— Esqueça. Você não manda em mim, Dulce! — Maite berra, de braços cruzados, cara carrancuda, recusando-se a ceder. Quer dizer, quem teria imaginado que uma doze-anos-de-idade poderia ser uma força da natureza? Mas de nenhuma maneira eu estou sendo generosa. Porque no segundo em que meus pais se foram e Maite estava banhada e alimentada, mandei uma mensagem para Brandon, lhe dizendo para vir por cerca de dez minutos, que faz desse minuto qualquer tão imperativo para que eu a leve para a cama. Eu mexo minha cabeça e suspiro, desejando que ela não tivesse que ser assim malditamente teimosa, mas totalmente preparada para a batalha.
— Hum, eu odeio quebrar isso para você — eu digo. — Mas você está errada. Eu mando em você. A partir do momento que mamãe e papai saíram até o momento em que eles voltem, estou cem por cento mandando em você. E você pode discutir tudo o que quiser, mas eu não vou mudar nada.
— Isso é tão injusto! — Ela olha fixamente. — Eu juro, no segundo que tiver treze vai haver alguma igualdade por aqui.
Mas eu simplesmente dou de ombros, tão ansiosa para esse momento quanto ela.
— Bom, então eu não vou ter que tomar mais conta de você e começar a ter minha vida de novo — digo, vendo como ela revira os olhos e bate o pé contra o chão acarpetado.
— Por favor. Você acha que eu sou estúpida? Você acha que eu não sei que Brandon está vindo? — Ela balança a cabeça. — Grande coisa. Quem ainda se importa? Tudo que eu quero fazer é ver TV – é isso. E a única razão que você não vai me deixar é porque você quer o porco na cova com o seu namorado então você pode fazer isso no sofá. E isso é exatamente o que vou dizer a mamãe e papai, se você não me deixar assistir ao meu programa.
— Grande coisa. Quem ainda se importa? — Eu digo, fazendo uma perfeita imitação dela. — Mamãe disse que eu poderia ter mais amigos, então é isso. — Mas no momento em que isso sai, eu não posso ajudar, mas me encolho, querendo saber quem é a criança, ela ou eu?
Eu mexo minha cabeça, sabendo que é mais uma ameaça vazia, mas não estando disposta a arriscar, eu digo:
— Papai quer sair mais cedo, o que significa que você precisa dormir um pouco para que você não esteja totalmente mal-humorada e irritada pela manhã. E para sua informação, Brandon não está vindo. — Eu sorrio tolamente, esperando que disfarce o fato de que eu sou uma mentirosa horrível.
— Ah, é? — Ela sorri, seus olhos iluminando quando se focam nos meus. — Então por que o Jipe dele esta na estrada?
Me viro, olhando para fora da janela, em seguida, olhando para ela.
Suspirando baixinho quando eu digo:
— Certo. Ve o seu programa. Que seja. Veja se eu me importo. Mas se lhe der pesadelos de novo, não venha chorando para mim.
— Vamos, Dulce, qual é o negócio? — Brandon diz, sua expressão cruzando a fronteira do curioso para o irritado em questão de segundos. — Eu esperei mais de uma hora para a sua irmã ir para a cama para que assim que nós poderíamos estar juntos e agora você começar a agir assim. O que há?
— Nada — murmuro, recusando o seu olhar quando eu reajusto o meu top. Espreitando a partir do canto do meu olho quando ele balança a cabeça e os botões de seu jeans – jeans que eu nunca pedi para serem desabotoados, em primeiro lugar.
— Isso é ridículo — ele murmura, sacudindo a cabeça e fechando do cinto. — Eu conduzo todo o caminho até aqui, seus pais estão fora, e agora você está agindo como –
— Como o quê? — Eu sussurro, querendo que ele diga.
Esperando que ele possa juntar em poucas palavras, definir o que é apenas o que eu estou passando.
Porque antes, quando eu mudei de ideia e mandei o texto pedindo-lhe para vir, eu pensei que iria colocar tudo de volta ao normal novamente. Mas a partir do momento em que eu atendi a porta, o meu primeiro instinto foi fechá-la novamente. E não importa o quanto eu tente, não consigo entender porque eu estou me sentindo assim.
Quer dizer, quando eu olho para ele, fica óbvio como eu sou sortuda. Ele é legal, ele é bonito, ele joga futebol, ele tem um carro legal, ele é um dos mais populares – para não falar que eu gostava dele por tanto tempo que eu mal podia acreditar quando soube que ele gostava de mim. Mas agora tudo é diferente. E não é como se eu pudesse me forçar a sentir coisas que eu não sinto. Eu tomo uma respiração profunda, consciente do peso de seu olhar quando eu brinco com a minha pulseira. Dando voltas e voltas, tentando lembrar como ela chegou lá.
Ciente de algo minucioso na parte de trás da minha mente, algo sobre –
— Esqueça isso — diz ele, se levantando para sair. — Mas eu estou falando sério, Dulce. Você precisa decidir o que você quer em breve, porque isso...
Eu olho para ele, me perguntando se ele vai terminar a frase e imaginado porque eu não consigo me importar de qualquer forma. Mas ele só olha para mim e balança a cabeça, agarrando as chaves quando ele diz:
— Que seja. Divirta-se no lago.
Eu assisto como a porta se fecha atrás dele, então eu me movo até a cadeira do meu pai, agarrando no afegão à malha que minha avó tricotou para nós não muito tempo antes de morrer, e puxando-a até meu queixo e dobrando-a sob meus pés. Lembrando como na semana passada eu estava dizendo para Rachel que eu estava pensando seriamente em ir por todo o caminho com Brandon, e agora – agora eu posso ficar mal se ele me tocar.
— Dulce?
Abro os olhos. Maite está em pé diante de mim, o lábio inferior tremendo, seus olhos azuis nos meus.
— Ele se foi? — Ela olha ao redor da sala. — Vem se sentar comigo, enquanto eu tento dormir? — Ela pergunta, mordendo o lábio, dando-me aquele olhar triste de cachorrinho que é impossível resistir.
Eu aceno.
— Eu lhe disse que o programa era muito assustador para você — digo, a minha mão em seu ombro enquanto nos dirigimos ao fundo do corredor, ela ficando toda dobrada e enraizada antes de eu me ajustar direito ao seu redor. Lhe desejando o mais doce dos sonhos e alisando seu cabelo no rosto quando eu sussurro:
— Não se preocupe. Vá dormir. Não há nenhum telhado com fantasmas.