Fanfic: E Ela Acordou Casada - Vondy Adaptado | Tema: Comédia Romântica
Capítulo 1
Forçado a escutar uma pontada de náusea após outra reverberando através do mármore polido, Christopher Uckermann praguejou contra sua própria consciência.
Por falar em fardo incoveniente...
Não importava o quanto sentisse o estômago revirar ou a cabeça latejar, não havia a menor possibilidade de disparar pela porta na parede oposta, que lhe acenava com a liberdade.
Forçando o olhar de volta a própria imagem levemente esverdeada, fechou a torneira e torceu uma toalha. Em seguida, injetou um certo grau de empatia em sua expressão e se preparou para encarar a situação.
- Ei, bela! - exclamou, cruzando na direção da criatura deprimente, meio inclinada, meio se amparando sobre o vaso à frente. - Está se sentindo melhor?
Olhos de guaxinim perscrutaram sob um ninho de rato loiro enquanto ela esticava a mão para a toalha que Christopher oferecia.
- Chris...
- Christopher - corrigiu ele, entre o divertimento e o que devia ser exatamente o oposto disso.
- Precisamos de um advogado - ofegou ela, mal conseguindo tempo para demonstrar seu desgosto antes da próxima náusea a atingir.
Um advogado. Aquele não era exatamente um começo espetacular para a lua de mel dos dois. Mas, de qualquer forma, aquela também não era o que podia se chamar de situação espetacular. Claro que, menos de quinze minutos após aquele corpo quente esticado ao lado dele gemer de um modo não muito agradável e se erguer em um salto em direção ao toalete, Christopher não conseguira juntar todas as nebulosas peças do quebra-cabeça que compunha a noite anterior. Porém, baseado na chocante evidência à mão... ou melhor, no dedo... e a aliança de diamantes faiscante que adornava o dedo dela, aquele era o pior dos cenários a ganhar a vida. A descontração acabara mal. A jugar pelas consequências. Sim, ao que tudo indicava, aquela seria uma sujeira difícil de limpar.
Portanto, um advogado lhe pareceu o ponto de partida ideal. Assim que a parte nauseante da manhã tivesse concluída.
- Uma coisa de cada vez, querida. Vamos resolver isto primeiro e mais tarde nos arrependermos do restante.
Qualquer que fosse a resposta engrolada que ela lhe deu, Christopher tinha a impressão de que se tratava de algum tipode concordância.
Droga, que desastre!
Esfregando a nuca com uma das mãos, ele percorreu a lívida esposa com um olhar não muito sutil.
Doze horas atrás aquela mulher parecera "autêntica", com seu humor afiado e uma discreta aspereza. O sorriso excessivamente largo, um sortimento de sardas e uma risada sexy.
Agora, com os cabelos ameaçando imergir em só Deus sabia o quê, parecia apenas... rude. Sem nenhuma delicadeza.
Ainda assim, mesmo ao observar o caos que ela aparentava diante de seus olhos, imagens fragmentadas lhe bombardeavam a mente, permitindo vislumbres de quem ela fora na noite anterior. Uma garota comum, como uma antiga vizinha, cedendo a uma travessura. Perfeito para o clima travesso que se encontrava na noite anterior. Pensara que aquela mulher poderia lhe proporcionar algumas horas de divertimento.
Então, como ela acabara atirada sobre seu ombro, dando risadinhas e o chamando de louco, enquanto ele a carregava para uma daquelas famosas capelas de casamento expresso em Las Vegas?
Dulce girou, permitindo-lhe uma visão completa da parte frontal da camiseta rosa-shoking muito apertada que ela estava usando quando Christopher cambaleara para dentro do banheiro atrás dela.
Estampadas sobre o busto, as letras de imprensa em tinta preta que formavam cinco palavras: "Quer me dar seu sêmen?"
Oh certo. Fora assim!
Diabos!
O que lhe dera na cabeça!
Dulce ergueu o olhar para a expressão severa estampada no rosto de Chris... não, Christopher. Em seguida, baxou-o para o que devia ser um conjunto de dez quilates de diamantes que lhe adornava o dedo anelar da mão esquerda e se inclinou sobre o vaso outra vez.
Fizera sexo com um estranho. Alguém a quem tinha uma vaga lembrança de ter conhecido. E depois... acabara se casando com ele.
Ou talvez tivessem resolvido esperar... seguindo pela rota mais tradicional e se guardando para depois do casamento. Para que fosse algo especial.
Argh!
Tão incrivelmente especial que o único detalhe de toda a consumição do qual conseguia se lembrar era da suave fricção do tecido entre suas coxas, o peso impertuoso daquele corpo sobre o dela e a intensa frustação de ficar com o dedo do pé preso no ilhós da calça que ele usava, enquanto tentava lhe afroxar a gravata.
E agora se encontrava ajoelhada colocando as entranhas pra fora, ao passo que aquele homem, um total estranho, ousava testemunhar um dos mais íntimos dessabores que uma pessoa podia suportar. Gostaria que ele tivesse se retirado como ele havia lhe pedido. Mas ele permanecera para se certificar de que ela estava bem como o bom marido que era.
Aquilo foi quase o suficiente para fazê-la rir, se não fosse o fato de não ter nenhuma graça e seu corpo estar ocupado com outra coisa.
- Não pode ter restado muita coisa - soou a voz áspera atrás dela.
Quando os espasmos abrandaram, Dulce arriscou um olhar ao homem com quem se casara. Além da expressão contemplativa, aqueles olhos escuros não transpareciam muita coisa.
- Não há - Ela gemeu - Por várias vezes não consegui colocar nada pra fora. Isso... é apenas meu estômago reclamando... acho eu.
- Hum. E com muito ênfase, pelo que posso ver. - O toque de humor fez o foco de Dulce se voltar mais um vez a ele. Aos detalhes que deixara escapar no primeiro olhar, era um homem alto, e não apenas porque estava o olhando do chão. Alto o suficiente para se recostar ao batente da porta e, com o braço dobrado, permitir que a mão livre segurasse a parte superior, que ficava a apenas alguns centímentros do topo de sua cabeça. A compleição corporal era vigorosa, com uma força esbelta refletida nos músculos definidos do peito, abdomen, ombros e braços, embora não fossem exaltados como os de um fisiculturista. Aquele homem parecia estar mesmo em forma. E, como se aquilo não bastasse, ele também era dotado de uma beleza clássica. Um nariz reto, ossos malares salientes e um sortimento de feições hormonais tão atraentes que, de repente, a fizeram imaginar há quanto tempo o estava dissecando com o olhar.
Ali, do ponto onde se instalara no chão... ao lado do vaso sanitário... onde estivera colocado todo o conteúdo do estômago para fora.
Argh!
De fato, não poderia se sentir mais humilhada. Mas não importava. Aquele homem e toda sua beleza não faziam arte de seus planos. Portanto, qual a importância ddaquele estranho ser lindo, ou de ela ter visto traços do tipo do humor que costumava agradá-la, ou que estivesse, na verdade, casada com ele?
Tivera percalços suficientes a quem de fato conhecera e havia desistido de todo qualquer relacionamente.
Ainda assim, o orgulho a fez erguer os membros que se encontravam dormentes pela combinação de ter ficado ajoelhada por tanto tempo. Membros que quase não respondiam ao seu comando. De repente, Dulce se viu caindo outra vez, não fossem duas mãos fortes a segurar pelas axilas, mantendo-a de pé até que ela recobrasse o equilibrio.
O contato foi desajeitado. Dulce tentando se equilibrar, e ele tentando segurá-la, sem se aproximar demais.
- Obrigada.
- Não há o que agradecer. - E após uma pausa. - Apenas um dos benefícios de ter um marido por perto, acho eu.
Dulce anuiu, exausta, devastada, mas de alguma forma mais agradecida do que as palavras poderiam expressar por aquele diálogo suérficial. Por mais que necessitassem, não estava preparada para conversar sobre o que aconttecera na noite anterior. Sobre como conseguiram, naquela manhã ou durante o tempo que demorasse, anular o casamento.
Não conseguiria manter nenhum diálogo até pelo menos tomar um banho, escovar os dentes, passar fio dental e enxaguar a boca com o primeiro antisséptico bucal que lhe caísse nas mãos. Baixando o olhar, acrescentou uma troca de roupas à lista. Em seguida, comprometida a fazer sua parte, retrucou com uma voz gentil:
- Sabia que havia uma razão para escolhê-lo.
A risada abafada que obteve em resposta a fez arriscar um outro olhar por sobre o ombro.
Foi aquele sorriso que surtiu efeito. Que lhe trouxe as imgens da discussão regada a vodca em uma sequência ordenada o suficiente para fazê-la ter ao menos um vislumbre do homem da noite anterior, em vez do quase estranho ao lado do qual acordara naquela manhã.
Oh Deus! No que havia se metido... e com que rapidez seria capaz de se livrar daquela situação?
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