Fanfic: Pode beijar a noiva(adaptada) | Tema: Vondy

anniepuente: Postado Gatenha!!!

Christopher não sabia o que o sujeito queria dizer. De repente o pão e o queijo que ele estava engolindo pararam na garganta, fazendo-o engasgar como se comesse urtiga. Pegou depressa o caneco e tomou a cerveja restante. O engasgo passou, mas não o horror que o envolvia.

Abaixou o caneco vazio e perguntou em tom sufocado:

– Está tentando me dizer que Alfonso Herrera, o cura, foi assassinado?

– Sim. – MacTavish fitou-o com curiosidade.

– Isso é... impossível. – Christopher não acreditou. – Ele morreu durante a epidemia de tifo, há seis meses.

– É verdade, mas não foi a epidemia que o matou. Foi O’Malley.

Christopher pestanejou. Lembrou que Dulce não especificara a causa da morte de Alfonso. Dissera apenas que ele morrera e, por causa da quarentena, não os avisara antes. Christopher e a mãe presumiram que Alfonso morrera de tifo.

Alfonso assassinado? Por que alguém pretenderia matar Alfonso? Além de Christopher que se sentira como se o houvesse feito... mas fora só uma vez.

– Por que esse O’Malley matou o Sr. Herrera? – Christopher precisava saber.

O barman deu de ombros.

– Ninguém sabe ao certo. O’Malley estava fora de si. O que eu sei é que o cura foi dar a extrema-unção para a mulher de O’Malley, e depois disso três pessoas morreram: o cura, a esposa de O’Malley e ele próprio, enforcado.

Perplexo com o que escutava, Christopher não notou que MacTavish tornara a encher seu caneco. Então, tomou um grande gole.

– O senhor está dizendo que a Sra. Herrera, esposa do cura, herdou dez mil libras do assassino do marido?

– Bem, ela herdará – MacTavish disse –, assim que se casar de novo. Christopher encarou-o.

– Casar-se de novo? Do que o senhor está falando? Dulce Herrera tem ou não dez mil libras?

– Ela não tem – uma voz um tanto irritada veio do fundo. Christopher olhou ao redor e viu o homem de meia-idade que entrara momentos antes largar o guardanapo e fitá-los com ar aborrecido, sentado à mesa ao lado da janela. – Eu lhe agradeço, Sean, por trazer à baila esse assunto justo na hora em que eu estava tentando apreciar meu almoço. Você sabe que isso me tira a vontade de comer o cozido de sua mãe.

– Perdão, Vossa Excelência. – MacTavish conteve o riso.

– Lorde MacCreigh? – Christopher fixou o olhar no estranho, mas duvidou que o homem corpulento e amante de cozido de carneiro fosse o próprio.

– Não sou MacCreigh. – O primeiro cavalheiro que Christopher vira desde que chegara a Shetland resmungou. – Sou Reardon, presidente do Supremo Tribunal de Justiça. Sou o juiz que presidiu, há seis meses, durante minha última visita à ilha, o julgamento de O’Malley. – Ele tomou um bom gole de cerveja, abaixou o caneco, arrotou e disse – Ah – com satisfação.

Christopher olhou de MacTavish para o juiz e vice-versa. Depois de mais um segundo de ponderação, afastou a cadeira e foi até a mesa do juiz. Reardon fitou-o desconfiado.

– Perdão, Vossa Excelência – Christopher falou –, posso sentar-me a seu lado? Creio que tenho algum envolvimento nesse caso...

– Caso? – Reardon levantou a cabeça e fitou-o com severidade. Era um homem de rosto vermelho, corpulento sem ser obeso. Havia linhas de expressão ao redor dos olhos e da boca que sugeriam bom humor que Christopher ainda teria de comprovar. – Qual caso? Não há nenhum caso. O caso já foi encerrado. O’Malley matou Herrera; a viúva de Herrera ficará com a fortuna de O’Malley assim que se casar de novo. Se o senhor está pensando em casar-se com ela, entre na fila. Há cerca de vinte camaradas na sua frente, meu rapaz.

Sem esperar um convite para ocupar a mesa do cavalheiro mais velho – o que certamente não aconteceria – Christopher deslizou na cadeira oposta à do juiz e inclinou-se para frente.

– Perdoe-me, sir. Meu nome é Denham. Christopher Uckermann, nono conde de Denham, para ser mais exato. Alfonso Herrera era meu primo em primeiro grau.

Reardon arqueou as sobrancelhas até quase desaparecerem debaixo da peruca antiga e empoada que usava.