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Capítulo: 7? Capítulo

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Capítulo 7


 


-Eu sei que é véspera de Natal, Julia. Christopher pegou sua xícara de café, viu que estava vazia e então levantou o bule da cafeteira. Nem um pingo. Deixou escapar um suspiro. O problema da mansão Revertti era que você tinha de andar meio quilômetro para a cozinha sempre que ficava vazio. — Eu sei que vai ser uma grande festa, mas eu não posso sair. Não era exatamente verdade, refletiu Christopher ao ouvir o falatório de Daria sobre a comemoração em Manhattan. Todo mundo, segundo as estimativas dela, estaria lá. Isso significava uma festa barulhenta e lotada, com um monte de bêbados. Ele podia tirar um dia e dirigir até a cidade para fazer um ou dois brindes com os amigos. O trabalho de Christopher estava bem adiantado. Tão adiantado, na verdade, que ele poderia até tirar uma semana de folga sem pressão. Mas a grande verdade era que Christopher não queria sair da mansão. — Agradeço, mas... Você vai ter de dizer a todos "Feliz Natal" por mim. Não, eu gosto de viver no interior, Julia. Esquisito? Sim, talvez. — Christopher riu. Julia era uma dançarina de primeira linha e um poço de risadas, mas não acreditava que houvesse vida fora da ilha de Manhattan. — No Ano-Novo, se eu conseguir Tudo bem, amorzinho. Sim, sim. Ciao.


Mais que aliviado, Christopher desligou. Julia era muito divertida, mas ele não se acostumara a estar ligado a nenhuma mulher, especialmente uma com a qual Christopher apenas se encontrava ocasionalmente. A verdade era que Julia estava atraída tanto pela influência que Christopher tinha entre alguns agentes de elenco quanto por ele mesmo. Christopher não usava isso contra Julia. Ela era ambiciosa e talentosa, uma combinação que podia funcionar no mundo selvagem do entretenimento, se fosse acrescentada uma pitada de sorte. Depois das festas de fim de ano, ele daria alguns telefonemas e veria o que poderia fazer.


Da porta, Dulce observava enquanto Christopher passava a mão na nuca. Julia, repetiu para si mesma, em silêncio. Ela imaginava que as mulheres de que Christopher gostava tinham certa inclinação para nomes como Julia, Robin ou Candy. Macias, delicadas, sofisticadas e, de preferência, sem nada na cabeça.


— A popularidade é um incômodo, não é, querido?
Christopher se virou na cadeira, lançando-lhe um olhar longo e cortante.


— Escutar a conversa dos outros é muito indelicado, não é,
querida?


Dulce deu de ombros, mas não entrou.


— Se queria privacidade, deveria ter fechado a porta.


— Por aqui é preciso trancar a porta se quiser ter privacidade.
Com uma sobrancelha arqueada e a cabeça levemente inclinada, Dulce parecia tão indiferente quanto uma rainha.


— Suas conversas ao telefone não têm nenhum interesse para mim. Só vim aqui fazer um favor a Pascoal. Você recebeu uma encomenda. Está lá embaixo.


— Obrigado.


Christopher não se preocupava em esconder a graça diante do tom de voz de Dulce. Se a conhecia bem — e conhecia — , ela ouvira palavra por palavra.


Eu achava que este era seu momento sagrado de tra­balho.


Algumas pessoas planejam o trabalho tão bem que conse­guem tirar uns dias de folga durante as festas de fim de ano. Não, não, não vamos brigar — decidiu de repente, antes que Christopher pudesse retaliar. — Afinal, já é quase Natal, e nós tivemos três dias de sossego das agressões da nossa família. Trégua — sugeriu Dulce a Christopher, com um sorriso que ele não sabia ao certo se podia confiar. — Ou uma moratória, se você preferir.


 — Por quê?


 — Digamos que eu adore o espírito natalino. Além do mais, estou feliz por não ter comprado um grande cão de guarda ou uma caixa de munição.


 — Por enquanto. — Não completamente satisfeito, Christopher se deixou cair novamente em sua cadeira. — A idéia de Franco de avisar a polícia local sobre invasores e espalhar o boato de uma investigação oficial em curso pode funcionar temporaria­mente. Ou, talvez, nossos amigos e familiares estejam apenas aproveitando o feriado. De qualquer modo, não estou pronto para ficar relaxado.


 — Você prefere quebrar o nariz de alguém a resolver as coisas pacificamente — começou Dulce, depois acenou. — Esqueça. Eu, de minha parte, vou aproveitar as festas e sequer pensarei na nossa querida família. — Ela ficou em silêncio por um instante, brincando com sua corrente de ouro e ametista. — Suponho que Julia esteja desapontada.


Christopher observava como as pedras captavam a fraca luz do inverno e a refletiam com brilho.


— Ela vai sobreviver.


Dulce torcia a corrente para um lado e outro, e então a soltou. Era o tipo de gesto nervoso que Christopher não esperava dela.


 


— Christopher, você sabe que não precisa ficar. Eu realmente ficarei bem se você quiser ir a Nova York para o Natal.


 — Regra número 6 — ele refrescou a memória. — Ficaremos juntos, e você  também recusou meia dúzia de convites para o feriado.


 — Por vontade própria. — Dulce tocou na corrente nova­mente, depois deixou as mãos caírem. — Não quero que você se sinta obrigado...


 — Por vontade própria — ele a interrompeu. — Ou você de repente resolveu achar que eu sou um cavaleiro nada egoísta?


 — Claro que não — retrucou, sorrindo. — Prefiro pensar que você está com preguiça demais para viajar.


Christopher balançou a cabeça, mas reagiu torcendo a boca.


— Tenho certeza que prefere.


Na porta, Dulce hesitou, até que Christopher franziu a testa.


— Christopher, você vai se tornar totalmente insuportável se eu
lhe disser que estou feliz por você ficar?


Ele a observava de pé, magra e fresca, na porta, os cabelos contrastando absurdamente com a blusa bem-passada e a calça masculina.


 — Talvez.


 — Então não vou lhe dizer isso.


Sem outra palavra, Dulce deslizou para fora do quarto e desapareceu.


Mulher contraditória, pensou Christopher. Ele estava perto de ficar louco por ela. E "louco" era a palavra certa. Dulce o atentava ou, tinha de admitir, ele a atentava sempre que possível. Christopher não podia imaginar duas pessoas menos inclinadas à coexistência pacífica, muito menos harmônica. E ainda assim... ele estava quase ficando louco por Dulce. Sabendo que o melhor a fazer era tentar voltar ao trabalho, Christopher se levantou e a seguiu escada abaixo.


Ele a encontrou na sala de estar, arrumando outra vez os pacotes sob a árvore de Natal.


 — Quantos deles você sacudiu para ver o que tinham dentro?


 — Todos — ela respondeu simplesmente. Mas não se virou, porque Christopher poderia perceber como ela estava feliz porque ele a seguira. — Não quero demonstrar nenhuma preferência. Mas é que... — acrescentou, apontando para uma caixa elegan­temente embrulhada. — Parece que esqueci de comprar meu presente para você.


Christopher sorriu, imperturbável.


 — E quem disse que eu comprei alguma coisa para você?


 — Se não comprasse, você seria terrivelmente grosseiro e insensível.


 — Claro. De qualquer modo, parece que você arrumou tudo direitinho. — Ele se agachou para ver as pilhas de caixas sob a árvore. — Quem é Boris? — Distraidamente, Christopher pegou uma caixinha prateada com um ondulante laço branco.


 — Um violoncelista russo com um grande defeito. Ele admira os meus... anéis de ouro.


 — Aposto que sim. E Roger?


 — Roger Madison.


Ele ficou boquiaberto por um momento.


 — O jogador dos Yankees que no ano passado bateu o recorde de rebatidas?


 — Isso mesmo. Você deve ter percebido a pulseira de prata que ele usa no pulso direito. Eu a fiz para ele em março. Pare­ce que ele pensa que ela melhora sua rebatida ou coisa assim. — Dulce ergueu uma caixa azul e dourada e a sacudiu com cuidado. — Ele tende a ser muito generoso.


 — Estou vendo. — Christopher examinou minuciosamente as caixas. — Parece não haver aqui muitos presentes para você dados por mulheres.


 — Mesmo? — Ela própria procurou. — Parece que você com­pensa isso com sua própria pilha de presentes. Chi-chi? — per­guntou, pegando uma caixa com uma grande fita rosa.


— É uma bióloga marinha — disse Christopher, venenoso.


 — Incrível. E eu imagino que Magda é uma bibliotecária.


 — Advogada de um grande escritório — respondeu ele, cal­mamente.


— Humrnmm. Bem, quem quer que tenha lhe enviado isso, é
obviamente uma pessoa tímida. — Ela pegou uma imensa garrafa
de champanhe com um laço vermelho brilhante. Na etiqueta,
lia-se: "Christopher, Feliz Natal. " Mais nada além disso.


Ele deu uma olhada de aprovação no rótulo.


 — Algumas pessoas não querem fazer publicidade da sua generosidade.


 — E quanto a você? — Dulce inclinou a cabeça. — Afinal é uma garrafa do melhor champanhe. Você vai compartilhá-la?


— Com quem?


— Eu deveria saber que você era mesquinho. — Dulce
pegou uma caixa com seu nome nela. — Só por isso vou comer
esta caixa toda de chocolates importados sozinha.


Ela apenas sorriu.


 — Henri sempre me dá chocolates.


 — Importados?


 — Suíços.


Christopher estendeu a mão.


 — Dividir em partes iguais. Dulce aceitou.


 — Eu vou pôr o vinho para gelar.


 


Horas mais tarde, com as estrelas iluminando a neve e seu coração aquecido, Dulce acendeu a árvore de Natal. Como Christopher, ela não sentia falta de nenhuma das superlotadas e desvairadas festas na cidade. Dulce estava onde queria estar. Ela precisou apenas de algumas semanas para descobrir que não estava tão apegada à correria de Nova York quanto pensava. A mansão Revertti era seu lar. E não fora sempre? Não, Dulce não pensava mais em voltar a Manhattan na primavera. Mas como seria morar na mansão sozinha?


Christopher não ficaria ali. É verdade que ele teria metade da mansão Revertti em alguns meses, mas a vida dele — incluindo sua agitada vida social — estava toda em Nova York. Ele não ficaria ali, pensou Dulce novamente, percebendo-se irritada e arrependida por aquilo. Por que Christopher ficaria ali?, perguntou si mesma, afastando-se para cutucar o fogo crepitante. E como ele ficaria? Eles não podiam continuar morando juntos indefini­damente. Cedo ou tarde, Dulce teria de comunicar a Christopher sua decisão de permanecer na mansão. E para fazer isso ela teria de se explicar. Não seria fácil.


Mesmo assim, ela estava feliz porque tio Martim fizera algo que, a princípio, a ofendera. Encarcerá-la ali. Dulce podia ter sido forçada a lidar com Christopher num nível cotidiano, mas nos poucos meses em que fizera isso sua vida tivera mais energia e estímulo do que nos muitos meses anteriores. Era exatamente isso, disse Dulce a si mesma, que ela odiava perder.


Ela lidara com a atração que sentia por Christopher com algum sucesso. A verdade é que ele não fazia o tipo dela tanto quanto Dulce não era a preferência dele. Ela remexeu com força a lenha. De acordo com suas muitas histórias, Christopher preferia mulheres mais delicadas, de um tipo mais exótico. Atrizes, dan­çarinas, modelos. E ele gostava delas aos montes. Dulce, por outro lado, procurava homens mais intelectuais. Os homens com quem ela se relacionava podiam conversar sobre obscuros romancistas franceses e apreciar pequenas e desconhecidas peças de teatro. A maioria deles jamais saberia se Logan`s Run era um programa de televisão ou o nome de um restaurante no Soho.


O fato de ela sentir uma espécie de desejo primitivo por Christopher era apenas uma tempestade num copo d`água. Dulce sorriu ao remexer na brasa. Ela era incapaz de negar que gostava de uma tempestade de vez em quando.


Mas quando uma tempestade surgiu atrás dela, Dulce se virou, incrédula. Um cachorrinho branco com patas descomunais entrou correndo pela sala, sobre o tapete oriental, e se escon­deu inteligentemente sob a mesa. Latindo como um louco, ele rolou no chão duas vezes, endireitou-se e correu para Dulce, saltando, com a língua para fora. Divertindo-se, ela se agachou e foi recompensada quando o filhotinho se jogou no seu colo e lambeu seu rosto.


— De onde você surgiu?


Rindo, e se protegendo o máximo que podia, Dulce encon­trou um cartão preso ao laço vermelho em volta do pescoço do cachorro. Nele, lia-se:


 


Meu nome é Tobby. Eu sou um cachorro muito malvado e feio, à procura de uma dona para proteger.


 


— Tobby, hein? — Rindo novamente, Dulce afagou suas
orelhas exageradamente grandes. — Você é mesmo malvado?


— perguntou, enquanto o cachorro se divertia lambendo o rosto
dela.


— Ele gosta especialmente de atacar parentes infelizes — anunciou Christopher, empurrando um carrinho com um balde
de gelo e champanhe. — Ele foi treinado para perseguir qualquer
pessoa que esteja vestindo um terno da Brooks Brothers.


 — Podíamos ensiná-lo também a correr atrás de sapatos italianos.


 — Será a próxima coisa.


Emocionada, incrivelmente emocionada, Dulce prestava atenção ao cachorrinho. Ela não tinha a menor idéia de como agradecer a Christopher sem parecer boba.


 — Ele não é feio de verdade — murmurou.


 — Eles me prometeram que seria.


 — Eles? — Por um momento, Dulce escondeu o rosto no pêlo do filhotinho. — Onde você o comprou?


 — No abrigo para animais. — Olhando para ela, Christopher tirou o invólucro do champanhe. — Quando fomos à cidade comprar mantimentos na semana passada e eu a deixei no su­permercado.


 — Eu achei que você tinha ido a algum lugar para comprar revistas pornográficas.


 — Que bela reputação, a minha — Christopher disse. — De qual­quer modo, eu fui ao abrigo e passei pelos canis. Tobby mordeu um outro cachorro no... Numa parte sensível, porque queria ficar perto das barras. Daí ele ficou olhando para mim sem dignidade alguma. Então eu soube que ele era perfeito.


A rolha estourou e o champanhe voou para todos os lados, caindo no chão. Tobby saiu correndo do colo de Dulce e, gu­loso, lambeu o líquido do piso.


— Talvez ele precise de um pouco de educação — Observou Dulce. — Mas tem bom gosto. — Ela se levantou, esperando que Christopher enchesse as duas taças. — Foi adorável, droga.


Christopher riu e estendeu a taça para ela.


 — De nada.


 — Para mim é mais fácil quando você é grosseiro e intolerável.


— Eu faço o melhor que posso. — Eles brindaram.


— Quando você é amável, é difícil, para mim, evitar fazer
algo estúpido.


Christopher começou a levantar a taça, mas parou.


— Como... ?


— Como... — Dulce deixou sua taça de champanhe na mesa e então pegou a taça de Christopher e fez a mesma coisa. Olhando para ele, só para ele, Dulce pôs os braços em volta do seu pescoço. Lentamente, coisas estúpidas, quando feitas com lentidão, adquirem certo ar de sabedoria, ela o beijou.


Foi, como Dulce sabia que seria, um beijo quente e ansioso. Christopher pôs as mãos no ombro dela, segurando-a, sem pressionar. Talvez ambos tivessem entendido que pressão não a seguraria. Quando Dulce ficava mais leve, quando se entregava, ela o fazia por vontade própria, não para seduzir, não como uma exigência. Por isso, foi Dulce quem chegou mais perto, foi ela quem apertou seu corpo de encontro ao dele, oferecendo pistas de uma intimidade sem submissão.


E não era submissão o que Christopher queria. Não era submissão o que ele procurava, embora isso constantemente lhe fosse dado. Christopher não estava procurando medir forças, procurava forças que unissem. Em Dulce, em quem ele nunca pensara buscar isso, Christopher encontrou. O cheiro dela o envolvia, intensificando emoções que o gosto dela apenas começara a tumultuar. Sob suas mãos, o corpo de Dulce era firme, com aquela maciez evidente da qual as mulheres podiam tirar proveito e ser aproveitarem Christopher achava que não encontraria em nenhuma outra; apenas encontraria nela. Sentindo-se sozinha, Dulce se contraiu.


Ela não resistiu ao toque dele, nem quando suas mãos desliza­ram até sua cintura ou se insinuaram para cima de novo. Parecia que Christopher já havia feito aquilo, mas só em sonhos, e Dulce se recusara a reconhecer. Se este era o homem de aceitação, ela o aceitaria. Se fosse o momento de prazer, ela o tomaria para si. E se Dulce encontrasse as duas coisas em Christopher, ela não recusaria. Perguntas podiam esperar. Talvez esta noite fosse uma noite sem perguntas.


Ela se afastou um pouco, apenas para sorrir para Christopher.


 — Sabe, eu não penso em você como um primo quando o estou beijando.


 — Mesmo?


Ele mordiscou os lábios de Dulce. Ela tinha uma boca in­crivelmente tentadora — cheia e com biquinho.


— Como é que você pensa em mim?


Dulce franziu a testa. Os braços de Christopher a envolveram, sem aprisioná-la. Dulce sabia que precisaria pensar melhor nessa diferença mais tarde.


 — Ainda não sei.


 — Então talvez devêssemos continuar apenas investigando. — Christopher começou a puxá-la de volta, mas ela resistiu.


 — Já que você quebrou a tradição e me deu seu presente de Natal um pouco cedo demais, eu farei o mesmo. — Dulce foi até a árvore, abaixou-se e encontrou uma caixa quadrada e achatada. — Feliz Natal, Christopher.


Ele se sentou no braço de uma cadeira para abrir o presente enquanto Dulce pegava sua taça de champanhe. Ela bebericava, observando, um pouco nervosa, a reação de Christopher. Quando ele rasgou o embrulho sem dizer nada, Dulce fingiu indiferença.


— Não é algo tão criativo quanto um cão de guarda.


Christopher ficou olhando para o desenho a lápis de tio Martim sem ter a menor idéia do que dizer. Ele sabia que Dulce o emoldurara sozinha. A moldura era prateada e pesadamente decorada, naquele estilo que Martim tanto gostava. Mas o de­senho fez Christopher ficar em silêncio. Dulce desenhara Martim como Christopher se lembrava dele, de pé, um pouco curvado para a frente, como se estivesse sempre prestes a mudar de assunto repentinamente. Os poucos cabelos que lhe restavam estavam despenteados. Suas bochechas estavam abertas num enorme, gigantesco sorriso. Aquilo fora desenhado com amor, talento e humor, três qualidade que Martim possuía e admirava. Quando Christopher olhou para cima, Dulce ainda estava balançando a taça em suas mãos.


Ele percebeu que era porque Dulce estava nervosa. Christopher nunca esperou que ela agisse de outra forma que não irritantemente segura a respeito do seu trabalho. A respeito de si mesma. Os segredos que ele estava desvendando eram tão desanimadores para ele como para ela. Um homem tende a ser capturado por mulheres com pontos fracos, em lugares inesperados. Se Christopher fosse capturado por Dulce, como escaparia novamente? Mas ela estava esperando, balançando a taça de champanhe em suas mãos.


— Dulce. Ninguém jamais me deu algo com tanto signi-
ficado.


A ruga em sua testa diminuiu um pouco enquanto o sorriso resplandeceu. Era difícil mascarar aquela ridícula sensação de prazer.


— Mesmo?


Christopher segurou a mão dela.


 — Mesmo. — Ele olhou novamente para o desenho e sorriu. — Parece muito com ele.


 — É como me lembro dele. — Dulce permitiu que seus dedos se entrelaçassem aos dele. Ela podia dizer a si mesma que fora Martim quem os unira, mais nada. Dulce podia até mesmo acreditar nisso. — Achei que você poderia se lembrar dele deste jeito também. A moldura é um pouco pomposa demais.


— Combina.


Christopher observava a moldura com mais carinho. A prata brilhava pouco, deixando transparecer os sulcos profundos e as linhas que Dulce fizera no metal. Ele achou que aquilo podia ser colocado num antiquário que passaria por uma peça tradicional.


 — Eu não sabia que você fazia este tipo de peça.


 — De vez em quando. A butique fica com algumas delas.


 — Isso não se encaixa na categoria "badulaques e bugigangas" — provocou.


— Você acha?— Dulce empinou o nariz. — Eu pensei em fazer para você um colar de ouro com pedras do Reno, só para irritá-lo.


— Devia ter feito.


— Talvez no próximo ano. Ou talvez eu faça um para o Tobby.


— Ela olhou em volta. — Onde ele se meteu?


 — Ele está provavelmente atrás da árvore roendo os presen­tes. Durante sua breve estadia na garagem, ele comeu um par de sapatos de golfe.


 — Eu vou dar um basta nisso — declarou Dulce, e foi pro­curar pelo cachorro.


 — Sabe, Dulce, eu não tinha idéia de que você sabia dese­nhar assim. — Christopher se apoiou no encosto de uma cadeira e examinou o desenho mais uma vez. — Por que você não pinta?


 — E por que você não está escrevendo o grande romance norte-americano?


 — Porque eu gosto do que faço.


 — Exatamente.


Sem encontrar sinal do cãozinho perto da árvore, Dulce começou a procurar sob os móveis.


— Se bem que alguns pintores brincaram com design de jóias
com algum sucesso: Dalí, para citar um. Eu sinto... Christopher!


Ele largou a taça de champanhe e correu para onde Dulce estava ajoelhada, perto do divã.


 — O que foi? — perguntou, e então viu por si mesmo. Com os olhos fechados, respirando rápido e pesado, o cachorrinho estava deitado de lado sob o divã. Assim que Dulce tentou pegá-lo, Tobby choramingou, lutando para ficar sentado.


 — Ah, Christopher, ele está doente. Será que devemos levá-lo ao veterinário?


 — Vai ser quase meia-noite quando chegarmos à cidade. Não vamos encontrar um veterinário à meia-noite da véspera de Natal.


Cuidadosamente, Christopher pôs a mão na barriga de Tobby e o ouviu gemer.


 — Talvez eu consiga falar com alguém pelo telefone.


 — Você acha que foi alguma coisa que ele comeu?


— Glaucia ficou inspecionando a alimentação dele como se
fosse uma mãe.


Com um pequeno estímulo, Tobby se esforçou e tremeu todo para se livrar do que ferira seu estômago. Exausto do esforço, ele deitou-se e cochilou confortavelmente.


— Algo que ele bebeu — sussurrou Christopher.
Mimando-o e alisando-o, Dulce afagava o cachorro.


— Aquele pouquinho de champanhe que ele bebeu não deveria ter feito mal a ele.


Como o cãozinho já estava melhor, Dulce ficou um pouco mais relaxada.


 — Pascoal não vai gostar nada de o Tobby ter vomitado no tapete. Talvez eu deva... — Ela se interrompeu quando Christopher agarrou seu braço.


 — Quanto champanhe você bebeu?


 — Só um gole. Por quê... ? — Dulce se interrompeu nova­mente, paralisada. — O champanhe. Você acha que há algo de errado nele?


 — Eu acho que sou um idiota por não ter suspeitado de um presente anônimo. — Christopher segurou o rosto dela. — Só um gole? Tem certeza? Como está se sentindo?


Dulce ficou gelada, mas respondeu com muita calma.


— Estou bem. Olhe para minha taça. Ainda está cheia. — Ela
virou-se para ver por si mesma. — Você... acha que o champanhe
está envenenado?


— Vamos descobrir.


Pensando rápido, Dulce balançou a cabeça.


 — Mas, Christopher, o champanhe estava fechado com uma rolha. Como ele pôde ser fechado daquele jeito?


 — Na primeira temporada de Logan eu usei este mesmo arti­fício. — Christopher se lembrou de testar sua teoria acrescentando um pouco de corante numa garrafa de Don Perignon. — O assassino envenenava o champanhe colocando cianureto pela rolha com uma seringa.


 — Fantasia — disse Dulce, estremecendo. — Isso é apenas fantasia.


 — Quando tivermos certeza, você vai ver que é real. O res­tante da garrafa vai ser enviado a Nova York para o laboratório Sanfield para ser analisado.


Trêmula, Dulce engoliu em seco.


 — Para análise — ela disse, respirando com dificuldade. — Tudo bem, eu acho que ficaremos mais calmos quando tivermos certeza. Você conhece alguém que trabalha lá?


 — Nós somos donos do laboratório. — Christopher olhou para baixo, para o cachorrinho que estava dormindo. — Ou, melhor, seremos donos do laboratório em alguns meses. E este é exata­mente um dos motivos por que alguém pode ter nos presenteado com um champanhe adulterado.


— Christopher, se estiver envenenado...


Dulce tentava imaginar, mas achou quase impossível.


— Se estiver envenenado — repetiu — , isso não será mais
um jogo.


Christopher estava pensando no que poderia ter acontecido se eles não estivessem tão distraídos.


— Não, não seria mais um joguinho.


Mas não faz nenhum sentido. — Nervosa e lutando para


se acalmar, Dulce se levantou. — Vandalismo eu entendo, brincadeiras irritantes, também. Mas não consigo atribuir uma coisa destas a ninguém da família. Provavelmente, estamos exa­gerando. Tobby ficou agitado demais. Ele pode muito bem ter comido alguma coisa no abrigo.


— Eu o mandei para o veterinário para tomar vacinas antes que fosse entregue aqui, ontem. — A voz de Christopher era calma, mas seus olhos estavam em chamas. — Ele estava saudável, Dulce, até que lambesse um pouco do champanhe que caiu
no chão.


Olhando para Christopher, Dulce entendeu que racionalizar era inútil.


— Tudo bem. O champanhe tem que ser mesmo analisado para paramos com as especulações. Não vamos poder fazer nada a este respeito até depois de amanhã. Enquanto isso, não quero insistir neste assunto.


— Está começando a ver, Dulce?


— Não.


Ela pegou Tobby, que ganiu e se encolheu contra seu seio.


— Mas, até que me provem, não quero pensar que um membro da minha família tentou me matar. Vou arranjar alguma coisa quente para ele beber, depois levá-lo para o meu quarto. Vou ficar de olho nele hoje à noite.


— Tudo bem.


Sentindo uma mistura de frustração e raiva, Christopher se deixou ficar próximo ao fogo.


 


De madrugada, incapaz de dormir e de trabalhar, Christopher foi vê-la no quarto. Ela deixara uma luz fraquinha acesa, de modo que os lençóis e cobertores brancos pareciam rosados. Fora esta­va nevando novamente, em flocos grandes e agitados. Christopher podia vê-la, encolhida na enorme cama, coberta até o pescoço. Na lareira, o fogo quase se extinguira. Num tapete perto, o filhotinho roncava. Dulce colocara um pano felpudo sobre ele e, ao lado, enchera uma tigela rasa com o que parecia ser chá. Christopher se agachou ao lado do cãozinho.


— Tadinho — sussurrou. Sentindo-se acariciado, Tobby mexeu-se, choramingou e se deitou novamente.


— Acho que ele está melhor.


Ao olhar para cima, Christopher viu a luz refletida nos olhos de Dulce. Ela tinha os cabelos desgrenhados, a pele pálida e ma­cia. Seus ombros, levemente inclinados, apareciam logo acima da colcha na qual Dulce se enrolara. Ela parecia linda, desejável, excitante. Christopher disse a si mesmo que estava louco. Dulce não se encaixava no seu padrão cuidadosamente detalhado de beleza. Ele olhou de volta para o cachorro.


— Ele precisa apenas dormir. Você podia colocar um pouco
mais de lenha nesta fogueira.


Christopher, que estava precisando se manter ocupado, remexeu na caixa de lenha e então acrescentou alguns tocos às brasas.


 — Obrigado. Não consegue dormir?


 — Não.


 — Nem eu.


Eles ficaram sentados em silêncio por um momento. Dulce na cama, Christopher no tapete em forma de coração. O fogo crepitava alto graças à lenha nova e lançava luz e sombra no quarto. Demoradamente, Dulce encolheu os joelhos de encontro ao peito.


— Christopher, estou apavorada.


Não era fácil admitir isso. Christopher sabia o quanto custava para Dulce lhe dizer. Ele cutucou o fogo por um instante, e então disse calmamente, enquanto recolocava a tela de proteção:


— Nós podemos ir embora. Podemos dirigir até Nova York
amanhã e ficar por lá. Esquecer esta coisa toda e aproveitar as
festas de fim de ano.


Por um momento, Dulce não falou nada. Apenas o observou cuidadosamente. Christopher tinha o rosto virado para o fogo, por isso ela teve de julgar o que ele sentia pela sua posição.


— É isso o que você quer fazer?


Christopher pensava em Martim, depois em Dulce. Todos os músculos de seu corpo ficaram tensos.


Claro — disse, inseguro. — Eu tenho que pensar em mim.


Christopher disse isso como para se lembrar de que era verdade.


Para alguém que ganha a vida inventando histórias, você


é um péssimo mentiroso. — Dulce esperou até que Christopher olhasse para ela. — Você não quer voltar. Você quer reunir todos os parentes e dar uma surra neles.


 — Você consegue me imaginar batendo em tia Ninel?


 — Com algumas exceções — amenizou Dulce. — Mas a última coisa que você quer é desistir.


 — Está certo, esse sou eu.


Christopher levantou-se e com as mãos nos bolsos andou de um lado para o outro perto do fogo. Ele podia sentir o cheiro da lenha queimando, misturado ao delicado perfume de algum dos vidros na penteadeira de Dulce.


— E quanto a você? Você não queria se meter nesta coisa toda
desde o começo. Eu a convenci. Eu me sinto responsável.


Pela primeira vez em muitas horas Dulce se sentiu de bom humor.


— Eu odeio alimentar seu ego, Christopher, mas você não me convenceu de nada. Ninguém me convence. E eu sou comple­tamente responsável por mim mesma. Eu não quero desistir — ela acrescentou antes que Christopher falasse. — Eu disse que não queria o dinheiro, e estava falando a verdade. Eu também disse que não precisava dele, e isso não era exatamente verdade. Acima de tudo isso, há o meu orgulho. Ah, pare de andar de um lado para o outro e sente.


Foi uma ordem mal-humorada e impaciente, que quase o fez sorrir. Christopher chegou mais perto e se sentou na cama.


— Melhor?


Dulce olhou para ele longa e friamente, até que aquele esboço de sorriso desaparecesse.


— Sim, Christopher, eu fiquei deitada aqui por horas pensando
em tudo isso. Você me chamou de esnobe uma vez, e talvez ti-
vesse um pouco de razão. Eu nunca pensei muito sobre dinheiro Nunca me permiti pensar. Quando tio Martim excluiu todo mundo do testamento, pensei que era uma coisa a meio caminho de uma brincadeira e um tapa na cara. Achei que eles certamente grunhiriam e reclamaram, mas era tudo. — Ela ergueu a mão com a palma para cima. — Era só dinheiro, e todos eles têm seu quinhão.


 — Já ouviu falar em ambição e desejo de poder?


 — Aí é que está, eu não pensei nisso. O quanto eu sei sobre essas pessoas? Elas me entediam e me irritam de vez em quando, mas jamais pensei neles como indivíduos. — Agora Dulce pas­sava a mão nos cabelos, por isso o cobertor caiu até a cintura. — A Angelique deve ter a mesma idade que eu, mas não consigo pensar em duas coisas que pudéssemos ter em comum. Eu, provavel­mente, passaria pela esposa de Guillermo na rua sem reconhecê-la.


 — Eu tive dificuldade em me lembrar do nome dela — disse Christopher, ganhando um suspiro de Dulce.


É isso que estou dizendo. Nós não os conhecemos de verda­de. A família, como um grupo, é uma espécie de piada de salão. Separadamente, quem eles são e do que são capazes? Só agora comecei a pensar nisso. Não é uma piada, Christopher.


 — Não, não é.


 — Eu quero contra-atacar, mas não sei como.


 — O modo mais certo é ficando na mansão. E, talvez... — Christopher acrescentou, pegando a mão de Dulce. Estava fria e leve. — adicionar um pouco de guerra psicológica.


 — Como... ?


 — E se mandássemos para cada um dos nossos parentes uma garrafa de champanhe?


Um sorriso surgiu discretamente no rosto de Dulce.


 — Uma grande garrafa de um bom champanhe.


 — Claro. Seria interessante ver que tipo de reação provoca­ríamos.


 — Seria uma provocação, não?


 — A-ha.


Talvez eu não tenha dado o devido crédito à sua mente criativa. — Ela ficou em silêncio e Christopher enrolou os cabelos dela no dedo. — Acho que deveríamos dormir um pouco.


— Também acho.


Mas os dedos de Christopher escorregaram até os ombros dela.


Eu não estou tão cansada.


Podíamos jogar canastra.


— Podíamos.


Mas Dulce não fez nenhuma menção de impedi-lo quando Christopher soltou as finas tiras da sua camisola dos seus ombros.


 — Sempre haverá jogos de cartas.


 — É verdade.


Eles entenderam que a decisão cabia a ela.


— Nós poderíamos terminar de jogar aquela partida que
começamos antes lá embaixo.


Christopher ergueu a mão de Dulce e beijou-lhe a palma.


— É sempre melhor terminar o que já foi começado antes do que começar outra coisa. Pelo que me lembro, nós estávamos... aqui.


Ele colou sua boca nos lábios de Dulce. Lentamente, com um suspiro, Dulce pôs seus braços no pescoço de Christopher.


— Isso parece certo.


Num abraço apertado, eles caíram na cama juntos. Talvez tenha sido porque se conheciam bem. Talvez porque á estavam esperando por toda uma vida. Mas eles agiram sem pressa. O desejo, naquele momento, era sereno, fácil de satisfa­zer com um toque, um carinho. A paixão se revolvia dentro de Christopher, depois saía com um suspiro. Havia centímetros e mais centímetros do corpo de Dulce para ele explorar com a ponta dos dedos, com os lábios. Christopher esperara e a desejara por muito empo para deixar passar qualquer parte do que eles poderiam dar um ao outro.


Dulce era mais generosa do que Christopher imaginara, menos inibida, mais aberta. Ela não pediu para ser elogiada, nem pretendeu fingir que precisava ser persuadida. Dulce passava a mão sobre o corpo dele com a mesma curiosidade. Sua boca exigia dele, e retribuía. Quando Christopher separou os lábios dos dela, Dulce estava olhando para ele, cheia de desejo, os olhos obscurecidos pelo prazer compartilhado. Eles estavam juntos pensou Christopher, com o rosto enterrado nos cabelos de Dulce. Prestes a se tornarem amantes, para o deleite de ambos.


Ao tirar a blusa sobre a cabeça, as mãos dela estavam firmes, assim como estavam firmes quando Dulce acariciou o peito de Christopher. O que não estava firme era a pulsação dela. Dulce evitara, recusara aquilo. Agora ela estava aceitando, ainda que soubesse que haveria conseqüências imprevisíveis.


O fogo crepitava intensamente. A luz fraca tremeu. As conse­qüências ficariam para os momentos da vida prática.


A cada movimento, a pele de Dulce ficara arrepiada. Os movimentos a incitavam. Sentindo a pulsação na sua própria cabeça, Christopher começou a avançar para baixo. Com beijos com a boca entreaberta, ele conheceu o corpo dela de um modo que até então só pudera imaginar. Seu cheiro estava em todos os lugares: sutil na curva da sua cinturinha e mais intenso na linha abaixo dos seios. Christopher mergulhou naquele odor e deixou que subisse à cabeça.


Ele sentiu que o prazer preguiçoso de Dulce se tornara pode­roso. Quando a respiração dela se transformou num gemido, Christopher mergulhou ainda mais fundo. Eles chegaram a um ponto em que já não mais sabiam o que faziam um ou outro, apenas que a natureza encontrara a necessidade, e a necessidade se tornara uma ânsia desesperada.


Christopher transpirava. Dulce experimentava a umidade dele e suplicava por mais. Então isso era a paixão! Era essa fome trê­mula e oleosa que homens e mulheres tanto cobiçavam. Dulce jamais quisera essa paixão. Foi o que disse a si mesma quando seu corpo estremeceu. O prazer e a dor misturados, a necessidade e o medo entrelaçados. Sua mente estava tão mergulhada em emoções quanto sua carne — O calor, a luz, o êxtase e o terror. A vulnerabilidade a dominava, ainda que seu corpo se curvasse


de tensão e suas mãos se contorcessem. Ninguém jamais der­rubara suas defesas e se apropriara dela com tão pouco esforço. Dominada, possuída.


Sem fôlego e fora de si, Dulce exigiu a boca de Christopher na sua. Eles rolaram sobre a cama, selvagens, afoitos. Nenhum deles


recebera o suficiente. Quando Dulce agarrava e puxava a calça


jeans dele, Christopher a deixava ainda mais louca. Ele desejava a loucura, para si e para ela. Agora ele sentia a força selvagem sendo derramada. Sem pensar em nada, sem lógica. Christopher rolou sobre


Dulce, deleitando-se com sua respiração frenética.


Dulce se enroscou nele, pernas e braços. Quando Christopher precipitou-se dentro dela, eles testemunharam o maravilhamento no rosto um do outro. Não assim — nunca fora assim. Eles estavam em casa. Mas a casa, cada um descobriu, nem sempre fora um lugar pacífico.


 


Fez-se um silêncio, ensurdecedor, estranho. Eles estavam deitados abraçados sob as cobertas quando a lenha que Christopher pusera no fogo estalou, espalhando fagulhas por toda a tela de proteção da lareira. Eles se conheciam bem, bem demais para falarem sobre o que acabara de acontecer. Por isso ficaram deita­dos em silêncio, enquanto seus corpos esfriavam e suas pulsações se normalizavam. Christopher se virou para cobrir a ambos com a colcha.


— Feliz Natal — sussurrou.


Com um som que era ao mesmo tempo um suspiro e uma risada, Dulce se ajeitou ao lado dele.



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 400



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  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:45:00

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:44:58

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:44:56

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:44:09

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:43:44

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:43:39

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:42:53

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:42:47

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:42:36

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:42:30

    lindo!!!


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