Fanfic: Jogo da Paixão | Tema: Crepúsculo
PDV B.
Observei os ponteiros do relógio, que pareciam permanecer no mesmo lugar. Será que é por que eu o observava de 1 em 1 centésimo de segundo? Ou será que o relógio tinha algo contra mim? Porque, sinceramente, a minha capacidade de imaginar como seria se tudo desse errado estava me matando conforme aquele ponteiro se movia mais devagar que uma tartaruga em seu leito de morte. Mas se der errado hoje, eu tenho o resto do verão pra continuar tentando. Em um rompante, lembrei que havia dito algo quase igual quando estava no colégio “Tenho o resto do semestre pra continuar tentando”. Tudo bem, vai dar tudo certo... eu vou pra praia, o Jacob vai me notar, e, logo depois, ele vai vim falar comigo. E aí eu vou começar a tremer e vou amarelar, saindo correndo... Daí ele vai pensar: “Quem é aquela louca? Ela está riscada da minha lista de futura namorada.”.
Não disse? Gênio pessimista esse que eu tenho!
O Jacob não era do tipo de garoto que gosta de ser conquistado. Ele era o tipo de homem que gostava de ser surpreendido, fisgado, seduzido. E eu não possuía armas. Eu era como o Brasil entrando em guerra com os EUA. Ele era cercado de garotas, a todo o tempo. E elas eram lindas, devo admitir.
Nem consigo imaginar eu tentando seduzir o Jacob. Sou uma garota comum, morena, 1.70 de altura, olhos azuis, pele clara, avoada, que não pensa muito antes de falar, irônica, desinteressante. Até que ser amante da academia surtiu efeitos que eu desejava. Mas eu sou tão... Sem graça.
Da última vez que disse que era sem graça foi pro Edward. Ele me fez prometer que não diria mais isso, mas ele não me proibiu de pensar.
E... Onde ele estava?
Meus olhos azuis Safira, herdados da minha mãe, percorreram todo o meu quarto à sua procura, ele moraria comigo nas férias. Motivo? Nossos pais eram velhos amigos e estavam viajando à trabalho. Não era a primeira vez que ficávamos sozinhos, já que somos quase como irmãos. Ele estava onde eu já deveria ter imaginado, na frente da TV jogando video game. Seus olhos verdes, só que mais claros, estavam focados no Mortal Kombat, um jogo que eu costumava jogar e disputar bastante com ele. Ele não fazia o tipo mulherengo e isso me deixava mais feliz. Durante todos esses 17 anos de amizade – fomos apresentados bebês – ele nunca me contou sobre uma ficada marcante com alguém, uma que tenha gostado. Ele vivia reclamando da garota, não da sua beleza, mas da sua personalidade. Uma era atirada demais, outra se achava demais, e nenhuma delas era nada demais. Mas é claro que ele já ficou com alguém que tenha gostado,comigo.
Eu fiquei com meu melhor amigo, e foi ótimo! É, qual o problema?
Nenhum dos dois se arrepende e a nossa amizade não mudou nem um pouquinho. Foi na minha festa de aniversário de 15 anos, faz uns 2 anos. Eu esperava por minha paixão platônica da época – inútil era contar quantas vezes já me apaixonei – Enfim, o cara não foi à festa. Eu fiquei bem pra baixo, sentada enquanto meus convidados se divertiam. Eu queria sumir. Mas adivinha quem estava vindo à minha direção quando isso passou pela minha cabeça? Edward. E, meu Deus, como ele estava completamente perfeito naquele dia! Chamou a atenção de todas as minhas convidadas ao redor. Mas aqueles maravilhosos olhos verdes só olhavam pra mim. É, pra mim! Aquele sonho de consumo de muitas garotas, 1,80 de altura, abdômen definido, cabelo claro, olhos verdes, ótimo senso de humor, inteligente, interessante, carinhoso, bom em tudo que faz - com exceção o vídeo game - Enfim, ele foi meu par na hora do baile, substituindo o carinha. Foi a melhor dança da minha vida, ele ficou sussurrando piadinhas de consolo no meu ouvido enquanto rodávamos pelo salão ouvindo uma música super nada a ver no seu fone de ouvido. E, pra completar, fomos ao quintal pra nos distanciarmos dos convidados e rolou na varanda um clima que foi inevitável ignorar. Aquele foi o meu primeiro beijo, e ele sabia disso, e também sabia que eu planejava que seria com o menino que eu era apaixonada. Mas, por mais estranho que possa parecer, eu acho que foi a escolha certa ter sido com ele, e, ele acha certo ter sido comigo. Mas era estranho acreditar que o Edward não tinha beijado ninguém até então, porque garotos bonitos acabam perdendo o BV cedo. Enfim, eu me sentia feliz porque muitas garotas costumavam afirmar “Meu primeiro beijo foi com um otário que eu nem conhecia. Se eu pudesse voltar no tempo...”, mas eu posso dizer que “Meu primeiro beijo foi com meu melhor amigo, e foi incrível.”.
Eu só não sabia exatamente porque tínhamos ficado.
Olhei pra tela do jogo de Edward e ri quando vi o Game over bem grande. Ele acabara de perder do personagem Scorpion. Nesse jogo, eu era a melhor, mas no jogo da paixão eu era uma perdedora nata.
–Ed... – ele disse um sonoro “Sh”. Alguém estava com medo de ser zoado, mas essa não era a intenção.
–O botão que bate não funcionou. – ele se explicou.
–Edward... Por que nós... Ficamos na minha festa? – franzi o cenho, confusa.
A dúvida maior não era que o clima rolou entre nós, mas o porque, e depois de tanto tempo de convivência como irmãos. Durante esses anos, as vezes me perguntei isso. Me perguntava se era porque eu havia lhe pedido para me beijar. Eu realmente não sabia.
–Tirando o motivo de você ser uma gata de parar o trânsito? – ele ergueu uma sobrancelha, e deu um sorriso.
–Estou perguntando por que você ficou comigo. – repeti, esperando ouvir outra resposta.
–Então... Por que ficou comigo? – ele revirou os olhos, fazendo com que eu tivesse que pensar na resposta da pergunta que eu fiz.
–Eu bebi um ponche, e...
Encarei a janela com minha típica meia risada de quando estou mentindo. Mas, sério, eu havia bebido um ponche.
Tá, eu também não sabia responder.
–Não tinha álcool, B.– ele me encarou sério.
Ele costuma me chamar assim desde quando éramos crianças. É a inicial de Bella e ele diz que é uma forma carinhosa. Eu não me lembrava de nenhuma vez que ele tenha me chamado de Isabella.
–E eu falei que tinha? Só disse que eu bebi o ponche... – revirei os olhos – Poderia esclarecer?
–Porque você é muito gata. - ele deu uma ênfase.
–Tem certeza que não foi porque você é muito gato? – pisquei pra ele e ele riu bonitinho de canto.
–Então ficamos porque você é gata. – ele piscou e olhou pro jogo.
–Não ficamos com alguém só porque a achamos bonita.
–Claro que ficamos. – ele me contestou, riu bonitinho de canto e continuou – Uma pessoa pode ser bonita de todas as maneiras e formas, tipo você.
Não, isso não foi uma cantada. Na verdade foi, mas não exatamente. Engraçado era que eu já estava tão acostumada que eu nem ficava tão sem graça. Vivíamos nesse jogo de cantadas furadas. Coisa de amigos.
–E você é ainda mais. – fiz careta.
–No way, don’t lie to me. Everyone knows the truth.– ele finalizou com um sorriso de canto, era incrível como seu sotaque era perfeito
Outro detalhe, Edward é fluente em inglês e espanhol. Ele dribla a ideia de “Não se pode ter beleza e inteligência ao mesmo tempo”. Na aula, as garotas costumam ficar suspirando quando ele vai apresentar o trabalho, ler um poema ou quando faz uma equação no quadro, ou até quando ficava parado no seu lugar prestando atenção na aula. Isso irritava muito.
De repente, ele ficou distante enquanto encarava o teto em silêncio. Ultimamente ele tem ficado assim o tempo todo, como se estivesse em outro mundo. Tipo quando penso no Jake. Já supus que ele estaria apaixonado, mas parece que não, o que não falta no Edward é atitude. Ele é um teórico perfeito, mas também é prático, e ainda mais quando é desafiado. Mas se ele estiver apaixonado, eu espero que não seja por nenhuma garota do colégio, nem da praia ou do bairro.Nenhuma garota do país. Tá, essa ideia de ter que dividir o Edward com outra garota não me deixava feliz já que, somos muito unidos, mas parece muito egoísmo já que ele terá que me dividir com o Jake. Mas, pelo que eu vejo, ele também não gosta muito da ideia. Estamos kits, não estamos?
Dei de ombros e olhei pro relógio, faltava exatamente 1 hora pras 2, o Jacob não costumava chegar cedo na praia, ele chegava lá em volta das 2. Enfim, eu teria que esperar porque ele é meu único objetivo lá, eu nunca gostei de praia.
–Se olhar pra esse relógio novamente, eu jogo ele pela janela.
Sua voz estava firme e autoritária que, por um momento, achei que ele tiraria o relógio dali e me jogaria junto com ele pela janela.
–Nossa, que agressividade. – me fiz de vítima.
–Esse agressivo aqui tá a fim de revanche.
Ele me jogou o joystick e eu o peguei no ar. Fiquei surpresa por não ter deixado o controle se espatifar no chão. Digamos que eu seja um pouco desastrada.
–Pra que? Eu vou ganhar de novo! – dei um sorriso de completa superioridade.
–Não dessa vez, eu ando treinando.
A confiança em sua voz me fez rir.
–É, eu vi.
O jogo iniciou e eu escolhi a personagem que ia acabar com a raça dele, eu já sabia jogar com todos os personagens, mas tinha preferência pela personagem que matava ele mais rápido, só pra ser mais divertido. Por isso escolhi a personagem de quatro braços, Sheeva. Ele escolhia sempre o mesmo, Noob Saibot, um personagem meio ninja. Pela questão de se chamar noob, esse personagem combinava bastante com o meu amigão do lado. Deixei que ele escolhesse a fase, um lugar cheio de larvas ao redor, que seria fatal se eu conseguisse arremessá-lo lá.
Na primeira rodada eu nem permiti que ele pensasse em uma jogada pra me derrotar. Fui pra cima dele, sem cerimônia. Pressionei logo o L1 do controle. E apareceram uma espada em todos os meus quatro braços. Avancei em cima dele, o batendo com todos os botões que eu conhecia. Quando ele viu que tava apanhando demais, começou a bloquear. E não parou mais, apelou no bloqueio o quanto pôde, me batendo umas duas vezes, e voltando pro bloqueio, me impedindo de revidar. Então fiquei parada no centro da arena, como se não ligasse pro fato dele atrapalhar meus golpes. Quando ele veio pra cima de mim com seu personagem noob em todos os sentidos, eu lhe dei uma rajada de facadas na vertical, e depois bati nele no ar, o arremessando na larva quente. Isso destruiu o restinho de vida que ele tinha.
A segunda rodada foi ainda mais fácil, fiquei pulando de um lado pro outro tirando onda com a cara dele, dei um chute e fui pra outro lado, um soco e fui pra outro lado, e enfim soltei meu especial. Ele ficou batendo no ar, feito um desesperado. O que aconteceu depois? Um belo de umFatality – que é quando matamos o personagem inimigo, sem que ele consiga causar nem um pouco de dano em nós.
Observei o Perfect na tela e suspirei, ele sequer me golpeou uma única vez.
Larguei o controle na cama e me levantei, Edward continuou sentado e o jogou no chão, derrotado. Ele não curtia muito um Loser no seu lado da tela.
–Entendi agora o que foi todo aquele treinamento, você estava treinando pra perder. – zombei.
Ele fechou numa expressão angustiada e abaixou a cabeça. Ele queria que eu ficasse com pena e me sentisse culpada por ser tão boa no jogo.
–Sério, gato, não vai colar dessa vez. – ele permanecia intacto – O que você precisa, hein? De um amasso como desculpa? Uma strip? Aliás não. – tirei meu cabelo do olho enquanto não conseguia ouvir nem o som da respiração de Edward - Ah, ou quem sabe você pode ser o bombeiro e eu a vítima. Ou então posso ser a Chapeuzinho e você o Lobo mau. – ri – A policial e o bandido. Mas pra isso eu preciso comprar uma algema e uma fantasia bem sexy de policial feminino.
O silêncio me perturbou.
–Me poupe dos seus desejos sexuais – sua voz era um tanto fria – Eu ficaria melhor de vampiro, chupando seu pescoço. – ele entrou na brincadeira, ainda de cabeça baixa. Ri alto.
–Aí depois se aproveitaria de mim? – supus.
–Posso me aproveitar agora. – ele resmungou, chateado por eu achar aquilo tão engraçado.
–Claro... – ri.
Sabíamos que isso não fazia jus ao fato do Edward me respeitar tanto, durante todos esses anos. Edward levantou a cabeça e me encarou. Seu olhar parecia desafiador.
–Está duvidando de mim? – sua voz estava um tanto firme.
–O que você acha? – zombei.
–Acho que não devia ter dito isso.
O intervalo de tempo que ele se levantou do chão, e me puxou pela cintura, foi bem mínimo. Assim como o intervalo que ele colou nossos corpos. O encarei perplexa, ele parecia se divertir. Seus olhos me fitaram por alguns segundos, como se me enxergasse a alma.
–Zombe de mim – sua voz era um tanto sedutora - Só mais uma vez.
–Covarde. – provocante como sempre, sussurrei no seu ouvido.
Ele me puxou mais contra si e um arrepio percorreu todo meu corpo, não pude conter o nervosismo que senti naquele momento, ele nunca havia feito isso, nunca havia segurado minha cintura daquele jeito enquanto colava nossos corpos.
–Você não teria coragem, nunca tev... – ele não me deixou terminar e pôs um dedo nos meus lábios me calando.
–Vou te ensinar uma lição que você não deve esquecer. – ele continuou olhando fixo nos meus olhos, senti minha pele tremer – Eu posso fazer com você o que eu desejar, quando eu desejar. Não brinque comigo.
–Libertar o seu lado vampiro? – sem nenhum motivo aparente continuei provocando.
Inesperadamente, ele chegou perto da minha face e inspirou forte a cheirando, o cheiro deve ter agradado, pois ele demorou um pouco. Ah, o que ele estava fazendo? Uma espécie de jogo achando que eu me renderia pelo menos nesse? Ele estava muito enganado.
Sua mão largou minha cintura e afastou meu cabelo devagar dando passagem a seus lábios quentes e macios no meu pescoço no qual ele beijou inúmeras vezes fazendo minha pele toda se arrepiar com o contato. O seu perfume Malbec era outra coisa que estava me enlouquecendo. Ele pegou na minha nuca enquanto passava o dedão no meu lábio. Depois foi pra minha orelha e a beijou, o que deixou uma sensação caliente no ar. Parece que ele perdia no Mortal Kombat, mas no jogo da sedução ele era profissional.
–Não duvide de mim – ele sussurrou no meu ouvido – Você pode se surpreender com o que eu faço quando sou desafiado.
–Eu te desafio a continuar. – mordi o lábio, meio que inconscientemente, como a maioria das coisas que eu fazia.
Se agora o Edward estava aceitando desafios, talvez ele o fizesse. Eu era uma inexperiente e não queria fazer feio com o Jake. Queria passar por mais que uma simples pirralha pra ele, sei que Edward não podia fazer de mim a rainha da sedução em tão pouco tempo, mas eu sabia que era isso que eu queria. Queria parecer madura e experiente.
Uma confusão enorme ficou demonstrada nos seus olhos, como se ele pesasse os pós e contras antes de qualquer coisa.
–Não se entregue por inteira, não pro Jacob – ele deu uma risadinha sacana. – Ele vai querer te apalpar com a “mão boba”, se toda vez que for fazer isso você tirar a mão dele vai deixar ele louco. Às vezes se fazer de difícil torna alguém irresistível, mas você não precisa disso. Então meu argumento foi inútil. – riu bonitinho de canto, e revirou os olhos.
Em seguida se aproximou mais do meu rosto e eu pude sentir sua respiração forte e seu hálito de menta, ele fitava meus olhos, intacto.
Seu silêncio e sua expressão vazia me torturaram por longos segundos. Ao contrário de mim, ele era responsável e sabia bem o que era certo e o que era errado, mas se aquilo era errado eu não queria saber o que era o certo. Os milhares de pós e contras pareciam estar sendo pesados, parece que havia mais contras que pós, porque ele se pôs a encarar o chão.
–Por favor... – pedi num fio de voz.
Superando minhas expectativas, ele tocou minha nuca devagar me fazendo fechar os olhos, seus lábios quentes roçaram no meu pescoço, e pelo meu rosto até chegar a minha boca, ele a beijou com o certo toque de carinho, os leves selinhos logo aumentaram de ritmo e então colamos nossos lábios. Passei levemente os dedos no seu cabelo macio enquanto ele sugava meus lábios com mais intensidade. Era como um brinquedo do parque que começava devagar quase parando e o ritmo ia aumentando. Puxei de leve o seu cabelo, o que o fez continuar a me beijar com mais lascívia que anteriormente. Sua língua ao poucos estava marcando território na minha boca. A maneira que beijava, o gosto do beijo dele, a temperatura dos seus lábios me enlouqueciam. A mão que segurava a minha cintura já descia pro meu traseiro, tirei a mão dele como ele havia dito e a puxei de volta pra minha cintura. Ele deu uma risadinha sacana. Em seguida, puxei o cabelo dele com ainda mais força, o que fez ele voltar ainda melhor, e eu parecia uma boneca de pano em seus braços fortes. Avancei pra trás a procura de uma parede pra me apoiar. A parede que encontrei deu um toque especial no amasso que dávamos, ele me prensou na parede enquanto praticamente devorava minha boca num beijo enlouquecedor e irresistível e muito, muito caliente. Puxei o cabelo dele com toda força o que o fez gemer na minha boca e aquilo de certa forma me agradou, ele praticamente me esmagava na parede. Doía, mas era bom. Mordi seu lábio com força e parece que isso foi de seu agrado, pois ele começou a prensar os lábios mais fortes no meu, e a descer sua “mão boba” novamente pro meu traseiro. A tirei novamente. Mas ele não desistiu e dessa vez levantou a saia de pregas que eu vestia. Era só um teste, não era? Tirei suas mãos apalpadoras da tentativa fugaz de tirar a minha saia e a pus novamente na minha cintura. A essa altura, o beijo estava tão quente que eu estava pegando fogo e sem fôlego. Eu não me importava em morrer sufocada se eu morresse assim. Porém, mais alguns segundos foram o bastante pra Edward se afastar, ofegando.
–Agora eu entendi porque as garotas são loucas por você. - ofeguei um pouco tonta.
–Não posso passar dos limites com você. – as palavras saiam baixinhas dos seus lábios.
–E há limites? – ri encarando a sua seriedade, e ele apenas assentiu –Não é a primeira vez que ficamos, sabe que não vai mudar nada. – sorri, tranquila e satisfeita. Ele não disse nada, apenas deu de ombros. – O que eu posso fazer pra que você pare com esse charme?
–Volta no tempo. – disse firme.
–Não o faria? – ergui uma sobrancelha.
–Sim, faria. - ele revirou os olhos - Mas sabe que meu modo de agir com você não é assim.
–Foi só um beijo, oras. E Renné e Charlie que são culpados, eles me disseram pra ficar com você. Interpretei errado. E aliás, você nem me comeu. - ele me encarou, desacreditando provavelmente no meu modo natural e irresponsável de lidar com a situação. Qual o problema? Eu sou jovem! Tenho mais é que fazer essas coisas pra aproveitar.
–Comer, B? - ele riu, e eu revirei os olhos - Eu não sou tão canalha pra fazer isso, mesmo...
–Mesmo o que? - ergui a sobrancelha, curiosa.
–Mesmo sendo tão... Gostosa. - pisquei rápido, desacreditando no que ele havia dito. Nunca havia me elogiado de uma maneira sacana desse jeito, porque era bem respeitador. Provavelmente corei com o elogio, não sabendo o que responder. - Não vou pedir desculpas por isso.
Durante alguns segundos permanecemos calados, observei que ele ria de mim internamente por ficar sem ação e fala diante de um elogio tão comum, mas que vindo dele foi meio chocante. Ele estava longe de ser um cara broxante sentado numa mesa de um bar chamando todas as garotas que passam, de gostosas. O dom de surpreender.
–Foi um belo pedido de desculpas – ele riu zombador, atrapalhando a minha mente.
–Acha que o Jacob também me acha gostosa? - desviei da sua provocação, e mais uma vez olhei pro relógio.
– Você me mordeu com muita força – ele passou o dedo no lábio, desviando de proposito da minha pergunta.
–Qual é! Vou ter que esfregar meus peitos na sua cara pra você responder o que eu quero? - bufei, já me irritando. Ele riu, e deu um sorriso malicioso.
–Basta ter olhos pra achar isso, B. - ele deu de ombros, e eu olhei pro relógio mais uma vez - E muito mais que gostosa, você é linda. - dei um sorriso, ele encarava mais que meus olhos, minha impaciência em relação ao horário - Pode ir pro banho pra sair, sei que é isso que você quer.
– Sabe onde se localiza minha toalha? – perguntei e ele apontou pro lugar onde eu pendurava toalhas. – Imprevisível.
Ele riu.
–E meus biquínis novos?
–Na terceira gaveta contada de baixo pra cima, à direita. – ele riu do meu caso perdido.
Peguei os biquínis e corri pro banheiro.
Tomei banho e em seguida procurei formar um par que combinasse. Escolhi um top sem alças estressantes e uma parte de baixo de amarrar com lacinhos dos dois lados, era charmoso. Os vesti e saí do banheiro.
–É com isso que você vai? - ele ofegou.
Não, não foi meu pai que fez a cabeça de Edward em relação a isso. Ele nunca gostou que eu me vestisse como as outras garotas.
Dei uma voltinha só pra sacanear.
–Tá tão ruim? – perguntei.
–Patético. – ele bufou.
–Dispenso sua opinião. – dei de ombros.
Meu objetivo era mesmo chamar a atenção e se ele não gostava é porque ele considerava muito imoral.
–Vou ficar feliz se a parte de cima não cair e a de baixo não desamarrar quando você entrar na água. Vai chamar atenção não só do Jacob, como de todo mundo. – indagou.
–Tá tão bom? – ajeitei a parte de cima fazendo careta.
–Quer a verdade? – assenti – Parece uma prostituta, contratada pra ir à casa de praia de um cafetão gordo e broxado.
Nem olhei mais pra sua cara apenas me virei pro banheiro. Poucas eram as vezes que Edward conseguia me ofender, mas dessa vez ele havia conseguido. Só porque eu visto um biquíni pequeno eu fiquei parecida com uma... Com uma puta qualquer? Ele não costumava falar assim comigo e isso doeu mais do que achei que doeria.
Não havia comprado nada muito grande então optei por uma parte de baixo sem lacinhos de amarrar, mas não queria trocar a parte de cima, havia ficado bem em mim e a opinião de Edward pouco me importava.
Vesti e saí do banheiro. Nem olhei pra cara de Edward, o comentário anterior dele me incomodou e doeu mais do que eu achei que poderia. Procurei pelas minhas coisas de praia enquanto derrubava acidentalmente tudo que achava pela frente.
–B... Está chateada comigo? – a voz dele soou como sinos no meu ouvido.
– Acha que eu faço esse tipo? Eu só quero que ele olhe pra mim. Ele não curte garota sem graça, e adivinha, estou tentando não ser uma. Duvido que se fosse qualquer outra garota na rua você não gostaria de olhar. – remexi mais ainda nas minhas coisas impacientemente.
–Mas é isso que eu temo, talvez você nunca entenda. – sua voz estava calma – Olha, pode usar o que quiser.
Continuei procurando e achei a minha canga. A enrolei na cintura antes que ele reclamasse do tamanho do meu biquíni. Seu rosto parecia desapontado e triste. Eu sabia que não tinha falado por mal. Só queria me proteger.
–Não te culpo por ser sincero... Só tenta ser um pouco menos, pode levar um soco bem no meio da cara de mim um dia.
–Obrigado, eu acho. – ele revirou os olhos.
–Se minha mãe ligar, diga que estamos jogando e eu estou te humilhando, ou então... Diga que estávamos fazendo sexo e ela interrompeu.
Ele olhou pra mim perplexo.
–Se eu não falasse uma segunda opção bizarra você não escolheria a primeira, mesmo sendo um perdedor nesse jogo. – dei de ombros.
–E se ela pedir pra falar com você?
–Enrole ela, sei lá... Diga que estou rouca de tanto gritar de prazer. – ri alto e ele riu junto.
–Você quer matar sua mãe?
–Eu? É capaz da minha mãe nem se importar, ela gosta tanto de você. Aposto que ela diria “Mas façam com responsabilidade”. – ri alto e Edward revirou os olhos rindo em seguida.
–Nem me fala nessa palavra responsabilidade, estou falhando tentando ser responsável. Digamos que você não é uma boa influência. – ele deu de ombros.
–Sabe os jogos de sinais? Na matemática mais com mais é mais, menos com menos é mais e mais com menos é menos. Mesmo sendo positivo, quando está comigo você automaticamente se torna negativo. – revirei os olhos.
–Alguém prestou atenção na aula de matemática quando era quinta série – ri – Mas saiba que jogo de sinais não se aplica a mim, porque eu não deixo más influências me afetarem.
–Eu podia te ensinar a jogar. - zombei.
–Engraçadinha.
Baguncei o meu cabelo e me posicionei em frente ao espelho. Parti meu cabelo no lado, a ondulação dele combinava mais com esse penteado. Só faltava achar minhas coisas de praia.
–Suas coisas de praia estão do lado da cômoda.
Às vezes parece que ele conseguia ler meus pensamentos. E isso me assustava.
As peguei e me dirigi à porta de saída. Mas antes me virei, e o observei.
–Fica bem, ok? Também estou tomando conta de você.
(...)
A praia estava a mesma de sempre. Cheia de adolescentes, principalmente garotas com biquínis fio dentais. Logo avistei Jacob, de costas, com um grupo de amigos, reconhecia aqueles cabelos pretos meio bagunçados de longe. Uma garota sentava no seu colo. Tentei ignorar a cena irritante a minha frente e pisei na areia. A areia quente entrou na minha sandália, me fazendo resmungar. Dizem que a praia é um lugar de calma, que você volta calmo e renovado pra casa, mas eu acho que ela nada mais é que um lugar que te deixa estressada pra caramba. Coloquei minhas coisas um pouco longe de onde Jacob estava sentado de costas. Ao seu lado um pouco afastado das coisas de alguma pessoa que não se localizava ali. Coloquei a minha canga no chão e sentei nela, colocando minha sacola ao lado.
Olhei pro céu, o sol queimava e era ideal pra quem queria pegar um bronzeado. Talvez o bronzeado me distraísse e não me fizesse ficar olhando pro Jake o tempo inteiro, os amigos dele podiam me denunciar, e eu passaria como desesperada. E o que Edward sempre me disse é pra não ser oferecida.
Passei um óleo no corpo devagar, tentei não olhar pro lado pra ver se o Jake me olhava, eu espero que não. Eu não sabia passar óleo de um jeito sexy, mas tentei o possível.
Deitei sobre a toalha e fechei os olhos, tentei relaxar ao meu modo. Era até bom tomar um pouco de sol de vez em quando. Tateei a sacola e peguei minha lupa. Suspirei e tirei o cabelo do olho pondo a lupa.
Era até relaxante, mas era como se eu fosse uma galinha assando, lentamente.
O sol parou de bronzear a minha pele, talvez por uma nuvem. Ou... por favor, seja positiva! Alguém pode estar tapando meu sol ao invés de algo. Podia ser o Jake, não podia? Claro que podia!
Abri os olhos iluminada em expectativas.
–Oi, gata!
Continua...
Autor(a): danielamota
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