Fanfics Brasil - I Se você diz

Fanfic: Se você diz


Capítulo: I

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Minhas pernas ganharam vida própria, atingi uma velocidade fora do normal, corri como se estivesse fugindo de um monstro. Desviei de algumas macas que se encontravam nos corredores, assim como das cadeiras de rodas, trombei em alguns médicos, enfermeiros, pacientes. Tudo a minha frente estava coberto por uma cortina de lágrimas, tudo estava embaçado. Apertei os botões do elevador e ele ainda estava subindo, eu não podia, não quero, esperar. Empurrei desesperada uma porta onde havia uma plaquinha informando que ali era a escada, subi as escadas na mesma velocidade, tropecei e caí algumas vezes. Eu precisava chegar urgentemente no último andar, precisamente onde os helicopteros costumam pousar. As lágrimas rolavam incontroláveis pelo meu rosto, tentei ao máximo não pensar em tudo o que havia acontecido, mas era totalmente impossível... 


[...]


" - Vamos pra casa, agora! - a voz da minha mãe me fez dar um pulo na cama, desviei o olhar da janela e olhei em sua direção, ela estava emburrada, parecia estar com ódio, óbvio que estava, sempre que ela tem de largar seu querido e amado esposo por alguns minutos ela surta. Eu continuei da mesma maneira, estressada como ela estava, abriu sua bolsa e tirou algumas peças de roupas de dentro, jogou sobre mim, eu não me movi e me arrependi disso, pois ela se aproximou me puxando pelo braço sem se importar se estava me machucando ou não. 
- Para! - tentei me soltar - Está me machucando! 
- Você não pensou nisso quando estava se cortando! - ela por um momento esqueceu de onde estava e deu um berro, imediatamente uma enfermeira entrou no quarto exigindo silencio, seu olhar pairou sobre o meu braço, minha mãe ainda o segurava com muita força. 
- Está tudo bem por aqui? - ela me olhava de uma maneira estranha, parecia que estava me passando alguma mensagem subliminar, mas lenta como sou fiquei na minha por não ter entendido, minha mãe me soltou, ajeitou o cabelo e lançou um olhar nada amigável para a enfermeira que no mesmo instante saiu do quarto meia desconfortável. 
- Se vista logo! Vamos ir embora! 
- Eu não vou ir a lugar algum com você! - gritei, mas me arrependi, ela se aproximou segurando meus pulsos com força, eu berrei de dor por causa dos cortes que eu mesma causei afim de dar um basta em minha vida. 
- Para de gritar, sua maluca! 
- Maluca é você! - senti uma ardencia seguida por uma baita dor atingir meu rosto, ela havia me dado um tapão, comecei a chorar, a enfermeira voltou na companhia do médico. 
- O que está acontecendo aqui? - a voz grave do médico assustou a minha mãe, que no mesmo instante se afastou 
- Eu quero apenas que ela se vista, não aguento mais ficar um minuto a mais neste lugar! - ela disse olhando fixamente para ele 
- Você não aguenta é ficar perto de mim! 
- Cala a boca, Alena! Se vista! - gritou novamente 
- Minha senhora, fale mais baixo, a senhora está em um hospital... E fale direito com a sua filha, ela está entrando em uma depressão, ela tentou suícidio... - minha mãe interrompeu o médico com uma gargalhada, a enfermeira me levou até o banheiro e me ajudou a me vestir, ouvi os dois começarem a conversar, após me vestir me encostei na porta pra tentar ouvir o que eles falavam, a enfermeira tentou me impedir, mas eu a ignorei. 
- Eu não sei mais o que fazer doutor. A Alena está tão fora de sí, ela não aceita que eu me casei novamente e fica fazendo essas coisas pra chamar a atenção... 
- Eu não quero chamar atenção, eu quero acabar com a minha vida, não quero mais viver! - saí do banheiro gritando - Você me odeia, eu te odeio... Tenho vergonha de te ter como mãe! - ela arregalou os olhos 
- Alena! - o médico se aproximou 
- Não faça essa cara, você tem vergonha de mim, você sempre diz que se pudesse voltar no tempo teria se cuidado pra não engravidar! 
- Madá, leve ela daqui... - o médico se dirigiu a enfermeira. 
- Alena, você anda ouvindo as minhas conversas? 
- Você só está aqui porque é obrigada! - gritei 
- Eu estou aqui porque a minha filha, idiota, faz de tudo pra chamar atenção... 
- Eu não estou querendo chamar a sua atenção, eu quero morrer, EU QUERO MORRER! - gritei ainda mais 
- Madalena, leve-a daqui, AGORA! - a enfermeira assentiu e segurou em meu braço 
- Venha querida... - eu dei alguns passos até a porta sentindo meus olhos arderem por causa das lágrimas que eu evitava deixa-las escorrer 
- Se você realmente quisesse morrer não iria cortar os pulsos, você faria algo que realmente acabasse com a sua vida. - eu parei me virando pra ela, ela fingiu não notar 
- Você não tem coragem, pois você só quer chamar a atenção! 
- Minha senhora, chega! - agora foi a vez do médico gritar, ela arregalou os olhos, um ódio cresceu dentro de mim, olhei pra ela cheia de ódio, derrubei as coisas que estava em uma mesinha perto da cama, a minha vontade era de jogar tudo na cara dela 
- Fica tranquila, o seu tormento vai acabar! - berrei e empurrei a enfermeira que agora estava me segurando, abri a porta e corri." 


[...]

Cheguei na porta que dava para a área dos helicopteros exausta, apoiei as mãos nos joelhos, mal conseguindo respirar, meus pulmões pareciam que iriam explodir a qualquer momento, eles queimavam, empurrei a porta, olhei ao redor e não havia nada ali, comecei a tremer, meu estomago se retorceu, eu queria morrer, tentei várias vezes acabar com a minha vida, eu queria morrer sem sofrer, tomei muito remédio uma vez, já bebi tudo quanto é bebida de uma só vez e nada, cortei meus pulsos e nada, eu não estava querendo chamar a atenção, não mesmo, eu queria dar um fim em minha vida, mas não queria sofrer muito. Mas agora eu estou totalmente disposta a morrer, era melhor morrer sofrendo do que viver sendo descartada por sua própria mãe. Andei até o parapeito do prédio, apoiei minhas mãos tremulas na paredinha e olhei pra baixo, engoli em seco, era alto demais, mas eu não ia desistir, as lágrimas estavam me cegando, respirei fundo e me sentei, deixei as pernas penduradas, eu não iria conseguir ficar de pé, observei os carros e as pessoas passarem na calçada. 
- Eu estou cansada de viver... Pai, perdão, mas não dá pra continuar... - meu pai faleceu a dois anos, em um acidente de carro, minha mãe e meu pai estavam na frente discutindo e eu no banco de trás, éramos felizes, pelo menos eu era feliz, mas a minha mãe sempre foi infeliz, ela era nova demais quando engravidou e o seu pai a forçou a casar e uma coisa que ela não queria era casar, ela queria ser livre, pensava em ter filhos, mas só quando já estivesse com mais idade. E eu e o meu pai que sofríamos, eu nem tanto porque meu pai era super protetor, me amava de verdade, mas acabei ficando sozinha neste mundo por causa de uma briga idiota, a pancada foi toda do lado do motorista, onde meu pai estava, ele faleceu na hora, minha mãe saiu apenas com o braço quebrado e eu nada sofri, infelizmente. Eu era muito agarrada com o meu pai, prometi a ele que seria forte, aguentei firme até o dia em que a minha mãe ficou totalmente insuportável. Ele sabe o que eu passo, tenho certeza que irá compreender o que estou prestes a fazer, tudo bem que iria brigar comigo, mas sabia que essa era a única forma que eu ficaria em paz. Fechei os olhos com toda a força do mundo, respirei fundo e decidi que era o momento, soltei o parapeito, abri os braços. 
- 1... - comecei a contar - ... 2 e... 
- O que você está fazendo? - tomei um susto e tive que me segurar rapidamente, olhei para a direção da pessoa e vi um rapaz com os olhos arregalados me olhando fixamente. 
- Não é da sua conta! - falei voltando a olhar pra frente 
- Ah! - ele disse - Me perdoe... 
- Idiota! - sussurrei, mas ele ouviu 
- Me perdoe, mas o idiota aqui não sou eu... Não sou eu que estou pendurada no último andar de um prédio pensando em pular. - olhei novamente pra ele, tive vontade de socar a cara dele - Olha, não queria ofender, mas você é idiota sim, está pensando em pular, acabar com a sua vida enquanto há milhares de pessoas neste mesmo prédio lutando pela vida! 
- Me deixa em paz! 
- Tudo bem... Mas saiba apenas que não importa o que está acontecendo com você, se matar não é uma saída... 
- Cala a boca, quem você pensa que é pra dirigir a palavra a mim?! 
- Ah, eu sou o Ian! - ele abriu um enorme sorriso, que sorriso... Fechei os olhos balançando a cabeça 
- Eu não quero saber quem é você! 
- Tudo bem... 
- Cala a boca e me deixe em paz! 
- Ok! - respirei aliviada, olhei para o lado para ver se ele já tinha ido e ele estava lá, sentado no parapeito mas com as pernas pro lado oposto do meu, revirei os olhos 
- Porque não vai embora? 
- Porque não quero! 
- Você está me desconcentrando! 
- Ah perdão, ficarei aqui quieto, vou tentar não respirar! 
- Quem te mandou aqui? 
- Oi? 
- Foi a minha mãe, não foi? 
- Sua mãe? 
- Não se faça de idiota! 
- Eu não sei quem é a sua mãe... 
- Aha! - revirei os olhos novamente 
- É sério, eu estava ali sentado e do nada você entrou correndo... Sabe, não é só você que tem problemas... - fiquei em silencio - Mas ao contrário de você, eu não penso em me matar, eu penso em como sair dessa, penso nas milhares de pessoas que tem por aí lutando pela vida... - ele se levantou e deu alguns passos hesitantes em minha direção - Você também deveria pensar nessas pessoas, elas querendo se recuperar, viver mais um dia, e você querendo disperdiçar a sua vida... - ele falou desanimado, a carinha que ele fez cortou o meu coração. - Venha... - ele esticou a mão 
- Não toque em mim! - gritei - Se fizer isso eu pulo e suas digitais vão estar em mim e você será o culpado da minha morte! - ele riu, ergui a sobrancelha encarando ele - Duvida? 
- Não, não... Que isso... Eu só estou tentando te ajudar... Você é uma garota linda, parece ter uma vida boa... Em questão financeira - ele falou rapidamente - E... - revirei os olhos 
- E...? - perguntei automaticamente 
- Nada, deixa pra lá... Tenha uma... Boa. Morte! - ele engoliu em seco e se virou para ir embora, algo dentro de mim se moveu, meu coração quase parou. 
- Espera! - gritei 
- Sim? - ele se virou pra mim novamente 
- Me ajuda a sair daqui. - pedi sem saber o porque eu estava pedindo aquilo. Pude ver que ele respirou aliviado, um pequeno sorriso tomou conta de seus lábios. Meu Deus ele é tão bonito! 
- Me dê a sua mão... - ele esticou a mão, eu a segurei, eu estava tão nervosa que eu mal conseguia me mover - Venha... 
- E-Eu não consigo me mover... - ele se aproximou um pouco mais 
- Eu vou te puxar, ok? - eu assenti, ele me abraçou por trás e com cuidado me puxou, minhas pernas estavam fracas, bambas, não sei se foi por causa da correria ou se era por causa do nervosismo, ele me pôs de pé mas teve que me segurar pois eu ia de cara no chão - Senta aqui... - ele se sentou comigo no chão, eu o olhei e caí no choro, ele meio sem jeito se aproximou e me abraçou. 


[...]

A última vez que recebi um abraço foi quando meu pai faleceu, a minha vó ficou ao meu lado o tempo todo, até passei uns dias em sua casa, mas ela adoeceu e semanas depois faleceu, desde então ninguém nunca mais me abraçou. Agora, este rapaz que nunca vi em minha vida estava me dando um abraço apertado, super confortável, me aconcheguei em seus braços e fiquei feliz por ele estar ali, ele não me fez perguntas, apenas me confortava dizendo que tudo ia ficar bem... Como pode uma pessoa que nem nos conhece ser mais carinhoso que a pessoa que te pôs no mundo?! 

- Você quer beber ou comer alguma coisa? - perguntou ele depois de muito tempo 
- Não. - respondi apesar de estar com muita fome 
- Onde você mora? - por fim me afastei um pouco dele 
- Eu não quero ir pra casa, eu quero distancia de lá. 
- Tudo bem... - ele coçou a cabeça e rapidamente voltei a abraça-lo.


 


 



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Autor(a): mundodalua

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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