Fanfic: Pode beijar a noiva(adaptada) | Tema: Vondy

A força do empurrão da Sra. MacTavish teria desequilibrado Dulce, se Christopher não houvesse se adiantado com rapidez e a segurado antes de ela estatelar-se no chão.

Nos braços de Christopher, com o rosto a centímetros do dele, Dulce fitou-o com olhar arregalado. E naqueles olhos, castanhos, Christopher enxergou uma emoção que o deixou desorientado e excitado.

Acanhamento. Dulce, por algum motivo, estava com vergonha.

Dele.

 – Vamos, milorde. – A Sra. MacTavish insistiu. – Beije a noiva!

Christopher não hesitou nem mais um segundo. O que mais ele poderia fazer? Ele não podia não beijá-la... não com Geoffrey Bain olhando-os com tanta malícia. O barão poderia pensar que ainda tinha uma chance.

Ele abaixou a cabeça, consciente daquele olhar de Dulce – isso sem mencionar a rigidez do corpo, claramente infeliz com a posição em que se encontrava – e pretendeu apenas roçar os lábios nos dela.

E algo inesperado aconteceu quando seus lábios tocaram nos de Dulce... algo que deve tê-la chocado mais do que a ele. Afinal ele sempre suspeitara que beijar Dulce seria uma experiência inesquecível.

No entanto, estava certo de que Dulce jamais pensara em beijá-lo. E por que ela o faria? Não fora ele quem fizera a família rejeitá-la e ainda esmurrara o noivo dela? Não, Dulce jamais pensaria em como seria beijar Christopher.

Mas Christopher percebeu que não só ele sentira um choque inexplicável quando os lábios se tocaram. Embora ele esperasse isso – um homem não podia pensar por tanto tempo e comfrequência nos lábios de uma mulher e não sentir nada quando a fantasia se tornava realidade – ainda era uma surpresa, por ser muito mais forte do que ele antecipara.

Para Dulce, que jamais na vida pensara em beijar o conde de Denham, a pequena centelha que ocorrera quando os lábios de Christopher encontraram os seus foi um acontecimento inesperado. E surpreendente, pois quando o conde ergueu a cabeça, terminando o beijo casto e adequado para a ocasião, Dulce, ainda com os lábios tinindo do primeiro contato, abraçou-o pelo pescoço e puxou-lhe a cabeça de volta...

... esquecida dos rostos embasbacados ao redor deles.

E quem poderia culpá-la? Dulce jamais experimentara nada no mínimo parecido com o que sentira quando os lábios de Christopher tocaram os seus. Talvez os seis meses de viuvez houvessem entorpecido seus sentidos, mas estava certa de que se lembraria se Alfonso a houvesse beijado daquele jeito.

Quando Christopher tocou novamente em seus lábios com os dele, Dulce teve certeza. Nunca experimentara tal emoção. Não que Dulce fosse muito experiente, pois ela só tivera os abraços do marido para comparar. E beijar, entre outras coisas, nunca fora importante para Alfonso, que afirmava não ser apropriado para a esposa de um cura ficar muito interessada em demonstrações físicas de afeição como Dulce parecia ser. Por isso ela tentara firmemente concentrar seus pensamentos em coisas mais elevadas.

Agora, nos braços do primo de Alfonso, Dulce descobria que manter a mente em coisas mais elevadas não era fácil quando alguém a beijava com a habilidade de Christopher Uckermann. Não havia dúvida que Christopher sabia beijar. Ele movia os lábios sobre os dela com desejo possessivo surpreendente, considerando que estavam casados havia pouco mais de trinta segundos.

Os beijos de Alfonso não eram de desejos nem possessivos. Quando ele a beijara, Dulce estivera certa de que ele pensava em outra coisa, no próximo sermão, ou nas falácias de William Palley sobre a natureza de Deus, ou como faria que os O’Malley se casassem na igreja, pois eram casados apenas no civil.

Não era assim com Christopher, que beijava Dulce como se pensasse... em Dulce.

Foi muito agradável. Especialmente se levar em consideração o fato de que nos últimos seis meses, poucas pessoas pensavam em Dulce como pessoa, mas sim nas dez mil libras que ela herdaria no dia em que se casasse novamente. No entanto, o interesse de Christopher era inteiramente pessoal. Tão pessoal que ela quase podia jurar que ele de fato sentia algo por ela...

... algo mais que um desejo de reparar um erro que cometera. Pois ele não a apertara nos braços quando ela o cingira pelo pescoço? E ela não pôde sentir, através do colete e do corpete de seu vestido, o coração batendo forte contra o seu? E não havia algo de proprietário em seu beijo, como se ele fosse dono dela? Era excitante ser beijada dessa maneira, como se Christopher fosse algum invasor vitorioso e Dulce seu prêmio cativo...

Dulce nunca fora dada a imaginações fantasiosas. Mas as coisas teriam sido diferentes se Alfonso a houvesse beijado dessa maneira apenas uma vez!

Dulce foi tirada de suas reflexões por uma tossidela barulhenta que a trouxe de volta rapidamente ao lugar onde estava. Bom Deus! Ainda no castelo MacCreigh e com todas aquelas pessoas olhando para ela! Como teria sido fácil perder-se no abraço de Christopher! Como era adorável ser amparada por braços fortes, sentir o calor irradiando-se a seu redor e o cheiro de camisa recém-lavada!

Dulce afastou os lábios dos de Christopher, piscou rápido e com expressão de culpa na direção do juiz Reardon que parecia divertir-se, ao contrário de lorde MacCreigh, que mal continha a raiva.

– Aí está – o juiz afirmou, satisfeito, e fechou o livro de registro de cerimônias civis. – Tudo acabou bem. Acho que formam um bom par. Ela quer a estabilidade que ele tem, enquanto ele quer um pouco de suavidade, que tenho certeza de que ela proverá. Agora, se não se importam, voltarei a meu almoço.

Christopher, para desilusão de Dulce, endireitou-se e soltou-a. E quando ela, envergonhada, desequilibrou-se por estar com as pernas fracas por causa do beijo, ele a segurou pela cintura.

– Sim – Christopher disse com muita calma, como Dulce notou. – Nós já abusamos muito da hospitalidade de lorde MacCreigh...

– Bobagem! – A voz doce de Natália Bain soou com um toque de agudeza indicando seu sofrimento em solidariedade ao irmão que se sentara em uma cadeira funda diante do fogo para curtir o amuo. – Por favor, fique. Será um almoço de casamento.

A sra.MacTavish e o filho pareceram empolgados. Até Cletus mostrou-se mais animado depois da tristeza pelo casamento de Dulce. Almoço de casamento? Tal convite, bastante raro, devia ser considerado com avidez, ainda mais se incluísse uma amostra de vinho das adegas de lorde MacCreigh.

Todavia, Dulce não queria ficar, mesmo se isso incluísse vinho. Afinal, não se tratava de um casamento de verdade... embora só ela e lorde Denham soubessem daquele segredo particular.

Para seu alívio, Christopher concordou.

– Agradeço sua bondade, Srta. Bain, mas terá de ficar para outra ocasião. Roberts, minha capa.