Fanfic: Pode beijar a noiva(adaptada) | Tema: Vondy

O fato é que sucedera – era real – e nada podia fazer, exceto ter um ataque de cólera, o que estava determinada a não ter. Não, ela se comportaria como adulta metódica, assim como Christopher fazia. Não queria que ele a achasse puritana. Estava disposta a se comportar como uma pessoa adulta.

 Exceto que... Ah, ele ficava lindo no roupão de seda! Felizmente Christopher apagara a luz. Assim não teria de olhar para aquela beleza masculina fascinante. Seria demais pedir que o primo de Alfonso tivesse uma aparência comum ou ser apenas atraente como Alfonso? Por que Christopher tinha de ser o homem mais bonito que ela já vira? Por que não podia tirar os olhos do V onde o roupão se abria no peito, revelando um pouco de seus pelos escuros? Por que era levada a imaginar se ele usava uma camisola sob o robe?

 A maior questão era por que de repente ela ficava fascinada, quando se tratava de Christopher Uckermann? Seria por causa daquele beijo? Dulce nunca havia pensado em Christopher como homem – bem, não dessa maneira – até aquele abraço ardente no casamento deles. Antes ele fora apenas o Christopher digno de confiança, às vezes digno de censura, o primo mais velho de Alfonso.

 Exceto que, de uma hora para outra, Christopher era muito mais. Ele viera a Faires em busca do túmulo de Alfonso e encontrara sua viúva empobrecida.

 Christopher dera meia-volta e retornara a Londres? Não. Ele não apenas a salvara de uma situação vexatória em relação ao lorde MacCreigh, como também se preocupara em prover-lhe a subsistência que Alfonso, sem mente prática, nunca fizera. Dulce disse a si mesma que não precisava da ajuda de Chrstopher nem de qualquer outro homem, a não ser no caso de lorde MacCreigh. Mesmo assim, Christopher parecia determinado a cuidar dela, mesmo à custa de grande inconveniente para ele.

 E por isso, ela era muito agradecida.

Por que Dulce não podia lembrar-se apenas das coisas boas que Christopher estava fazendo por ela, em vez da sensação daqueles lábios nos seus? Por que não podia concentrar-se em como ele fora atencioso em mandar preparar aquele jantar admirável para ela, em vez de pensar em como ele ficava atraente no roupão? Alfonso estivera certo? Ela era uma devassa?

 Supunha que sim. Por que outro motivo não podia afastar o pensamento do calor que se irradiava do lado de Christopher na cama? Por que tinha de manter os dedos debaixo da coberta para evitar uma exploração que descobrisse o que havia sob o roupão de Christopher?

 Deus! O que havia de errado com ela?

 Mas aquilo não era melhor, ela perguntou-se, do que ir para a cama sozinha? Em todas aquelas noites que ficara com frio e solitária, na cama em que ela e Alfonso haviam dormido, ouvindo o uivar do vento e o rugido do mar, sentindo-se muito in-significante, isolada e esquecida? Ah, mil vezes melhor assim.

 Dominada de repente por um sentimento de imensa gratidão por Christopher, Dulce ouviu a si mesma quebrar a quietude do silêncio que os rodeava.

 – Christopher?

 Por um momento, Dulce pensou que ele adormecera, pois não houve resposta. Que bom, ela pensou, poder dormir e não ficar acordada por uma hora ou mais pensando em devassidão, em sua má sorte ou no galo delinquente.

 Mas ele não estava adormecido e sua voz profunda assustou-a.

 – Sim, Dulce?

 Pestanejando no escuro, Dulce arrependeu-se de imediato por haver aberto a boca. Desejava que Christopher soubesse quanto era agradecida pelo que fizera por ela. Mas o meio da noite nunca fora um bom horário para trocar confidências.

 Tarde demais. Era preciso prosseguir com aquilo. Ele estava à espera de algumas palavras.

 – Boa noite – Dulce falou e, bem depressa, inclinou-se para pressionar um beijo em sua face.

 Fato que Christopher rapidamente retificou com um simples virar de cabeça, pressionando-lhe os lábios aos seus.