Fanfics Brasil - II Se você diz

Fanfic: Se você diz


Capítulo: II

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Eu não tenho parentes nesse bairro, não tenho amigos, não tenho ninguém. Na verdade eu nunca tive amigos, sempre fui muito tímida, nunca consegui me aproximar e puxar conversa, quando pequena eu brincava dentro de casa com a babá e quando meu pai chegava do serviço ele arrumava um tempinho pra brincarmos também. Minha mãe sempre foi muito distante, ela cuidava de mim, me criou, mas o amor de mãe não apareceu, ela fazia tudo por obrigação, até a minha babá gostava mais de mim do que ela. Quando cresci eu até arrumei uma amiga no colégio, mas ela me achava boba demais por nunca ter namorado ninguém, por nunca ter beijado... Então ela deixou de andar comigo, passei a ficar sozinha, quando tinha trabalho em dupla eu acabava fazendo o tal trabalho sozinha. Eu tinha tudo pra pirar e não pirava, porque eu tinha o meu pai, meu melhor amigo... Mas toda menina precisa do carinho da mãe, precisa de uma presença feminina, a minha mãe vivia mais na rua do que em casa. O problema dela era comigo e não com o meu pai, pois eu sempre pegava os dois aos amassos na sala, eles sempre saíam nos fins de semana, o problema era eu. As coisas só pioraram quando meu pai se foi, ela só chegava em casa tarde da noite, quando tinha certeza que eu já estava dormindo. Conviver com isso não é nada fácil, ser rejeitada pela própria mãe acaba com qualquer pessoa. E agora ela se casou novamente, com um cara nojento que ela conheceu no trabalho. Adam, é o nome dele. É muito mais novo que ela, briga por tudo e fala mal de mim o tempo todo. Uma vez cheguei na cozinha e ouvi uma conversa dos dois... 


"- Ela não gosta de mim, já viu como ela me olha? 
- Adam, eu sei... Já reparei, mas ela é minha filha... 
- E eu sou seu noivo! 
- O que você ta querendo dizer com isso? 
- To querendo dizer que se continuar assim eu vou ir embora. 
- Que? 
- Ela não gosta de ninguém, porque não coloca ela pra fora de casa? 
- Eu jamais faria isso! - falou firme 
- Coloque ela em um colégio daqueles que ela possa ficar lá toda a semana... 
- Mas... 
- Mas nada, você tem que escolher, eu ou ela! 
- Não acredito que você está me fazendo escolher. 
- Porque? Vai escolher ela? Tudo bem! 
- Não, não... Meu amor... - um barulho de beijo - Podemos conversar sobre isso depois do casamento? 
- Mas ainda falta dois meses! 
- Eu sei... Eu preciso de um tempo... 
- Tudo bem, então eu só volto aqui depois do nosso casamento." 

... 

Como pode uma mãe fazer uma coisa dessa? Só pode ser brincadeira. O casamento dela foi dois dias atrás, ela veio conversar comigo, eu já sabia o que ela queria quando bateu na porta do meu quarto. 
- Alena? 
- Oi? - respirei fundo 
- Podemos conversar? - ela abriu a porta e ficou me olhando de uma maneira estranha. 
- Que foi? - ela se sentou na beira da cama 
- Você conhece a escola... - revirei os olhos e a interrompi 
- Não conheço e nem to afim de conhecer, eu sei o que você vai fazer, tudo por causa de um homem, isso é ridiculo! - me levantei gritando 
- Eu o amo e não vou deixa-lo partir! 
- Então vai ser assim mesmo? Você preferiu ele do que a mim? 
- Alena... 
- Você é uma mãe desprezável, eu te odeio. 
- Se você fosse legal com ele... 
- Não vou ser legal com ninguém, eu te odeio, eu odeio esse babaca, vocês mataram o meu pai, foi por isso que você brigou com ele, pra ele morrer, eu sabia, você já tava com ele não tava? Você é uma vadia... - ela veio pra cima de mim, eu caí sobre a cama, ela me deu alguns tapas na cara. 
- Me respeita, eu sou a sua mãe! - ela berrava - Eu nunca traí seu pai, eu o amava, assim como eu amo o Adam! - ela se afastou e seguiu até a porta, antes de sair ela se virou pra mim - Arrume as suas coisas! 
Eu estava aos prantos, mal conseguia respirar, meu rosto queimava, eu não vou a lugar algum com essa mulher, a casa é do meu pai e eu só saio daqui morta! Morta... Corri até ao banheiro, peguei uma gilete e sem pensar cortei meus pulsos... Eu já havia tentado me matar algumas vezes, quando o meu pai morreu, mas minha vó conversou comigo e tirou essas ideias da minha cabeça. Mas naquele momento só me restava isso. 

... 

Fiquei sentada de frente para Ian sem dizer uma única palavra, ele não me fez perguntas, apenas ficou ali sentado me olhando de uma maneira estranha, parecia que ele estava enchergando a minha alma ou tentando ler a minha mente. 
- Alena. 
- Oi? - perguntou confuso 
- Meu nome. Alena. 
- Ah! - ele sorriu de lado fazendo sua covinha aparecer, meu coração acelerou. - Lindo nome. Sou Ian. 
- Obrigada e ah, você já me disse... 
- Verdade. - seu sorriso aumentou, ficamos novamente em silencio. 
- Você não vai me fazer nenhuma pergunta? 
- Você vai me responder? 
- Não! - falei 
- Então... - desviei o meu olhar, o céu estava bem nublado, já já vai cair a maior chuva, respirei fundo e então ele pôs a mão em meu braço, um pouco acima do meu curativo, seus olhos estavam fixos na atadura. 
- O que você fez? 
- Nada! - puxei meu braço 
- Você cortou seu pulso? - eu não respondi, olhei para o prédio ao lado do hospital 
- Porque você quer tanto acabar com a sua vida? 
- Não devo explicações pra você! - me arrependi de ter dito isso na mesma hora. Ian respirou fundo e se levantou, segurei sua mão. - Espera! - o olhei fixamente - Não vai embora não.


Não sou normal, eu sei disso. Nem tem como eu ser com todas essas coisas acontecendo em minha vida, eu nunca tive uma pessoa com quem conversar além do meu pai. Mas conversar com o pai não é a mesma coisa. Não sei como falar, sei que sou grossa, não funciono bem, isso é fato. Eu não deveria ter falado assim com Ian, se não fosse ele eu teria me jogado, não que eu tenha feito isso pra chamar a atenção de alguém, eu ainda quero desaparecer, mas por algum motivo desconhecido eu não quero mais morrer, então eu tenho que lhe agradecer e não lhe tratar mal. 

- Me perdoe, e-eu não deveria ter falado assim... Eu... Tenho tantos problemas que... Ai, me desculpa! - comecei a chorar nervosa, ele não disse nada, apenas me abraçou. 

- ALENA! - ouvi o grito da minha mãe, apertei o abraço, fechei os olhos e pedi a Deus que ele me deixasse invisível. - Até que enfim eu te encontrei... Quem é esse rapaz? - eu me afastei passando as mãos no meu rosto afim de limpar as minhas lágrimas. - Está chorando porque? Pare de drama, venha! - ela se aproximou segurando bem em cima da atadura, uma fisgada tomou conta do meu pulso e eu gemi. 
- Ai! - Ian segurou meu braço com cuidado para não me machucar. 
- Você está machucando ela! - ele disse firme 
- Quem é você? - ela o encarou 
- Eu que pergunto! 
- Eu sou mãe dessa mocinha... 
- Tudo bem, mas nem por isso vou permitir que a machuque! - meu coração disparou, a dor ainda estava ali onde a minha mãe apertava com força, mas eu nem liguei mais, fiquei hipnotizada olhando para Ian, sorri de lado e então voltei a sí quando ela me puxou pra longe dele. 
- Mãe, me solta! 
- Não, vamos pra casa! 
- Ian... - virei pra ele enquanto ela me puxava, ele nos seguiu pedindo que ela me soltasse, mas foi tarde demais, ela me enfiou no elevador e a maldita porta se fechou rapidamente. Neste momento eu soube que nunca mais o veria na vida, eu não sabia nada além de seu nome, respirei fundo e me desliguei para não ter que ouvir as reclamações da minha mãe. Assim que a porta se abriu eu saí rapidamente, eu queria ir atrás do Ian, mas não pude por causa da minha mãe, ela ainda falava horrores, mas eu não faço a mínima ideia do que ela está falando. Entrei no carro e fomos pra casa, contra a minha vontade, óbvio.


- Alena? - ela cutucou meu braço, olhei rapidamente pra ela


- Que?


- Eu não vou te mandar mais para o tal colégio...


- Eu não ia mesmo! - falei abrindo a porta


- Espera... - revirei os olhos - Vamos tentar viver em paz... - respirei fundo e saí, corri até a minha casa, Adam estava saindo pela porta e eu passei voando por ele, eu não gosto dele e nunca vou gostar. Me tranquei no quarto, passei o dia todo deitada em minha cama pensando em Ian, sei que nem o conheço direito, mas algo em mim mudou no instante em que eu o conheci. Me peguei suspirando ao lembrar de seu sorriso, que sensação estranha, nunca me senti assim, por isso estou sem entender o que isso significa, pra piorar eu nem tenho quem me explique. Acordei com algumas batidas na porta, me sentei rapidamente na cama, assustada.


- Alena?


- Que?


- Tem uma pessoa querendo falar com você! - avisou minha mãe


- Quem? - perguntei assustada, eu nem falo com ninguém...


- Desça pra ver! - me levantei e saí do quarto ignorando a minha mãe parada no meio do corredor me esperando, assim que pisei na sala dei de cara com Adam em um sofá e Ian no outro, meu coração deu lugar a uma bateria de escola de samba, não consegui disfarçar a minha alegria, eu corri até ele e o agarrei assim que ele se levantou.


- Como você me achou? - perguntei enquanto o arrastava para a varanda, longe dos ouvidos da minha mãe e de seu querido marido.


- Tenho as minhas fontes! - dei uma risada, estou tão boba, tão feliz por ele estar aqui... Eu achei que nunca mais fosse ve-lo.


- Nossa, acho que estou sonhando! - agora foi a vez dele rir


- Sonhar comigo é como ter pesadelos!


- Que nada... - sorri - Mas então, o que você faz aqui? - me sentei em uma cadeira balanço para tres pessoas, ele se sentou ao meu lado.


- Vim te fazer uma visita, oras.


- Adorei a visita! - falei rapidamente, dei um tapa na minha testa mentalmente, idiota, deveria ter ficado quieta! - ele sorriu e suas covinhas apareceram, awwnn derreti.



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Autor(a): mundodalua

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