Fanfic: Pode beijar a noiva(adaptada) | Tema: Vondy

– Acho que não – Christopher retrucou em tom ligeiramente contrariado. Não tinha por hábito almoçar com homens que pretendia matar, muito menos com as irmãs deles.

– Então ao meio-dia – o barão insistiu, como se Christopher nada houvesse dito. Dirigiu-se a Dulce. – Bem, sra. Herrera, creio que diante da inesperada visita de seu primo teremos de adiar nosso encontro com o juiz Reardon.

– Ah. – Dulce disse. Quando Christopher olhou para ela, viu-a corar. – Ah, sim. Sinto muito, lorde MacCreigh.

– Claro. – MacCreigh, com aparente galanteria de cavalheiro, bateu os saltos das botas e fez uma cortesia. – Longe de mim, madame, negar-lhe o prazer da companhia da família de seu marido. Até amanhã, sir.

O barão iniciou uma volta para se afastar, mas a voz fria de Christopher o fez parar.

– Ao meio-dia, amanhã – ele disse, fingindo um tom de indiferença a fim de poupar Dulce.

Christopher teve a satisfação de ver o ombro largo do barão contrair-se.

– Claro – Bain disse com um sorriso arreganhado. – Esperarei por isso, sir.

Então, com uma rajada de vento, o barão foi embora.

Christopher sentiu Dulce se largar contra seu corpo, como se até aquele momento estivesse se segurando para não demonstrar fraqueza diante do barão. Seus joelhos fraquejaram.

– Tudo bem, Dulce. – Christopher segurou-a ainda com mais força pela cintura, para ela não cair. Ele a fitou com reprovação, notando as faces vermelhas e os olhos brilhantes demais. – Você vai me dizer o que estava acontecendo?

Dulce, embora claramente preocupada pelo que ocorrera, disfarçou muito bem. Se Christopher tivesse mãos sobrando, teria aplaudido sua performance. Mas ele estava muito ocupado segurando-a para bater palmas.

– Do que está falando? – Dulce perguntou com inocência e arregalou os olhos castanhos. – Francamente, às vezes milorde fala por enigmas. O barão e eu estávamos apenas conversando. Ao término das aulas, ele para algumas vezes no farol para conversarmos, ah, sobre literatura e outras coisas...

– Entendo. – Christopher anuiu. – E foi durante uma dessas discussões literárias que ele subitamente pensou que seria uma boa ideia arrastá-la até a cidade para ver o juiz Reardon?

A perturbação foi visível no olhar castanho, o corado aumentou e Dulce abaixou o olhar.

– N... não sei a respeito do quê está falando – ela balbuciou.

– Não, tenho certeza de que não. – Ele suspirou, segurando-a com firmeza. – Dulce, acho que está na hora de termos uma conversa, só você e eu. E não é sobre literatura.

Dulce espiou levantando os olhos, apenas uma vez, talvez para conferir o grau da seriedade da expressão de James. Ao ver que era elevado, voltou a olhar para os próprios dedos que, inconscientemente, brincavam com os botões dourados do colete dele.

– Devemos mesmo, Christopher? – ela perguntou com voz fraca. – Prefiro que não.

– Claro que sim – Christopher concordou, tentando admitir para si mesmo como ele gostava de ouvir o som de seu nome naqueles lábios. Mas não se deixaria distrair. Segurou-a com firmeza. – Realmente, Dulce. Quanto tempo você acha que poderá esconder de mim o que aconteceu?

Ela ergueu os olhos de novo e ele viu que estavam arregalados com inocência fingida.

– Esconder o quê, Christopher?

– Não tente me enganar com esse tom – Christopher disse com severidade. – É o mesmo tom que você costumava empregar com sua tia quando ela a pegava ainda acordada quando deveria estar na cama. Você sabe perfeitamente do que estamos falando. Alfonso. Quanto tempo acha que poderá me manter no escuro sobre isso, hem?

Dulce arregalou ainda mais os olhos, mas dessa vez com culpa.

– Ora – um pouco da antiga aspereza com que ela se dirigia a ele estava de volta –, se você houvesse partido na balsa do meio-dia, como supus que houvesse feito, não ficaria sabendo nunca, não é?

– E se eu houvesse partido na barca do meio-dia, o que lorde MacCreigh teria feito se eu não entrasse naquele momento?

– Nada – Dulce disse, sem muita convicção.

– Nada? Pois eu não acho, Dulce. Eu penso...

Christopher não terminou de dizer o que pensava, pelo menos naquele momento, pois a porta foi aberta de novo. Mas não era o barão e sim o garoto a quem Chistopher confiara o chapéu e a bengala.

– Sra. Herrera? – o menino chamou ao entrar na sala. Deu um olhar ao redor e se deteve em Dulce, virando então a cabeça de lado. – Ah, a senhora está aqui. Está tudo bem?

Dulce deixou escapar um som que ficava entre um soluço e uma risada e, para desapontamento de Christopher, afastou-se dele.

– Ah, Fergus. – Dulce sentou-se em um banco do lado oposto de onde o menino estava. – Claro que está tudo bem. O que você tem nas mãos?