Grito, entrando em pânico enquanto ela acena com a mão e desaparece da minha vista, deixando o cartão de Ava em seu lugar.