Desta vez quando cheguei a Summerland, pulei o destino usual nesse vasto campo perfumado, escolhendo cair justo no meio do que agora gostava de pensar como a Rua Principal. Depois me levanto, tiro a poeira, assustada de ver que todos ao meu redor seguem com suas atividades normais, como se ver alguém cair do céu na verdade fosse algo normal e quotidiano. Embora eu suponho que por essas bandas seja.
Abro caminho passando pelos bares, karaokês e salões de cabelos, refazendo os mesmos passos que Romy e Rayne me mostraram, sabendo que poderia só desejar está lá, mas ainda ansiosa por aprender os caminhos. E depois de passar rapidamente pelo beco e um giro epentino na avenida, corro até os degraus de mármore íngreme e paro diante a essas portas enormes da frente, vendo como se abrem pra mim.
Entro no hall de mármore, notando como está muito mais cheio que da última vez que estive aqui.
Revisando as perguntas em minha cabeça, sem ter certeza se preciso dos registros Akashic ou se posso encontrar minhas respostas aqui. Querendo saber se minhas perguntas como Quem exatamente que é Alfonso e o que ele fez com Christopher? E: Como posso Pará-lo e salvar a vida de Christopher? Requer esse tipo de acesso seguro.
Mas então, sentindo que devo simplificar e resumir tudo em uma frase ordenada, fecho meus olhos e penso: Basicamente, o que quero saber é: Como posso voltar tudo ao que era antes?
E quando o pensamento se completa, uma porta se abre diante de mim, sua luz quente me convidando a entrar em uma sala branca e sólida, do mesmo tipo do arco-íris. Só que desta vez, ao invés de uma bancada de mármore branco, há uma poltrona de couro em seu lugar.
Caminho em direção a ela, atirando-me no assento, que se estende ao apoio dos pés, e acomodando-me. Sem perceber que estou sentada na réplica exata da cadeira perfeita de meu pai até que vejo as iniciais B.S. e F.S. no apoio dos braços. Ofegando quando reconheço as marcas exatas que convenci Maite de fazer com sua faca de bandeirante. As marcas exatas que não só provavam que éramos as culpadas, mas também nos fizeram ganhar uma semana de castigo.
Ou pelo menos até que a minha punição se estendeu até dez dias porque meus pais souberam que eu a tinha convencido a fazer isso – algo que, a seus olhos, me fez autora real que claramente merecia um tempo extra.
Corro os dedos pelo couro arranhado, minhas unhas sentindo a curva do B era muito profunda. Reprimindo um soluço quando me recordo desse dia. Todos os dias. Cada um desses dias deliciosamente maravilhosos que uma vez tive, mas agora me encontro sentindo tanta falta que mal posso suportar.
Faria qualquer coisa para voltar. Qualquer coisa se significasse que eu poderia voltar e coloca tudo de volta do jeito que uma vez foi...
Nem ao menos o pensamento se completa, quando o espaço antes vazio começa a se transformar. Reorganizando-se de um quarto quase vazio com só a poltrona para uma réplica exata de nossa antiga casa em Oregon.
O ar perfumado como o cheiro dos famosos brownies da minha mãe, enquanto as paredes se transformam de um branco perolado para um suave bege que ela preferia chamar de “madeira perolada.” E quando a colcha de três cores de azul que minha avó teceu de repente cobre meus joelhos, olho para a porta, vendo a coleira de Buttercup presa na maçaneta da porta, e as velhas sapatilhas de Maite colocadas ao lado das do meu pai. Vendo como todas as peças se acomodam em seus lugares, até que, cada foto, livros estão presentes e contabilizados. E eu não consigo me conter, mas me pergunto se isso tudo foi por causa da minha pergunta, porque eu pedi que tudo voltasse a como era antes.
Porque a verdade é que, eu estava realmente me referindo a Christopher e eu. Não estava?
Quero dizer, é realmente possível voltar no tempo? Ou essa réplica de vida, este repentino panorama familiar, é o mais próximo que chegarei a chegar?
Mas justo quando estou me questionando sobre o que me rodeia e o verdadeiro significado do que realmente eu quis dizer, a televisão liga, e uma série de cores correm na tela – uma tela feita de cristal, justo como o cristal que vi outro dia.
Eu puxo mais apertado a manta em volta de mim, enfiando-a confortavelmente sob meus joelhos, enquanto as palavras L’HEURE BLEUE enchem a tela. E justo quando estou me perguntando o que poderia significar, uma definição escrita na mais linda caligrafia, informando:
Uma expressão francesa, I’heure bleue, ou “a hora azul” se refere à hora experimentada entre a luz e a escuridão. Um momento reverenciado pela qualidade de sua luz, e também quando o perfume das flores é mais forte.
Eu pisco para a tela, enquanto as palavras desaparecem e a imagem de uma lua aparece em seu lugar – uma lua cheia gloriosa – brilhando na mais bela tonalidade de azul – uma cor que quase iguala ao céu...
E então – e então eu me vejo – nessa mesma tela. Vestida de jeans e um suéter preto, meu cabelo solto, olhando pela janela para a mesma lua azul – olhando meu relógio como se esperasse algo – algo que está prestes a chegar. E apesar de borrado, como se fosse parte de um sonho, de me ver apesar de não ser realmente eu, posso sentir o que ela sente, escutar o que ela pensa, ela vai a algum lugar, algum lugar que uma vez ela pensou está fora dos limites.
Ansiosa esperando o momento em que o céu se torne do mesmo tom que a lua, um profundo azul escuro maravilhoso sem nenhum rastro de sol – sabendo que ele anuncia sua única oportunidade de encontrar seu caminho de volta a esta sala e voltar para um lugar que pensava estar perdido.
Eu olho, meus olhos colados na tela, ofegando quanto ela levanta a mão, pressiona o dedo no cristal, e é levada no tempo.