Fanfics Brasil - Historia 2 - Única Saida Small History

Fanfic: Small History | Tema: Variavel


Capítulo: Historia 2 - Única Saida

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    Um lugar com dimensões pequenas, paredes de rochas, poderiam estar numa gruta. Pouco se vê nesse lugar, a luz que tentava iluminar o local vinha de uma vela que está em cima de uma mesa. Havia também naquele local mais duas cadeiras e dois homens, cada um deitado no lado de uma cadeira.


    O primeiro homem se levantava, estava assustado, olhando ao redor tentado descobrir onde estava e como foi parar ali. Secava o suor do rosto e andava beirando as paredes procurando por uma saída. Passou pelo outro homem que estava deitado e o observou por alguns segundos. Ele estava imóvel, talvez ainda desmaiado.


     - Onde estou?


     - Essa pergunta eu já fiz. – Disse o homem que estava deitado. – E ainda não achei a resposta dela, mas ainda estou procurando. Prazer meu nome é Lucas.


     - Meu nome é Marcus Ta...


     - Calma calma, ta bom só Marcus. Fica mais fácil para lembrar e assim ocupa menos o meu cérebro.


     - Espera o que você esta dizendo?


     Lucas agora se levantava e puxava a cadeira que estava no lado dele mais para perto da mesa e senta, com um gesto convida Marcus a fazer o mesmo.


     Os dois agora estavam sentados um de frente para o outro. Marcus agora pegava um pedaço de papel que estava embaixo do pires com a vela.


    “Peão – 30MIN – Chave p/ 1”


     - O que isso quer dizer? – Disse Lucas.


     - Bom acho que o 30M representa que a cada trinta minutos um papel cai da abertura ali no teto. – Respondeu Lucas. – É eu acordei mais cedo que você, tinha que explorar o local enquanto você relaxava.


     - Por que não me acordou logo que descobriu essas coisas? – Questionou Marcus.


     - Bom aí eu interromperia o funcionamento da sua mente. Penso que uma mente ao natural e com um descanso pode superar e muito os seus reais potenciais, e também fiquei com medo de ter alguma sequela não sei o que o estava mantendo dormindo – disse Lucas começando a arranhar a mesa, como se procurasse um papel invisível. – Achei. – Ele passou os dedos por uma das rachaduras e tirou dali um pedaço de madeira muito pequeno, com a ponta escura. – Vai servir para escrever.


     A visão de Marcus agora se acostumava com a escuridão e a pouca luminosidade. Ele via ao alto uma pequena porta de madeira e embaixo dela estava vários papeis. Então era esses papeis que caiam a cada meia hora. Aquela quantidade representava que eles estavam ali há horas. Lucas levantava ate lá e pegava alguns papeis. Sentando novamente ele começava a escrever. Em um papel ele colocava o nome do Marcus no alto, em outro ele escrevia o próprio nome, num terceiro ele apenas colocou traços.


     - O que está fazendo Lucas?


     - Começando.


     - Começando o que?


     - O jogo.


     - Que jogo?


     - O jogo de sobrevivência.


     Marcus agora pulava da cadeira.


     - VOCÊ ESTÁ MALUCO, ESTAMOS PRESOS AQUI E VOCÊ PENSA QUE É UM JOGO. TEMOS QUE ACHAR UM JEITO DE SAIR DAQUI E VOCÊ QUER FICAR SENTADO. SOCORRO!! SOCORRO!! – Marcus gritava para pequena porta no alto. Corria por todos os lados batendo nas paredes rochosas procurando por algum apoio. Pegou a cadeira que estava sentado e a colocou embaixo da porta, subiu nela e pulou tentando alcançar a alça da porta sem sucesso. Foi quando parou, desceu e pegou o restante dos papeis que estavam no chão querendo ver se tinha algo escrito, mas todos estavam em branco. Num ultimo ato de raiva ele pegou a cadeira e arremessou contra a parede.


     - Acabou? – Disse Lucas com calma.


     Marcus balançou a cabeça concordando.


     - Agora que você desabafou venha até aqui e me ajude.


     - Como pode permanecer tão calmo? – Disse Marcus pegando a cadeira e voltando a sentar perto da mesa.


     - Se eu ficar desesperado vou gastar energia e tempo. Preciso relaxar minha mente. Vamos começar a anotar os pontos.


     - E do que isso adiantaria. Não temos comunicação com ninguém lá de fora.


     - Estamos aqui por algum motivo, estão nos observando.


     - Quem está nos observando? – Disse Marcus olhando em volta.


     - Iremos descobrir. – Disse Lucas. – Assim como para qual propósito estamos fazendo isso. Isso se tornou um jogo de mentes.


     - Um jogo de mentes? – Disse Marcus.


     - Nós contra algo que esta lá fora.


     Marcus olhou para o papel que estava perto da vela novamente.


     - Nós somos os peões desse jogo.


     - Isso desperte a sua mente, a próxima coisa que devemos é sobre o tempo.


     - Os papeis poderiam ajudar, disse que a cada 30 minutos um papel caia da porta é só contar quantos já caíram. Seria bom saber quando começaram a cair.


     - Quando eu acordei não havia nada ainda. – Concluiu Lucas.


     Marcus correu e pegou todos os papeis que estavam no chão. Colocou-os em cima da mesa e começou a contar.


     - Tenho 57 aqui com mais três que você pegou, temos um total de 60 se cai a cada meia hora, desde que você acordou já estamos aqui há 1 dia e 5h e 30 minutos.


     - Isso é ruim. Temos que sair logo. Pareceu uma eternidade.


     Lucas então escreveu essa observação no papel que tinha os traços.


     - O que você fez todo esse tempo? – Perguntou Marcus com os olhos fixos em Lucas.


     - Explorei o lugar, bom apenas fiquei vendo detalhes, a única coisa que descobri é essa gruta. Olha eu já estava me esquecendo dessa. – Lucas agora escrevia a palavra gruta num segundo traço da mesma folha. – Continuando, vi você deitado aí, mas como eu disse antes não quis acordá-lo, vasculhei a cada poeira desse lugar, até essa mesa olhei a cada centímetro dela, bom achei esse lápis improvisado e essa vela aqui, que poderá nos deixar na mão. De resto não encontrei mais nada. Só poeira. Mas vamos temos que nos apressar.


     - Deve estar desesperado para sair desse lugar. – Disse Marcus ainda duvidoso.


     - Olha ponha a sua mente para funcionar, já estamos aqui a mais de um dia. O corpo humano só consegue sobreviver no máximo a 5 dias sem água e até lá os sentidos vão se perdendo gradualmente, e não acho que vai sair água de algum lugar aqui. – Disse Lucas em tom rígido voltando as anotações.


     - Desculpe.


     - Aceitas, mas vamos ao que interessa. Ei você trabalhava com o que, ou trabalha ainda?


    Marcus estava ficando cada vez mais confuso. – Eu era relações públicas, estava buscando ingressar numa grande empresa, mas no que isso pode ajudar?


    Lucas começou a escrever no papel com o nome do Marcus, “relações públicas”. – Qual a porcentagem de pessoas que gostam de você e que saibam do seu emprego?


    Marcus estava começando a entender o que Lucas queria. – Digamos então que uns 70% das pessoas.


   - Então tem gente que está procurando por você, isso claro aumenta com a força da família. Sua mulher e filhos provavelmente.


   - Não tenho filhos. É só eu e minha esposa. – Concluiu Marcus.


   - Ainda sim uma ajuda.


   - Mas e você, no que trabalha e família?


   - Estou tentando juntar os fatos.


   - Eu posso te ajudar se também contribuir com as informações. – Disse Marcus num tom desafiador para Lucas.


Lucas parou e encarou Marcus – Então o que você quer que eu te conte?


   - Poderia falar também com o que você trabalha.


   - Na verdade não trabalho mais, comecei a investir numa área de pesquisa de pessoas. Tenho uma empresa que trabalha com isso e faz esse trabalho de pesquisa e planejamento pelo mundo.


   - Então é uma multinacional?


   - Sim é.


   - Então também tem gente procurando por você.


Marcus pegou o papel de Lucas no qual tinha o nome deste e escreveu - MUITO procurado.


   - Já passou por uma situação dessas Marcus?


   - De ficar preso com um estranho? Não nunca passei. – Marcus olhava novamente para o primeiro Papel que estava com a pista. – Acho que podemos tirar mais disso. Tirando o tempo também temos a palavra “peão” e “chave p/1” Sei que somos os peões mas acho que não é só isso.


   - Qual é o movimento do peão? – Perguntou Lucas.


   - Somente para frente, mas para capturar outra peça só ela estando na diagonal. - Respondeu Marcus.


   - Acho que esse pode ser um ponto chave para o nosso pequeno jogo de tabuleiro.


   - Chave? – Marcus olhou novamente para o papel. – Chave p/1, acho que quer dizer que um de nós tem a chave para sair daqui e que só pode ser usado para uma pessoa.


   - Pode me revistar se quiser, e se achar pode levar. – Disse Lucas levantando as mãos indicando para Marcus revista-lo.


   - Acho que se você tivesse a chave já teria ido embora daqui enquanto eu dormia.


   - Com toda certeza.


   Nesse momento um outro papel caia da porta do teto.


   - Deixa que eu pego, acumular mais meia hora. – E Marcus levantou e pegou o papel, quando voltou a mesa viu que nesse estava escrito algo. Esticou o papel sobre a mesa de modo que Lucas também pudesse ver e estava escrito “Qual o Numero para sair? ”


   - Que tipo de piada é essa. – O descontrole já estava nos olhos de Marcus.


   - Acho que eles querem que isso termine e essa é a passagem para sair. Assim como um cofre que precisa de uma senha para abrir. – Concluiu Lucas.


   - E onde vamos arranjar o número e a senha? – Disse Marcus olhando para os lados e vendo que tudo que tinha era a escuridão.


   - É acho que minha filha não vai ver mais o seu pai na reunião escolar. – Lucas agora coloca as mãos na frente do rosto e começava a soluçar. – Sabe eu estava parando de trabalhar direto para poder conseguir tempo com a minha filha e minha família. Ser um pai presente. Faltava pouco tempo. Estava procurando alguém capacitado para me substituir, mas isso é difícil. Sabe eu até tinha comprado o presente que ela tanto queria. – Nessa hora as lagrimas já escorria o rosto do de Lucas.


   Marcus não sabia o que fazer se sentia desconfortável com aquela cena, queria ter um jeito de consolar Lucas, mas não sabia como. Poderia ajudar se pelo menos tivesse algum sinal da saída. Marcus pegou um papel em branco e levantou contra a luz da vela querendo que aparece ali a saída. Foi quando ele percebeu que no quanto superior desse papel estava escrito quase apagado como se fosse uma marca d’agua dois números “ 3°-3”. Ele logo se animou e analisou cada papel e alguns ainda continuava em branco mas achou outro com dois números “2° - 5”. Lucas levantara e foi a um canto da gruta e encarava a parede a fim de recuperar o ar. Enquanto isso Marcus montava o quebra cabeças e papel após papel foi achando e completando os números: “1° - 4” “4° - 6” e por fim “5° - 1”, e assim acabou os papeis. Ali estava a chave para sair “ 45361”, era só, talvez, dizer essas palavras e poderia sair dali e voltar para casa. Reencontrar sua esposa e talvez contar para ela que não conseguira nada ainda. Que ainda teria que contar a verdade a ela que sua carreira de relações públicas estava no fim. Que tinha perdido o dinheiro da poupança numa noite de bebedeira e apostas. Achou que poderia recuperar sem saber, mas até aquela hora já devia ter descoberto. Não poderia viver com a vergonha e encarar as pessoas com quem já conviveu. Sempre foi egoísta e orgulhoso. O que será que poderia recompensar esses atos. Talvez um ato de amor ao próximo. – Acho que você ainda vai ver sua filha.


   Lucas agora virava para Marcus e este retribuía o olhar. Marcus levantou os papeis que continham o número que o tiraria dali. – Você vai sair daqui, achei o código.


   Lucas se aproximava e voltava a se sentar de frente a Marcus. Faltava palavras. – Não posso aceitar. Foi você que achou o código.


   - Por favor aceite. Esse é o único momento que posso fazer algo certo na minha vida. Vai saia daqui e de qualquer forma você tem mais chances de achar um meio de voltar para me resgatar. – Disse Marcus baixando a cabeça para não encarar Lucas, isso estava tomando muito dele. 


   Lucas pegou o número do código – Eu vou voltar, eu prometo o mais rápido possível.


   Marcus agarrou a mão de Lucas e implorou – Volta mesmo, por favor. – Lucas concordou com a cabeça e seguiu até ficar embaixo da porta. E gritou os números na ordem que Marcus tinha colocado.


   - 45361.


   Nesse momento a porta de cima se abriu e a luz que vinha de fora tomou conta do local. Lucas e Marcus fecharam os olhos, já estavam acostumados com a escuridão e essa luz foi o suficiente para cega-los por um momento. Uma escada de cordas foi jogada para baixo e uma voz lá de cima gritou – Se o outro tentar subir será morto.


    Lucas agarrou a escada e ela começou a subir. Marcus só conseguiu ver. Os pés de Lucas passando pela passagem antes que a porta voltasse a fechar. Marcus foi se aproximando para ver se conseguia descobrir pelo menos em que tipo de lugar estava enterrado. A porta ficou entreaberta e dali Lucas se abaixou e falou – Se a vela estiver perto do fim tem uma caixa no fundo da gruta, no lado de uma garrafa d’agua. – Nesse momento a porta se fechou completamente.


    Marcus não poderia acreditar no que tinha acabado de ouvir, como Lucas sabia disso. Um outro papel caiu Marcus pegou e leu. “Qual o movimento do peão? ”


    A ficha tinha caído e Marcus sentia a raiva subindo junto com toda a resolução do quebra cabeça. Lucas tinha acordado primeiro, devia ter achado a vela e a água e escondido. Não tinha conseguido achar a saída enquanto Marcus dormia e montou tudo aquilo na esperança de que quando acordasse descobrisse para ele e depois trai-lo. E descobriu que mesmo quando uma peça está na frente do peão não importa a importância dela ela só pode capturar e ganhar indo pelas diagonais, e foi isso que aconteceu. Lucas era a peça importante que estava na frente de Marcus e ele um pequeno peão que só podia capturar pelos lados e se tornou um alvo fácil. Marcus foi emotivo e fraco o bastante para cair nessa armadilha. Lucas nunca voltaria. Marcus agora corria pela gruta gritando e colocando a raiva para fora. Encontrara as velas e a garrafa d’água, jogou as velas longe e olhava para a agua. Foi quando explodiu e gritou, mas ninguém poderia mais ouvi-lo.


 


                                                                             **************


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


   O senhor está bem sr. Lucas? – Disse um homem entregando uma garrafa d’água e uma roupa para Lucas enquanto o acompanhava até o carro.


   - Estou sim.


   - O senhor conseguiu o que queria?


   - Sim, vai ser ele. O deixe mais um dia aí e depois volte para resgata-lo. Vamos aproveitar esse tempo para passar tudo para o nome dele. Será ele que vai assumir toda a empresa.


   - Foi boa essa sua aventura senhor?


   - Sim, pena que será a última. Mas ainda sim descobri alguém que deu praticamente a vida pelo meu futuro e pela minha empresa a única coisa que eu tenho. – Lucas abriu um colar e ali estava a foto da sua mulher e sua filha que morreram num acidente. E assim o carro partiu.


   Um dia se passou e a porta de cima voltou a se abrir. Marcus cambaleava até ficar em baixo dela e então a escada desceu e com ela uma voz. – Ele está cumprindo o que prometeu. Vamos seu novo jatinho o aguarda. Hora de se tornar um outro cara, hora de sair do fundo do poço.


 


 



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Autor(a): luisprod43

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