Eu queria busca-la no café, mas ela não deixou. Me pediu o endereço e disse que iria até o meu escritório de metrô. A ideia não me pareceu boa nem por um minuto, mas não tinha jeito de faze-la mudar de ideia.
Mesmo assim eu tinha que admitir que não precisar busca-la me ajudou a colocar alguns trabalhos acumulados em dia. Minha segunda estava sendo tumultuada e ter que parar no meio da tarde não seria uma boa ideia.
A tarde passou voando, não parei para almoçar e quando me dei conta já eram 15hs48. Anahí tinha me dito que sairia do café as 14:50 e que iria logo para o meu escritório, e como o trajeto de lá para cá não demorava uma hora, comecei logo a ficar preocupado. Estava pegando o meu celular para poder ligar pra ela quando o telefone da minha mesa tocou, piscando a linha que indicava ser minha secretaria Eduarda:
*Sim.* Eu atendi.
*Senhor Herrera, há uma moça aqui na recepção que gostaria de vê-lo.*
*Quem é a moça?* Eu sabia quem era, mais do que isso, eu tinha certeza que era Anahí, mas perguntei assim mesmo por precaução.
*Ela disse que o nome dela é Anahí Puente. Eu posso dispensa-la se o senhor preferir, acho que...*
*Nem pense nisso!* Esbravejei. *Traga ela até minha sala agora mesmo e não nos incomode o resto do dia.* Desliguei.
Em questão de segundos Eduarda bateu na porta, me pedindo licença e entrando com meu pequeno milagre particular. Vestida com uma calça jeans, um tênis, uma camiseta, uma machila em um dos ombros, os cabelos soltos e sem se preocupar em maquiagem, ela não estava nada menos do que perfeita. Eu admirei aquela cena. Anahí entrando no meu escritório que era dominado pelar cores cinza chumbo e branco, olhando em volta como se achasse o lugar grande demais para apenas um homem trabalhar, prestando atenção nos detalhes, até seu olhar finalmente encontrar o meu:
- Já pode se retirar, Eduarda. - Eu disse, me levantando da cadeira executiva e indo de encontro a minha Annie. Sem dizer nada, Eduarda nos deixou.
- Eu gostei desse lugar. - Disse Anahí vindo na minha direção.
- Primeiro me dê um beijo, depois falaremos do escritório, sua demora para chegar, e de como você é perturbadoramente linda.
- Você é tão exagerado. - Ela aproximou seu rosto do meu o máximo que conseguiu. - Sorte que eu gosto desses seus exageros.
- Sorte mesmo. - Eu a beijei. Um beijo longo e molhado, que por mim duraria horas mas que ela quis parar.
- A gente tá no seu escritório, sua secretaria tá ali fora, seu maluco. - Ela disse com seus lábios ainda colados aos meus, tentando me fazer recuar nem que fosse um passo.
- Dane-se! Eu sou o chefe aqui. O rei. O cara...
- Você quase não se acha...
- O que eu quero dizer é, aqui eu mando... Eu faço o que eu quero e quem tá lá fora tá lá fora!
- Então você é especialista em trazer mulheres para o seu castela, rei? - Ela perguntou com um sorriso de canto. Nossos lábios ainda colados.
- Nunca... Nenhuma. - Fui sincero. Meu trabalho era muito sério para levar qualquer uma ali, mas Anahí não era qualquer uma.
- Hum... Boa resposta. E o que o cara pretende?
- Você não sabe, Annie? - Eu a levantei sem o menor esforço, fazendo suas pernas se enlaçarem na minha cintura.
- Você é muito descontrolado, sabia?
- É você quem me descontrola. - Caminhei com ela até minha mesa, onde a coloquei sentada.
- Alfonso... - Eu beijei seu pescoço. - É melhor você parar.
- Eu não consigo parar. - Mordi sua mandíbula. - Nem se eu quisesse.
- Se alguém entrar por aquela porta...
- Eu demito na hora. - Puxei seu cabelo de leve.
- Você não faria isso. - Ela ofegou.
- Você que pensa. - Mordi sua orelha. - Dei ordens para não ser incomodado, então se alguém entrar, eu demito!
- Você deu ordens foi? Então era um plano me trazer aqui? - A pegunta veio recheada de malicia.
- O plano é te ter em todos os lugares que eu puder, quiser e de todas as formas possíveis. - Senti as mãos dela passarem da minha nuca para os meus cabelos e soube que ela já tinha cedido completamente...
Ela me beijou possessivamente. Eu já me sentia duro, mas aquele jeans apertado dela não facilitava em nada a tarefa de tira-lo. Eu precisava dela urgentemente, minha cabeça girava, nossas respirações já eram descompassadas. Abri o potão e abaixei o zíper da sua calça, e quando estava prestes a tira-la o maldito telefone tocou. Soltei um ruido de frustração. Anahí apenas riu:
- Não tem graça. - Eu disse.
- Atende. - Ela disse entre risos. - Assim saberemos quem será o mais novo desempregado de Nova York. - Olhei feio para ela, querendo dizer alguma coisa, mas sem conseguir pensar em nada.
*Herrera!* Atendi o telefone deixando a raiva transparecer na voz.
*Me diz que a mulher que está ai com você não é sua namorada...*
*Como você sabe quem está aqui comigo?*
*As noticias correm...*
*Sei. Diz logo o que você quer, Alexandre?*
*Eu quero conhecer essa mulher que te deixou digamos... Atordoado? Atormentado? Abobalhado?* Tinha um tom de divertimento na voz dele.
*A que horas você vai embora hoje?*
*As 17 horas, por que?*
*Eu dou uma passada ai com ela, antes de irmos embora.*
*Certo...*
*Mais alguma coisa? Preciso desligar.* Ele riu.
*Entendi. Só não se esqueça de que você está no escritório e em horário de trabalho, Don Juan.*
*Não vou esquecer, pode deixar... Até já!* Desliguei. Anahí continuava sentada na mesa, e me olhava com uma cara de quem estava se divertindo muito com a cena.
- Pare de me olhar desse jeito! - Eu disse para ela.
- Que jeito?
- De quem ta achando graça.
- E estou mesmo. Mas ok, a gente muda de assunto se você quiser.
- Acho melhor eu voltar para o que estávamos fazendo. - Me aproximei para beija-la, mas ela desviou.
- Não mesmo. E antes que você diga qualquer coisa, eu tenho algo pra você.
- Um presente?
- Não exatamente. - Ela cuidadosamente me tirou de seu caminho, desceu da mesa, foi até a mochila que tinha largado no meio do chão e tirou de dentro uma pasta.
- O que é isso, Annie?
- Eu liguei para o meu avô ontem, se lembra? - Afirmei com a cabeça. - Ele não é da área, mas conhece alguns psiquiatras, psicólogos, enfim... Pedi para ele conversar com os amigos dele dessa área para que ele conseguisse algumas informações sobre Huntington. Ele me enviou um e-mail essa tarde com tudo o que eu pedi, eu imprimi e aqui está. - Ela me entregou a pasta.
- Você não precisava ter feito isso, Annie. - Suspirei. Aquele gesto significava demais para mim.
- Eu sei que eu não precisava, mas eu quis fazer assim mesmo. Eu disse que estaríamos nessa juntos!
- Meu Deus! - Eu disse em um sussurro. Larguei a parta em cima da mesa e a beijei. - Eu te amo. - Eu disse entre o beijo. - Te amo demais e cada vez mais.
O beijo era sofrego e cheio de gratidão, pois sim eu era grato pelo que ela tinha feito e ainda mais grato por te-la em minha vida. E em meio a um beijo que parecia que duraria minutos, talvez horas, meu estomago me traiu:
- Que barulho foi esse? - Ela perguntou confusa.
- Não tive tempo de almoçar hoje...
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