Fanfic: Demangels.

Eu acordei no meio da noite, ofegante e assustada. Acabei dormindo sentada no quarto de Sebasthian enquanto terminava de ler os três livros. Parei um segundo de respirar para ouvir melhor o que tinha me acordado, e haviam sons vindo do andar de baixo. Tinha alguém na minha casa... E estava fazendo uma bagunça horrível.

Eu peguei Safira, que estava ao lado da porta de Sebasthian e desci as escadas em silêncio. O barulho vinha da cozinha e era de pratos, potes e panelas caindo pelo chão. Tentei me manter o mais calma possível, mas meu corpo inteiro estava tremendo... Seja lá o que fosse, não era muito inteligente se tivesse vindo para me matar.

Quando cheguei na porta da cozinha, quase desmaiei de susto e ao mesmo tempo de surpresa. Era um gato gigante, ocupando toda a minha cozinha, procurando por algo e resmungando que não achava comida. Era enorme, com um pelo preto e olhos verdes brilhantes, não vi nenhum sinal de garras ou algo assim, mas ele parecia bem irritado...

– Ei! - Gritei, e o bichano se virou em um pulo, quase pondo a casa inteira à baixo. - Ei, ei, calma! Assim você vai destruir a minha casa! - Disse em um tom de voz mais baixo, abaixando Safira lentamente para tentar acalmá-lo.

– Ér, quem é você? - Ele disse, mostrando grandes olhos verdes e assustados.

– Eu sou a dona da casa, gatinho, me chamo Skylar... E você? - Eu perguntei, dando um passo para perto dele.

– Eu sou Augustus, e estou com fome... - Ele disse, ainda com o olhar assustado mas agora um pouco envergonhado.

– Augustus... Bonito nome, gatinho... Agora, se me permite, preciso lhe fazer duas perguntas... - Dei mais dois passos em sua direção, e ele assentiu com a cabeça. - Bom, Augustus, a primeira pergunta é: Porque você está aqui?

– Eu conheço o seu tutor, o senhor Sebasthian, ele cuidou de mim muitas vezes no submundo, e bem, eu fui expulso de lá depois de roubar comida de um anjo, e achei que poderia me abrigar aqui. - Ele mostrou um sorriso pequeno, tímido e cheio de constrangimento por me dizer a verdade... Um amigo de Sebasthian é sempre um amigo para mim.

– Tudo bem, Augustus, eu acredito em você, agora, a segunda pergunta: o que você quer comer? - lhe dei um sorriso convidativo e ele me retribuiu com um sorriso enorme, e virou um gato preto pequeno... para o meu alívio.

Ele me pediu uma lasanha e eu dei sorte de ter metade de uma na geladeira, aquilo havia sido meu almoço. Esquentei para ele e lhe dei um grande pedaço em um prato pequeno. Era como Garfield, gordinho e apaixonado por lasanha.

Passei a noite na companhia de Augustus, até o sol brilhar na janela da cozinha, ele era um gato muito inteligente, bem humorado e educado, tinha cerca de 150 anos, mas ainda parecia um gato filhote. Quando o contei sobre a morte de Sebasthian, ele ficou um pouco abalado, tristonho, eu diria, então eu apenas disse: "Não se preocupe gatinho, eu vou cuidar de você...". Então o levei para o andar de cima e ele dormiu comigo em minha cama... Nas poucas horas de sono que tive, vivi um pesadelo quase real...

Eu estava apaixonada por outro Demangel, mas ele não possuía forma em meu sonho, era apenas um borrão preto, uma sombra, e ele não sentia o mesmo por mim. Enquanto eu tentava abraçá-lo e dizer a ele que eu o amava, ele se afastava de mim e me atacava, mas eu continuava a rastejar atrás dele... até que ele parou de se afastar e seus olhos viraram dois pontos vermelhos de fúria, e então ele veio para cima de mim com punhal de diamante celeste e...

Eu acordei em um salto, assustada e suando, ofegante e perdida, o pesadelo fora intenso e doloroso, ainda podia sentir a angústia e tristeza que senti no pesadelo... Procurei Augustus e o encontrei um pouco longe de mim na cama, o peguei no colo e o abracei, fazendo-o carinho e aos poucos sentindo meu coração desacelerar e entrar em um ritmo normal... Ele ronronou baixinho, até acordar com um pequeno miado e dizer:

– Bom dia Skylar... o que aconteceu? - Ele disse com mais força, depois de ver como eu estava.

– Só um pesadelo, gus... um pesadelo muito ruim. - ao dizer isto, senti meus olhor marejarem em água, então Augustus começou a esfregar-se em mim e ronronar, como um gato tentando fazer carinho em seu dono...

Eu agradeci intensamente por isso pois precisava mesmo de um pouco de carinho.