-Você está bem?
Christian pergunta, seu rosto mostrando a mágoa e dor que eu estou muito insensível para sentir. Dou de ombros, sabendo que não estou.
Quero dizer, como posso ficar bem quando nem tenho certeza que estar tudo errado?
-Christopher é um idiota.
Ele disse, sua voz dura.
Mas eu apenas suspiro. Mesmo quando não posso explicar a ele, e mesmo que eu não entenda, eu só sinto em meu interior que as coisas são muito mais complicadas do que parecem.
-Não, ele não é.
Murmuro, saindo do carro e fechando a porta mais forte do que o necessário.
-Dulce, por favor... Quero dizer, sinto ser eu a ter que lhe dizer, mas você acaba de ver o que eu vi, né?
Me dirijo até Anahi que nos espera na porta.
-Acredite, eu vi tudo.
Digo. Repetindo a cena novamente em minha cabeça, sempre parando em seus olhos distantes, sua energia morna, e sua completa falta de interesse em mim...
-Então você está de acordo? Que ele é um idiota?
Christian me observa com cuidado, assegurando-se que não sou o tipo de garota que iria permitir que um garoto a tratasse assim.
-Quem é um idiota?
Anahi pergunta, olhando-nos.
Christian me olha, seus olhos pedindo permissão, e depois de me ver dar de ombros, ele olha para Anahi e diz:
-Christopher.
Anahi me olha de relance, sua mente inundando-se de perguntas. Mas eu já tenho várias perguntas próprias, pergunta que provavelmente não tenho resposta. Tais como: Que diabos aconteceu lá atrás?
E: Desde quando Christopher tem aura?
-Christian pode te dizer o que aconteceu.
Digo, olhando de um para o outro antes de me afastar. Desejando mais que nunca poder ser normal, poder apoiar-me neles e chorar em seus ombros como uma garota comum. Mas há mais nessa situação do que os olhos mortais vêem. E embora não possa provar ainda... Se quero respostas, vou ter que ir direto à fonte.
Quando chego à classe, em vez de hesitar na porta, como pensei que eu iria fazer, me surpreendi ao entrar sem mais demora. E quando vejo Christopher empoleirado na borda da mesa de Stacia, sorrindo, brincando e flertando com ela... Me senti entrado em um caso enorme de déjà vu.
Você pode com isso, penso. Já passou por isso antes.
Recordando no tempo, não faz muito tempo, quando Christopher fingia estar interessado em Stacia, mas só para chegar até mim.
Mas quanto mais me aproximo, mais me dou conta que isto não é nada parecido com aquela vez.
Naquela época, tudo o que eu tinha que fazer era olhar em seus olhos para encontrar o menor lampejo de compaixão, um fio de arrependimento que não conseguia esconder.
Mas agora, vendo como Stacia supera a si mesma com a jogada de cabelos, ostentando o busto, procedimento de mexer os cílios... Isso como se eu fosse invisível.
-Um, desculpe.
Digo, fazendo com que eles levantassem o olhar, claramente irritados com a interrupção.
-Christopher, eu poderia, um, falar com você um segundo?
Coloco minhas mãos nos bolsos assim ele não as veria tremar, forçando-me a respirar como uma pessoa normal e relaxada respirava... pra dentro e pra fora, lenta e compassada, sem ofegar.
Vendo como ele e Stacia trocam olhares, depois começam a rir ao mesmo tempo. E justo quando Christopher começa a falar, o Sr. Robins entra e diz.
-Para seus lugares todo mundo! Quero ver todos em seus lugares!
Assim sinalizo para nossa mesa e digo:
-Por favor, depois de você.
Eu sigo atrás, resistindo à vontade de agarrá-lo pelo ombro, gritar com ele, e forçá-lo a me olhar nos olhos enquanto eu grito: Por que você me deixou? O que diabos aconteceu com você? Como pôde fazer isso... Naquela noite... de todas as noites?
Sabendo que o confronto tão direto só trabalharia contra mim. Que, se quero chegar a algum lugar, então vou ter que agir tranqüila, calma.
Jogo minha mochila no chão, colocando meu livro, meu caderno e caneta na mesa. Sorrindo como se eu não fosse mais do que uma amiga ocasional interessada em uma conversinha na manhã de segunda-feira quando digo:
-Então, o que você fez no fim de semana?
Ele dá de ombros, seus olhos sobre mim passeando antes de parar nos meus. E é um momento antes de me dar conta que os horríveis pensamentos que estou escutando estão vindo direto da sua cabeça.
Bem, se vou ter uma perseguidora, pelo menos ela é gostosa, ele pensa, enquanto suas sobrancelhas se unem enquanto eu instintivamente pego meu Ipod, querendo não escutá-lo, mas sabendo que não poso arriscar-me a perder algo importante, sem me importar quanto possa doer. Além do mais, nunca havia podido entrar na mente de Christopher antes, nunca pude escutar o que ele pensava. Mas agora que posso, não estou certa de querer isso.
E quando ele faz uma careta com a boca e entrecerra os olhos pensando: uma pena que ela seja totalmente louca... Definitivamente não vale apenas me arriscar a dar uma batida.
Suas palavras são como uma estaca em meu peito. E me choca tanto a crueldade ocasional, que esqueço que ele não disse em voz alta quando grito,
-Desculpa? O que você acabou de falar?
Fazendo com que todos os meus colegas se virassem para me olhar, suas simpatias para com Christopher por ter que se sentar ao meu lado.
-Há algo errado?
Pergunta o Sr. Robins, olhando-nos.
E fico sentada ali, totalmente sem poder falar. Meu coração afundando-se quando Damen olha para o Sr. Robins e diz.
-Eu estou bem. Ela é a louca.