Fanfics Brasil - ♂♀ Ilha da perdição ღ≈๑ (DyC) [Terminada]

Fanfic: ♂♀ Ilha da perdição ღ≈๑ (DyC) [Terminada]


Capítulo: 2? Capítulo

1422 visualizações Denunciar


Capitulo dedicado a bellarbd!



CAPÍTULO II


 










A




 senhora está cansada e precisa repousar.


Passaram-se alguns segundos antes que Dulce conseguisse situar aquela voz que tinha um leve sotaque. Inicialmente julgou que estava em Paris, onde havia passado o final da adolescência e se acostumara a ouvir sua língua falada com inflexões francesas. Logo em seguida despertou completamente, lembrando-se de onde estava e por quê.


Sentou-se na enorme cama de casal, que mal ocupava espaço em um quarto tão grande que dava duas vezes o tamanho de seu peque­nino apartamento de Londres.


O aposento era decorado em tons suaves de verde e prata. Cores de sereia... Dulce estremeceu ao recordar de onde provinham tais palavras. Chris as usara para descrever um vestido que lhe havia comprado em St. Tropez. Chris... Ela cerrou os olhos, fazendo o possível para se manter calma e, quando voltou a abri-los, uma mulher baixinha e rechonchuda a encarava ansiosamente.


— O senhor havia dado ordens para que a senhora não fosse acordada. Gina, você perturbou a senhora com todo esse barulho! — disse, repreendendo a jovem que estava a seu lado, carregando uma bandeja.


A garota parecia estar a ponto de chorar e Dulce encarou-a, forçan­do um sorriso.


— Não tem importância... Pode deixar a bandeja.


Ela começava a recordar os acontecimentos da noite anterior e estremeceu, ao lembrar-se do olhar de Chris, ao dizer que pretendia vingar-se dela por tê-lo envergonhado publicamente, quando o abando­nou. Ainda bem que não havia ninguém no quarto para testemunhar como suas mãos tremiam, ao rememorar a voz áspera de Chris, quando ele declarou que ela deveria dar-lhe um filho, a fim de substituir a vida que ela havia destruído.


Dulce pôs a bandeja de lado, levantou da cama e dirigiu-se para a janela. A vida que ela havia destruído... Intimamente estava muito agitada. Será que ele ainda achava que ela poderia enganá-lo? E por que tamanha mudança?


— Dulce...


Ela voltou-se, assustada, pois não havia percebido Chris entrar no quarto. Preferia não enfrentá-lo naquela situação, pois estava de camisola e não conseguia disfarçar a expressão de medo estampada em seu olhar. Ele, por sua vez, usava um elegante terno e tinha os cabelos úmidos, como se tivesse acabado de sair do chuveiro. Uma sensação de fraqueza apoderou-se dela e seu corpo, traiçoeiro, lem­brou-lhe outras ocasiões, quando havia entrado debaixo do chuveiro com ele, o que lhe proporcionara grande prazer...


— Por favor, deixe-me ir embora, Chris. Você não pode me reter aqui indefinidamente. Não é possível. Por que está agindo assim? Não vejo o menor sentido nisso.


— Não mesmo? Pois então o seu raciocínio deve ser muito lento...


Chris olhou para a grande cama e sorriu cinicamente.


— Ontem à noite foi apenas uma trégua. Além do mais, quando eu a tomar nos meus braços, quero que você tenha muita certeza do que está lhe acontecendo, Dulce. Não pense que, pelo fato de desmaiar como uma heroína de romance, conseguirá escapar de mim.


— Quer dizer, então, que você espera que eu...


Dulce não conseguiu prosseguir, pois sentia um nó na garganta. Sabia que, na véspera, Chris lhe comunicara por que havia se decidido a trazê-la para a ilha, que, pelo visto, era habitada unicamente por ele e seus empregados. Não esperava, porém, que ele levasse suas intenções adiante.


— Você não pode fazer uma coisa destas! Não pode! É ilegal, Chris!


— Como? Acha ilegal um homem apoderar-se de sua mulher? A lei grega não pensa assim, Dulce. Na verdade, muitos dos meus compatriotas achariam que fui excessivamente tolerante. Você me abandona, me humilha diante de todos os meus amigos, encoraja-os a indagarem como eu posso controlar um grande império se não consigo controlar uma mulherzinha e depois ainda vem me dizer o que posso e o que não posso fazer? Aqui, na ilha de Eos, a minha palavra é lei, Dulce, e ao ir para a ilha de Thos você caiu em meu poder. Há algum tempo estava imaginando meios de trazê-la de volta para a Grécia. O fato de você ter vindo por vontade própria foi para mim um triunfo inesperado.


Uma suspeita terrível começava a se apoderar de Dulce e ela olhou à sua volta.


— Então quer dizer que...


— Que tomei providências para que o seu "amigo" a abandonasse? Você jamais conseguiu julgar as pessoas com objetividade, não é mesmo? A "amizade" do tal sujeito foi uma grande decepção. Não se incomode, você não sentirá a menor falta dele... Era seu único amante?


Dulce estava a ponto de dizer a verdade, mas mordeu o lábio. Não desejava que Chris soubesse que, após a separação, não houvera mais ninguém em sua vida.


— Claro que eu poderia simplesmente mandar raptá-la em Londres, mas achei que assim foi menos... complicado. Sabe, Dulce, quando me abandonou, você fez muito mais do que simplesmente acabar com o nosso casamento. Na Grécia encaramos essas coisas com muita seriedade, e o fato de uma mulher deixar seu marido confere a ele uma reputação difícil de ser desfeita.


— E então, o que devo fazer? Comunicar a todo mundo que agi muito mal e que você é o mais perfeito de todos os maridos? Você se excedeu, Chris. No momento em que me deixar sair desta ilha, voltarei a abandoná-lo. Se me mantiver encarcerada aqui, ninguém irá acreditar que reatamos o nosso casamento. A única maneira de eu conceber um filho seu será através da violência. Estou me referindo ao estupro, Chris, pois é disto que se trata. Não quero você e nem seu filho!


— Sua...


Por alguns momentos Dulce acreditou que Chris iria esbofeteá-la, mas ele conseguiu dominar-se. Somente a expressão de seu rosto revelava a selvageria das emoções que ela havia despertado. Dulce queria desviar o olhar, mas algo a impedia. Sentia-se mal e tudo aquilo que ela havia lutado para suprimir, durante tanto tempo, agora a fazia estremecer.


Chris aproximou-se dela e seus dedos se enterraram na carne tenra dos braços de Dulce, enquanto seu olhar passeava lentamente pelo seu corpo.


— Ontem à noite as criadas a despiram e a levaram para a cama. Não sabem nada do nosso relacionamento, a não ser que estivemos separados e voltamos a nos encontrar. Esta noite e todas as noites que se fizerem necessárias a fim de que você conceba meu filho, partilharemos este quarto e esta cama. Seu passaporte está comigo, Dulce, e sem ele você é virtualmente minha prisioneira, quer perma­neça nesta ilha, quer se refugie em Atenas.


— E Belinda? Onde é que ela entra em tudo isso? Ela não terá nada a dizer em relação aos seus planos de se tornar pai? Ou já esqueceu que foi ela quem destruiu o nosso primeiro filho?


Dessa vez Chris esbofeteou-a para valer. O choque, mais do que a dor, a fez cambalear. Chris estava tão pálido quanto ela.


— Nunca mais diga semelhante coisa. Está me entendendo? Nunca mais! Belinda...


Chris não terminou a frase, pois a porta se abriu e uma jovem grega entrou. A expressão de seu olhar tornou-se dura, no momento em que ela viu Dulce.


— O que ela está fazendo aqui? Chris, você...


Suas unhas, muito longas, estavam pintadas de vermelho e combina­vam com o batom reluzente, que enfatizava lábios sensuais.


Há três anos, quando Chris lhe falara de sua meio-irmã, por quem era responsável, Dulce visualizou uma adolescente tímida e desajei­tada, de quem poderia tornar-se amiga; uma garota talvez necessitada de orientação e afeto, só que Belinda demonstrou não precisar recorrer em absoluto à mulher de seu irmão. Dulce levou as mãos ao ventre, em um gesto instintivo, antes de lembrar que já não levava dentro de si uma vida humana necessitada de proteção.


Belinda acompanhou o gesto com o olhar e voltou-se para Chris, indignada.


— O que ela está fazendo aqui? Por quê?


O braço que rodeou a cintura de Dulce era firme e poderoso. Ela tentou desvencilhar-se. Conseguia sentir o hálito quente de Chris de encontro a seus cabelos, mas virou a cabeça, enojada com a falsidade do que acontecia. Era evidente que Belinda desconhecia por completo sua presença na ilha e Dulce só podia deduzir que Chris insistia em reatar o casamento a fim de proteger a garota. Não que Belinda desse a menor importância à opinião alheia. Por ela, teria vivido aberta­mente com Chris. Já deixara isso bem claro para Dulce. Fora Chris que insistira, a fim de que eles observassem as convenções. Ele decidira encontrar uma esposa calma e fácil de ser manejada, ingênua demais para perceber o que estava acontecendo sob seus olhos. E ela, Dulce, tinha sido aquela esposa, até Belinda, enlouquecida pelo ciúme, abrir seus olhos para a verdade.


— A presença de Dulce é necessária.


Quando Chris se exprimia naquele tom, nem mesmo Belinda ousava discutir. Dulce percebeu que os olhos dela fuzilavam de raiva e ficou a imaginar se Chris a estava castigando de maneira um tanto sutil. Sua suspeita aumentou quando ele segurou-lhe o rosto, forçando-a a encará-lo.


— Não é mesmo, Dulce?


Chris murmurou a pergunta bem junto a seus lábios, em um gesto deliberadamente sensual. Dulce tentou não sucumbir, mas a tensão que se apoderava dela era mais eloqüente do que qualquer palavra. Notou que Chris havia percebido o que se passava com ela. Dulce teve a impressão de que agora ele a segurava com mais força, encos­tando-se nela para valer, de tal modo que ela teve plena consciência da perturbadora virilidade daquele homem.


Fora assim desde a primeira vez que se encontraram. Chris viera assistir a um desfile de modas. Ela usava um vestido de noite, sóbrio e elegante e, quando seus olhos se cruzaram, Dulce teve a impressão de que eles se haviam tocado. Durante os anos em que haviam ficado separados, ela chegou a se convencer de que agora estava a salvo daquela espécie de solicitação sexual, mas agora que os dedos de Chris percorriam suas costas, Dulce percebeu que ela ainda o excitava e que ela, por sua vez, continuava desesperadamente vulnerável.


Dulce abriu os olhos, engolindo com dificuldade, e Chris a contem­plava, como um gato que ronda um rato prisioneiro de uma ratoeira. Durante alguns segundos imaginou que ele fosse beijá-la e umedeceu instintivamente os lábios, tremendo sem parar.


O barulho de uma porta que se fechava com violência a trouxe de volta à realidade. Belinda havia se retirado e eles estavam a sós. Chris soltou-a e seu olhar irônico indicava que ele tinha plena cons­ciência do quanto a deixara perturbada.


— Você ainda é minha mulher, Dulce. Na Grécia a esposa de um homem pertence a ele e deve fazer tudo o que ele quiser.


— E ambos sabemos o que você quer fazer comigo! Deseja me engravidar. Por que, Chris?


— Todos os homens querem filhos, não é mesmo? É uma lei da natureza. Sou rico e preciso ter herdeiros. Você é minha mulher...


— Oh, pelo amor de Deus, pare de dizer isso! Ambos sabemos por que sou sua mulher e por que você casou comigo...


Antes que Chris pudesse responder, o mesmo homem que acompa­nhara Dulce na noite anterior bateu na porta. Ele entrou e comunicou que havia um telefonema de Nova York para Chris.


— Não tente fugir, pois é impossível — avisou Chris, antes de sair. — Mesmo que conseguisse escapar da ilha, o que, aliás, só é possível a nado, eu ainda tenho o seu passaporte.


Dulce não ousava pensar o que os criados deveriam estar achando daquela situação. Dez minutos mais tarde ela tomava uma ducha no banheiro contíguo ao quarto. Era decorado com as mesmas cores do aposento e tinha uma banheira redonda, embutida no chão, rodeada por ladrilhos de mármore verde. Dulce estendeu a mão para pegar a toalha e contemplou seu corpo nu ao espelho que ocupava toda a parede. Marcas arroxeadas começavam a aparecer nos lugares em que Chris a havia agarrado. Ainda agora não conseguia acreditar que estava em Eos como prisioneira de Chris. Seu olhar pousou instintiva­mente na cama, que avistava através da porta aberta do banheiro. Chris falava em compartilharem aquela cama com a mesma desenvol­tura com que lhe proporia dividirem um táxi. Um arrepio percorreu todo seu corpo, ao recordar como tinha se sentido naqueles braços. Na realidade, Dulce deveria experimentar indiferença e até mesmo ódio. Sua mente repelia a atitude cínica de Chris, mas seu corpo ainda reagia a suas provocações...


Uma mulher jamais esquece seu primeiro amante. Dulce estremeceu, ao lembrar ter lido um dia essa frase. Era verdade e tinha a sensação de que o toque de Chris era quase um código secreto, ao qual ela sempre reagiria.


Dulce vestiu-se e tentou raciocinar. Afinal de contas ela era um ser dotado de vontade e não uma máquina. Sua mente, com toda certeza, era capaz de superar a fraqueza de seu corpo. Não tinha dado provas disso durante os dois últimos anos? Mas era fácil manter-se casta quando não havia tentações, disse uma pequenina voz interior... Dulce, porém, recusou-se a ouvi-la. O amor que um dia imaginara sentir por Chris havia morrido e as emoções que ela experimentava agora não passavam de uma simples reação ao fato de ele ter surgido subitamente em sua vida.


De repente lembrou-se da expressão de Chris, quando declarou que exigia dela a criança que ela lhe negara. Como ele era capaz de fazer semelhante acusação? Talvez isso fosse apenas mais um exemplo de sua maneira tortuosa de pensar. Um homem capaz de seduzir sua meio-irmã e desposar outra mulher a fim de disfarçar aquela situação escandalosa era com certeza capaz de tudo. E, no entanto Dulce seria capaz de jurar que, por alguns instantes, houvera dor naquela voz, quando ele se referiu ao filho que ela deveria ter gerado, ao filho que Belinda havia destruído, movida pelos ciúmes. Chris, no entanto, sempre se recusara a acreditar que Belinda fora responsável pela queda de Dulce. Durante os primeiros meses de seu casamento, antes que ela soubesse a verdade, Dulce jamais conseguira compreender como um homem tão inteligente quando Chris conseguia aceitar com tamanha facilidade as mentiras de Belinda. Talvez não fosse nada de muito sério, mas elas tinham a intenção de colocar Dulce em má situação. Ela não percebia, é claro, que Belinda não a encarava como cunhada, mas como uma rival e daí a intensidade de seu ciúme. E Belinda tinha a vantagem de exercer uma dupla solicitação em relação a Chris: como meio-irmã e como amante...


Amante! Que palavra tão antiquada, cheia de conotações a quem mais ninguém dava importância... No entanto o incesto permanecia um tabu. Segundo os padrões gregos, Chris havia cometido um pecado imperdoável. Aos olhos de um grego não existia maior responsabili­dade do que aquela que um homem deve ter em relação a suas irmãs. Belinda já deveria estar casada há muito tempo, pois tinha vinte e dois anos. Ela, porém, jamais se prestaria a isso. Comunicara sua recusa a Dulce, no mesmo dia em que lhe revelara que ela e Chris eram amantes há muitos anos.


— Dulce!


Ela não ouviu Chris entrar no quarto. Ele havia mudado de roupa e agora usava jeans e uma leve camisa de algodão, que modelava os músculos poderosos de seu peito e ombros. Uma dor aguda como um punhal penetrou no coração de Dulce. Era exatamente daquele jeito que ele se vestia durante as breves semanas de sua lua-de-mel, quando ela ainda acreditava que era amada por ele, quando temia ser incapaz de ficar à altura de um homem tão sofisticado e experiente, devido à sua inocência e à educação severa que havia recebido.


Chris havia silenciado suas dúvidas com beijos embriagantes, afirmando que ela não deveria se preocupar, pois deveria aprender com ele, da mesma forma que Belinda havia aprendido...


— O que você quer, Chris?


Essas palavras foram pronunciadas com aspereza e Dulce arrepen­deu-se imediatamente. Os olhos de Chris fuzilaram de ódio e ela notou que o havia deixado muito aborrecido. Logo que o conhecera, percebera que Chris era dono de uma vontade férrea. Quando apresen­tou objeções, dizendo que não se conheciam o suficiente para se casarem, ele esmagou sua recusa com o ardor de seus lábios, anulando seus temores com tal sensualidade que ela não conseguiu lhe negar mais nada. E ele sabia perfeitamente disso. Como devia ter rido dela! Como havia facilitado a situação para Chris! Nem sequer conseguiu disfarçar perante ele como se sentia. Poderia tê-la seduzido com a mesma facilidade com que seduziu Belinda e ela não teria levantado a menor objeção. Quem sabe teria sido melhor se ele tivesse agido assim? Afinal de contas, era mais fácil abandonar a amante do que a esposa.


— Você sabe muito bem o que eu quero: um filho para substituir aquele que você destruiu. Você o dará, Dulce.


— E Belinda já sabe desse seu desejo tão súbito e compulsivo? Sei como se sente era relação a ela, Chris, e conheço os sentimentos de Belinda em relação a você. O que pretende fazer? Pedir divórcio, uma vez que eu dê à luz esse filho que você tanto deseja?


— Pretendia ir a Atenas agora de manhã -— declarou Chris, mudando de assunto — mas o meu compromisso foi cancelado e aproveitarei para lhe mostrar a propriedade. O encontro era importante, mas o meu sócio compreendeu perfeitamente que eu não teria condições de estar presente, pelo fato de ter reencontrado tão recentemente minha mulher.


Aquelas palavras encobriam uma ameaça sutil, mas Dulce se recusou a tomar conhecimento delas.


— Como minha mulher você terá de assumir determinadas responsabilidades. Pela posição que ocupo, tenho de dar festas, receber gente e acho bom que você se familiarize com a casa.


— E você correria tamanho risco? Já não sou mais criança para receber ordens, Chris. Você talvez consiga manter-me nesta ilha contra a minha vontade, mas não poderá me impedir de relatar a seus amigos o que está fazendo. Você já me usou uma vez e isso não voltará a acontecer.


— Faça como bem entender. Na Grécia a esposa de um homem é propriedade dele e deve agir conforme seus desejos. Todos zombarão de você, Dulce, caso ouse se queixar. Todos me elogiarão por tratá-la como uma mulher que abandona seu lar deve ser tratada. Muitos deles acharão sua punição extremamente leve. Os homens gregos não têm escrúpulos em bater em suas mulheres, mas você não precisa preo­cupar-se comigo. Dominar alguém fisicamente não me atrai.


— Como você ousa dizer semelhante coisa, quando, há cinco minutos, declarava que iria me forçar a ter um filho seu...


— Forçá-la? Você vive empregando essa palavra, mas devo lembrar que entre nós nunca foi necessário recorrer à força, não é mesmo?


Dulce tentava encontrar palavras que lhe permitissem negar aquela observação, mas Chris já a puxava para perto dele, enfiando a mão por debaixo de sua blusa. Ficou extremamente tensa, enquanto ele acariciava suas costas, passando em seguida a tocar-lhe os seios.


— Chris!


— É isso que você chama de força, Dulce? — ele perguntou suavemente, enquanto seus dedos experientes manipulavam os bicos dos seios, até que o desejo percorreu todo o corpo dela.


— Pare com isso! Pare com isso!


Ela não ousava encará-lo, pois tinha certeza de que surpreenderia unicamente ironia em seu olhar. Como os homens eram capazes de duplicidade! Chris amava Belinda, no entanto se mostrava decidido a ter uma relação com ela!


— Não farei semelhante coisa, Chris. Não serei forçada a me desprezar, dando-lhe um filho que satisfaça os seus instintos paternos. Você é capaz de me excitar fisicamente, mas...


— Mas você se odeia por permitir que semelhante coisa aconteça, não é mesmo? O que aconteceu com a garota com quem me casei, Dulce? A garota que se entregou a mim tão espontaneamente, que experimentou tanto prazer quando eu a possuí?


— Ela não existe mais...


— Não mesmo?


Dulce notou tarde demais a expressão sensual estampada no olhar dele e não conseguiu impedi-lo de beijá-la com uma força tão grande que chegou a machucar-lhe os lábios, levando-a a sentir o gosto do sangue. Pela primeira vez na vida Dulce experimentava a degradação de um beijo, destinado a provocar dor, no lugar do prazer.


— Já que você quer força, não duvide de que a terá — disse Chris, soltando-a de repente. — Agora vamos dar uma volta pela casa ou prefere que permaneçamos aqui, onde posso forçá-la a substi­tuir a criança que você destruiu?


"Que ela destruiu", pensou Dulce, enquanto seguia Chris corredor afora. Será que ele não desistia de prosseguir com aquela história ridícula?


Seus lábios estavam inchados, mas ela não ousava tocá-los, receosa de chamar a atenção de Chris. Ele se aproximou e ela desviou-se, trêmula.


— Não pretendo violentá-la em pleno corredor, mas arrume-se, a menos que queira que todos os criados desconfiem que acabamos de fazer amor...


Chris apontou para a sua blusa, toda amarrotada, e que estava , para fora da saia. Afastando-se dele o mais que podia, Dulce ajeitou-se, odiando-se ao perceber o quanto seus dedos tremiam. Queria dominar suas emoções, o que era uma maneira de provar a Chris que era imune a qualquer provocação sexual que ele pretendesse fazer. No íntimo Dulce reconheceu que seus sentimentos importavam muito pouco para ele. Caso contrário, jamais a teria trazido até a ilha, para preencher aquela finalidade.


Chris insistiu em lhe mostrar a propriedade. Era muito maior do que ela havia imaginado, e dispunha de todo o conforto possível. A ilha era inteiramente protegida por um sistema eletrônico de segurança, aliás, uma precaução necessária, observou Chris, sobretudo tendo em vista o quanto ele era rico. Dulce sabia que ele dizia a verdade, mas não conseguiu deixar de sentir que Chris tinha outro motivo, ao lhe mostrar as complexas precauções tomadas para garantir a segurança. Era como se reforçasse seu comentário anterior, ao dizer que ela não poderia de modo algum sair da ilha sem que ele soubesse. O olhar eletrônico podia enxergar muito mais do que o olhar humano, e sem que fosse percebido!


O único transporte com que a ilha contava era o helicóptero de Chris e, a não ser os moradores da propriedade, a ilha era completa-mente desabitada. Era pequena demais para suportar uma população, disse-lhe Chris, mas entre os penhascos havia pequeninas praias que a tornavam um paraíso.


A casa, pelo visto, tinha sido construída segundo a orientação de Chris e, enquanto ele lhe mostrava todos os aposentos, Dulce surpreen­deu-se com uma certa sensação de familiaridade. Finalmente entendeu a razão de tudo aquilo, ao entrar na sala de estar, decorada com elegante mobiliário italiano. A casa era quase uma réplica da residência que haviam visitado durante a lua-de-mel. Pertencia a um solteirão milionário e amigos de Chris a alugavam. Para Dulce ela pareceu o cúmulo da elegância e, apesar da casa de Chris ser maior, agora percebia o quanto se assemelhava com aquela outra, incluindo a mobília italiana que tanto havia admirado.


A sala era inteiramente decorada nos mesmos tons de creme presentes no mobiliário, e as almofadas verdes combinavam com a bela coleção de jade disposta em uma grande estante de cristal.


— Está reconhecendo? Contratei o mesmo arquiteto que construiu aquela casa na Riviera Francesa. Era um presente, para comemorar o nosso primeiro aniversário.


Por um momento Dulce sentiu suas defesas enfraquecerem, mas lembrou-se do quanto Chris gostava de representar um papel e acabou se controlando.


— É mesmo? Isto me deixa surpreendida. Como é que você se lembra dessa data? Achei que ela lhe traria recordações de­sagradáveis...


— Você bem sabe que a vingança é um sentimento que necessita ser constantemente alimentado. O fato de eu morar aqui sempre me trazia à mente as razões pelas quais mandei construir esta casa e isso ajudou a nutrir o meu desejo de vingança...


Ele se exprimia como se Dulce fosse a culpada de tudo, como se lhe cabesse a responsabilidade pelo fim daquele casamento, aliás um casamento que não existia como tal.


— Pare de representar, Chris. Não vejo o menor sentido nisso.


Ele ia dar uma resposta, mas antes que pudesse falar Belinda entrou na sala. Estava muito pálida e seus olhos fuzilavam.


— Chris — disse, ignorando totalmente a presença de Dulce — Gina acaba de me dizer que você lhe deu ordens para preparar uma suíte para o casal Colucci. Disse também que Derrick virá na compa­nhia deles. Não admito uma coisa destas, ouviu? Não suportarei a presença dele aqui. Recuso-me a ser obrigada a me casar só para que você tenha um herdeiro. Não conseguirá livrar-se de mim com tanta facilidade. — Belinda voltou-se para Dulce. — Saiba que é só isso o que ele quer de você: um filho, um herdeiro do seu império. Não me casarei com Derrick. Prefiro a morte!


— Você está por demais exaltada. Discutiremos o assunto mais tarde, apesar de você já saber a minha opinião.


— Sei que você quer se livrar de mim a fim de poder ter um filho com ela. Pois saiba que não permitirei! Você me pertence, Chris! Isso não irá acontecer! Eu...


Dulce afastou-se, enojada e, ao mesmo tempo, penalizada. Não suportava ver Chris abraçar aquela criatura frágil e ouvir as ameaças histéricas de Belinda, enquanto ele a levava para fora da sala.


Acabava de ter uma prova do quanto Chris estava disposto a levar sua resolução até o fim. Sabia muito bem que deveria sentir-se triun­fante, agora que Belinda experimentava a mesma dor e o mesmo desespero que ela havia conhecido um dia, mas a comiseração era o único sentimento que aquela criatura lhe inspirava. Sabia que, entre as famílias gregas, era costume os homens encontrarem maridos para as mulheres que deles dependiam, sobretudo nas famílias mais ricas, onde os cônjuges tinham de ser escolhidos com muito cuidado. No entanto jamais sonhara que Chris exerceria esse direito em relação a Belinda!


Não esperou que ele voltasse para a sala e retirou-se para o quarto, onde mais uma vez a enorme cama atraiu seu olhar. Será que Chris pretendia realmente compartilhar aquela cama com ela? Havia em suas palavras algo de implacável, que a preveniam da inutilidade de tentar discutir com ele. Além do mais, o orgulho não permitiria a Dulce humilhar-se ainda mais. Mas, então, o que lhe restava fazer? Ter uma relação com aquele homem, na esperança de que conceberia rapidamente? Jamais! Deveria existir um modo de fugir de Eos!



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): dullinylarebeldevondy

Este autor(a) escreve mais 22 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Cap Para Anjodoce (se alguém mais comentou, não deu pra ver) CAPÍTULO III    Dulce não pretendia descer para o jantar, mas ocorreu-lhe que Chris talvez viesse buscá-la, considerando sua ausência como uma aceitação muda de seus desejos. A saia e blusa, além de terem sido usadas o ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 428



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • jessikavon Postado em 12/11/2009 - 18:10:03

    Q mara...ansiosa por todas suas wn...simplesmente adoro todas...


    :)

  • jessikavon Postado em 12/11/2009 - 18:10:03

    Q mara...ansiosa por todas suas wn...simplesmente adoro todas...


    :)

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:43

    Amei sua web, foi perfeita.
    Parabéns!!!!!!!!!
    A acompanharei na próxima, beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:42

    Amei sua web, foi perfeita.
    Parabéns!!!!!!!!!
    A acompanharei na próxima, beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:42

    Amei sua web, foi perfeita.
    Parabéns!!!!!!!!!
    A acompanharei na próxima, beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:42

    Amei sua web, foi perfeita.
    Parabéns!!!!!!!!!
    A acompanharei na próxima, beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:41

    Amei sua web, foi perfeita.
    Parabéns!!!!!!!!!
    A acompanharei na próxima, beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:41

    Amei sua web, foi perfeita.
    Parabéns!!!!!!!!!
    A acompanharei na próxima, beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:41

    Amei sua web, foi perfeita.
    Parabéns!!!!!!!!!
    A acompanharei na próxima, beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:36

    Amei sua web, foi perfeita.
    Parabéns!!!!!!!!!
    A acompanharei na próxima, beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




Nossas redes sociais