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Capítulo: 8? Capítulo

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Capítulo 8


 


Dulce e Christopher deixaram a mansão Revertti sob a intensa luz da manhã do dia seguinte ao Natal. O sol penetrava na neve, derretendo-a nas beiradas e formando gotas de gelo que pendiam dos galhos e das calhas. Parecia um cartão-postal com um vento cortante.


Depois de uma rápida discussão eles concordaram que Dulce dirigiria até a cidade e Christopher na volta. Ele empurrou seu banco para trás até o limite e conseguiu esticar as pernas. Dulce manobrava com cuidado na descida da estrada montanhosa que partia da mansão. Eles não falaram até que alcançaram a auto-estrada.


— E se eles não nos deixarem entrar?
Por que fariam isso?


Christopher, que preferia estar dirigindo, em vez de só sentado, se ajeitou no banco. Pela primeira vez ele estava impaciente por causa dos quilômetros que separavam a mansão Revertti de Nova York.


— Não é como contar com o ovo antes de ter a galinha?
Dulce reduziu o aquecimento e afrouxou os botões do seu casaco. — Nós ainda não somos donos do lugar.


 — Um detalhe técnico.


 — Sempre presunçoso.


 — Você sempre pensa no lado ruim das coisas.


 — Alguém tem que fazer isso.


 — Veja...


Christopher começara a responder com algum comentário crítico quando percebeu como Dulce segurava o volante com força. Nervosa, pensou. Embora a paisagem fosse como uma imagem típica de um cartão natalino, não era possível fingir totalmente que eles estavam vivendo num sonho. Christopher mesmo estava nervoso e não só por causa do champanhe adulterado. Como poderia ima­ginar que acordaria ao lado de Dulce na luz fraca do amanhecer e se sentir tão envolvido? Tão responsável. Tão excitado.


Ele respirou fundo e observou a paisagem por mais um ins­tante.


 — Veja — começou novamente, num tom mais ameno. — Nós podemos não ser donos do laboratório nem de nada agora, mas ainda somos parte da família de Martim. Por que o técnico do laboratório se recusaria a fazer uma pequena análise?


 — Vamos descobrir quando chegarmos lá. — Dulce dirigiu por mais 15 quilômetros em silêncio. — Christopher, essa análise vai fazer alguma diferença?


 — Eu tenho um tipo estranho de curiosidade. Eu gosto de saber se alguém tentou me envenenar.


 — Então vamos saber o se e o porquê. Mas ainda não sabe­remos quem.


 — Será o próximo passo. — Ele olhou para longe. — Podemos convidar todos para a mansão Revertti para a festa de Ano-Novo e nos revezarmos na tortura deles.


 — Agora você está se divertindo à minha custa.


 — Na verdade, não. Eu pensei nisso. Só acho que não é o momento adequado. — Christopher esperou alguns minutos. Sob as luvas de couro, os dedos de Dulce apertavam e soltavam o volante. — Dulce, por que você não me diz o que realmente a incomoda?


Não é nada. — Era tudo. Nas últimas 24 horas, ela não fora capaz de pensar direito.


— Nada?


— Nada além de pensar que alguém está querendo me matar — esbravejou, cheia de arrogância. — Não basta?


Christopher percebeu a aspereza sob o sarcasmo.


 — É por isso que você se escondeu no seu quarto ontem o dia todo?


 — Eu não estava me escondendo. — Dulce era bastante orgulhosa para se mostrar vulnerável. — Eu estava cuidando de Tobby. E estava cansada.


 — Você mal provou daquele enorme ganso no qual Glaucia caprichou tanto.


— Eu não gosto muito de ganso.


 — Eu já participei de um jantar de Natal com você antes — Christopher a lembrou. Você come como um cavalo.


 — Que gentil você dizer isso. — Sem nenhum motivo especial, ela trocou a marcha, acelerou e ultrapassou outro carro. — Di­gamos que eu não estava com vontade.


 — Como é que você conseguiu se convencer tão rápido de que não gostou do que aconteceu entre nós?


Aquilo a machucou. Christopher percebeu, mas não quis demons­trar. Sua voz, como a de Dulce, era fria e áspera.


— Eu não me convenci de nada. Isso é um absurdo.


Não gostar? Ela não conseguiu pensar em mais nada, sentir mais nada. Isso a deixava morta de medo.


— Nós dormimos juntos — ela conseguiu dizer, balançando os ombros. — Acho que nós dois sabíamos que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde.


Christopher dissera a si mesmo exatamente a mesma coisa. Até perder a conta. Ele ainda teria de descobrir quando deixaria de acreditar no que acontecera. Para si mesmo.


Isso é tudo?


A pergunta era extremamente tranqüila, mas Dulce estava preocupada demais com seu próprio nervosismo para perceber.


— O que mais?


Ela tinha de parar de pensar no que deixara acontecer por impulso. Não tinha? Dulce não podia permitir que seu bom senso fosse atropelado por uma atração que não levaria a lugar algum.


 — Christopher, é desnecessário fazer uma tempestade por causa do que aconteceu.


 — Mas o que exatamente é uma tempestade?


O carro estava abafado e pequeno. Dulce desligou o aque­cimento e se concentrou na estrada.


 — Somos dois adultos — começou, mas foi preciso engolir em seco duas vezes antes disso.


 — E?


 — Droga, Christopher. Eu não preciso ser explícita.


 — Sim, precisa.


 — Nós dois somos adultos — disse novamente, mas com a raiva substituindo seu nervosismo. — Nós temos desejos na­turais de adultos. Nós dormimos juntos e satisfizemos nossas necessidades.


 — Que pragmático.


 — Eu sou pragmática. — De repente, ela quis muito chorar.  — Pragmática demais para alimentar fantasias a respeito de um homem que gosta de mulheres por atacado. Pragmática demais  — continuou, mais alto — para me imaginar emocionalmente envolvida com um homem com quem dormi só uma vez. E pragmática demais para romantizar algo que não foi nada além de uma troca normal de desejos.


 — Encoste.


 — Não.


 — Pare o carro no acostamento, Dulce, senão eu farei isso por você.


Ela rangeu os dentes e hesitou em ceder à exigência de Christopher. O tráfego na estrada era intenso demais para forçá-la a mudar de faixa. Com apenas um pequeno cantar dos pneus, Dulce parou o carro no acostamento. Christopher girou a chave e a pegou pela gola, puxando-a até a metade do banco dele. Antes que ela pudesse se debater e fugir, Christopher grudou sua boca na dela.


Calor, raiva, paixão. Tudo parecia se misturar em uma única sensação. Christopher a segurou ali enquanto carros passavam zum­bindo, fazendo as janelas balançarem. Dulce o deixou furioso, excitado, machucado. Na opinião de Christopher, era muita coisa para um homem aceitar de uma mulher. Tão rápido quanto a agarrou, ele a soltou.


— Pense em algo pragmático a respeito disso — desafiou.
Sem fôlego, Dulce se ajeitou novamente no banco. Num movimento ensandecido, girou a chave do carro, ligando o motor.


— Idiota.


— É. — Christopher se sentou enquanto ela voltava à estrada.
— Nós finalmente concordamos em alguma coisa.


 


Foi uma longa viagem até a cidade. O tempo parece não pas­sar quando você está tenso, sentado num carro, silêncio. Assim que entraram em Manhattan, Dulce foi obrigada a seguir as orientações de Christopher para chegar ao laboratório.


— Como você sabe onde fica? — perguntou, depois de deixar
O carro no estacionamento.


As calçadas estavam cheias de pessoas correndo para trocar os presentes que foram minuciosamente embrulhados no dia anterior. Caminhando, Dulce mantinha o casaco bem fechado contra o vento.


— Eu vi o endereço nos arquivos de tio Martim ontem.
Christopher caminhou por meio quarteirão, sem chapéu, com o casaco aberto esvoaçando e com a garrafa de champanhe numa caixa embaixo do braço. Ele não era imune ao frio, mas estava achando um alívio depois da tensão fervilhante da viagem. Com um gesto brusco para Dulce, Christopher empurrou a porta-giratória e entrou na portaria do prédio de aço e vidro.


— Ele era dono do lugar todo.


Dulce olhou para o piso de mármore. Era uma rampa larga que levava até uma área movimentada e cheia de gente, com homens e mulheres carregando pastas.


 — O lugar todo?


 — Todos os 72 andares.


Só então Dulce se deu conta do quão complicada era a herança de seu tio. Quantas empresas funcionavam naquele prédio? Quantas pessoas trabalhavam ali? Como ela podia aproveitar sua vida com esse tipo de responsabilidade? Se pudesse pôr as mãos em tio Martim... Dulce se interrompeu, quase achando engraça­do. Como ele devia estar se divertindo com tudo isso, pensou.


 — O que é que vou fazer com 72 andares no centro da ci­dade?


 — Há uma equipe que vai cuidar deles para você. — Christopher deu seus nomes para o segurança na portaria. Sem demora, es­tavam subindo para o 40° andar.


 — Então há pessoas para fazer isso para nós. E quem manda nelas?


 — Contadores, advogados, administradores. É um caso para contratar pessoas para cuidar das pessoas que você contrata.


 — Isso certamente explica tudo.


 — Se você está preocupada, pense em Martim. Parece que ter uma fortuna não o impediu de aproveitar a vida. A maior parte do tempo, ele via todos os negócios como uma espécie de hobby.


Dulce observava os números no mostrador do elevador.


 — Um hobby.


 — Todos deveriam ter um hobby.


 — Jogar tênis é um hobby — ela sussurrou.


 — O segredo é manter a bola em movimento. E Martim a jogou na nossa quadra, Dulce.


Ela cruzou os braços.


 — Eu não estou pronta para agradecer por isso.


 — Então veja as coisas desse outro modo. — Christopher pôs a mão no ombro dela e o apertou levemente. — Você não precisa sa­ber como se fabrica um carro para possuir um. Você só precisa dirigir e seguir as placas. Se Martim achasse que seríamos incapazes de seguir as placas, não teria nos dado as chaves.


Ver as coisas por aquele ângulo ajudava. Mas ainda assim era estranho pensar que ela estava subindo num elevador do qual seria a dona quando o prazo de seis meses se esgotasse.


Nós sabemos com quem devemos falar? — Dulce deu


uma olhada para a caixa que Christopher segurava, onde estava a garrafa de champanhe.


 — Um homem chamado Silas Lockworth parece ser o chefe.


 — Você fez a lição de casa.


 — Espero que tenha valido a pena.


Quando o elevador parou, eles andaram até a recepção dos la­boratórios Sanfield. O carpete era de um rosa pálido e as paredes pintadas de creme. Duas enormes plantas ornamentais de folhas chatas ladeavam as largas portas de vidro que se abriram auto­maticamente à aproximação de Christopher e Dulce. Uma mulher atrás de uma resplandecente mesa cruzou as mãos e sorriu.


— Bom dia. Em que posso ajudá-los?


Christopher olhou para o computador que estava num canto da mesa. Último modelo.


— Queremos ver o senhor Lockworth.


— Ele está numa reunião. Se me derem seus nomes, talvez a
secretária dele possa ajudá-los.


 — Eu sou Christopher Uckermann e esta é Dulce Saviñon.


 — Saviñon?


Dulce viu a recepcionista franzir a testa.


— Sim, Maximillian Saviñon era nosso tio.


A recepcionista, que já era educada e eficiente, tornou-se graciosa.


— Tenho certeza de que o senhor Lockworth os teria recebido Pessoalmente se soubesse da sua visita. Por favor, sentem-se. Vou chamá-lo.


Demorou menos de cinco minutos.


O homem que apareceu na recepção não se parecia com o que Dulce imaginava de um técnico ou cientista. Ele tinha 1, 80m, magro como um ginasta, tinha cabelos louros penteados para trás e um rosto bronzeado, o queixo era comprido. Lockworth parecia pensou Dulce, mais um homem desses que ficam em casa, no fogão, do que em um laboratório com tubos de ensaio.


— Senhorita Saviñon.


Ele entrou num passo lento, com a mão esticada.


 — Senhor Uckermann. Eu sou Silas Lockworth. Seu tio era um grande amigo.


 — Obrigado. — Christopher aceitou o aperto de mãos. — Des­culpe por chegar sem avisar.


 — Não é preciso. — O sorriso do cientista dizia que ele estava sendo sincero. — Nós nunca sabíamos quando Martim apareceria. Vamos para o meu escritório.


Lockworth os guiou pelo corredor. A sala dele era mais uma surpresa. Era suntuosa, com cadeiras curvas e belas litogravuras, para que você se sentisse diante de um executivo de empresas. A mesa estava cheia de altas pilhas com pastas e papéis, para que você pensasse que estava diante de um atarefado funcionário. A sala cheirava a encadernação de couro, graças às dezenas de livros na estante do chão ao teto. Embutido em uma parede, havia um aquário habitado por um peixe exótico.


 — Gostariam de café? Garanto que está quente e forte.


 — Não. — Dulce já estava impaciente, torcendo as luvas nas mãos. — Obrigada. Nós não queremos tomar muito do seu tempo.


 — É um prazer — assegurou-lhe Lockworth. — Martim, é claro, falava muito de vocês dois — continuou, dirigindo-se à cadeira. — Nunca houve dúvida de que vocês eram os favoritos.


 — E ele era o nosso favorito — respondeu Dulce.


 — Mas vocês não vieram apenas para passar o tempo — disse Lockworth, curvando-se na cadeira. — O que posso fazer por vocês?


 — Temos uma coisa que queremos que seja analisada — co­meçou Christopher. — Rapidamente, e sem alarde.


 — Entendo.


Silas disse só isso, com as sobrancelhas arqueadas. Lockworth era um homem que captava de imediato o que as pessoas esta­vam sentindo. Em Dulce ele viu nervosismo sob a camada de polidez. Em Christopher ele viu violência, não muito escondida por aquele casaco fino. Lockworth achava que detectara um vínculo entre os dois, se bem que eles não fizeram mais do que olhar um para o outro desde que entraram na sala.


Lockworth podia ter recusado. Sua equipe estava reduzida por causa das festas de fim de ano, e o trabalho, acumulado. Ele ainda não tinha nenhuma obrigação perante Christopher e Dulce. Mas Lockworth jamais se esqueceu da obrigação que tinha para com Martim Saviñon.


— Vamos fazer o possível.


Em silêncio, Christopher abriu a caixa e dela tirou a garrafa de champanhe.


— Nós precisamos de um relatório sobre o conteúdo desta
garrafa. Um relatório confidencial. Para hoje.


Lockworth pegou a garrafa e examinou o rótulo. Ele torceu ligeiramente a boca.


— Setenta e dois. Uma boa safra. Vocês estão pensando em
começar uma vinícola?


— Precisamos saber o que há nela além de champanhe.


Em vez de mostrar surpresa, Lockworth se inclinou para trás novamente.


— Você tem algum motivo para achar que há mais coisas além
de champanhe?


Christopher o olhou nos olhos.


 — Não estaríamos aqui se não tivéssemos. Lockworth apenas inclinou a cabeça.


 — Tudo bem. Eu mesmo vou levá-la ao laboratório. Olhando rapidamente para Christopher, de mau humor por causa


do contentamento dele, Dulce se levantou e ofereceu a mão.


— Nós agradecemos seu empenho, senhor Lockworth. Tenho
certeza de que tem muitas outras coisas para fazer, mas este
resultado é importante para nós dois.


Sem problemas. — Ele estava decidido que descobriria o porquê daquela importância toda depois que o champanhe fosse analisado. — Há uma cafeteria para a equipe. Vou mostrá-la a vocês. Podem me esperar lá.


Não há motivo algum para ser grosseiro.


Dulce se acomodou em uma mesa, olhando para o cardápio surpreendentemente vasto.


Eu não fui grosseiro.


Claro que foi. O senhor Lockworth estava se esforçando para ser amigável e você estava carrancudo. Eu acho que vou querer a salada de camarões.


Eu não estou carrancudo. Estava apenas sendo cauteloso. Ou talvez você ache que devamos revelar tudo a um estranho.


Dulce cruzou as mãos e sorriu para a garçonete.


Eu quero a salada de camarões e um café.


Dois cafés — disse Christopher. — E um sanduíche de peru.


Eu não tenho intenção nenhuma de revelar, como você disse, tudo a um estranho. — Dulce pegou seu guardanapo. — Mas se não vamos confiar em Lockworth, seria melhor se comprássemos um kit de química e tentássemos analisar a gar­rafa nós mesmos.


Beba seu café — resmungou Christopher, pegando sua xícara assim que a garçonete o serviu.


Enquanto adicionava creme, Dulce o olhava com repro­vação.


Quanto tempo você acha que vai levar?


Não sei. Não sou cientista.


Ele também não se parecia muito com um cientista, não acha?


Um peão. — Christopher bebericou seu café puro, tão forte quanto Lockworth prometera.


O quê?


Ele parece um peão de rodeio. Fico me perguntando se


Bustamante ou qualquer outro parente tem algum interesse neste prédio.


Antes de experimentar o café, Dulce o pôs na mesa.


— Eu não havia pensado nisso.


— Pelo que me lembro, Martim transferiu a Companhia Tristar para o Fontes há uns 25 anos. Eu lembro dos meus pais conversando sobre isso.


— Tristar. Que empresa é essa?


— Plásticos. Eu sei que ele distribuiu vários pedaços do negócio aqui e ali. Certa vez ele me disse que queria dar a todos os parentes uma oportunidade antes de tirá-los da lista de herdeiros.


Depois de pensar um pouco, Dulce deu de ombros para o assunto, erguendo sua xícara de café novamente.


— Bem, se ele realmente deu algumas ações do laboratório
Sanfield para um deles, o que isso quer dizer?


— Eu não sei até que ponto podemos confiar em Lockworth.


— Se ele fosse careca e baixinho, usasse óculos de fundo de garrafa e tivesse um sotaque alemão engraçado, você se sentiria melhor.


— Talvez.


— Viu? — Dulce riu. — Você só está com ciúmes porque ele tem ombros largos. — Ela borboleteou os cílios. — Aí está o seu sanduíche.


Eles comeram devagar, beberam mais café, e então passaram algum tempo comendo uma torta. Depois de uma hora e meia, os dois estavam impacientes e de mau humor. Quando Lockworth chegou, Dulce até se esqueceu de que estava nervosa por causa do resultado.


Graças a Deus, aí está ele.


Depois de serpentear por entre as cadeiras e empregados na hora do almoço, Lockworth pôs uma folha impressa na mesa e entregou a caixa de volta para Christopher.


— Acho que você vai querer uma cópia. — O cientista se sentou e fez sinal pedindo um café. — Mas são termos técnicos.


 


Dulce franziu a testa para as longas palavras com termos químicos impressas na folha. Aquilo não lhe dizia quase nada mas ela duvidava que tricloroetanol ou qualquer uma das palavras de muitas sílabas fizessem parte da composição do champanhe francês.


 — O que isso tudo quer dizer?


 — Eu também fiquei me perguntando isso. — Lockworth pôs a mão no bolso e de lá tirou um maço de cigarros. Christopher olhou para o maço por um momento, desejoso. — Eu me perguntei por que uma pessoa colocaria pó de rosa num champanhe clássico.


 — Pó de rosa? — repetiu Christopher. — Um pesticida. Então o champanhe foi envenenado.


 — Tecnicamente, sim. Se bem que não havia pesticida sufi­ciente no champanhe para causar a quem o tomasse mais do que um ou dois dias de um tremendo mal-estar. Posso presumir que nenhum de vocês o tomou.


 — Não. — Dulce olhava para o relatório. — Meu cachorrinho tomou — explicou. — Quando abrimos a garrafa, um pouco de champanhe caiu no chão e ele lambeu. Antes que conseguís­semos beber, o cachorrinho começou a passar mal.


 — Sorte de vocês. Mas é curioso que tenham chegado à conclusão de que o champanhe fora envenenado porque um cãozinho ficou doente.


 — Foi sorte nossa isso ter acontecido. — Christopher dobrou o relatório e o pôs dentro do bolso.


 — Você precisa dar um desconto para o meu primo — disse Dulce. — Ele é mal-educado. Agradecemos pelo senhor ter gastado seu tempo fazendo isso por nós, senhor Lockworth. Temo que não seja possível nos explicarmos totalmente agora, mas posso lhe dizer que tínhamos uma boa razão para suspeitar do champanhe.


Lockworth concordou. Como um cientista, ele sabia inventar teorias.


— Se vocês acharem que precisam de um relatório mais simplificado, me digam. Martim foi uma pessoa importante na minha
vida. Vou considerar isso como um favor que fiz a ele.


Ele se levantou e Christopher ficou ao lado dele.


 — Vou pedir desculpas desta vez. — Ele estendeu a mão para o cientista.


 — Eu também ficaria um pouco mal-humorado se alguém me desse pesticida disfarçado de Moët et Chandon. Avise-me se houver algo que eu possa fazer por vocês.


 — Bem — disse Dulce quando ficaram sozinhos. — E agora?


 — Uma pequena visita à loja de bebidas mais próxima. Temos que comprar alguns presentes.


Eles enviaram, como encomenda prioritária, uma garrafa do mesmo champanhe para cada um dos herdeiros de Martim. Christopher escreveu um cartão simples: "Uma boa rodada merece outra. " Depois de fazerem isso, eles saíram para o vento frio, e Dulce desamassou e calçou as luvas.


— Uma manobra cara.


— Pense nisso como um investimento — sugeriu Christopher.
Não era sobre o dinheiro, pensou Dulce, mas a futilidade do gesto.


— O que isso vai nos trazer de bom?


 — Várias garrafas serão abertas e degustadas. Menos uma — disse Christopher, com deleite. — E essa será entendida como uma provocação, até mesmo uma ameaça.


 — Uma ameaça vazia — respondeu Dulce. — Nós não estaremos lá para ver a reação de todos.


 — Você está raciocinando como uma amadora.


Christopher estava no meio da rua quando Dulce agarrou seu braço.


 — O que você quer dizer com isso exatamente?


 — Quando um amador prega uma peça em alguém, ele acha que precisa estar lá para vê-la acontecer.


Ignorando as pessoas que esbarravam neles, Dulce defendeu seu ponto de vista.


 — E desde quando envenenamento com pesticida é uma brincadeira?


 — A vingança segue o mesmo princípio.


 — Ah, entendo. E você é um especialista.


O sinal abriu. Os carros começaram a se movimentar, buzi­nando. Rangendo os dentes, Christopher pegou no braço de Dulce e a puxou para o meio-fio.


 — Talvez eu seja. Para mim basta saber que alguém vai olhar para a garrafa e ficar muito nervoso. Alguém vai olhar para ela e saber que nós quisemos dar o mesmo que recebemos. Seu pro­blema é que você não gosta de deixar suas emoções soltas por tempo suficiente para apreciar uma vingança.


 — Deixe minhas emoções em paz.


 — Este é o plano — disse, maldosamente, começando a andar de novo.


Com três passos Dulce o alcançou. Seu rosto estava rosado por causa do vento, e a raiva em sua voz saiu em golfadas.


— Você não estava irritado com Lockworth, com o champanhe ou com a diferença de opinião sobre vingança. Você está bravo porque eu falei da nossa relação em termos práticos.


Christopher ficou olhando para ela como se o que Dulce dissera tivesse atacado tanto a raiva quanto o bom humor dele.


 — Tudo bem — declarou, voltando a andar. Com a paciência esgotada, ele se virou novamente quando Dulce agarrou seu braço. — Você quer fazer um escândalo sobre isso aqui?


 — Não vou deixar que você faça com que eu me sinta mal só porque freei as coisas antes que você tivesse a oportunidade de fazer o mesmo.


 — Antes que eu tivesse uma oportunidade? — Christopher a pe­gou pelo casaco. Com os centímetros a mais por causa do salto, Dulce o olhava direto nos olhos. Em outra hora e outro lugar, ele talvez pudesse ter achado aquilo fascinante. — Eu mal tive chance de me recuperar do que aconteceu e você já estava me dando o fora. Eu quero você. Droga. Eu ainda quero você. Só Deus sabe por quê. — Bem, eu também quero você, e eu também não gosto disso.


Parece que isso nos coloca no mesmo barco, não é?


— E o que faremos?


Christopher olhou para ela e viu raiva. Mas ele a olhou bem de perto para ver também que Dulce estava confusa. Um deles teria de dar o primeiro passo. Christopher decidiu que faria isso. Pegando na mão de Dulce, ele a empurrou para o outro lado


 — Onde estamos indo?


 — Para o Plaza.


 — O Hotel Plaza? Por quê?


— Vamos pegar um quarto, colocar uma corrente na porta e
fazer amor pelas próximas 24 horas. Depois disso, vamos pensar como lidar com essa situação.


Havia momentos, pensou Dulce, em que o melhor a fazer era deixar a correnteza nos levar.


— Nós não temos bagagem.


— Sim. Minha reputação está prestes a ser destruída.
Dulce fez um som que poderia ter sido uma risada. Quando eles entraram na elegante recepção, o aquecimento atingiu a pele dela e mexeu com seus nervos. Era tudo por impulso, disse a si mesma. Dulce sabia muito bem que não devia tomar qualquer decisão importante por impulso. Christopher podia mudar tudo. Isso ela não queria admitir, mas já sabia há anos. Quando Dulce começou a se afastar, a mão de Christopher apertou seu braço.


— Covarde — murmurou. Christopher não podia ter dito nada
melhor para fazer com que ela continuasse andando.


— Boa tarde.


Christopher sorriu para a recepcionista. Dulce se perguntou se o sorriso seria assim tão charmoso se o funcionário fosse um homem.


— Queremos um quarto.


 — Você tem uma reserva?


— Uckermann. Christopher Uckermann.


A recepcionista apertou alguns botões e olhou para a tela do computador.


 — Desculpe, mas não tenho nada reservado nesse nome para o dia.


 — Katie — disse Christopher, com um suspiro de impaciência. Ele olhou para Dulce demoradamente, como se estivesse sofrendo.


— Eu não devia ter confiado nela para cuidar disso.
Captando o que ele estava pretendendo, Dulce deu um tapinha na mão de Christopher.


 — Você vai ter de demiti-la, Christopher. Eu sei que ela trabalha para a sua família há quarenta anos, mas quando uma pessoa che­ga aos 70... — Ela deixou no ar, para que Christopher assumisse.


 — Vamos decidir quando chegarmos em casa. — Ele se virou novamente para a recepcionista. — Aparentemente, houve um problema de comunicação entre a minha secretária e o hotel. Vamos ficar na cidade apenas esta noite. Há algum quarto vago?


A recepcionista voltou para os botões. A maioria das pessoas nesse ramo ficava furiosa quando havia algum problema com reservas. O pedido calmo de Christopher despertou a solidariedade da funcionária.


 — O senhor entende que não é fácil, por causa do fim de ano.


 — Ela apertou mais botões, querendo ajudar. — Nós temos uma suíte vaga.


— Ótimo.


Christopher pegou a ficha de registro do hotel e a preencheu. Com a chave nas mãos, ele sorriu novamente para a recepcionista.


— Agradeço o empenho.


Percebendo que o mensageiro do hotel estava ao seu lado, Christopher lhe estendeu uma nota.


— Nós cuidamos disso. Obrigado.


O funcionário olhou para a nota de 20 dólares na sua mão e então percebeu que não havia bagagens.


Tudo bem, senhor.


Ele acha que estamos tendo um caso — sussurrou Dulce enquanto se dirigiam aos elevadores.


— E nós estamos.


Antes que as portas se fechassem novamente, Christopher a agar­rou e deu-lhe um beijo que durou os vinte andares.


Nós não nos conhecemos — ele lhe disse quando estavam no corredor. — Acabamos de nos encontrar. Não temos as mes­mas lembranças da infância nem a mesma família. — Ele enfiou a chave na porta. — Nós não damos a mínima para o que os outros fazem para ganhar a vida nem temos opiniões formadas sobre o outro.


 — Isso serve para tornar as coisas mais simples? Christopher a empurrou para dentro.


 — Vamos descobrir.


Ele sequer deu a Dulce uma chance de questionar, de discu­tir. Assim que a porta se fechou atrás deles, Christopher a abraçou. Ele se livrou das perguntas. Ele se livrou das escolhas. De uma vez por todas, Dulce o desejava. Em uma tormenta de paixão, de desejo, de súplicas, eles se uniram. Cada um lutava para sugar ainda mais do outro, para tocar mais, para possuir com mais in­tensidade. Eles se esqueceram do que sabiam, do que pensavam, e revelaram o que sentiam.


Os casacos, ainda frios por causa do vento, foram jogados no chão. Em seguida, a blusa e a camisa. A nem um metro da porta, eles se deixaram cair no chão.


— Droga de inverno — resmungou Christopher, tentando tirar
as botas.


Rindo, Dulce o ajudou e então gemeu quando ele colocou os lábios nos seus seios.


Era uma competição. Em parte guerra, em parte amor. Ne­nhum deles deu folga ao outro. Quando ficaram nus, puseram-se em ação, as mãos se tocando, os lábios excitando. Não houve nenhuma impressão fantasiosa de estarem revivendo sua primeira vez. Aquilo era novo. Os dedos de Christopher percorriam a pele de


Dulce como ela jamais sentira. Os lábios, quentes e firmes nunca haviam sido degustados. Sensualmente intocados, seus lábios se encontraram e se uniram.


O coração de Dulce jamais batera tão aceleradamente. Ela tinha certeza disso. Seu corpo jamais ansiara e pulsara tão desesperadamente. Ela jamais desejara daquele jeito. Agora Dulce queria mais, de tudo. Dele. Ela se virou de modo que pudesse beijá-lo com mais força e fome por todo o rosto, pescoço, peito Em todos os lugares.


A mente de Christopher se excitava em cada uma das partes do corpo de Dulce que ele podia tocar, beijar, cheirar. Ela estava louca como Christopher jamais poderia imaginar. Ela exigia de um modo que qualquer homem desejaria. O corpo de Christopher parecia fasciná-la, todas as curvas e ângulos. Dulce explorou seu corpo até o limite da sanidade, quando ele começou a agir.


Dulce jamais conhecera um homem capaz de se doar tanto. Assoberbada com as sensações, ela se contorcia. Quente e preparada, Dulce se oferecia. Mas Christopher estava longe de terminar. O sabor das coxas de Dulce era sutil e o seduzia até com o seu calor. Ele a tocou, estimulou e a manteve impotente, presa à paixão. Desamparada. Aquela sensação percorria todo o corpo de Dulce. Ela jamais soube o que era estar verda­deiramente vulnerável, entregue a alguém. Naquele momento, Christopher podia fazer o que quisesse com ela, pedir qualquer coisa, e Dulce não seria capaz de negar. Mas ele não pediu. Christopher deu.


Ela se encrespava a cada espasmo. Entre as subidas e des­cidas, Dulce explodia, deliciada numa espécie de pânico. Sobre o tapete, com a luz da tarde fluindo através da janela, ela estava mergulhada na escuridão total, sem desejo nenhum de enxergar. Faça-me sentir, sua mente parecia gritar. Mais. De novo. Assim.


E Christopher estava dentro dela, unido, fundido. Dulce des­cobriu que havia mais. Inacreditavelmente mais.


Eles ficaram imóveis, abandonados sobre as roupas esparra­madas. Aos poucos, Dulce percebeu que sua mente voltava a realidade. Ela podia ver as paredes em tons pastel, a luz do sol. Podia sentir o aroma do calor do corpo, uma mistura do seu cheiro com o de Christopher. Dulce podia sentir os cabelos de Christopher tocando no seu rosto, o batimento do coração dele, ainda acelerado, contra o seu seio.


Aconteceu tão rápido!, ela pensou. Ou durou horas? Tudo o que ela sabia é que jamais vivera algo semelhante. Jamais se permi­tira algo assim, corrigiu-se. Coisas estranhas podem acontecer a uma mulher que se abre para a paixão. E outras mais poderiam acontecer antes que ela se fechasse novamente. Coisas como afeto, compreensão. E até amor.


Dulce percebeu que estava fazendo cafuné em Christopher e deixou sua mão cair no carpete. Ela não podia permitir ser inva­dida pelo amor, nem por um breve momento. O amor tirava na mesma medida que dava. Isso Dulce sempre soube. E o amor nem sempre dava e tirava em medidas iguais. Christopher não era um homem que uma mulher podia amar de um jeito pragmático, e muito menos com sabedoria. Isso ela entendia. Christopher não seguiria as regras.


Ela seria amante dele, mas não o amaria. Não haveria fingi­mento e ainda assim eles poderiam morar juntos pelos próximos três meses platonicamente. Dulce não arriscaria seu coração. Por um momento, ela pensou sentir que seu coração estava que­brado, só um pouquinho. Besteira, disse a si mesma. Seu coração era forte e nada vulnerável. O que ela e Christopher tinham era um acordo básico e descomplicado. Um acordo, pensou, soava muito mais prático do que romance.


Dulce suspirou, um pouco melancólica.


— Descobriu tudo? — Christopher se virou um pouco para falar, apenas o suficiente para que pudesse esfregar seus lábios no pescoço dela.


— Como assim?


— Já descobriu todas as diretrizes do nosso relacionamento?


— Levantando a cabeça, ele olhava para Dulce. Christopher não
estava sorrindo, mas ela sabia que ele estava se divertindo.


— Não sei do que você está falando.


— Eu quase posso ouvir as rodas girando, Dulce. Eu posso
ver o que está acontecendo na sua cabeça.


Irritada porque Christopher provavelmente podia mesmo, ela ficou zangada.


— Achei que tínhamos acabado de nos conhecer.


— Eu sou físico. Você é racional... — Ele se interrompeu para mordiscar o lábio dela. — Tem de haver um jeito de mantermos nosso... relacionamento num nível mais pragmático. Você está se perguntando como vai manter distância emocional enquanto
estivermos dormindo juntos. Você concluiu que não haverá absolutamente nenhuma brecha em qualquer acordo entre nós.


— Exatamente.


Christopher fez com que ela se sentisse estúpida. Então ele acari­ciou a cintura dela, o que fez com que Dulce tremesse.


 — Já que você é tão inteligente, verá que eu estou apenas tendo bom senso.


 — Eu prefiro quando sua pele fica quente e você não tem nenhum bom senso. Mas... — Ele a beijou antes que ela pudes­se responder. — Não podemos ficar na cama o tempo todo. Eu não acredito em casos pragmáticos, Dulce. Não acredito em distância emocional entre amantes.


 


 — Você tem muita experiência nesse campo.


 — É verdade. — Christopher sentou-se, puxando-a para perto.


— E vou lhe dizer uma coisa: você pode bloquear suas emoções o quanto quiser, você pode usar qualquer termo prático que sonhar para definir o que tivemos aqui, você pode torcer o nariz para jantares à luz de velas e música tranqüila, não vai fazer a menor diferença. — Ele agarrou os cabelos de Dulce e a puxou para trás. — Eu vou conquistar você, prima. Vou conquistar você ate que não possa pensar em mais nada, em mais ninguém, a não ser em mim. Se você acordar no meio da noite e eu não estiver lá, vai desejar que eu estivesse. E quando eu tocar em você, todas as vezes que eu tocar em você, você vai me querer mais.


Dulce teve de lutar para evitar um meneio de ombros. Ela sabia que Christopher estava com a razão. E sabia (talvez os dois soubessem) que lutaria contra isso até o fim.


Você é arrogante, egocêntrico e simplista.


Verdade. E você é teimosa, voluntariosa e perversa. A única coisa de que podemos ter certeza neste momento é que um de nós vai ganhar.


Sentando-se na pilha de roupas, eles se estudavam.


 — Outro jogo? — sussurrou Dulce.


 — Talvez. Talvez este seja o único jogo.


Com isso, ele se pôs de pé, levantando-a nos braços.


 — Christopher, eu não preciso ser carregada.


 — Sim, precisa.


Christopher andou pela suíte até o quarto. Dulce começou a se debater, mas desistiu. Talvez só desta vez, pensou, e relaxou.



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Capítulo 9   janeiro era um mês de ventos congelantes, neve farta e céu nublado. Cada dia é tão frio quanto o anterior, com o dia seguinte mais frio ainda na seqüência. Era um mês de canos congelados, canos estourados, calefação no máximo e motores enguiçados. Dulce amava isso. O gelo se ac ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 400



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  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:45:00

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:44:58

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:44:56

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:44:09

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:43:44

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:43:39

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:42:53

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:42:47

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:42:36

    lindo!!!

  • natyvondy Postado em 29/10/2009 - 21:42:30

    lindo!!!


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