Fanfic: Um Lindo Homem (vondy)

Diante do médico segurando àquelas dezenas de exames, Dulce soube que em pouco tempo não precisaria passar mais de 16 horas no escritório, soube que não precisaria pedir mil vezes para que o lavador de carros tomasse cuidado com sua Ferrari importada exclusivamente da Alemanha, soube que não precisaria mais pedir para que a lavanderia lavasse com cuidado único seu guarda-roupa exclusivo da Dolce.

- Tem alguém que possamos avisar, para que venha te buscar? Ficar com você nesse momento? - Dulce ouviu o médico perguntar e com os olhos fixos em um andaime do lado de fora novamente começou a enumerar as coisas que logo não precisaria mais fazer.

Não precisaria mais ir aos coquetéis, com seus vestidos de milhares de euros.

Não precisaria gastar rios de dinheiro muito bem gastos com o melhor cabeleireiro do mundo.

Não precisaria pousar para as revistas, para os jornais, como a bilionária de mais sucesso e mais linda da América Central.

Não precisaria...

- Dulce? Tem alguém que eu possa avisar?

Não precisaria avisar ninguém, pois ela não tinha ninguém.

Seus olhos se fecharam com pesar, e pela primeira vez em cinco anos conseguiu se emocionar. Voltou os abrir e pela primeira vez em cinco anos, suas mãos ficaram trêmulas, sua saliva se perdeu de sua boca e o ar pareceu cumprido em seus pulmões.

Dulce - Quanto tempo? Quanto tempo eu tenho? - perguntou, voltando a mirar o médico que pateticamente a olhava com pena. Tinha vontade de estrangular aquele desgraçado se continuasse a mirando daquela forma.

Médico – Depende, se falarmos sobre os tratamentos...

Dul – Nada de tratamentos. - ela o cortou, assim como seu olhar seco e agora desprovido de qualquer emoção. - Não vou definhar em uma merda de cama de hospital até que eu mesma não me reconheça. Quero tempo de vida? Quanto tempo eu tenho de vida?

O médico ficou alguns segundos calado, observando aquela primeira paciente, Deus ele acabara de falar que ela estava morrendo e ela nem ao menos emitia uma reação naquele rosto maravilhosamente belo.

Médico – Receio que seja alguns meses sem os tratamentos. Ou alguns anos, não sabemos...

Dul – Você é um médico Doutor Rubéns, é pago para dizer números, datas, diagnósticos e medicamentos, não quero sua pena nem sua compaixão, estou perguntando quanto tempo eu tenho de vida. - O médico pigarreou dando razão quando os jornalistas diziam que o humor de Dulce Maria Torredo podia mudar do vinho para a água.

Médico – Não posso dizer exatamente, receio que tenha 10 ou 11 meses de vida, dependendo da qualidade de vida que tiver, um ano talvez.

Qualidade de vida?

Dulce quase deu risada na cara dele.

Se dependesse de sua qualidade de vida viveria mais cem anos...

Tinha uma casa em quatro cantos do Mundo, tinha dinheiro, era bonita e...

Dul – Defina qualidade de vida. - Disse, e o médico guardou seu último exame, a olhando com aquela cara de pena novamente.

Médico – Um lugar saudável para se viver, uma boa alimentação, horários regulares, amor, carinho, felicidade...Essa coisas que fazem com que as pessoas se tornem felizes.

Dulce franziu a testa, ele era um asno?

Ela tinha uma boa casa, uma maravilhosa casa...dinheiro, uma boa alimentação, apagando os coquetéis onde os drinks e as vodcas não poderiam ser colocados no pacote “ boa alimentação”. Dirigia seu carro maravilhoso, desfrutava de uma vida de luxo e regalias...

Seu trabalho, sua sala, seu tapete pérsia, sua escultura vinda da França.