Mesmo que eu tenha me sentindo como uma idiota no segundo em que Ava manifestou o laptop (quero dizer duh porque eu não pensei nisso?) nós conseguimos nossa resposta facilmente. Que infelizmente, não foram as boas notícias que eu esperava. Na verdade, não foi nada.
Justo quando eu pensei que tudo ia ficar certo, parecendo que era o certo a fazer – tudo desmoronou no momento em que eu vi que a lua azul, a mais rara das luas cheias que só aparece a cada 3 ou 5 anos, que acontece de ser a minha janela para viajar pelo tempo, tem sua próxima aparição programa para – amanhã.
— Eu ainda não consigo acreditar — eu disse, me arrastando para fora do meu carro quando Ava troca as pilhas do palmtop em suas mãos. — Eu pensei que fosse outra lua cheia, eu não sabia que tinha uma diferença, ou que elas são tão raras. Quero dizer, o que eu devo fazer?
Ela tirou a sua carteira fechada e olha para mim.
— Bom, pelo o que eu posso ver, você tem três escolhas.
Eu pressionei meus lábios juntos, sem ter certeza se eu queria ouvir alguma delas.
— Você pode não fazer nada, só sentar e olhar tudo o que você ama e se preocupa acabar, você pode escolher aguentar só uma coisa ao custo do resto, ou você pode me contar exatamente o que está acontecendo aqui para que eu possa ver se eu posso ajudá-la.
Eu respirei fundo e olhei para ela parada na minha frente, usando as suas roupas usuais, seus jeans desbotados, anéis de prata, uma túnica branca, e chinelos de couro marrom. Sempre ali, sempre disponível, sempre querendo me ajudar, mesmo quando eu não percebo que eu preciso. Mesmo quando eu estava sendo difícil (e eu vou ser sincera – mais do que um pouco) Ava sempre esteve ali, me esperando, nunca com uma atitude ruim em relação a mim, nunca virando suas costas ou me expulsando do modo que eu a expulso. É como se ela estivesse sempre ali, esperando para ser minha irmã psíquica. E agora, ela é a única que eu tenho – a única que eu posso contar – a única que chega perto de saber quem eu sou – incluindo os meus segredos. É a luz de tudo o que eu aprendi, eu não tenho outra escolha a não ser contar para ela. Não tem jeito de eu passar por tudo isso sozinha.
— Certo — eu acendo, me convencendo que não é só a coisa certa a fazer, mais a única coisa a fazer. — Aqui o que eu preciso fazer. — E enquanto descíamos a rua, eu contei a ela o que eu vi aquele dia no cristal. Tentando contar o máximo que eu puder sem falar a palavra chave – honrando minha promessa a Christopher, que eu nunca iria falar da nossa imortalidade. Contando a Ava que Christopher vai precisar de um antídoto para ficar melhor, seguido pela sua “bebida energética vermelha” para que ele possa recuperar a sua força. Explicando que eu estou com o dilema de ficar com o amor da minha vida, ou salvar quatro vidas que não deveriam ter acabado.
Então estávamos paradas na frente da loja em que ela trabalha, a loja que eu passei muito tempo fora mais nunca entrei – ela me olhou, sua boca abrindo para dizer algo, mais então ela a fechou de novo. Repetindo essa cena mais algumas vezes quando ela finalmente consegue balbuciar.
— Mas amanhã! Dulce, você pode nos deixar tão cedo?
Eu encolho os ombros, meu estômago se apertando, quando eu escuto isso vem voz alta. Mas sabendo que eu não posso esperar outros 3 a 5 anos, eu aceno com mais segurança do que eu sinto quando eu olho
para ela e digo:
— E é exatamente por isso que eu preciso da sua ajuda para fazer o antídoto, então eu acho um jeito de dar para ele junto com o elixir — Eu parei, esperando que eu não tivesse aumentando as suas suspeitas, tentando me recompor quando eu digo: — aquela bebida energética vermelha – então ele pode ficar bem, quero dizer, agora que você sabe como entrar na casa, eu estou pensando que você pode, eu não sei, enfiar a bebida garganta a baixo ou alguma coisa.
Eu disse, sabendo que isso soa como o pior plano, mais determinada ao vê-lo funcionar.
— E então quando ele estiver melhor – quando o velho Christopher voltar – você pode explicar tudo o que aconteceu e dar a ele a bebida vermelha. — Ela me olhou com uma expressão de conflito, mas eu não tenho certeza de como explicar isso então eu continuo em frente. — E eu sei que parece que eu estou ficando contra ele – mais eu não estou. Realmente não estou. Na verdade, tem uma boa chance de que nada disso seja necessário. Tem uma boa chance de que quando eu voltar, tudo volte também.
— É isso o que você vê? — Ela pergunta, sua voz macia, gentil.
Eu balanço a cabeça.
— Não, isso é só uma teoria, pelo o que eu vejo tem sentido. Quero dizer, eu não posso imaginar outro jeito. Então tudo o que eu estou lhe dizendo agora, é só por precaução, já que não será necessário. Já que você não vai lembrar dessa conversa porque que ela não irá existir. Na verdade, você não vai ter nenhuma recordação minha. Mais só no caso de eu estar errada – que eu tenho muita certeza que não estou – mas só para o caso, eu preciso ter um plano B – você sabe, só por acaso. — Eu resmungo, imaginando quem eu estou tentando convencer, eu ou ela.
Ela segura a minha mão, seus olhos cheios de compaixão quando ela diz:
— Você está fazendo a coisa certa. E você é sortuda, não são muitas pessoas que tem a chance de voltar.
Eu olho para ela, meus lábios abrindo um sorriso:
— Não muitas?
— Bem, ninguém que eu possa pensar. — Ela sorriu.
Mas mesmo que nós tenhamos rido, quando eu olho para ela de novo, minha voz estava séria quando eu disse:
— Sério Ava, eu não posso suportar se alguma coisa acontecer com ele. Quero dizer eu – eu morreria se eu descobrir que alguma coisa aconteceu – e que foi minha culpa.
Ela apertou minha mão e abriu a porta da loja, me levando para dentro enquanto ela sussurra:
— Não se preocupe, você pode confiar em mim.
Eu a segui, passando por prateleiras lotadas de livros, CDs e um canto decorado todo com figuras de anjos, antes de passar por uma máquina que alega tirar fotos das áureas, nós fomos até um balcão onde
uma mulher velha com grandes cabelos brancos, estava lendo um livro.
— Eu não percebi que você estava na agenda hoje? — Ela abaixou seu livro e olhou para nós.
— Eu não estou. — Ava sorriu. — Mas minha amiga Ever aqui — Ela acenou para mim — precisa da sala escura.
A mulher me estudou, obviamente tentando ver minha aura e tentar sentir minha energia, então lançando a Ava um olhar questionador quando ela volta a um olhar vazio. Mais Ava só sorri e acena em consentimento, sinalizando que eu posso acessar a “sala escura”, ou seja, lá o que for.
— Dulce? — A mulher falou, os seus dedos passando pelo seu pescoço, preocupando-se com o pingente turquesa que estava na sua clavícula.
Uma pedra que eu descobri recentemente na minha pesquisa sobre minerais e cristais no IMAC em Summerland foi usada para fazer amuletos para cura e proteção por cem anos. E do jeito que ela falou meu nome, e do jeito auspicioso que ela olhou, não é como se eu precisasse ler a sua mente para saber que ela está se perguntando se precisa de proteção de mim. Ela hesitou, ficando entre mim e Ava, se focando solenemente quando diz:
— Eu sou Lina — foi isso, sem aperto de mão, sem abraço de boas vindas. Ela só falou seu nome e foi em direção a porta, virando a placa da frente de ABERTO para VOLTAMOS EM 10! Então fazendo menção para segui-la em direção a um corredor com uma brilhante porta roxa no final.
— Posso perguntar do que isso se trata? Ela pegava algumas chaves no seu bolso, ainda sem decidir se nos deixava entrar ou não. Ava acenou para mim, sinalizando que era a minha vez de assumir, então eu limpo minha garganta, coloco as mãos nas minhas novas calças manifestadas, que, graças a deus, ainda encostam no chão. Pegando o pedaço de papel no meu bolso eu digo:
— Eu hm, eu preciso de algumas coisas. — Vendo quando Lina arranca o papel da minha mãe e olha ele inteiro, parando para levantar as sobrancelhas e murmurar alguma coisa inteligível sob sua respiração e me examinou mais uma vez.
Mas quando parece que ela vai me deixar em paz, ela coloca a lista na minha mão de novo, destranca a porta, e nos deixa em um quarto que eu não esperava.
Quero dizer, quando Ava disse que esse lugar tinha tudo o que eu precisava, eu estava um pouco nervosa. Eu tinha certeza que eu iria entrar em porão sujo e esquisito, cheio de coisas esquisitas, assustadoras e ritualísticas, como frascos com sangue de gato, assas de morcegos, cabeças cortadas e encolhidas, bonecas de Vodu – coisas que você vê em filmes ou na TV. Mas esse quarto não é nada parecido com isso. Na verdade ele é bem mais legal que a média, mais ou menos bem organizado estoque. Bem, exceto pela brilhante porta roxa, paredes enfeitadas por totens e máscaras. E ah, as pinturas de deusas encostadas nas prateleiras cheias de pesados tomos antigos e divindades de pedra. Mais o gabinete é bem comum. E quando ela abre um armário e começa a mexer nele, eu tento espiar pelo seus ombros, mais eu não vejo nada até ela segurar uma pedra que parece muito errada.
— Pedra da lua. — Ela disse, vendo a confusão no meu rosto.
Eu encarei a pedra, sabendo que não parece como deveria, e mesmo que eu não possa explicar, alguma coisa sobre isso não está certa. E sem querer ofende-la, sem ter nenhuma dúvida de que ela não pensaria duas vezes antes de me expulsar, eu respirei fundo, reunindo toda a minha coragem e disse:
— Hm, eu preciso de uma que esteja em estado natural e não polida, na sua mais pura forma – essa só parece um pouco suave e macia para as minhas necessidades.
Ela acenou, quase imperceptível, mas continuava lá. Só o mais sutil toque em seu cabelo encaracolado, e o sutil aperto nos seus lábios antes de ela substituir a pedra pela a que eu pedi.
— Essa mesma! — Eu falei, sabendo que eu passei no seu teste. Contemplando a pedra da lua, que não é tão brilhante e bonita, mais que esperamos que faça o seu trabalho, que é ajudar novos começos.
— Agora eu preciso de uma tigela de cristal, uma que foi feita pelo sétimo chakra, uma bolsa de seda vermelha feita por monges tibetanos, quatro cristais polidos de quartzo rosa, uma estrela pequena – não, estrela-leve? É assim que se fala isso? — Eu olhei para ela quando ela acenou.
— Oh, e o maior pedaço de zoisite que você tiver. — E quando Lina só ficou parada com as mãos no quadril, eu sei que ela está se perguntando como todas as coisas podem se juntar. — E ah, um pedaço de turquesa, provavelmente do mesmo tamanho do que você está usando. — Eu disse, apontando para o seu pescoço.
Ela me olhou, frisando a testa e me dando um profundo aceno de cabeça, me dando as costas e indo buscar os cristais. Pegando eles tão casualmente que você pensaria que ela está comprando comida no Whole Foods.
— Oh, aqui está a lista das plantas. — Eu disse, procurando no meu outro bolso e desenrolando um pedaço amassado de papel, então eu entreguei para ela. — Preferencialmente que tenham sido plantadas durante a lua nova, e tenham sido colhidas por cegos na Índia — Eu adicionei, impressionada como ela só pegou a lista sem nem vacilar.
— Posso perguntar do que se trata? — Ela perguntou, seus olhos nos meus. Mas eu só balanço a cabeça. Eu estava relutante em contar a Ava, que era uma boa amiga. Então não tem jeito de eu contar a essa mulher, não importa o quão maternal ela pareça.
— Hm, eu prefiro não falar. — Eu dou de ombros, esperando que ela respeite isso e siga em frente, porque manifestar esses itens não vai funcionar, é importantíssimo que eles sejam da sua fonte original.
Nós nos olhamos, olhares fixos, inabaláveis. E mesmo que eu esteja pronta para ficar com o pé no chão, por quanto tempo precisar, não é depois de muito tempo que ela deixa para lá e começa a olhar em um armário e jogar um monte de pacotes quando eu digo:
— Oh, e mais uma coisa. — Procurando na minha mochila pelo meu esboço da rara, difícil de achar erva que era usado na renascença de Florença. O ingrediente final do elixir da vida.
Mostrando para ela quando eu digo:
— Isso lhe parece familiar?