No momento em que atravessei a rua, parei atrás de um prédio, e espero até Alfonso e seu Aston Martin vermelho cereja caírem na estrada e irem embora. Então eu espero mais alguns minutos até estar completamente convencida de que ele realmente se foi e não irá voltar tão cedo. Eu preciso encontrar Christopher. Eu preciso descobrir o que aconteceu com ele, porque ele desapareceu sem dizer uma palavra. Quero dizer, ele (nós) esperamos esta noite por quatrocentos anos, portanto, o fato de que ele não esteja aqui ao meu lado, revela que algo está terrivelmente errado.
Mas primeiro eu preciso de um carro. Você não pode chegar em qualquer lugar em Orange Country, sem um. Então eu fecho meus olhos e imagino a primeira coisa que vem à mente, um VW Bug céu azul, exatamente como o de Shayla Sparks, a sênior mais legal que andou pelos corredores de Hillcrest High, dirigia. Lembrando-se da sua forma redonda e o topo preto que parecia tão fascinante e ainda levou uma baita surra na implacável Oregam RAM. Imaginando ele de forma tão clara que é como se ele estivesse na minha frente, todo o brilhante e incrivelmente fofo.
Sentindo meus dedos em torno da maçaneta da porta, o couro macio quando eu deslizo sobre o assento, e quando eu coloco uma única tulipa vermelha no suporte de flores diante de mim, eu abro meus olhos e vejo que o meu passeio está completo. Só que eu não sei como ligar o motor. Esqueci de manifestar uma chave.
Mas como isso nunca parou Christopher, eu só fechei meus olhos novamente e pensando que o motor iria ligar, imaginei o som exato que o carro de Shayla costumava fazer, eu e minha ex-melhor amiga costumávamos ficar depois da escola olhando com inveja quando os seus amigos maneiros se sentavam no banco de trás.
No momento que o motor liga eu dirijo pela Coast Hightway. Pensando que eu vou repassar os passos a partir do Montage, o lugar que nós deveríamos nos encontrar e começarei por lá.
O tráfico é pesado nessa hora da noite, mais isso não me atrasou. Eu só me foquei nos carros a minha frente, vendo os movimentos que eles iriam fazer, e ajustei minha rota em torno disso.
Movendo-me rápido e sem problemas em cada espaço aberto, até que cheguei a entrado do hotel, saltei do carro e disparei para o salão principal, só parei quando o motorista gritou atrás de mim:
— Hey, espera ai, e quanto à chave?
Eu parei, minha respiração vindo em pequenas lufadas de ar não percebendo até eu pegar seu olhar encarando meus pés que eu não estou apenas sem chaves, estou sem chaves e sem sapatos. Sabendo que eu não posso perder mais tempo, e sabendo que eu não posso manifestar uma chave na frente dele, eu corro para porta falando pelo ombro.
— Deixe ele ligado, eu vou demorar um segundo! — Eu pego um atalho até o balcão, passando por uma fila de pessoas descontentes, todos eles com pesadas sacolas de golfe e todos reclamando sobre o check-in estar atrasado. E quando eu passei na frente de um casal de meia idade que deveriam ser os próximos, as reclamações chegaram em outro nível.
— Christopher Uckermann já chegou? — Eu perguntei ignorando os protestos atrás de mim. Meus dedos apertados nas bordas do balcão, tentando acalmar meus nervos.
— Me desculpe, quem? — Perguntou a balconista, olhando com um olhar afiado para o casal atrás de mim, olhando com um olhar que dizia – não se preocupem, vou terminar com essa louca logo.
— Christopher. Uckermann. — Eu falei devagar, e calmamente com mais paciência do que eu tinha. Ela piscou pra mim, então movendo seus finos lábios ela disse:
— Me desculpe, essa informação é confidencial. — Jogando seu longo cabelo escuro que estava em um rabo de cavalo sobre seu ombro em um movimento tão final, tão discriminativo que seria o fim de conversa.
Eu cerrei meus olhos, me focando na sua áurea laranja e sabendo que isso significa organização rigorosa e autocontrole são as virtudes que ela mais prioriza. Alguma coisa me mostrou uma enorme falta quando eu pulei a fila um momento antes. Sabendo que eu preciso chegar ao seu lado bom, se eu quiser conseguir a informação que eu preciso, eu resisto de agir indignadamente, eu calmamente lhe expliquei que eu sou a pessoa que está dividindo o quarto.
Ela me olhou, e depois para o casal atrás de mim e falou:
— Desculpe, mais você vai ter que esperar sua vez. Como. todos. os. Outros.
Sabendo que eu tenho menos de 10 segundos até ela chamar a segurança.
— Eu sei... — eu abaixei minha voz e me inclinei na sua direção — e eu realmente sinto muito. É só que –
Ela me olhou, seus dedos quase pegando o telefone, olho para o seu nariz longo, fino e reto, os lábios finos e sem contornos, e as marcas de choro, somente nos seus olhos, e desse jeito, eu vejo a minha porta.
Ela foi chutada, ela foi chutada tão recentemente que ela ainda chora toda a noite. Reviver aquele terrível evento todo dia, o dia inteiro – a cena a seguindo a onde quer que ela vá, desde andando pela rua até em seus sonhos.
— É só isso então, bom… — eu parei, tentando fazer parecer que doía demais falar as palavras que eu diria, quando a verdade é que eu nem sabia que palavras eu realmente falaria. Então eu balancei minha cabeça e comecei novamente sabendo que é melhor fingir bem quando você precisa que a mentira pareça real.
— Ele não apareceu na hora que deveria ter aparecido, e por causa disso... Bem... Eu não tenho certeza se ele ainda virá — eu engoli seco, chorando e imaginando que as minhas lágrimas eram de verdade.
Mas quando eu olho para ela novamente, vejo o seu rosto suavizando – a boca apertada de julgamento, os olhos estreitados, seu queixo inclinado para cima, tudo isso der repente transformado em compaixão e solidariedade – eu sei que funcionou. Nós somos como irmãs agora, membros formais das mulheres-chutadas-pelos-homens. Eu vejo ela digitando algo no computador voltando a sua energia, então eu consigo ver as letras da tela piscando na minha frente mostrando que nosso quarto, a suíte 309 continua vazia.
— Eu tenho certeza que ele está apenas atrasado — ela falou, mesmo não acreditando nisso. Na sua mente homens são uma droga, disso ela está convencida. — Mas se você puder me mostrar alguma identificação que prove que você é você, eu posso — mas antes de ela terminar eu já tinha ido, virei para longe do balcão central, e corri para fora. Eu não preciso de uma chave, eu nunca poderia entrar nesse quarto vazio e triste esperando por um namorado que claramente não vai aparecer. Eu preciso continuar me mexendo, continuar procurando, eu preciso procurar os outros dois lugares que ele poderia estar. Quando eu pulei no meu carro e dirigi para a praia, eu rezei para achá-lo.