Fanfic: Pode beijar a noiva(adaptada) | Tema: Vondy

– Eu gostava de Alfonso – Christopher admitiu de pronto – como um irmão. E como irmão, eu era bem ciente de seus defeitos. Ele teve sorte de sobreviver àquela noite em que você me contou sobre seus planos de fugir com ele. Mas não era ele que eu estava preocupado em perder. Longe disso.

 Dulce, com os olhos arregalados como moedas, encarou-o, perplexa.

 – Então... eu não entendo. Por quê, então?

 Christopher ficou em pé e em seguida ajoelhou-se ao lado da banqueta onde Dulce se sentava. Ele segurou a mão esquerda dela, a que usava o anel de brasão dos Denham, pois ainda não providenciara um anel de casamento.

 – É tão difícil para você acreditar? – ele perguntou com uma tentativa de leveza que não sentia. Na verdade, seu coração batia forte dentro do peito, lembrando tambores de guerra, ele pensou, como para avisá-lo. Mas não era possível recuar e ainda ser um homem. – Dulce, era você quem eu temia perder.

– Christopher apertou a mão dela, como se receasse não poder conservá-la. – Por isso fiz aquilo.

 – Impossível! – No mesmo instante Dulce desvencilhou a mão e levantou-se da banqueta para encará-lo com indignação desafiadora. – Você é... bem, não sei o quê. Mas você não me ama, Christopher. Não me ama. Sei disso.

 – Então você não sabe nada – Christopher retrucou não para se defender nem por raiva. Apenas se sentia cansado. Chegara a pensar que seria um alívio admitir os sentimentos secretos do coração, mas não era verdade. Era cansativo. – Eu a amei desde que você deixou o colégio. Mas Alfonso chegou primeiro.

 – Isto é... isto é... Bem, não sei o quê – Dulce declarou. – Você não pode ter me amado, Christopher. Se me amasse, teria ido à minha procura quando soube da morte de Alfonso, e não atrás dele.

 Christopher ficou em pé e cruzou o espaço entre eles com uma passada. 

– Como eu poderia encará-la depois daquilo? Achei que você estivesse em Londres com sua família. Eu não podia supor que ainda estivesse em Faires. Pensei em ganhar tempo para ser capaz de elaborar um plano que permitisse me aproximar de você.

 – Foi tão difícil então – ela disse com sofrimento enquanto seu olhar procurava o rosto dele – admitir que sentia alguma coisa por mim?

 – Admitir que eu amava a esposa do homem que eu considerava como irmão? Sim. Dulce não seria se você me desse o menor sinal de encorajamento – ele disse com a maior ternura de que era capaz, embora tivesse a impressão de ser esfolado vivo. – Você foi muito objetiva acerca de seus sentimentos por mim.

 – E você, dos seus por mim – Dulce retorquiu com crueza.

 – Eu fui? – Christopher deu um sorriso triste. – Dulce, quando um homem que nunca teve nada negado em sua vida encara subitamente o fato que não pode ter o que mais deseja dirá quase tudo para tentar convencer-se de que jamais desejou aquilo. Mas acredite no que eu digo, Dulce, não me lembro de uma época em que eu não desejasse que você fosse minha.

 Ela limpou com a parte interna do pulso as novas lágrimas que estavam tremendo nas pontas de seus cílios longos.

 – Isso é impossível – ela disse com tom desdenhoso. – Se fosse verdade, por que mencionou a anulação naquele dia no castelo MacCreigh?

 – Você teria se casado comigo, Dulce – ele perguntou com voz suave – se eu não houvesse dito isso?

 Dulce fungou, ergueu o olhar para o teto e pareceu debater um assunto consigo mesma. 

Quando finalmente fitou Christopher com olhar indecifrável, Christopher reconheceu o formato da boca. Dulce estava determinada.

 – E agora? – Dulce queria saber. – Você quer a anulação?

 – Para começar – Christopher deu um passo à frente –, jamais quis anular nosso casamento.

 Mais uma vez, Dulce levantou a mão para impedi-lo de chegar mais perto. Ela ainda parecia determinada, mas também havia dor em seu olhar.

 – Você continuaria casado comigo – ela perguntou com voz trêmula – depois de tudo o que eu lhe disse? Eu não fiz nada para impedir o homem de matar Alfonso. Ele está morto por minha causa. E profanei o túmulo de seu primo.

 – Alfonso morreu – Christopher comentou – porque ele não tinha o juízo que Deus concedeu a uma galinha. Agora pare de chorar e venha até aqui.

 – Serei uma esposa terrível – Dulce assegurou, recuando enquanto ele avançava com uma mão estendida. – Não sei fazer o que qualquer esposa normal faz com facilidade. Nem mesmo gerar herdeiros.

 – É para isso que servem os carinhos. Agora venha cá. – Christopher pegou uma das mãos e puxou-a aos poucos em sua direção, como um pescador puxando a rede com os peixes do dia.

 – Christopher – ela o advertiu, sem saber por que o advertia. Ele sabia o pior sobre ela e ainda assim parecia querê-la. E Deus era testemunha de quanto ela o desejava. O fato de Fergus ter razão – que Christopher sempre a amara e continuava amando – fazia seu coração dar cambalhotas sob o peito. Ela estava com dificuldade para respirar, mas não pensou em culpar o espartilho apertado. 

Christopher, sem deixar de fitá-la, levou a mão dela aos lábios e os problemas respiratórios de Dulce tornaram-se mais agudos.

 – Christopher – Dulce arfava.

 Christopher não teve clemência. Ele afastou os lábios das pontas dos dedos de Dulce e passou a beijar-lhe a pele branca da parte interna do cotovelo. Dulce fitou a cabeça abaixada, os cabelos escuros caídos, sentindo a quentura da boca que subia na pele de seu braço até estar certa de que seu coração palpitante explodiria. Nisso os lábios dele encontraram os seus.

 Eles se beijaram profundamente sob a luz das chamas, línguas e lábios entrelaçados, até Dulce dar um riso súbito e segurar-lhe as faces com as mãos.

 – Você é real? – ela perguntou, embora soubesse muito bem a resposta. Ela podia senti-lo de verdade, suas faces rígidas, os pelos cortados à navalha que começavam a crescer.

 – Eu ia perguntar a mesma coisa para você – Christopher disse com tremor na voz profunda. – Pensei, para nos assegurarmos, que devíamos fazer uma investigação meticulosa.

 Foram descartados o vestido azul de baile e o traje de noite de Christopher de corte elegante. Dulce admirou os músculos nas costas nuas de Christopher, os ombros rijos e largos, os bíceps grossos e os antebraços ligeiramente cobertos de pelos. Ponderou que ele tinha o corpo de um anjo...

 Imediatamente Christopher pressionou seu corpo quente contra o de Dulce e tentou arrancar-lhe o corpete.

 Ela disse a si mesma que ele também tinha a mente de um demônio.

 – Como é que você tira essa coisa? – Christopher torcia os cordões que mantinham o corpete fechado. Antes de Dulce responder, ele arrebentou as fitas mais finas e com um grunhido de satisfação, abaixou a cabeça para encontrar o busto e endureceu-lhe os mamilos com a língua, enquanto a fazia recuar para a cama.

 Dulce caiu de costas na colcha macia, deu um suspiro e refletiu que esse era o significado de estar casada. Christopher fora muito educado para perguntar, mas ela pensou que ele provavelmente sabia que nada daquilo ocorrera entre ela e Alfonso. Alfonso jamais passara os lábios em seu estômago, como Christopher fazia naquele momento, roçando os pelos curtos do queixo na pele sensível. Dulce nem suspeitou o que a esperava até sentir a língua dele entre suas coxas. Ela arqueou as costas com tal ímpeto que por pouco não se lançou para fora da cama.

 – O que você está fazendo? – ela sufocou um grito.

 Christopher não respondeu. Afinal, era óbvio o que ele estava fazendo e Dulce cismou que o sentiu sorrir junto a seu corpo. Christopher fazia coisas com a língua que, ela estava certa, seriam desaprovadas pela igreja.

 E quando Dulce imaginou que seria empurrada para a beira da sanidade, Christopher levantou a cabeça.

 Então ele a penetrou, parecendo preenchê-la a ponto de transbordar. Embora Dulce não estivesse consciente do que fazia, fechou-se com força em volta dele e foi difícil para Christopher não se libertar imediatamente no calor de Dulce. Ele conseguiu se conter até Dulce, de repente, dar um grito sufocado e arquear-se contra ele. Ao senti-la pulsar ao redor de si, Christopher também perdeu o controle.

 O último pensamento de Dulce antes de ser arrastada por aquela onda foi apoiar as mãos sobre os lábios de Christopher para abafar o rugido de prazer que viria. No momento ela não soube se fora ou não bem-sucedida por estar muito além dos limites em seu próprio clímax.

Instantes depois, ao ouvir uma batida na porta, ela entendeu que não tivera sucesso.

 – Christopher? Dulce? – a viúva chamou-os. – Vocês estão aí? Pensei tê-los ouvido. Não foi uma festa adorável?

 Christopher, sem estar totalmente recuperado para responder, apelou para Dulce.

 – Sim, lady Denham – Dulce respondeu, mesmo sem muita simpatia. – Foi uma festa adorável.