Fanfic: Pode beijar a noiva(adaptada) | Tema: Vondy

Não demorou muito e a notícia do casamento de Dulce espalhou-se pela aldeia de Faires, graças à Sra. MacTavish. Ao voltar do castelo MacCreigh após a cerimônia, contou a novidade para quem encontrasse, inclusive a respeito do beijo íntimo que presenciara entre os noivos. Em pouco tempo não havia uma pessoa em Faires que não soubesse que a viúva Herrera finalmente se casara e que a herança de dez mil libras não iria para nenhum varão local, como seria o certo, segundo os aldeões, mas para um completo estranho.

Seria mesmo? O conde de Denham era desconhecido em Faires, mas seria também para Dulce? Dizia-se que ele era parente do falecido cura. Embora tivessem certa semelhança, os dois homens não podiam ser mais diferentes. Alfonso Herrera era conhecido por sua pobreza e devoção. Lorde Denham já provocara espanto aos habitantes da aldeia ao alugar o coche de Murphy à elevada quantia de dois soberanos ao dia e depois por desafiar – isso mesmo, desafiar – o barão MacCreigh para um duelo.

Como se isso não fosse suficiente, havia também uma novidade perturbadora que a Sra. MacTavish divulgava em voz baixa e com espiadas furtivas para os lados para certificar-se de que ninguém ouviria... No final do dia, todos em Faires sabiam do segredo que a Sra. MacTavish achava-se no dever de comunicar: o conde de Denham não passara a noite no quarto alugado na estalagem. Não, Murphy o deixara na porta da cabana da viúva Herrera naquela noite e voltara para buscá-lo na manhã seguinte, conforme instruções que recebera.

Em resumo, lorde Denham e a viúva Herrera haviam passado a noite juntos. Antes de se casarem.

De acordo com a maioria das mulheres de Faires, havia uma única explicação para o ocorrido: lorde Denham e Dulce tinham sido amantes muito antes de ela casar-se com o primo dele e vir para Faires.

Aquilo fazia sentido. Dulce não fora uma decepção como esposa de um cura? Bem, ela assumira as responsabilidades normais que se poderia esperar; visitava os velhos e os enfermos, providenciava tortas para as quermesses da igreja e ajudava a esposa do ministro a decorar vários eventos clericais.

Mas com que frequência ela comparecia aos sermões do marido? Apenas uma vez ao dia. Embora seu marido fosse um anglicano ritualista da Igreja Alta, Dulce estava mais para a Igreja Baixa, pois não era uma mulher que frequentasse assiduamente a igreja.

No entanto, o que causara maior espanto fora a escola da aldeia para as crianças que Dulce insistira em manter após a morte do professor. Uma mulher dando aulas? Teria sido muito razoável se uma viúva sem filhos resolvesse fazer um trabalho como paliativo para a perda. Mas Dulce começara a fazer planos para a escola bem antes da morte do marido... e, segundo alguns, sem a aprovação dele. Afinal, havia meninos e meninas na escola, sentados juntos, e nem ao menos em lados opostos da sala, mas agrupados por idade e habilidades, um arranjo com o qual o Sr. Herrera jamais teria concordado.

Foi depois disso que a maioria dos aldeões – inclusive, como se dizia, a esposa do reverendo Peck, mãe de uma filha pequena e que não tinha tempo de enfrentar e vencer a jovem esposa do falecido cura do marido – eximiu-se da responsabilidade com Dulce... embora ninguém, na verdade, proibisse os filhos de frequentar a escola da Sra. Herrera e muitos até se vangloriavam dos progressos da prole sob a tutela de Dulce.

Mas isso fora antes da chegada do conde de Denham, belo e muito rico que não apenas, como parecia, conhecia Dulce de Londres, mas tivera a temeridade de arrebatá-la – junto com as dez mil libras – bem debaixo do nariz de todos os bons pretendentes escoceses.

Não havia outra explicação a não ser que Dulce e lorde Denham tinham sido amantes e separados por um destino cruel. De coração partido, Dulce se casara com o primo pobre e devoto do conde, o que levou o rico nobre – isso dito por Mary, a garçonete da estalagem que tinha paixão por romances – para os braços de uma modelo parisiense. Fora então que – ainda de acordo com a sonhadora Mary – o conde soubera que Dulce estava livre e viera buscá-la para voltar a Londres com ele. Nenhuma explicação foi dada para o que acontecera com a modelo parisiense.

Na hora do jantar, a maioria da população de Faires aceitara explicação para as atividades altamente irregulares do dia. A maioria, exceto duas pessoas. Uma delas era o barão, que não acreditava que Dulce pudesse amar qualquer um a não ser ele.